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MEC 102 Usinagem dos Materiais

Vida útil e análise do mecanismo de desgaste


das ferramentas de carboneto
utilizadas na usinagem de aços inoxidáveis
martensíticos e supermartensíticos.

“Tool life and wear mechanism analysis of carbide tools used in the machining
of martensitic and supermartensitic stainless steels”. (Tribology International, 2017).

Juan David Espitia Pérez 16/05/2017 1/25


Introdução
O desenvolvimento do aço inoxidável No Brasil, o surgimento de novas
começou em 1821 com o trabalho do reservas de petróleo tem exigido o
francês Pierre Berthier. Esta realização desenvolvimento de novos materiais
representava uma conquista importante que combinam a resistência à corrosão,
em materiais resistentes à corrosão com com resistência mecânica.
muitas aplicações.

“Quando é necessária resistência e dureza, é recomendada a utilização de aços inoxidáveis martensíticos e supermartensiticos”

Aços inoxidáveis martensíticos


Aplicações que requerem resistência à tração, a tensão e a fadiga em
Fe e Cr ≈ 11 - 18%
combinação com a resistência à corrosão e ao calor (ASM International, 2008)
C > 0,1%

Aços inoxidáveis supermartensíticos


Baixos níveis de AIM com N e C
Aplicações na fabricação de tubos e equipamento da indústria do petróleo e gás
Ni ≈ 4 - 6%
(Ma et al., 2013)
Mo ≈ 0,5 – 1,5%

Juan David Espitia Pérez 16/05/2017 2/25


Introdução
A usinagem destes materiais não é A adesão, difusão, abrasão e oxidação
uma tarefa fácil, devido ao elevado são os mecanismos de desgaste mais
nível de geração de calor e o desgaste importantes que ocorrem durante a
acelerado da ferramenta de corte. usinagem.

Adesão Difusão Abrasão Oxidação


O movimento relativo Ocorre uma transferência de Perda de metal por micro- Altas temperaturas e presença
desprende fragmentos átomos. Depende da afinidade arado de ou micro-corte de ar e água (contida nos
microscópicos da ferramenta química e temperatura de causados por partículas com fluidos de corte)
de corte que são aderidos à corte. alta dureza relativa. geram oxidação para a maioria
peça de trabalho. (Superfície lisa) dos metais.
(Superfície áspera)

O objetivo deste estudo foi o de comprar a vida de ferramentas de metal duro e mecanismos de desgaste de flanco
e superfície de saída no torneamento aços inoxidáveis martensiticos (S41000) e supermartensiticos (S41426).

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Procedimentos Experimentais
Material da Peça

Aço Inoxidável Martensítico S41000

Aço Inoxidável Supermartensítico S41426 } Estado Recozido

Tabela 1. Composição química dos materiais testados

Tomada de Corrêa, J. Bertrand, Rolf. Rocha, Álisson (2016).

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Procedimentos Experimentais
Material da Peça
Tabela 2. Propriedades Mecânicas dos Materiais Estudados

Tomada de Corrêa, J. Bertrand, Rolf. Rocha, Álisson (2016).

Figura 1. Microestrutura dos materiais testados;


a) Aço inoxidável martensítico;
b) Aço inoxidável supermartensítico

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Procedimentos Experimentais
Ferramenta de Corte Fluido de Corte
Material Tipo de lubrificação
Metal duro com camadas de Inundação com
revestimento CVD de
TiC/TiCN/TiN óleo solúvel vegetal – Vasco 1000
Geometria Concentração
ISO SNMG 12 04 08 – MF – GC235 8%
(M25 – M40)
Caudal
Portaferramentas
Q = 10,2 l/min
ISO PSBNR 2525 M12

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Procedimentos Experimentais

Tabela 3. Condições de Corte para os primeiros quatro testes de Usinagem

Tomada de Corrêa, J. Bertrand, Rolf. Rocha, Álisson (2016).


Equação de Taylor

• Torno: Romi CNC Multiplic 35-D.


• Testes de desgaste: Estereomicroscopia, software Image-pro Express
Vc: 100 – 200 m/min microscopia electrônica (SEM) com espectroscopia (EDS).
f: 0,20 – 0,35 mm/rev • Testes de ferramentas: Interferometro e software MountainMaps 7.1
doc: 1,0 – 2,0 mm

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Procedimentos Experimentais

O critério final de vida útil da ferramenta seguiu as


recomendações do padrão ISO 3685, que prevê um máximo de
0,3 mm para o desgaste do flanco (𝑽𝑩𝑩 )

Todas as ferramentas apresentaram material da peça aderido.


Foi removido por gravado utilizando uma solução de HCl para
determinar os mecanismos de desgaste principais.

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Resultados e discussão
Vida da ferramenta

Aço inoxidável martensitico S41000


ɛ = 24%

“Para este tipo de equações com muitas variáveis,


um erro inferior a 20% é considerado aceitável”
(Dos Santos, 1999).

