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1 Fundamentos Históricos, Filosóficos e Sociológicos da Educação

Resumo

Fundamentos Históricos, Filosóficos e Sociológicos da Educação


Resumo

Brasil Colônia

➢ Características:
✓ Igreja aliada à coroa
✓ Padroado: Rei como chefe da igreja (cobrança dos dízimos)
✓ Não era permitida a criação de universidades na colônia (evitar a emancipação)
✓ Educação como privilégio da nobreza
➢ Jesuítas: 1549 (Surgiram a partir do Movimento da Contrarreforma)
✓ Escolas de Primeiras Letras
✓ Colégios formadores de sacerdotes
✓ Catequese indígena
✓ Escolástica (ensino cristão + racionalidade)
✓ Humanismo (enciclopédico)
✓ Colégios: colonos
✓ Aldeamento: indígenas
➢ Crise no sistema de ensino dos indígenas (séc. XVII)
✓ Mudança de postura na proteção dos indígenas para a exploração dos mesmos
✓ Tensão com os colonos: questão indígena
✓ Casas de meninos: alto custo
✓ Muita evasão na adolescência (iniciação ritualística indígena)

Reformas Pombalinas (séc. XVIII)

➢ Movimento da Ilustração Portuguesa


➢ Influência dos Estrangeirados
➢ Expulsão dos Jesuítas (1549)
➢ Ericeira (família influente, aristocrática) – Autores do primeiro dicionário latino-
português (D. Henrique de Meneses), pensamento cartesiano* (Descartes), ciências
naturais exatas
➢ D. Luis da Cunha
➢ Luiz Antônio Verney publica o livro “O Verdadeiro Método de Estudar” (1747)
✓ Contra os Jesuítas e os Oratorianos (Descartes)
➢ Antônio Ribeiro Sanches publica o livro “Cartas Sobre a Educação na Mocidade” (1760)
✓ Apoiador de Pombal e do ensino da Medicina e de Ciências Naturais
➢ Implantação do Ensino Público Oficial
➢ Nomeação dos professores pela Coroa
➢ Aulas Régias (disciplinas isoladas)
➢ Subsídio Literário (pagamento dos professores – imposto)

Características:

➢ Representou um retrocesso na educação (Fernando de Azevedo)


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➢ Foco na educação de ciências (Iluminismo)


➢ Diminuição da influência da igreja na educação

Brasil Império (1822)

Fatos históricos:

➢ Capitalismo Industrial
➢ Família Real no Brasil
➢ Constituição de 1823 (outorgada em 1824)
➢ Modificações culturais

Características:

➢ Ensino elitista (para a nobreza) e propedêutico (objetivando o ingresso no curso


superior. Metrópole: Coimbra)
➢ Ensino elementar, secundário e superior
➢ Método de ensino: Mútuo

Períodos:

➢ 1822-1831: D. Pedro I (Liberalismo Ilustrado)


➢ 1831-1840: Regência (do Radicalismo Ilustrado ao Regresso)
➢ 1840-1848: Implantação do Regresso
➢ 1848-1868: Período Saquarema (Ordem Imperial)
➢ 1868-1878: Montante Liberal (Questão Escravista, Republicanismo)
➢ 1878-1889: Vissitudes políticas, alternância dos partidos, ascensão do Republicanismo

Ensino Elementar e Secundário:

➢ Assembleia Constituinte de 1823: Sistema Nacional de Instrução Pública


➢ Constituição outorgada em 1824: retrocesso na estruturação da Educação
➢ Liberdade de ensino
➢ Educação elementar gratuita
➢ Lei de 1827:
✓ Escolas de Primeiras Letras
✓ Escolas de Meninas (vilas mais populosas)
➢ Reforma de 1834:
✓ Ensino Secundário e Escolas Normais sob responsabilidade das províncias (além do
Ensino Elementar)
✓ O Império é responsável apenas pelo Ensino Superior
➢ Não há infraestrutura para ensino nas províncias: alto analfabetismo (1890: 67%)
➢ Não havia articulação entre os ensinos Elementar e Secundário
➢ 1837:
✓ Colégio D. Pedro II (modelo): Ensino Elementar e Secundário sob responsabilidade
da Coroa.
✓ Impossibilidade das províncias de seguir esse modelo
➢ 1860:
✓ Escolas com viés mais liberal (modelo EUA e Europa)
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✓ Questionamento da presença da Igreja e do Estado na educação


