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BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................................118
4 4
Drewermann
4
5 5
INTRODUÇÃO
mestrado requer uma justificativa. Por que ocupar-se com essa relação? Ou,
ainda antes, existe uma relação entre Teologia e Psicanálise? No caso de uma
proximidade.
Na origem desta busca que culminou nesta pesquisa não havia uma
5
6 6
teológica.
que ser apenas - e quando muito - uma disciplina auxiliar da Teologia Prática.
historicista e sociológica.
Estas questões motivam a presente pesquisa. Entre outras, uma das perguntas
destas questões. Essa foi a razão da escolha de sua obra para esta pesquisa, de
modo
6
7 7
obra desse autor. O estudo não considera toda sua obra. Esta seria uma tarefa
que extrapolaria os limites impostos para este trabalho, pois estudar uma obra
desse método no seu trabalho e reflexão exegética. Essa parte terá um caráter
7
8 8
Pelo fato da obra de Drewermann ainda ser pouco conhecida no Brasil, toda
8
9 9
1
Veja: KOCH, Traugott. Freuds Entdeckung und ihre Bedeutung für eine gegenwärtige Theologie. In: A. R.
BODENHEIMER. Freuds Gegenwärtigkeit. Op. Cit. p. 284
2
Para maiores detalhes veja artigo de RAGUSE, H. Themen der Theologie und die Psychoanalyse in:
SCHARFENBERG, J. Religion zwischen Wahn und Wirklichkeit, pp:136 - 150.
9
10 10
à religião são percebidas como uma profunda ameaça aos valores da nação4.
Alguns teólogos procuram provar que a Psicanálise não tem nada a contribuir
ciência auxiliar da Teologia Prática. Esse atributo vai marcar a relação entre
essas duas áreas por muitas décadas. Na mesma medida em que significou um
teológicas fundamentais.
3
idem p. 136
4
Essa posição pode ser observada especialmente em textos de E. Brunner e H. Thielecke.
5
Raguse, Themen... op. Cit. p.137
6
‘ Die Lehre der Seelsorge’.
10
11 11
se pretendia distante7.
quanto Pfister. Em diálogo com a Psicanálise Pfister produziu uma vasta obra
7
Raguse, Themen... op. Cit. p.138.
8
Veja E. L. Freud e H. Meng, Cartas. Entre Freud & Pfidster. op. cit.
11
12 12
contribui.
outra à cultura.
9
Ricoeur, Paul. Da Interpretação. op. cit.
12
13 13
constrangimento de forças.”11
desta recusar uma interpretação do ser humano por apenas uma destas
linguagens.
com a Filosofia.
10
Franco,Sérgio G. Hermenêutica e ..., p.171
11
idem, p.169
12
Ricoeur, Paul. O Conflito... op. cit.
13
14 14
relevante é relativa à pergunta pela visão de mundo e do ser humano que esse
saber implica.
poder afirmar uma certeza imediata da consciência - penso, logo sou - , essa
certeza não é um saber verdadeiro, pois essa certeza pode ter outros sentidos
expressões da fala humana vai evidenciar o duplo sentido dessa fala. Ela
aponta para o fato de que todo dizer ao mesmo tempo revela e oculta. Neste
sentido a linguagem humana é simbólica. Aqui reside outro aspecto que torna a
ser o teólogo que mais tem procurado dialogar no seu trabalho teológico com
13
Ricoeur, Paul. O Conflito... p. 89
14
idem, ibidem
14
15 15
humano.
15
Veja “Die theologische Bedeutung von Existencialismus und Psychoanalyse. In: Allmanach 3 für Literatur und
Theolgie. op. cit. p. 139
16
Isso propõe P. Tillich. Veja : “Die theologische Bedeutung von Existencialismus und Psychoanalyse. In:
Allmanach 3 für Literatur und Theolgie. op. cit. p. 139
15
16 16
(satisfação/salvação).
pois aí não ajuda nenhuma técnica. Somente a redenção pode fazer isso. Para
16
17 17
Psicanálise.
da Religião ou Teologia para esta mesma realidade, de tal forma que estes
da própria Psicanálise.
Teologia. Nenhum outro teólogo tem sido tão controverso quanto ele em
Nesse seu esforço não se restringe a certas áreas da Teologia, mas procura
ética e a dogmática.
Drewermann está marcada por uma inquietação muito grande com a questão
17
idem p. 149 -150
18
Drewermann Was. Ich denke . op. cit... p.11
17
18 18
condição.
Tillich. Porém o que o diferencia deste e de outros teólogos que dialogam com
religioso. Por essa razão pode-se dizer que a Psicanálise se torna para
religioso.
19
idem p.31
18
19 19
autores.20
tem uma dimensão hermenêutica e antropológica que torna o estudo dessa obra
muito desafiador. Igualmente, para além do que apresenta de novo, o que torna
acadêmica.
20
RAGUSSE, H. Op. Cit. P. 18
19
20 20
20
21 21
universidade.
criticado pelo caráter enfático com que defende suas posições, por outros é
aplaudido como o “porta-voz dos pequenos” diante dos “grandes” que estão
que mais tem publicado e vendido livros nos últimos anos. Suas publicações
milhão. Afirma-se que já tem escrito mais de 20.000 páginas. Sua produção é
conjunto de sua obra. Sua posições teológicas e seu conflito com a hierarquia
mídia.
21
Veja von Schönborn, p. 15
22
veja por exemplo: von Schönborn. op. cit. p. 7
21
22 22
ordem temática.23
a) As Obras
I. Os fundamentos.
qual faz um estudo do mito da queda na tradição javista (Gn 2-11) numa
compensar a própria nulidade, o ser humano afunda-se cada vez mais em culpa
e medo de forma que “ Aus einem Dasein, das als Segen gemeint ist, wird ein
gottverfluchtes Leben, aus einer Welt, die in Gott ein Paradies sein könnte, ein
23
Baseio-me nessa apresentação em SOBEL, Alfred. Die Werke Drewermanns: Ein Literaturbericht. In Der Streit
um... op. Cit. P. 9-15.
22
23 23
especialmente Kannt, Hegel e Kierkegaard, mostra que “...o mal, na bíblia, não
guerra do Golfo, com o título: “Die Spirale der Angst” (O Espiral do Medo).
