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Química Inorgânica II

Prof. Dr. Ademir dos Anjos

Apresentação: Forças Intermoleculares


Formação de Fases
Estrutura e Energética
Propriedades Líquidos
Importância Biológica
PRELÚDIO: ENEPEX 2017 – EXPERIMENTO N2 LÍQUIDO

Quando forças atrativas juntam as moléculas, formam-se fases condensadas.

Uma fase condensada significa simplesmente uma fase sólida ou líquida.


PRELÚDIO: ALGUMAS INDAGAÇÕES PERTINENTES?

O que mantém as moléculas unidas nos estados líquido e sólido?

Que força faz a água, contrariando a gravidade, subir desde a raiz


até o topo da árvore mais alta?

Como alguns insetos podem andar sobre a água?

Por que o DNA tem conformações em forma de -hélice ou folhas-?

Qual a origem das forças de atração e repulsão? Qual é sua relação


com as propriedades das moléculas?
INTERAÇÕES INTERMOLECULARES & INTERIÔNICAS

As forças intermoleculares são as forças entre


moléculas, que são diferentes das forças
responsáveis pela formação das ligações entre
átomos (forças intramoleculares).

Na verdade, se estivermos falando de compostos


com natureza iônica temos de descrever como
forças (interações) interiônicas!
INTERAÇÕES INTERMOLECULARES & INTERIÔNICAS
INTERAÇÕES INTERMOLECULARES & INTERIÔNICAS

Johannes Diederik van der Waals

Nasceu: Novembro 23, 1837, Leiden


Morreu: Março 9, 1923, Amsterdam

Um físico alemão que, em 1910, recebeu um prêmio Nobel em Física


pela sua pesquisa com os estados gasoso e líquido da matéria.

Seu trabalho possibilitou o estudo de temperaturas próximo ao zero


absoluto.
INTERAÇÕES INTERMOLECULARES & INTERIÔNICAS

Em sua tese de doutorado intitulada "Sobre a Continuidade do


Estado Líquido e Gasoso“, ele observou que a equação geral dos
gases ideais não correspondia ao observado em gases reais.

O erro era assumir que, segundo a teoria cinética dos gases


ideais, não existissem forças atrativas e/ou repulsivas entre as
partículas do gás e que o volume de cada partícula era zero.
INTERAÇÕES INTERMOLECULARES & INTERIÔNICAS

Waals levou estes erros em conta e introduziu, em 1881, à famosa


equação PV=nRT onde levou mais dois parâmetros, relacionados
ao tamanho e às forças intermoleculares.

Foi este trabalho que lhe garantiu o Prêmio Nobel, e que também
permitiu James Dewar e Heike K. Onnes alcançarem a liquefação
do gás hidrogênio e hélio.

As forças intermoleculares são também chamadas de forças de


van der Waals, em sua homenagem.
INTERAÇÕES INTERMOLECULARES & INTERIÔNICAS
INTERAÇÕES INTERMOLECULARES & INTERIÔNICAS

As fases condensadas da matéria são uma conseqüência da ação das


forças intermoleculares.

Quando os átomos, íons e moléculas não têm energia suficiente para


escapar da influência de seus vizinhos, eles formam sólidos com
arranjos característicos.

Os líquidos formam-se quando os átomos podem se mover em relação a


seus vizinhos, mas não escapam completamente de sua influência.
INTERAÇÕES INTERMOLECULARES & INTERIÔNICAS

Formação de Fases Condensadas

Diagrama de fase do CO2


INTERAÇÕES INTERMOLECULARES & INTERIÔNICAS

Fluídos Supercríticos

Quando um composto é confinado em um espaço determinado, gás e líquido


estão em equilíbrio entre si. Aquecendo-se o sistema, as propriedades
intrínsecas de ambos convergem para um mesmo ponto até serem idênticas
(por exemplo, densidade, viscosidade, índice de refração, condutividade
térmica, etc.).

Este ponto é denominado ponto crítico, e nele acaba-se a interface


gás/líquido, pois a partir deste ponto encontra-se uma única fase supercrítica.
INTERAÇÕES INTERMOLECULARES & INTERIÔNICAS

Fluídos Supercríticos

Fluido supercrítico é portanto toda substância que se encontrar em


condições de pressão e temperatura superiores aos seus parâmetros críticos.

Exemplos de Compostos que apresentam fluídos supercríticos: água, dióxido


de carbono, metano, propileno, metanol, entre outros.

Vulcão submarino o qual dá origem


a fluído supercrítico a partir do
aquecimento da água
INTERAÇÕES INTERMOLECULARES & INTERIÔNICAS

Formação de Fases Condensadas


INTERAÇÕES INTERMOLECULARES & INTERIÔNICAS

Formação de Fases Condensadas

Muitas substâncias têm mais de uma fase sólida, com


arranjos diferentes dos átomos ou das moléculas.

Por exemplo, o carbono tem várias fases sólidas, sendo


uma delas o diamante e outra a grafita.
INTERAÇÕES INTERMOLECULARES & INTERIÔNICAS
Formação de Fases Condensadas
As forças intermoleculares
são responsáveis pela
existência das várias
diferentes “fases” da
matéria.