➢ Reforma de 1879 (Leôncio de Carvalho):
✓ Liberdade de ensino
✓ Liberdade de frequência
✓ Liberdade de credo religioso
✓ Criação de Escolas Normais
✓ Implantação da Tendência Positivista
✓ Matrículas de Escravos

Ensino Superior:

➢ Elitista (nobres e proprietários de terras)


➢ Sediado em Portugal (Coimbra e Évora)
➢ Surgimento de faculdades no Brasil:
✓ São Paulo (Largo São Francisco)
✓ Escola de Recife

A constituição da profissão docente no Brasil-Império

➢ Histórico:
✓ Profissão docente se desenvolve durante alguns séculos de forma subsidiária, não
como atividade profissional principal, nem especializada.
✓ Corpo de saberes e de técnicas: trata-se mais deum saber técnico que de um
conhecimento fundamental.
✓ Por outro lado, tal corpo de saberes e técnicas foi produzido fora do campo
pedagógico, por teóricos e vários especialistas.
➢ Etapas – Cronologia, sujeitos e agências:
✓ Exercício da atividade em tempo integral
✓ Posse de licença para ensinar (instrumento de controle e proteção da categoria)
✓ Especialização da atividade profissional, em larga medida haurida em agências
específicas
✓ Criação de e participação nas associações “de classe”
➢ Dimensões:
✓ Conjunto de conhecimentos e de técnicas
✓ Adesão a valores éticos e a normas deontológicas (identidade docente consoante a
aspectos que transcendem os limites internos do ofício)
➢ Eixo estruturante:
✓ Estatuto social e econômico dos professores (capital social e econômico de que são
portadores – capital simbólico)
➢ Os professores e a escolarização da sociedade no Império Brasileiro:
✓ Primeiros modelos de secularização da educação no Brasil: envio dos professores
régios de Portugal à colônia.
✓ Escolarização elementar: escolas improvisadas e mestres sem formação
institucional.
✓ Proeminência da formação pela prática.
✓ Currículos pouco densos e tentativa de diversificação dos materiais e métodos de
✓ ensino.
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✓ Escola elementar acessada significativamente pelas camadas populares (legislação


flexível).
✓ Controle do processo de ensino clivada pela atenuação de castigos físicos
(pressuposta pelo método mútuo) e o recurso à violência.
➢ O ensino normal no Brasil
✓ Convivência de várias formas de transmissão de conhecimentos e saberes, porém,
em direção a um sistema controlado e regulado pelo Estado.
✓ Situação que se pretendia alterar com a afirmação das Escolas Normais:
✓ Iniciação na cultura letrada por ação da família, igreja(s), preceptores particulares,
corporações profissionais, associações filantrópicas etc.
➢ Escolas normais no Brasil (período: 1835-1860)
✓ Professor acumulava cargo de diretor.
✓ Currículo: ler e escrever (método mútuo), 4 operações matemáticas e suas
proporções, língua nacional (rudimentar), elementos de história e geografia e moral
cristã.
✓ Requisitos para o recrutamento: ser cidadão brasileiro, possuir 18 anos de idade,
idoneidade moral, saber ler e escrever, conhecimento do método lancasteriano.
✓ Duração do curso: 2 anos, seção masculina apenas
➢ Décadas de 1860 e 1870
✓ Curso de 3 anos, admitia mulheres, presença de tratados de metodologia
pedagógica (cadeira de pedagogia), ampliação das cadeiras, inclusão de caligrafia,
aritmética, álgebra, noções gerais de geometria, elementos de cosmografia e
ampliação dos conteúdos da cadeira de língua nacional.
✓ Funcionamento: via de regra em prédios improvisados, sofrendo contínuos
deslocamentos (por descontinuação administrativa e ausência de alunos/as), sem
um desenho e instalações adequadas ao uso escolar.
➢ Décadas de 1870 e 1880
✓ Aumento absoluto das matrículas e proporcional das diplomações.
✓ Feminização e feminilização das escolas normais e do magistério.
➢ Os professores e a escolarização da sociedade no Império Brasileiro – Síntese
✓ Professores se beneficiam da importância crescente da escola, enquanto instância
privilegiada de estratificação e distinção social (retroalimentação).
✓ Século XIX no Brasil – acentuação da escolarização. Desenvolvimento das técnicas e
instrumentos pedagógicos:
▪ métodos de ensino
▪ organização da classe
▪ enriquecimento a partir de outros campos disciplinares (psicologia,
biologia/medicina sociologia)
▪ materiais de ensino
▪ edificações
▪ instituições de formação.
✓ Escolas Normais: cerne da codificação/reclassificação da profissão docente ocorrida
no séc. XIX.
✓ Marcam a transformação do mestre-escola em direção ao professor primário.
✓ Mais que formar professores, as Normais produzem a profissão docente.
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Educação na República