Sobre o mesmo tema ainda publicou “Reden gegen den Krieg” (Discursos
24
Strukturen I, p. XCI.
25
Strukturen I, p. XCI
26
A. Sobel, Die Werke ..., in Der Streit um ... op. cit. p. 10
23
24 24
ciências humanas.
pelas quais o ser humano aprende a integrar suas diferentes dimensões e entrar
morais e superar sua incapacidade para amar. Esse processo exige a percepção
contos, especialmente dos irmãos Grimm mas também lendas bíblicas como
Nesse mesmo grupo incluo “Dein Name ist wie der Geschmack des Lebens”
hinab in die Barke der Sonne” (Eu desço para dentro do Barco do Sol),
24
25 25
V. Obras Exegéticas
tese de que, para que um texto bíblico possa ser interpretado de forma
história não pode fazer jus à realidade do inconsciente, por isso, é necessário
“An Ihren Früchten sollt Ihr sie erkennen” (Em seus frutos vocês devem
palavra.
27
A. Sobel, Die Werke..., in Der Streit um ... op. cit. p. 13
25
26 26
dentro da estrutura da Igreja Católica. Afirma que esta identificação tem uma
clérigo. Acusa a Igreja Católica de, através de suas estruturas e seus ideais,
28
A. Sobel, Die Werke..., in Der Streit um ... op. Cit. p. 13
29
Kleriker, p. 76
26
27 27
dem Tod entwächst”( Vida que brota da Morte); “Zwischen Staub und
Sterne” ( Entre Pó e Estrelas); “Daß alle Eins seien”( Para que Todos sejam
Um); “Und legte ihnen die Hände auf”( E lhes impôs as mãos); “Ich lasse
seguintes: “Wort des Heils, Wort der Heilung” (Palavra da Salvação, Palavra
incômodo?); “Was uns Zukunft gibt” ( O que nos dá futuro ); “Zeiten der
27
28 28
apresenta seu ponto de vista sobre seu conflito com as instâncias eclesiásticas a
b) A Ressonância
A obra de Drewermann teve e continua tendo uma grande ressonância no meio
Igreja Católica pode ser um sinal de que seu pensamento teológico implica um
que elas abordam questões relevantes para a vida das pessoas da atualidade.
Questões essas para as quais as pessoas esperam que estas sejam refletidas.
28
29 29
Essa procura sinaliza, por outro lado, que essas questões e temas não estão
razões diversas. No entanto, parece-nos que uma das razões do caráter atrativo
de textos bíblicos culminam num apelo para que as pessoas ousem assumir
grande parte da população que, apesar de não ser a-religiosa, não consegue se
30
Esta, aliás, uma das principais acusasões de Drewermann à Teologia cristã européia.
29
30 30
trata de uma oposição a essa tentativa em si, mas, entre outras, à pretensão de
suscitou fortes reações que culminaram em um longo processo pelo qual foram
31
Blank, J. Die Angst vor dem Sturz ins Bodenlose. In Der Strei um... op. cit. p. 21
30
31 31
31
32 32
o mais lido. Ao ler suas obras seus leitores são confrontados com uma forma
importância das posições que quer e precisa defender. Esse jeito apaixonado
Não é necessário ter lido muitos textos de Drewermann para perceber seu
ser humano de hoje como relevante para sua existência. Esse é seu propósito.
32
33 33
isso, a obra de Drewermann pode ser definida como uma tentativa de recuperar
para o fazer teológico uma qualidade que não reconhece no que considera a
reabilitá-la para que possa realizar o que considera sua tarefa, Drewermann
reflexão em torno da pergunta pela forma como o discurso teológico pode ser
esquema perpassa quase que toda sua obra, variando apenas a ênfase que dá a
33
34 34
institucionais. Diante do fato de que o ser humano se deixa arrastar para dentro
32
Drewermann, E. Op. Cit.
33
idem, p. 31.
34
35 35
de Dostojewski a categoria medo que lhe permite entender esse aspecto do ser
têm sua origem no medo. Afirma que essa mesma categoria é desconhecida na
34
“Wann endlich wird man begreifen, dass Menschen allerorten so sind und sein können?” Drewermann, E. Was
ich denke. Op. Cit. P. 36
35
“Strukturen des Bösen” . op. cit.
35
36 36
pecado, e o esforço inútil de superar esse estado como o desejo de ser igual a
Deus.
transtornos causados pelo medo e o esforço de ser igual a Deus podem ser
injustiçado ‘Ser-aí’ sem Deus a partir de seu próprio esforço, com o brilho de
quadros psicopatológicos. Com isso quer mostrar que se, sob o ponto de vista
Nessa aproximação entre essas duas áreas procura mostrar que a categoria
36
Martin, G. Marcel. Eugen Drewermanns “Struktur des Bösen”... in: Theologische Literaturzeitung, pp321. Op.
cit.
37
Drewermann sugere que sem Deus a existência do ser humano carece de um ‘porquê’, uma razão
(Notwendigkeit) que justifique (Berechtigung) sua existência. O esforço de dar sentido e razãoà própria
existência a partir de si mesmo, necessáriamente, culmina num fracasso trágico ou, numa psicopatologia. Veja:
Drewermann,E. “Strukturen des Bösen”. Vol. II, p. XVI
36
37 37
movimento pelo pecado. Nessa sua abordagem fica evidente que a Psicanálise
freudiana permite a Drewermann mostrar como “... o ser humano, em sua vida
que Deus colocou na alma humana, para através delas se revelar. Os dogmas e
objetiva dessas imagens subjetivas pode ser apreendida e, assim, o medo pode
ser superado. Deus não é, portanto, uma realidade subjetiva, uma projeção,
mas uma “pessoa absoluta”39 com a qual o ser humano está em relação. Nessa
que é humano, existe uma vontade, um desejo e uma força que quer que se
38
idem p. XXI
39
Drewermann, TuEx, p. 43.