Aço inoxidável supermartensitico S41426


ɛ = 18%

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Resultados e discussão

Figura 2a) Prova 1 Figura 2b) Prova 2 Figura 2c) Prova 3 Figura 2d) Prova 4

Vc = 100 m/min Vc = 200 m/min Vc = 100 m/min Vc = 130 m/min


f = 0,35 mm/rev f = 0,35 mm/rev f = 0,20 mm/rev f = 0,20 mm/rev
doc = 1 mm doc = 2 mm doc = 2 mm doc = 1 mm
Tomada de Corrêa, J. Bertrand, Rolf. Rocha, Álisson (2016).

O alto índice de desgaste inicial observado em todas as curvas é conhecido como


período de rodagem. (Noordin et al., 2007).

Juan David Espitia Pérez


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Resultados e discussão

A expectativa era que a usinagem da peça mais dura e forte sempre


apresentariam vidas das ferramentas mais curtas.

Com profundidades de corte elevadas, as forças de usinagem são elevadas e a


resistência e a dureza do material de trabalho têm grandes influências.

Os resultados dos ensaios de vida da ferramenta dependem dos sistemas


tribológicas e é afetada, entre outros fatores, por cargas e temperaturas
desenvolvidas.

Figura 3. Comparação dos valores de vida da ferramenta


obtidos para os dois materiais nos quatro ensaios.
Tomada de Corrêa, J. Bertrand, Rolf. Rocha, Álisson (2016).
Sistemas de desgaste

Juan David Espitia Pérez


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Resultados e discussão
Análise do desgaste da ferramenta
As arestas dos cavacos endurecidos promovem uma
Desgaste uniforme Entalhe maior geração de calor até ao ponto do desgastar o
entalhe (Shaw et al., 1966) num processo que envolve a
adesão e à abrasão (De Melo et al., 2006).

O desgaste do entalhe freqüentemente aparece na


usinagem de materiais com uma característica de
endurecimento por deformação elevada.

A maior duração da vida dos materiais


martensíticos nas condições das provas 2 e 3
é provavelmente devido à sua dureza inferior.
Figura 4. Vista óptica do desgaste do flanco das ferramentas utilizadas na prova 3.
a) Aço Inoxidável Martensítico S41000 b) Aço Inoxidável Supermartensítico S41426
Tomada de Corrêa, J. Bertrand, Rolf. Rocha, Álisson (2016).

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Resultados e discussão
Aço Inoxidável Martensítico S41000

Flanco com material da peça Flanco sem material da peça Ponta da ferramenta Superficie de saída sem material da peça Aumento da região 1 Aumento da região 2

Abrasão

Adesão

Aumento do flanco Aumento do entalhe Superficie de saída com material da peça Figura 5. Fotos SEM com detalhes da ferramenta utilizada na usinagem do aço inoxidável
martensítico S41000 nas condições da prova 1.
Adesão Tomada de Corrêa, J. Bertrand, Rolf. Rocha, Álisson (2016).

Tabela 4. Composição química associada à Figura 5.


Difusão
ou
micro atrito
Abrasão

Juan David Espitia Pérez


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Resultados e discussão
Aço Inoxidável Supermartensítico S41426

Flanco com material da peça Flanco sem material da peça Ponta da ferramenta Superficie de saída sem material da peça Aumento da região 1 Aumento da região 2

Recobrimento
Adesão
Abrasão

Abrasão
Recobrimento
Adesão

Aumento do flanco Aumento do entalhe Superficie de saída com material da peça Figura 6. Fotos SEM com detalhes da ferramenta utilizada na usinagem do aço inoxidável
supermartensítico S41426 nas condições da prova 1.
Tomada de Corrêa, J. Bertrand, Rolf. Rocha, Álisson (2016).
Adesão
Tabela 5. Composição química associada à Figura 6.
Abrasão
Recobrimento

Adesão

Juan David Espitia Pérez


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Resultados e discussão
Aço Inoxidável Martensítico S41000

Flanco sem material da peça Ponta da ferramenta Aumento do flanco Superficie de saída sem material da peça Aumento da região 1 Aumento da região 2

Adesão

Velocidade de
Desgaste não
uniforme

Figura 7. Fotos SEM com detalhes da ferramenta utilizada na usinagem do aço inoxidável
martensítico S41000 nas condições da prova 2.
Tomada de Corrêa, J. Bertrand, Rolf. Rocha, Álisson (2016).

Juan David Espitia Pérez


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Resultados e discussão

Figura 8. Perfil da região desgastada da ferramenta utilizada para usinagem do aço


inoxidável martensítico S41000 nas condições de corte da prova2 obtidas por
interferometria a laser.
Tomada de Corrêa, J. Bertrand, Rolf. Rocha, Álisson (2016).

“Não há nenhuma deformação plástica”

A ondulação ocorreu apenas por desgaste.

Juan David Espitia Pérez


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Resultados e discussão
Aço Inoxidável Supermartensítico S41426
Flanco com material da peça Flanco sem material da peça Ponta da ferramenta

Tabela 6. Composição química associada à Figura 9.