Os Republicanos, a Educação e a Escola

➢ Constituição de 1891 (Republicana)


✓ Reafirma a descentralização do ensino
▪ União: educação superior e ensino secundário
▪ Estados: ensino fundamental e profissional
✓ Dualismo tradicional (ensino superior para a elite
➢ A Escola republicana
✓ Era pensada como parte de uma totalidade, de um projeto político que se
antecipava às reivindicações da sociedade = exercitada durante o período da
“propaganda”.
✓ Propõe ensino elementar e profissional para as massas e educação científica para
as elites.
✓ Do ponto de vista da expansão realiza, a seu modo, a da instrução elementar, não
de outros níveis de ensino.
➢ A escola ideal dos republicanos
✓ Plano político: princípios democráticos, mediante um ensino leigo, neutro,
apartidário;
✓ Plano econômico: adequação ao regime de acumulação capitalista. Hierarquização
da oferta educacional.
✓ Plano social: aquisição hábitos morais de base racional científica, pensada de modo
díspar da idealizada pela escola monárquica.
✓ Estímulo ao ensino intuitivo:
▪ valorização do “ver e ser visto”
▪ práticas de observação e desenvolvimento da escrita
▪ organização escolar sob base racional-científica.
▪ antítese do que se denominava de “pedagogia tradicional”: marcada pela
memorização, oralidade, do ouvir e do repetir falando (ditado).
➢ Grupos escolares
✓ Em São Paulo a criação se deu em 1893. Estabelecimento paulista serve de modelo
para outros estados.
✓ Expectativas:
▪ garantir a dignidade profissional dos docentes, articulado ao domínio da
metodologia intuitiva e aceitação do planejamento racional do sistema
escolar.
✓ Agrupamento das aulas avulsas primárias em um único prédio, sob uma única
direção, e com um corpo docente encarregado de classes de ensino simultâneo,
progressivo e seriado dos conteúdos, concentrando crianças com níveis
aproximados de aprendizagem.
✓ Divisão racional e hierarquizada do trabalho docente (maior interferência na
autonomia didática, controle dos tempos, espaços, aperfeiçoamento da rotina de
registros da vida escolar).
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✓ Critérios para instalação do grupo escolar:


▪ Número de alunos no raio da obrigatoriedade escolar (durante a 1ª
República variou entre 200 e 400 alunos).
▪ Professores habilitados no curso normal e/ou complementar.
▪ Presença de funcionários administrativos: diretor e porteiro.
▪ Edifício que abrigasse no mínimo quatro classes correspondentes a cada um
dos anos do curso elementar (4 anos).
✓ Recebem crianças das camadas populares, porém, durante a Primeira República não
se configura como escola de massas.
➢ Expansão da instrução primária
✓ Expansão da rede escolar: ocorreu pelo aumento das escolas isoladas e reunidas e
não pelos grupos escolares
✓ Custos, constrangimentos impostos pela legislação para a criação de grupos
escolares e a reivindicação da população por acesso à escola favoreceu a
disseminação das escolas reunidas.
➢ Contrapontos à escola pensada pelos republicanos
✓ Pouca atenção aos níveis secundário e superior
✓ Continuam os exames parcelados para ingresso nas Academias
✓ Não é criada a universidade
✓ Poucas vagas criadas no secundário
✓ Expansão do nível primário – crescimento expressivo das matrículas
✓ Formação de professores também ganha atenção
✓ A esse quadro, surgem alternativas no campo operário e no movimento negro
➢ A educação socialista
✓ Criação de associações assistenciais: caixas de socorros (enfermos, viúvas e
desempregados)
✓ Aproximação com os liberais-republicanos: defesa da educação popular e da escola
pública, leiga, estatal, gratuita e obrigatória
✓ Criação de escolas operárias noturnas profissionalizantes e bibliotecas populares
✓ Pedagogia que se aproximava com a dos republicanos históricos: ensino leigo,
científico, intuitivo, disciplinar
✓ Escolas femininas (mas segregadas)
➢ A educação anarquista
✓ Trazida por imigrantes italianos e espanhóis
✓ Educação não atrelada a interesses capitalistas (distante da ideologia burguesa)
✓ José Oiticica: principal anarquista (foi exilado)
✓ Alternativa ao Estado e à Igreja Católica
✓ Dominante entre 1890 e início dos anos 20
✓ Não reformistas – defesa da via revolucionária
✓ Educação ampla, transcende a escola:
▪ Educação formal: na escola, disciplinas lecionadas por um tutor com
conhecimento sistematizado e ênfase na empiria
▪ Educação não formal: palestras e conferências, não pressupõe um tempo
ou local fixos, não implica diplomas ou certificados, temas livres.
▪ Educação informal: qualquer forma de aprendizado e possibilidades
educativas que estão presentes no dia a dia.
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➢ O movimento negro e a escolarização da população negra