37
38 38
essencial da religião.40
dimensão da religião. Sua obra esta marcada pela tentativa de descrever uma
hermenêutica que possibilite uma abordagem da religião de forma que esta não
sua dimensão41.
contemporâneo deste no sentido existencial. Por isso afirma que, para atender
ponto de partida para uma interpretação do sentido de textos bíblicos não deve
ser procurado no mundo dos fatos exteriores mas “...no interior do espaço das
40
Veja: Tiefenpsychologie und ... , VOL I, p. 12
41
Ibidem p. 15
42
Ibidem p. 14 “...im inneren Erfahrungsraum seelische Zustände”
38
39 39
de modo arquetípico, também se constata na vida dos povos. Por isso, afirma
imagem”45.
43
“Tradição” no sentido dos contéudos que foram transmitido.
44
Tiefenpsyschologie Vol I , p16
45
Ibidem p. 16-17. “Die träumende Imagination, nicht das begriffliche Denken bestimmt die Grunderfahrung des
Religiösen, und stets ist der Gedanke später und oberflächlicher als das Bild”.
39
40 40
hermenêutica.
pelas razões do mal. Novamente em seu livro “Was ich denke”46 Drewermann
contraditória da vida humana, de tal forma que se sentia incapaz de, com seus
46
op. cit.
40
41 41
continuando, “Pelos próprios seres humanos que não se acertam com sua vida,
isso significa que o ser humano precisa saber que é absolutamente desejado e
reconhecido por Deus. Para se tratar de questões éticas, não é possível ater-se
47
Drewermann, “Was ich denke” op. Cit. p. 62
48
Idem p. 66 “Schon um der Menschen willen, die mit ihrem Leben nicht zurecht kammen, nahm ich mir vor,
eine Synthese aus Bibelexegese, Psychoanalyse und Dogmatik zu erarbeiten, die es erlaubte, den Begriff der
‘Sünde’ zum Verständnis der Not und der Ausweglosigkeit der Menschen zu verwenden, statt darin weiter nur
einen Hebel zu Schuldvorwürfen und Kirchenzucht zu erblicken”.
41
42 42
decisiva. Fundamenta sua reflexão a partir da noção do trágico, que só pode ser
49
Drewermann. PuM, vol I, p. 79
50
Especialmente no livro “Temor e Tremor”.
42
43 43
sobre os quais afirma que, pelo fato de não terem sido assimilados
chamadas religiões pagãs. Esse esforço por diferenciação pode ser identificado
propõem que tudo aquilo que “... nas religiões de todos outros povos se
51
Drewermann, PuM, I, p. 9. “...unheilvolle Zerrissenheit im Sprechem von Gott und im Sprechen vom
Menschen, die Kluft zwischen Verstand und Gefühl und der Dualismus von Wollen und Sollen in
Theorie und Praxis...”
43
44 44
Igreja.
Para a Teologia cristã estava dada a tarefa de explicitar que tudo aquilo que
objeto de pesquisa histórica. Porém, afirma Drewermann, “... desse Deus que é
Jesus ressurgiu dos mortos não quer informar o que aconteceu com o corpo de
52
Drewermann, E. Das seelenlose Sprechen von Gott. P. 25 In: Publik -Forum, Nr.8, 24. April 1998.
53
Idem, p. 26.
54
idem p. 26
44
45 45
Jesus, mas motivar para uma fé na vida eterna contra a realidade da morte.
Toda mensagem do Jesus de Nazaré só pode ter sua validade para todos os
saber catedráticas.
diabólica mas como sendo imagens que fazem parte do próprio ser humano.
fundamento de uma luta constante contra si próprio, contra tudo que é gentio
na psique humana.
45
46 46
patriarcal. Com seu desejo racionalista a Teologia acabou, por fim, reprimindo
religião.
Psicologia profunda.
divisão da personalidade.
46
47 47
M. Boss.
55
Veja Drewermann. PuM, I, p. 12.
47
48 48
permanente.
humano. A forma mítica não é considerada como algo que apenas descreve
verdades que se encontram por trás da forma, devendo por isso ser superada no
sentido de uma demitologização, mas como um meio que expressa essa mesma
teoria dos arquétipos que o habitam, permitem que não se distinga entre mito e
48
49 49
ser humano consigo mesmo, que não tem origem nele próprio, mas é resultado
em resumo, da salvação, seria este bem estar pleno a partir da relação com
Deus.
absolutamente outro.
Drewermann
56
op. Cit p.62
49
50 50
racional e as forças pulsionais que nele agem. O ser humano passa a ser visto
Édipo; a noção do aparato psíquico constituído por Id, Ego e Superego, como
50
51 51
processo. Porém, afirma que na mesma medida em que textos sagrados são a
57
Assim, por exemplo, todo Vol II de “Strukturen des Bösen”( Estruturas do Mal) op. cit. é uma interpretação do
relato javista numa perspectiva psicanalítica.
58
TuEx. P. 156
51
52 52
infantis ou primitivos.
esse aspecto não mereceu a maior atenção de Freud em seu trabalho sobre o
sonho. Ao contrário de Freud, para Jung é esse aspecto que dá ao sonho sua
59
TuEx p. 155
52
53 53
de si mesmo.
60
TuEx p.157
53
54 54
54
55 55
forma de lidar com textos bíblicos, uma das causas da perda de capacidade da
revisão62.
XIX, no sentido de considerar apenas o mundo dos fatos objetivos como reais
mais real que o nível dos ‘fatos’ exteriores, essa forma de ‘exegese’ é, por
princípio, atéia...”63. Por se concentrar nos fatos históricos (externos) e por seu
expressar de forma adequada o mundo das imagens e sonhos que são, segundo
61
Quando me refiro ao Método Histórico-Crítico faço-o com a abreviatura MHC.
62
Veja Drewermann, TuEx I p. 23
55
56 56
últimos cem anos foi sempre a pergunta pela realidade histórica que se
expressa por trás de cada camada da tradição e pelas condições históricas que
de conteúdo”64. Uma tal forma de lidar com textos religiosos não conduz nem
63
Ibidem p. 12 “In ihrer Abgetrentheit vom Gefühl, in ihre Isolation vom Subjekt, in ihrer Unfähigkeit,
die innere, psychische Relalität für unendlich wirklicher zu nehmen als die Ebene der äußeren
“Tatsachen”, ist diese Form von “Exegese” prinzipiell gottlos...”