Aumento do flanco Superficie de saída sem material da peça Aumento da região 1

Adesão Adesão

Tomada de Corrêa, J. Bertrand, Rolf. Rocha, Álisson (2016).


Recobrimento
1

Figura 9. Fotos SEM com detalhes da ferramenta utilizada na usinagem do aço inoxidável
supermartensítico S41426 nas condições da prova 2.

Juan David Espitia Pérez


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Resultados e discussão
Aço Inoxidável Martensítico S41000

Flanco com material da peça Flanco sem material da peça Ponta da ferramenta Superficie de saída sem material da peça Aumento da região 1 Aumento da região 2

Abrasão

Aumento do flanco Aumento do entalhe Aumento do entalhe Figura 10. Fotos SEM com detalhes da ferramenta utilizada na usinagem do aço inoxidável
martensítico S41000 nas condições da prova 3.
Adesão Tomada de Corrêa, J. Bertrand, Rolf. Rocha, Álisson (2016).
Adesão

Tabela 7. Composição química associada à Figura 10.

Juan David Espitia Pérez


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Resultados e discussão
Aço Inoxidável Supermartensítico S41426

Flanco sem material da peça Aumento do flanco Superficie de saída com material da peça Superficie de saída sem material da peça Aumento da região 1 Aumento da região 2

Adesão

Adesão

Ponta lascada
Adesão

Figura 11. Fotos SEM com detalhes da ferramenta utilizada na usinagem do aço inoxidável
supermartensítico S41426 nas condições da prova 3.
Tomada de Corrêa, J. Bertrand, Rolf. Rocha, Álisson (2016).

Juan David Espitia Pérez


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Resultados e discussão
Aço Inoxidável Martensítico S41000

Flanco com material da peça Flanco sem material da peça Ponta da ferramenta Aumento da região 1 Aumento da região 2 Aumento da região 2

Material da peça
Sem recobrimento Abrasão Adesão

Abrasão Material da peça

Adesão
Adesão

Aumento do flanco Aumento do entalhe Superficie de saída sem material da peça Figura 12. Fotos SEM com detalhes da ferramenta utilizada na usinagem do aço inoxidável
martensítico S41000 nas condições da prova 4.
Adesão Tomada de Corrêa, J. Bertrand, Rolf. Rocha, Álisson (2016).
Difusão
Tabela 8. Composição química associada à Figura 12.

Abrasão

Juan David Espitia Pérez


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Resultados e discussão
Aço Inoxidável Supermartensítico S41426

Flanco com material da peça Flanco sem material da peça Ponta da ferramenta Aumento da região 1 Aumento da região 2

Adesão

Difusão Adesão

Abrasão Adesão

Aumento do flanco Superficie de saída com material da peça Superficie de saída sem material da peça Figura 13. Fotos SEM com detalhes da ferramenta utilizada na usinagem do aço inoxidável
supermartensítico S41426 nas condições da prova 4.
Adesão Tomada de Corrêa, J. Bertrand, Rolf. Rocha, Álisson (2016).

Tabela 9. Composição química associada à Figura 13.


Recobrimento

Abrasão

Juan David Espitia Pérez


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Resultados e discussão
Tabela 10. Resumo dos mecanismos de desgaste encontrados na usinagem de aços inoxidáveis S41000 e S41426 nas condições de corte das provas 1 a 4.

Tomada de Corrêa, J. Bertrand, Rolf. Rocha, Álisson (2016).

Juan David Espitia Pérez


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Conclusões

• O aço inoxidável supermartensítico foi associado com uma vida da ferramenta mais curta
nos valores mais elevados de parâmetros de corte (prova 2). a vida útil da ferramenta foi
demasiado curta para mostrar a curva típica “S” do desgaste contra o tempo quando
estes materiais são usinados.

• Sob as condições da prova 3 (doc = 2 mm), a vida útil da ferramenta foi maior para usinar
o aço inoxidável martensítico. O cenário oposto foi observado nas provas 1 e 4 (doc = 1
mm).

• As condições da prova 3 (baixa velocidade de corte e a taxa de alimentação) levaram a um


aumento da vida útil da ferramenta em comparação com as outras condições de corte
utilizadas.

Juan David Espitia Pérez


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Conclusões

• Em todos os testes, o material da peça de trabalho foi aderido à ferramenta. Para analisar
os mecanismos desgaste foi usado um ataque químico para acessar ao detalhe da área
desgastada.

• Na superfície do flanco, o desgaste médio e o desgaste do entalhe apareceu na usinagem


do aço inoxidável martensítico, enquanto que só apareceu desgaste médio do flanco na
usinagem do aço inoxidável supermartensítico. Na superfície de saída ocorreu um
desgaste aleatório , mas o desgaste típico da cratera não foi evidente.

• Os principais mecanismos de desgaste presentes durante a usinagem do aço inoxidável


martensítico foram abrasão e difusão, enquanto que para o aço inoxidável
supermartensítico foram adesão e abrasão.

Juan David Espitia Pérez


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