✓ Ocorre como sociedade recreativa. Movimento por escolas vai se firmar já no fim
dos anos 20.
✓ Dificuldades enfrentadas pelo movimento negro: exclusão dos negros nas escolas
estatais, porém, com expansão do ensino primário, que abrigava parcela da
população negra – o movimento perdeu força entre sua base social.
✓ Interiorização da escravidão.

A Educação Nova e as reformas educacionais

Escola Nova

Movimento de renovação da Educação que remonta ao final do século XIX e que se


consubstancia na proposta de uma escola única, pública, ativa e laica, com a defesa de uma forte
intervenção do Estado na área educacional. É parte de um conjunto de transformações que se
operavam na economia, sociedade, política, cultura, de um lado e, de outro, uma resposta da
pedagogia quanto ao fornecimento de novas respostas para a formação do homem de então.

➢ Transformações relevantes que estão na base da emersão da Escola Nova


✓ Mudança relevante: do ouvir para o ver (século XIX), para o ver é fazer (décadas
iniciais do XX).
✓ Contabilidade de ritmos e produção de gestos eficientes.
✓ A importância da “escrita correta”: medida higiênica (profilática).
➢ Escolanovismo (Anos 20)
✓ Principais nomes:
▪ Lourenço Filho
▪ Anísio Teixeira
▪ Francisco Campos
▪ Fernando de Azevedo
➢ Apresentando a Escola Nova
✓ Adoção de procedimentos científicos de organização dos espaços, materiais e
conteúdos de ensino.
✓ Ênfase concedida ao desenvolvimento da infância.
✓ Centralidade das crianças no processo de aprendizagem.
✓ Aplicação de normas higiênicas.
✓ Ênfase na cientificidade da escolarização dos saberes e dos fazeres.
✓ Primado da intuitividade e da empiria na construção do conhecimento escolar.
➢ Intencionalidades da Escola Nova
✓ Disputa dos liberais x conservadores
✓ Buscam escola não-dualista
✓ Desqualificar aspectos da forma e da cultura escolares em voga nas escolas (o
que se considerava “tradicional”).
✓ Construção do “novo” pelo distanciamento em relação ao “velho”.
✓ Tentativa de sintonia da escola nova com os apelos da sociedade moderna:
trabalho produtivo e eficiente.
✓ Esforço para superar os esquemas deterministas que “interpretaram” o Brasil
desde o final do século XIX.
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➢ Associação Brasileira de Educação (1924)


✓ Influenciada pela militância católica até 1932
✓ A partir de 1932, prevalecem membros do Escolanovismo
➢ O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932) e o movimento escolanovista
✓ O Manifesto como divisor de águas da educação nacional. Redefinição do
campo educacional. Consolidação como área de atuação setorial do Estado e de
fração dos intelectuais educadores. Interpretação do Brasil.
✓ Liberais X Católicos
✓ Oposição entre pares: passado e presente, velho e novo, tradicional e moderno.
✓ O Manifesto como personagem coletivo, momento de compromisso.
▪ Educação Obrigatória
▪ Educação Pública
▪ Educação Gratuita
▪ Educação Leiga (não confessional)
▪ Educação como dever do Estado
▪ Eliminação do dualismo escolar
✓ Não foi acolhido na Constituição de 1934