64
Ibidem p.24
56
57 57
65
Ibidem p. 27 “Wie lässt sich eine Methode der Schriftauslegung finden, die nach der notwendigen
historischen Absicherung die eingentlich theologische Auslegung begründet und bestimmt? Wie läßt
sich ohne “Subjektivismus” das Subjekt, der Leser, wieder verbindlich in die Schriftlektüre
einbeziehen?”
66
Ibidem p. 29
57
58 58
uma reabilitação das formas e estilos narrativos que não se sujeitam a lei da
O próprio Cristianismo, em sua luta contra o mito pagão, impôs uma postura
58
59 59
inconsciente.
67
Ibidem p. 30
68
ibidem p. 30 “...eine dämonisierte und verschreckte Psyche, die in immer neuen Konvulsionen sich der
Fesseln ihrer jahrhundertlangen Unterdrückung und heuchleriscchen Verleugnung zu entledigen
suchte”
59
60 60
revelação, o que o ser humano por si só não podia descobrir e que lhe parecia
entre Deus e ser humano. Dela derivou-se, por um lado, a suspeita de que toda
revelação pura, imediata, não deturpada em sua verdade pelo ser humano. Por
69
ibidem p. 32
70
C. G. Jung. Citado por Drewermann em TuEx I. p. 33
71
TuEx. V. I p.34 “...Buch der Kirche selbst Wahrheit zuzuerkennen”
60
61 61
o que fez com que tudo o que não foi narrado como história fosse entendido
espaço, a própria história já não podia ter mais nada de divino, de tal forma
que apenas em nome de uma piedade e de uma origem podia ser considerada
divina.
A história assim compreendida pelo ser humano só poderia ter algo de Deus se
contidas nela, pois com os meios da história não era possível provar seu
pôde fornecer foi, então, formulada pela Teologia na medida em que esta,
muito diversificadas e não formam uma unidade. Como poderia, então, haver
uma verdade teológica? Nesse sentido o historicismo leva a uma desilusão dos
histórico-científica e a dogmática.
61
62 62
raízes da própria religião. Por isso Drewermann julga necessário elaborar uma
partir daí “...faz uma ponte para a compreensão para a prática sacramental e
72
Drewermann. TuEx. p. 36 “...sie in Gestalt mythischer und mythennaher Erzählungen als etwas sich
stets Wiederholendes und menschheitlich Gegenwärtiges zu schildern”
73
ibidem p. 37 “...eine Brücke auch zum Verständnis der Sakramentalen und rituellen Praxis der Kirche
sowie der zahlreichen Symbole ihrer Dogmatik schlägt”.
62
63 63
enfim, da Antropologia.
organização deste povo, Drewermann afirma que isto é apenas uma parte da
74
Ibidem p. 43 “...einer antropologischen Ersatzwissenschaft mit dem entsprechenden Monopol- und
Totalanspruch”
75
ibidem p. 49
63
64 64
sobre a religião, pode ser útil para explicá-la enquanto fenômeno, enquanto
questões que transcendem as que surgem dentro dos limites dados pelas
76
ibidem p.49
64
65 65
como expressão do religioso. Não é essa sua posição. Drewermann sugere que
a forma, “Gestalt”, que cada religião adquire não é mero produto ou fenômeno
cultura e sociedade, mas não causado por ela.”79 Assim, Drewermann afirma
tem nessa mesma expressão única um sentido não condicionado, assim que
77
Drewermann se refere a obra de M. Eliade: Die Sehnsucht nach dem Ursprung p. 9 e Kosmos und Geschichte, p.
130. Também Nietszche (veja p. 10) menciona a necessidade da possibilidadede se crer num “volkommenen”.
78
TuEx. P.51 “soziologischen Totalanschauung”.
79
Ibidem p. 53 “... sich in ihm etwas ausdrückt, das in seiner besonderen Gestalt im Menschen selbst
grundgelegt ist bzw. angelegt ist, so daß es von den sozialen Komponenten einer bestimmte Kultur
und Geselschaft auf den Plan gerufen, nicht aber “verursacht” wird.”
65
66 66
verdade que se encontra fundamentada no próprio ser humano. Por isso afirma:
80
ibidem p.53 “antropologischen Konstanten des Empfindens und Vorstellens...”
81
ididem p. 54. “Um die bleibende Gültigkeit einer Religion zu verstehen, bedarf es mithin einer
typologischen, weder rein kausalen noch rein essentiellen, weder rein erklärenden noch rein
spekulativen, sondern einer verstehenden und vergleichenden Betrachtungsweise, deren Interesse
gerade denjenigen Merkmale gewidmet ist, die in ihrer Besonderheit etwas Vorbildhaftes, Typisches
über den Menschem selbst aussagen und den Schluß zulassen, daß sie in ihrer bestimmten Gestalt im
Menschem selbst verankert sind.” Drewermann sugere aqui e com isso reflete sua concepção de que certas
condições externas ( hist. Cultu. Sociais) evocam, resp. despertam imagens latentes que, porém não são produto
destas condições. Semelhante a concepçõa do édipo em Freud que, diferentemente em Lacam se constitui pela
estrutura que se estabelecea. Em Freud o édipo já está sempre ‘latente’ e só espera pelas condições para se
manifestar.
Talvez esta comparação seja uma pista para situar Drewermann....
66
67 67
82
Veja W. Dilthey: Ideen über eine beschreibende und zergliedende Psychologie, in: Ges. Schriften, V 236 .
Citado por TuEx. p.54
83
TuEx. P.54-55. “ Das Erlebnis der inneren Beziehungen, der Struktur, des Lebenszusammenhang einer
geschichtlichen Kultur ermöglicht nach DILTHEY die zu jeder Erkenntnis notwendige Identität von
Bewußtsein und Gegenstand über den historischen Abstand der Zeit hinnweg”. Essa proposição de
Dilthey, assumida por Drewermann, implica na compreensão de que significado e significante são ‘ligados’ e
não como Lacam segundo qual o significante sempre prevalece ao significado, não se esgotando nunca este
úlltimo.