A Educação na Era Vargas

➢ Significados e enredo de 1930


✓ Movimento heterogêneo, com várias ideologias em conflito: tradicionalismo
agrário, industrialismo, radicalismo operário, militarismo, “modernismos”.
✓ Vitória de Vargas se deu em função de um acordo precário entre as forças do
período – rearranjado pouco tempo depois do desfecho do golpe.
✓ Dividido em 3 etapas: Governo Provisório (1930-1934), Governo Constitucional
(1934-1937) e o Estado Novo (1937-1945).
➢ Atores em cena
✓ Igreja Católica
▪ demanda pelo ensino religioso; buscou a reorientação do Estado
(neutro para religioso). Aprovação do casamento indissolúvel e a
assistência religiosa às Forças Armadas. Atuação via organização
eclesial e do laicato religioso.
✓ Forças Armadas
▪ do “quartel como escola” (anos 1910, ideologia do soldado-cidadão)
para a “escola como quartel”. Instituição da educação pré-militar, a ser
oferecida nas escolas. Controle da educação física, propondo--se
assumir a formação dos professores por intermédio da Escola de
Educação Física do Exército.
➢ A Constituição de 1934
✓ Aprovação do ensino religioso (facultativo);
✓ Fixação de um percentual mínimo (10% União e 20% Estados e DF) de aplicação
das verbas públicas ao ensino (primeiro dispositivo da modalidade – art. 156)
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✓ Sistema de ensino básico (escola elementar) ampliado, integral e com a


orientação metodológica da Escola Nova, porém, separado em popular e de
elite
✓ Ênfase na educação musical, física, moral e cívica, para desenvolvimento dos
valores nacionais
➢ A política cultural e educacional na Era Vargas
✓ Criação do Ministério da Educação e Saúde, em 14/11/1930.
✓ Comunicação direta com a população: comícios no Dia do Trabalhador e
mensagens via rádio (Inauguração do programa “Hora do Brasil”)
✓ Política autoritária, centralista e intervencionista
✓ Criação de instituições tecno-burocráticas: DASP (Depto. De Administração do
Serviço Público) – censura cultural; DIP (Depto. de Imprensa e Propaganda),
controle dos meios de comunicação (cinema, rádio e imprensa)
✓ Política educacional autoritária e uniforme.
✓ Educação escolar: ingrediente ativo da exaltação da família, da religião, da
pátria e do trabalho (síntese dos elementos da moderna nação brasileira).
✓ “Educação é instrumento do Estado para preparar o homem não para uma ação
qualquer na sociedade, apto para qualquer ‘aventura’, mas para uma ação
necessária e definida, uma ação certa: construir a nação brasileira.” (Gustavo
Capanema, 1937).
✓ Ensino elementar e secundário: ênfase em conteúdos da Educação Física,
ensino da moral católica, educação cívica pelo estudo da Geografia e da História
do Brasil, canto orfeônico e festividades cívicas.
➢ Reformas do ensino
✓ Francisco Campos (1930-1932)
▪ Nível superior – visou à substituição do modelo das faculdades isoladas
pelo universitário
▪ Nível secundário: reforça Reforma João Luiz Alves (1925),
desautorizando o modelo dos cursos parcelados de preparatórios em
prol do modelo formador (seriado e articulado). 2 ciclos: 5 + 2 = 7 anos
▪ Ensino elementar de base nacional (4 anos)
▪ Ênfase à educação profissional.
✓ Gustavo Capanema (1934-1945)
▪ Criação da Universidade do Brasil (1937)
▪ Regulamentação do curso de formação de professores
▪ Estruturação da carreira docente
▪ Leis Orgânicas (articulação dos níveis e ramos e princípio da
equiparação. Expansão do ensino industrial)
• Ensino industrial (1942)
• Ensino secundário (1942) 2 ciclos 4 + 3
• Ensino comercial (1943)
• Ensino primário (1946)
• Ensino normal (1946)
• Ensino agrícola (1946)
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A Educação Brasileira no período populista (1946 – 1964)

➢ Panorama da educação brasileira após o Estado Novo


✓ Continuação da polarização católicos X liberais
✓ Católicos: contra o monopólio de Estado na oferta de educação gratuita e
obrigatória, a favor da liberdade de ensino (ensino religioso).
✓ Liberais: defesa da educação neutra, única, mista, leiga, gratuita e obrigatória.
Educação como dever social do Estado
✓ Desenvolvimentismo: ausente na Constituinte, mas associado ao debate
especializado sobre educação.
➢ O debate educacional no entre ditaduras e a LDB
✓ Educadores liberais: redemocratização da sociedade via disseminação da
educação escolarizada:
✓ Universalização da escola elementar gratuita;
✓ Ensino secundário propedêutico e profissional;
✓ Fim do dualismo que opunha a escola das elites da dos trabalhadores.
✓ A LDB
▪ Anteprojeto da comissão convocada por Mariani: Lourenço Filho,
Almeida Júnior, Fernando de Azevedo, Alceu Amoroso Lima e Leonel
Franca. Anísio não participou formalmente, mas enviou sugestões.
▪ O parecer de Capanema: preservar legado da Era Vargas. Contra a
descentralização. Anteprojeto é “esquecido”.
▪ Substitutivos de Clóvis Salgado (1957): acordo de compromissos.
▪ Carlos Lacerda (1958 e 1959), orientação privatista, propugnava a
prevalência do “direito inalienável e imprescritível da família” de
escolher a educação dos filhos. Financiamento público das escolas
privadas, tornadas gratuitas às famílias. Apoio ao ensino religioso.
Embate entre ensino estatal público e ensino privado.
✓ 3 grupos opositores ao Substitutivo Lacerda:
▪ Os “liberais-idealistas” (em torno d’OESP);
▪ Os “liberais-pragmatistas”, parte dos “pioneiros” e outros intelectuais
(“Mais uma vez convocados”, 1959);
▪ A “tendência socialista”, Florestan Fernandes.
✓ LDB 1961:
▪ Questão educacional como assunto público e não apenas de
especialistas.
▪ Roque S. M. de Barros:
• Não existe apenas uma concepção de liberdade de ensino
• Não implica a exclusão do Estado em prol dos particulares
• Não se trata de livre concorrência, mas de liberdade de
pensamento, de cátedra
➢ Confusões conceituais:
✓ Liberdade de ensino X desregulamentação permissiva
✓ Estado como educador X mero provedor de recursos
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Resumo

✓ Qualidade da educação X satisfação do consumidor


✓ LDB (1961) nos moldes do substitutivo Lacerda (1959)

➢ O INEP, o CBPE e os CRPE’s


✓ Esforço estatal de planejamento das políticas educacionais (1955) –
conhecimento oriundo de pesquisas no campo das ciências sociais
✓ Educação na concepção dos centros: aprimoramento das potencialidades
humanas – desenvolvimento material e cultural do país – estabilidade social
✓ Anísio Teixeira: figura de proa no processo
✓ Rio de Janeiro (CBPE); São Paulo, Porto Alegre, Salvador, Recife e Belo Horizonte
(CRPE’s)
✓ Formação de quadros importantes para a educação
➢ A “república populista” e os movimentos sociais pela educação
✓ O populismo no período entre-ditaduras.
✓ A demanda pela expansão do ensino: o caso paulista
✓ Ensino elementar
▪ Redução dos períodos letivos e aumento dos turnos (1956-57).
▪ Instalação de “classes de emergência”.
▪ Aumento do número médio de alunos/classe.
▪ Adoção do regime de “promoção automática”.
▪ Criação de prédios escolares improvisados.
✓ Ensino secundário
▪ Aprovação compulsória de 80% dos alunos matriculados no ginásio.
▪ Criação de escolas normais e ginásios noturnos.
▪ Instalação das “seções” dos ginásios (de 41 em 1940 para 465 em 1962).
▪ 1967 – supressão do exame de admissão (SP), no Brasil apenas em 1971.
▪ Insatisfação entre parlamentares, docentes, e mesmo pessoal da
burocracia (falta de critérios técnicos, perda de qualidade, expansão
excessiva e desqualificação docente).
▪ Medida populista.
➢ Movimentos sociais e populares por educação
✓ Os estudantes universitários e a UNE
▪ 1959 - Posicionamento a favor da Campanha em Defesa da Escola
Pública.
▪ 1961- 62 – Seminários Nacionais da Reforma Universitária I e II
(Salvador e Curitiba): extinção das cátedras, a adoção de tempo integral
nos contratos docentes e colegiados universitários com representação
tripartite equânime.
▪ 1962 – Participação na criação do CPC (Centro Popular de Cultura);
greves operárias e junto com camponeses pela reforma agrária.
▪ Participação nos debates para a reforma universitária (a qual só viria a
ocorrer em 1968).
✓ Movimentos populares de alfabetização
▪ 1947 – Campanha de Educação de Adultos. Criada pelo MEC.
Financiamento das escolas, orientação de trabalhos de alfabetização,
mobilização da opinião pública e dos governos estaduais e municipais.
▪ 1961 – Movimento Educacional de Base (MEB). Articulado pela CNBB e
patrocinado pelo governo federal: experiências radiofônicas dos bispos
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Resumo