67
68 68
tarefa de interpretar a história é buscar por aquilo que nela é constante, típico,
história:
“ Faz parte disso (o fato de) que as singulares culturas e épocas históricas aparecem
como facetas de uma e mesma essência humana, que nelas se explica, e apenas nelas
Com a ênfase na procura pelo típico, pelas imagens do que permanece sempre
84
Ver J. Burckhardt: Weltgeschichte und Betrachtungen. P. 26. Citado por Drewermann em TuEx. p56.
85
TuEx p.57
86
TuEx. P. 57 “Dazu gehört, daß die einzelnen geschichtlichen Kulturen und Epochen als Facceten ein und
desselben menschlichen Wesens erscheinen, das sich in ihnen auslegt und nur in ihnen seiner selbst ansichtig
werden kann, so daß die Selbsterkenntnis als Teil geschichtlichen Verstehens und die geschichtliche
Hermeneutik als Teil der Selbsterkenntnis begriffen werden muß”
68
69 69
premissa de Dilthey de que aos sistemas culturais de uma época subjaz uma
87
TuEx p. 58 “Man versteht m.a.W. das Historische nur, wenn man seine Wiederkehr in der Gegenwart,
mithin seine Relevanz für die Gegenwart aufweist, und umgekehrt: man versteht das Historische nur,
wenn man sich selbst in den Gestaltungen der Vergangenheit wiederentdeckt.”
69
70 70
consciência que tem de si. Isso tornaria muito difícil compreender, a partir da
estrutura básica de uma época. Porém, afirma que com o instrumental teórico
que ela não seja arbitrariamente fixada no Ego e sua auto compreensão, mas
88
M. Horkheimer: Geschichte und Psychologie, in: Kritische Teorie, I 28. Citado por Drewermann em: TuEx. p.61
89
A. Kardiner: The individual and his society, 345. Citado em Drewermann, TuEx. P. 62. Drewermann afirma que
Kardiner parte da comprensão do simbólico em Freud, segundo o qual o simbólico deve ser compreendido
como o ‘Uneigentliche’, o que encobre e que deve ser compreendido como sintomático.
90
TuEx. P.62 “... ein Ensemble von Projektionen und Objektivationen der basalen
Persönlichkeitsstruktur, die auf illusionäre Weise die Frustrationen des Vitalbereiches kompensieren
und ein fundamentales Sicherheitsbedürfnis erfüllen sollten”.
70
71 71
personalidade ”91.
Para esta questão encontra respostas diferentes a partir das quais se delineiam
determinada por condições sociais”92 a essência do ser humano não será mais
e psicológicas”93, assim como o procurou mostrar S. Freud com sua teoria das
segurança. Essa questão já não pode ser respondida pela Sociologia, pois,
91
TuEx. p.63
92
A. Lorenzer: Die Wahrheit der psychoanalytischen Erkenntnis, 229. Citado por Drewermann in: TuEx. P.63 “...
wie das Wesen des Menschen von Gesellschaftlichen Verhältnissen bestimmt ist”
93
TuEx. P. 63 “im Sinne bestimmter biologischer und psychologischer Konstanten...”
71
72 72
Religião não é resultado das relações, mas uma resposta a partir de perguntas
(p. ex. fobias) nos quais, porém, não se esgota e que podem variar
94
TuEx. P. 64. “nicht von diesen äußeren Situationen herrührt, sondern dem menschlichen Bewußtsein
selbst entstammt. Das Bedürfnis nach einer absoluten Sicherheit angesichts der Nichtigkeit und
Kontingenz des Daseins ist offensichtlich dem Demken und Empfinden des Menschen wesenseigen;
es wird nicht von bestimmten Bedingungen einer Geselchaft hervorgebracht, mit denen zugleich es
zugrunde gehen könnte, sondern es bedient sich lediglich der geselschaftlichen Bedingungen, um in
bedingter Form eine unbedingte Antwort auf die totale Infragestellung des Menschen selbst zu geben.
Eben diese unbedingte Antwort auf die radikale Kontingenz (und Angst) des menschlichen Daseins
ist die Religion, und gerade so muß sie jenseist der Soziologie verstanden werden ”.
72
73 73
através delas expressar de maneira limitada algo que não se esgota nelas e que
interpretação da história algo da essência humana, então deve haver algo que
sentido estrito como anteriores à qualquer condição social.98 Isto significa: “...
95
TuEx. p.65
96
Ibidem
97
Ibidem p.66
98
Ibidem p. 66
73
74 74
pressupostos:
99
Ibidem p. 66-67 “eine typologische Hermeneutik der Geschichte verlangt eine archetypische
Hermeneutik der menschlichen Psyche”
100
Drewermann refere-se a este apriorismo da tipologia do psiquismo como semelhante na forma ao apriorismo da
razão sobre o pensamento no idealismo alemão.
101
“Typen der Vorstlleung”
102
Drewermann refere-se aqui a resistência por parte da Psicanálise em relação à tentativa de se supor uma
antropologia da psicologia profunda. No entanto o único método hermenêutico que poderia proporcionar uma
compreensão dos arquétipos é a Psicanálise. Drewermann afirma que pela influência da sociologia e da teoria da
aprendizagem de Skinners a Psicanálise sofreu uma redução das “großen Einsichten und die innere Entwicklung
der tiefenpsychologischen Theoriebildungen S. Freuds...” ao esquema filho-pais-sociedade. Drewermann sugere
que a mudança de ênfase na Psicanálise, no sentido dela ter se direcionado para a pesquisa a respeito da
socialização e dos conflitos está relacionada com o fato de que nas atuais circunstâncias as “ biológicas forças
fndamentais do ser humano: fome (oralidade), Agressão (analidade) e sexualidade (genitalidade)” serem
consideradas um perigo ao progresso. Ver TuEx p.67-69
74
75 75
acordo com o povo e o círculo cultural, mas sua verdade exposta e apresentada
consciência se origina,...”104.
103
TuEx p70-71 “nur in den Archetypen und in den Gefühlen liegt das Einende und Verbindende
zwischen den Kulturen und Religionen aller Zeiten und Zonne...”.
104
TuEx. p.71“Auch die Religion, in Gedanken gefaßt, ist je nach Volk und Kulturkreis verschieden,
aber ihre Wahrheit, niedergelegt und dargestellt in ihren ebenso verhüllenden Riten und Symbolen,
ist überall die gleiche. In allen Menschen lebt ein unbewußtes wissen um ein Absolutes, das in allen
Menschen gegenwärtig ist und aus dem alles Bewußte hervorgeht,...”.
75
76 76
como que fazendo parte da própria alma, do próprio sujeito. “ Não a referência
hermenêutica compreensiva”106
105
“von innen her nachzuempfinden...”TuEx p. 73
106
TuEx p.74 “ Nicht der historische Rekurs in die Vergangenheit, sondern der psychische Rekurs in den
wesentlichen Ursprung der menschlichen Seele bildete nach dieser Auffassung des fundamentale
Prinzip jeder verstehenden Hermeneutik”.
76
77 77
histórico-crítica.107
Drewermann, porém, afirma que a verdade, não enquanto fato histórico mas
107
Veja TuEx p.74-75
108
TuEx p. 74 “... nur die historische Realität die Grundlage des christlichen Glaubens bilden könne...”.
109
TuEx p.75 * Rauchhaftigkeit refere-se à experiência de se estar dopado.
77
78 78
como uma forma de dizer o que o mundo dos fatos exteriores significa para a
“refletir a realidade psíquica dos fatos exteriores”110. Elas são reais na medida
interpretação psicológica.
quanto mais a forma narrativa de distancia dos ditos, tanto mais perde em
110
TuEx p.77
111
‘A História das Formas do Evangelho”. Segundo Drewermann essa obra clássica é considerada, ainda hoje,
referência nesta área.
112
TuEx p. 79
113
TuEx p. 89 “die Entwicklung des Christentums wesentlich an den Christusmythos
gebunden war und ist”.
78
79 79
historicidade quanto mais distante estiver da Palavra, dos ditos. Isso implica
histórico real.115 Na antigüidade esse tipo de narrativa pode ter sido apropriado
para fundamentar a fé, mas para o ser humano contemporâneo, marcado por
mesmas, mas como meios pelos quais se apontava para o que se entedia ser
114
Paulo Nogueira. Texto apresentado em seminário, não publicado.
115
TuEx p. 94
79
80 80
histórico justamente nas questões que lhes parecem ser as mais importantes.
Isso significa que eles não apenas se servem desse tipo de narrativas, mas que
vivem nelas, isto é, elas fazem parte de sua forma de ver a realidade. Através
delas podem dizer o que na linguagem dos fatos e conceitos não pode ser dito.
“Daquilo que não se pode falar, sobre isso deve-se silenciar”117 lembrando que
Wittgenstein afirmou existirem coisas que são indizíveis e que esta ‘coisa’
dos símbolos.
116
TuEx p. 95
117
Citado em TuEx p. 99 “Wovom man nicht sprechen kann, darüber muß man schweigen”.
118
“Ergriffenheit” significa específicamente ser tomado por algo.
80
81 81
símbolos de sua dogmática. Aos olhos de Drewermann esta tarefa parece ser
que “... todas as imagens pré-formadas da salvação no ser humano devem ser
imagem...”119.
mesmo tem a dizer e não o confronta com questionamentos que são estranhos
a todo seu gênero.”120 Drewermann propõe que se inicie, portanto, não com a
palavra mas com a imagem, no sentido oposto à ordem proposta por Dibelius.
pergunta pelo sonho que se traduz em mito e este, por sua vez, em outras
simbólica121.
119
TuEx p. 96 “... all die präformierten
Bilder der Erlösung im Menschen angeblich um der Wahrheit eines bilderlosen Gottes willen
beiseitegetan werden müssen...”
120
“...wenn man herausarbeitet, was der Text selbst zu sagen hat, und ihn nicht mit Fragestellungen
konfrontiert, die ihm seiner ganzen Art fremd sind.” Essa citação me parece importante porque deixa
entender que Drewermann supõe um jeito adequado (certo) de se entender um texto e, com esse mesmo jeito,
vai revelar o significado do mesmo. O significado já esta dado antes, trata-se de revelá-lo...
121
TuEx p. 100
81
82 82
ARQUETÍPICAS
( Cf. Jó 33.14-16)
Com este texto Drewermann lembra que como em todos povos antigos,
texto aponta para o fato de que esse tipo de revelação não recebe a devida
atenção.
“... um ver na profundeza das forças inconscientes da alma, e o que ali, muito
82
83 83
sua vida, como jamais lhe seria possível em uma reflexão consciente.”122
jovens terão visões” Drewermann interpreta como expressão do fato de que faz
Deus com o ser humano - e entende essa proximidade como o lugar onde
Para Drewermann existem três tipos de sonhos que ele assim caracteriza:
- Sonhos ‘puros’, assim denominados porque não contém nada que eles
122
TuEx p. 101 “ ...ein Sehen in der Tiefe der unbewussten Seelenkräfte, und was sich dort, weit
unterhalb der bewußten Verstandestätigkeit, dem Träumenden mitteilt, führt ihn, wenn er es annimmt,
zu einem tieferen “Gehorsam” und “Begreifen” seines Lebens, als es ihm in bewußter Reflexion
jemals vergönnt sein würde. Nicht das worthafte, verbale Vernehmen, sondern das “Schauen”gilt hier
als eigentliches Hören Gottes. - Höher läßt sich der Traum religiös nichteinschätzen.”
123
TuEx p. 102 “Menschen mit sich selbst und ihrem Ursprung einig sind”
124
TuEx p. 102
125
Em algumas prédicas sobre textos de aparições Drewermann descreve estas como manifestação que tem sua
origem no desejo mais profundo, mais interior da pessoa.