em Aracaju e Natal, expandem-se para vários outros estados –


concentração no NE. Plano quinquenal (1961-65), previa 15 mil escolas
radiofônicas. Difusão para classes de aula (jovens e adultos) que
recebiam a instrução via rádio.
▪ 1962-63 – Movimento de Cultura Popular (Recife); Círculos de Cultura
(cidades satélites de Brasília). Paulo Freire.
▪ Jan. 1964 – Paulo Freire e o Programa Nacional de Alfabetização:
substituição das cartilhas e o trabalho com as “palavras geradoras”
(escolhidas dentro do universo vocabular dos educandos).
▪ Educação como emancipação: luta social contra as desigualdades
culturais e econômicas. Ressignificação do aspecto cívico relacionado à
alfabetização: habilitação para exercício do voto.
▪ Aproximação com o clero progressista.
✓ Método Paulo Freire: sistema ativo, base é o diálogo (não haveria “aula”). Ao
invés das escolas noturnas, os círculos de cultura. Em lugar do professor, o
coordenador de debates. Participante de grupo e não aluno. Conteúdos
substituídos por situações concretas associadas à mundivivência dos sujeitos.

Educação na Ditadura Militar

Dos anos de chumbo à redemocratização: (re)organização do ensino e caminhos da educação


no Brasil

➢ O Golpe: coligação do grande empresariado brasileiro, latifundiários e empresas


estrangeiras instaladas no país. Articulado pela UDN e pelos militares e executado por estes
últimos com apoio estadunidense.
➢ O Regime: 3 grandes fases
✓ 1964 - 1968 (tentativa de legalização – Constituição 1967)
✓ 1968 - 1979 (recrudescimento da violência e repressão)
✓ 1979 - 1985 (distensão e Anistia).
➢ Concentração de poder, coerção, contenção e repressão aos movimentos sociais populares
e aos declarados “subversivos”. Radicalização da censura (artística, educacional e de
expressão) e práticas de tortura.
➢ A educação pensada pela e durante a ditadura
✓ 2 objetivos principais: formação de mão de obra adequada ao modelo de
desenvolvimento econômico e difusão de uma ideologia favorável ao regime. Rígida
disciplina escolar na escola = produtora de cidadãos acríticos e produtivos
✓ Controle ideológico dos currículos escolares, vigilância contra professores e alunos.
Introdução forçada de hábitos militares entre os alunos (marchar como soldados,
prestar continência e louvar um símbolo pátrio). Entoação do hino nacional e
hasteamento da bandeiro obrigatórios
✓ Obediência, respeito à hierarquia e brutal domesticação dos corpos.
➢ Doutrina de Segurança Nacional
✓ Formulada em fins dos anos 1940 nos EUA e depois difundida pela América Latina.
✓ Definida pela Escola Superior de Guerra. Manutenção
da ordem política, social e econômica. Combate ao comunismo – contexto da Guerra
Fria.
13 Fundamentos Históricos, Filosóficos e Sociológicos da Educação
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✓ Associação intrínseca entre segurança nacional, desenvolvimento e conformação