126
TuEx p. 102
83
84 84
- Sonhos de incubação, isto é, sonhos que ocorrem quando uma pessoa se põe
a dormir tendo elaborado uma pergunta que dirige a Deus, esperando que Ele a
absoluto diante de Deus, num lugar no qual nada pode ter interferência sobre a
pessoa a não ser aquilo que vive e quer viver na sua alma”127. Em alguns textos
127
TuEx p. 105
128
TuEx p.105
129
TuEx p. 106
84
85 85
Por esta razão, Drewermann sugere que para se compreender o significado que
sonho recebe na própria bíblia, mas que se busque conhecer seu significado a
Para esse propósito é fundamental que, para além do estudo da história das
sonho.131
130
TuEx p. 106
131
TuEx p. 107
132
TuEx p. 107
85
86 86
divindade. Por um lado a ciência destruiu essa crença e essa identificação, mas,
da alma durante o sono”134. Porém, junto com esta constatação veio, por uma
seu significado psicológico. Isso implicou uma relação com o sonho como algo
que está fora do alcance da razão e que, por isso, não pode ser levado muito a
sério.
133
TuEx p. 107
134
Citado em TuEx p.108
86
87 87
religiosa mesmo.135
Porém, para se recuperar este caminho para a Teologia faz-se necessário ouvir
a psicologia.
a) as funções do sono
135
TuEx p. 109
87
88 88
proteger o sono por meios psíquicos contra estímulos externos e internos para
b) a psicodinâmica do inconsciente
136
TuEx p. 110
137
TuEx p. 111
138
TuEx p. 112
139
Representações de causalide, por exemplo, são apresentadas em sequência.
88
89 89
experiência atual.
história são as mesmas nas quais os mitos e sagas dos povos procuram
C.G. Jung de que no sonho ocorre uma fusão do inconsciente individual com
140
TuEx p. 112-113
141
TuEx p. 113
89
90 90
seu significado não se restringe ao aspecto energético. Muito mais, ele reside
142
TuEx p. 115
90
91 91
primitivas.
143
TuEx p. 116
144
TuEx p.116 “Weit davon entfernt, das Zeugnis bloßer » Phantasie « zu sein, legen gerade diese
Erzählungen ein Zuegnis für die Wirklichkeit und Wirksamkeit der seelischen Kräften in den
Tiefenschichten der menschlichen Psyche ab”.
91
92 92
metafísica.
Para se entender a experiência que está por trás deste fenômeno é preciso
considerar que para a experiência das religiões antigas os mortos não podem
estar mortos se aprecem nos sonhos da noite. Geralmente estes aparecem nos
proteger-se dos mortos ou buscar a sua ajuda fez com que se desenvolvesse
145
TuEx p. 116
92
93 93
No sonho a própria alma aparece como uma entidade própria que transcende os
das ações de certas forças do psiquismo que até então estavam ocultas à
93
94 94
bíblica ou fora dela, com a experiência onírica dá-se devido ao fato de que o
esquemas de interpretação.
146
TuEx p. 122
147
TuEx p. 123 Dewermann lembra que para muitos pesquisadores da história da religião este fenômeno é
considerado a origem de toda religião.
94
95 95
Da mesma forma, os rituais de magia tem sua base nesta mesma compreensão
148
TuEx p. 124. “Besonders die Archetypischen Bilder der menschliche Psyche legen immer wieder das
Gefühl einer inneren Verwandschaft und Wesenseinheit von Subjekt und Objekt, vom Innen und
Außen, von Selbsterfahrung und Welterfahrung nahe, denn ihre Symbolik hat sich selbst aus dem
Gedächtnis der Evolution im Umgang mit den Mächten der Natur gebildet und stellt gewissermaßen
ein Stück verinnerter Außenwelt im Inneren des Subjekts dar.”
95
96 96
real.149
‘trazido’ para dentro do “poder das imagens do próprio sonho”150, sendo que a
149
TuEx p. 128
150
TuEx p. 130
151
TuEx p. 130 “zum richtigem, einheitsstiftenden Träumen, zu einer Rückkehr in die Mitte des
Daseins”
96
97 97
decisões coletivas.
a) Do Sonho ao Mito
humano maior.
152
TuEx p. 132
153
TuEx p. 133
97
98 98
sua validade e o interesse humano por ela. Por isso os temas mais freqüentes
nos mitos das narrativas primordiais refletem conflitos que fazem parte da
permanente.
relevantes.
sonho visa, pelo regresso, pela volta ao anterior ou mais antigo, complementar
154
TuEx p. 135 Na Psicanálise a noção da experiência cíclica costuma ser explicada pela obsessão à repetição: As
impressões inconscientes da infância pressionam para se manifestarem simbolicamente no sonho e também
determinam certas atitudes nas quais as cenas da infância se repetem quase que de forma ritual.
98
99 99
para, na atualização deste passado, mostrar sua força renovadora. O meio desta
atualização é o ritual.
O mito costuma apresentar situações nas quais a história dos humanos, dos
Assim, pode-se caracterizar o mito como uma sociologia, por possibilitar uma
possibilitar uma ligação do ser humano com sua natureza interior; uma
cosmologia ou ciência natural, por possibilitar uma ligação do ser humano com
a natureza exterior.155
pela qual oferece ao ser humano uma relação com o tempo e o espaço e para
Afirma Drewermann “... o mito (...) apesar de toda a ambivalência a que está
preso o pensar em símbolos (...) procura fazer de forma exemplar, o que cada
155
TuEx p. 137
156
TuEx p. 138
99
100 100
humanidade e verdade”157.
mito como expressão da relação do ser humano com a natureza que o cerca.158
Enquanto o mito tem uma relação com seu ambiente socio-cultural e apresenta
fragmentos do mito.
157
TuEx p. 138
158
Relação que se dá pela projeção e identificação introjetiva.
159
Drewermann entende que o ser humano formou suas imagens a respeito de si mesmo pela observação da
natureza, introjetando essa percepção ao longo do processo evolutivo e, posteriormente, reprojetou essas
imagens sobre a natureza.
160
TuEx p. 141
100
101 101
O que apresentei nesse capítulo III é uma pequena parte do que constitui o
que seu gênero literário, conforme Drewermann, não permite que se distinga
161
TuEx p. 145
162
TuEx p. 146
163
op. Cit.
164
Toda exposição que segue é uma reprodução resumida do que Drewermann apresenta em TuEx. pp 502 - 512.