ideológica.
✓ Redefinição do conceito de guerra e de inimigo: não estritamente externo, mas também
interno.
➢ Na Educação
✓ Combate e perseguições a organizações de estudantes que passaram a ser consideradas
“subversivas”, como a UNE
✓ Criação de organizações de destudantes que defendessem os ideais militares:
▪ Diretórios acadêmicos (por curso)
▪ Diretório central
✓ Repressão e proibição de manifestações de caráter político por parte de alunos,
professores e funcionários de escolas
✓ 1968 - Criação da Comissão Nacional de Moral e Civismo. Engendrou a área de Moral
e Cívica. Resultou na criação das disciplinas:
▪ Educação Moral e Cívica (EMC) para o 1º Grau (atualmente Ensino
Fundamental). Abarcava: o funcionamento do Estado, formas de governo, os
símbolos pátrios, os hinos pátrios, o modelo “adequado” de família
(heterossexual, monogâmica e mononuclear), a religião cristã, o que seriam as
características da população brasileira índios, negros e brancos e o papel de
cada um deles em nossa formação histórica.
▪ Organização Social e Política Brasileira (OSPB) para o 2º Grau (atualmente
Ensino Médio). Reforçava a ideia do país como potência continental. Difundia
críticas ao comunismo e desenvolvia conceitos filosóficos e sociológicos em
consonância com a Doutrina de Segurança Nacional.
▪ Estudo de Problemas Brasileiros (Ensino Superior)
➢ A Teoria do Capital Humano
✓ Importada dos EUA, como “diretriz de política social para países em desenvolvimento”.
✓ Educação escolar = investimento econômico. Aumento da produtividade = melhoria das
condições de vida dos trabalhadores. Porém, obscurecia o fato de que a ascensão social
dependia de outros fatores, não exclusivamente do nível de escolaridade.
✓ Difundia uma mentalidade capitalista entre a população pobre assalariada.
➢ Três peças legislativas principais da ditadura na esfera da educação básica
✓ Lei nº 5379/67, cria o Movimento Brasileiro pela Alfabetização – Mobral;
✓ Decreto-lei nº 869/69, obrigatoriedade das disciplinas da área de Educação Moral e
Cívica;
✓ Lei 5692/71, cria o ensino de 1º e 2º graus.
➢ Finalidade: criar um sistema de ensino voltado às necessidades da acumulação capitalista,
qualificação técnica da mão de obra (mesmo que em horizontes limitados).
➢ Meta: universalização do ensino elementar (1º Grau), dos 7 aos 14 anos. Expansão das vagas
sem correspondência do investimento.
➢ Características do conjunto de reformas da ditadura
✓ Perfil tecnocrático: isolamento da educação do contexto social e econômico
✓ Substituição da participação popular e da cooperação por critérios de eficiência
✓ Despolitização da sociedade pela compartimentação do trabalho
✓ Direção tecnicista das reformas, especialmente da Lei 5692/71
▪ Parceria entre o MEC e a USAID
▪ Pilares:
• Educação e desenvolvimento
14 Fundamentos Históricos, Filosóficos e Sociológicos da Educação
Resumo

• Educação e Segurança
• Educação e Comunidade
✓ Financiamento privado da educação. Estímulo à concessão de subsídios
governamentais e desobrigação de receita
➢ A Lei 5692/71
✓ 1º Grau obrigatório, universal, de oito anos.
✓ Definição do 2º Grau como profissionalizante. Não era obrigatório.
✓ Implicações: ampliar a formação de técnicos e de mão de obra especializada.
Diminuição da pressão sobre o ensino superior.
✓ Princípio da Terminalidade
✓ Implicava em alto custo de implantação e era majoritariamente oferecido por
instituições privadas
✓ Pouca adesão devido à preferência pelo curso acadêmico direcionado à formação para
o curso superior
✓ Ensino secundário profissionalizante: até 1982, quando a lei é revista, caráter
profissionalizante compulsório.
✓ Problema da formação docente insuficiente (quantitativa e qualitativamente)
✓ Precarização da contratação de professores.
➢ Consequências
✓ Rápida deterioração da qualidade do ensino, drástica redução nos salários dos
professores, contratação de docentes sem formação adequada, e também a falta de
materiais básicos requeridos no cotidiano escolar
✓ Houve massificação da escola, os índices de analfabetismo foram reduzidos. Mas a
partir de uma escola precarizada, fortemente controlada pelos mecanismos ideológicos
da ditadura e com vistas a servir aos interesses privados.
➢ O ensino privado e a ditadura
✓ Predominância da educação privada religiosa para a de tipo empresarial (adaptação da
primeira à segunda).
✓ Escola privada prosperou devido a uma mudança de valores sobre a educação +
precarização da escola pública e pragmatismo dos vestibulares.
✓ Expansão das redes, especialmente a secundária, deu-se pela omissão do Estado em
favor da instalação de estabelecimentos privados (subvenção), com pagamento de
matrículas nessas instituições pelo poder público.
➢ Universidades
✓ Eliminação do sistema de aprovação vigente visando eliminar os excedentes, que eram
os elegíveis à faculdade após atingir nota mínima em exame de admissão.
✓ Criação do sistema de aprovação atrelado à quantidade de vagas disponíveis nas
faculdades
✓ Desestímulo de cursos de caráter ideológico (Filosofia, Sociologia), e estímulo de cursos
de caráter produtivo

Diagramação: Stenio Barbosa do Nascimento


Fontes:
Slides de apoio das vídeo aulas da disciplina (Prof. Dr. Roni Cleber Dias de Menezes)
Vídeo: Resumão da História da Educação Brasileira (Vinícius Reccanello de Almeida)
https://www.youtube.com/watch?v=X3h7ivUveS0

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