101
102 102
como Herodes, os elementos da narrativa - estrela que guia, anjos, magos que
adoram, são elementos que não fazem parte da realidade dos fatos exteriores,
a) O nascimento virginal
‘grande’, de pensar que só pode ser, quando for madura, perfeita. Sob a
pressão dessa exigência esboça-se o desejo de que ‘tudo passe de uma vez’ ou,
de poder começar tudo de novo. Porém, desta vez de forma mais verdadeira,
méritos. Assim como uma criança que, pelo simples fato de estar aí merece o
165
TuEx. p. 503
166
O termo alemão ‘Erlösung’ refere-se tanto a libertação quanto à redenção.
102
103 103
‘infantil’ mas uma postura que, contra todo medo existencial e sentimento de
não ser justificada, não precisa ser ‘adulta’ ou ‘madura’ para poder ser. Antes,
virginal: trata-se de algo que não é produzido, que nasce em nós mesmos sem
O símbolo mítico para esta ‘gestallt’ não produzida, não feita, portanto,
virginal, apresenta-se nos sonhos e nos mitos como criança divina. A ela
o que poderia nos salvar. Na ‘criança’ nascida virginalmente reside tudo pelo
que se sente saudade mas, ao mesmo tempo se teme. Assim, “... a «mulher» é
«José» é, para Drewermann, o conflito do Ego diante daquilo que é seu mas
não pode ser reconhecido como seu porque procede de uma camada mais
103
104 104
orienta, revela e protege. Nesse sentido sonho não significa fantasiar de forma
de suas imagens. E isso não porque essas imagens sejam apenas ‘sonhos’, mas
porque elas descrevem aquilo que “Deus colocou no coração de cada pessoa e
quer trazer para a libertação”.169 Por isso a consciência ( José) deve obedecer e
aceitar a mãe e a criança, aquilo que iniciou sem seu querer e que ele não pode
entender, aquilo que Deus colocou em sua alma, aquela ‘virgem’ que Deus
colocou a seu lado. Como a ‘Jesus’- o ‘salvador’, como aquilo que a partir de
Deus quer viver nele, José deve compreender a ‘criança’ que vai nascer.
167
TuEx. Op. Cit. p.508
168
TuEx. p. 508
169
TuEx. p. 510
104
105 105
Não é mero acaso que o anjo fundamenta sua missão numa palavra da tradição:
inclinado a jogar fora aquilo que na verdade poderia salvar, o anjo lembra
aquelas ‘palavras’ que se conhece há tempo, mas que por medo nunca se pôs
da criança. Drewermann afirma que toda obsessão por ser perfeito, ‘grande’ se
imagem da criança divina soa algo como uma nova auto-compreensão, algo
“do sentimento de poder ser simplesmente pela graça. Se algo pode salvar,
então é isso.”170
vive sob o imperativo do medo. Mas, mais ainda, esta criança encontra
resistências no mundo das relações externas, habitados por reis como Herodes
170
TuEx. p. 511
105
106 106
junto a seus colegas teólogos e acadêmicos. Nesse meio percebe-se uma certa
apresentar algumas das questões que mereceram críticas sem, contudo, discutir
temas específicos.
106
107 107
teológica.
tendo em vista que também entre os exegetas do campo do MHC muitos têm
171
LOHFINK, G. & PESCH, R. Op. Cit. p.11
172
Idem, p. 13
173
Venet, Herrmann-J. “Mit dem Traum, nicht mit dem Wort ist zu beginnen” Tiefenpsychologie als
Herausforderung für die Exege? In: Der Streit um Drewermann. Op. Cit. 30
107
108 108
necessário.
De uma forma geral à critica à Drewermann não se refere tanto aos limites que
conhece outras formas do falar de Deus, por exemplo seu falar através de
174
TuEx I, p. 155
175
Lohfink & Pesch, op. Cit. P. 22
176
Idem p. 22
108
109 109
fica ainda mais evidente quando Drewermann atribui a teoria arquétipos uma
arquetípicas como verdades absolutas, infalíveis, faz com que sua concepção
177
Veja: Funke,D. EwigeUrbilder? Einige Anmerkungen zu Drewermanns tiefenpsychologischer Hermeneutik.
In: Der Strei um Drewermann, op. Cit. 53
178
Idem p. 28
179
Idem, p. 29
180
Idem, p. 32
109
110 110
181
Idem p. 34
182
TuEx. II, p. 34
110
111 111
5. POSICIONAMENTO CRÍTICO
111
112 112
Psicanálise.
É certo que nesse espaço não é possível fazer jus a todos méritos da obra de
184
Veja: Tiefenpsychologie und keine Exegese. Op. Ci. pp. 42ss
112
113 113
da qual o sujeito cria uma teoria sobre esse objeto, através da qual pode
exercer sobre ele uma interferência. Nesse processo o sujeito não sofre
observado produz algo, interfere no sujeito de tal forma que esta intervenção
podem, ou não, fazer sentido para o paciente. Portanto, não existe uma
113
114 114
implicado, ele insinua uma modalidade de lidar com textos sagrados que esteja
representacional.
textos bíblicos foram elaborados assim como propõe que sejam interpretados:
sagrado, pelos arquétipos, pressupõe que o sagrado tenha o mesmo rosto e faça
caminho, porém não como apriori absoluto onde se deva chegar. Nesse sentido
114
115 115
um saber, talvez uma arte, que procura descrever como se dão as construções e
o funcionamento do psiquismo.
também seja crítica consigo mesma, isto é, aberta. Os mais recentes estudos
construção subjetiva, nem tampouco, como dado absoluto fora do sujeito, mas
185
Funke, D. “Ewige Urbilder? Einige Anmerkungen zu Drewermanns tiefenpsychologischer Hermeneutik”. In:
Der Streit um Drewermann. Op. Cit. 54
115
116 116
na ambigüidade do dentro e fora que o dado religioso tem o seu lugar e melhor
haveria mais revelação fora de mim mesmo. Não seria possível pensar ou
acreditar que Deus também fala a mim pelo que está fora de mim mesmo, não
aprendemos de outras teologias, que Deus nos fala também a partir de outros,
abrir para muitas pessoas um novo acesso para a fé. Também recolocou o
116
117 117
possível fazer jus a todos estes, e outros, aspectos neste trabalho. Por isso vale
117
118 118
BIBLIOGRAFIA
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Forum, 1992. 2. Edição
ARTIGOS
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