Uma fase é uma forma da


matéria que tem
composição química e
estado físico uniforme.

As fases da matéria
incluem os três estados
físicos comuns, sólido,
líquido e gás (ou vapor).

“Vapor” significa,
usualmente que uma
substância que é um
líquido ou um sólido, em
condições normais, está
na fase gás.
INTERAÇÕES INTERMOLECULARES & INTERIÔNICAS

Interações Típicas e Espécies Envolvidas


INTERAÇÕES INTERMOLECULARES & INTERIÔNICAS

Interações Típicas e Espécies Envolvidas


INTERAÇÕES INTERMOLECULARES & INTERIÔNICAS

Alguns Exemplos
INTERAÇÕES INTERMOLECULARES & INTERIÔNICAS

Questões Energéticas das Interações


INTERAÇÕES INTERMOLECULARES & INTERIÔNICAS
Formação de Fases Condensadas

A energia potencial, Ep, de um


objeto é sua energia em função de
sua posição em um campo de
força.

Não existe uma fórmula única para


a energia potencial de um objeto,
porque ela depende da natureza
das forças que agem sobre ela.

Dois casos simples, entretanto,


são importantes em química: a
energia potencial gravitacional
(para uma partícula em um campo
gravitacional) e a energia
A energia potencial de uma massa m em um
potencial de Coulomb (para uma campo gravitacional é proporcional à sua
partícula carregada em um campo altitude h acima de um certo ponto (o “chão”),
eletromagnético). que é tomado como referência e corresponde
à energia potencial zero.
g (“valor padrão”) = 9,81 m s-2
INTERAÇÕES INTERMOLECULARES & INTERIÔNICAS
Formação de Fases Condensadas

A energia devida à atração e Nessa expressão, que se aplica


repulsão entre cargas elétricas é de quando as duas cargas estão no
grande importância em química, que vácuo, 0 (epsilon zero) é um
trata de elétrons, núcleos atômicos e constante fundamental chamada
íons, todos com carga. “permissividade no vácuo) e seu
valor é 8,854 x 10-12 J-1 C-2 m1.
A energia potencial de Coulomb de
uma partícula de carga q1 colocada a A energia é obtida em joules quando
uma distância r de outra partícula de as cargas são dadas em coulombs
carga q2 é proporcional às duas (C, a unidade SI de carga) e sua
cargas e ao inverso da distância separação em metros (m). A carga
entre elas: de um elétron é –e, com
e = 1,602 x 10-19 C
Ep = q1q2 / 40r (“carga fundamental”)
INTERAÇÕES INTERMOLECULARES & INTERIÔNICAS
Formação de Fases Condensadas

A energia potencial de Coulomb se


aproxima de zero quando a distância
entre as duas partículas tende a
infinito.

Se as duas partículas têm a mesma


carga – se são dois elétrons, por
exemplo -, o numerador q1q2 e,
portanto, Ep, é positivo e a energia
potencial aumenta (torna-se
fortemente positiva) quando elas se
aproximam (r diminui).

Se as partículas têm cargas opostas –


Variação da energia potencial de duas um elétron e um núcleo atômico, por
cargas opostas (uma representada pelo exemplo – então, o numerador q1q2 e,
círculo vermelho e, a outra, pelo círculo portanto, Ep, é negativo e a energia
verde) com a distância entre elas. potencial decresce (torna-se mais
Observe que a energia potencial negativa) quando a separação das
diminui quando as cargas se partículas diminui.
aproximam.
INTERAÇÕES INTERMOLECULARES & INTERIÔNICAS
Formação de Fases Condensadas

Todas as interações interiônicas e


quase todas as interações
intermoleculares podem ser
atribuídas, em grande parte, às
interações coulômbicas entre duas
cargas.

Ep = q1q2 / 40r

Dependência da energia potencial com a


distância de interação entre íons (em
vermelho), íons e dipolos (em marrom),
dipolos estacionários (em verde) e dipolos
em rotação (em azul).
INTERAÇÕES ÍON-DIPOLO

Os íons, em água, estão hidratados.


(a) Um cátion está rodeado por
moléculas de água com os átomos de
oxigênio próximos do íon. (b) Um ânion
está rodeado de moléculas de água
que dirigem seus hidrogênios para o
íon.
Ep  - (z / r2)

em que z é a carga do íon e  é o


momento de dipolo elétrico da molécula
polar.
INTERAÇÕES ÍON-DIPOLO

As interações íon-dipolo são fortes para


íons pequenos com carga elevada. Em
conseqüência, os cátions pequenos
com carga elevada formam,
frequentemente, compostos hidratados.

O tamanho do íon e sua carga


controlam a extensão da hidratação.

Por causa das interações íon-dipolo


mais fortes, os cátions pequenos
atraem as moléculas polares de H2O
mais fortemente do que os cátions
maiores.

Li+ e Na+ formam sais hidratados


K+, Rb+ e Cs+ não

Os sais de amônio são normalmente


anidros, isto é, livres de água, por uma
razão semelhante: um íon NH4+ tem CuSO4 anidro e CuSO4.5H2O
aproximadamente o mesmo raio (143
pm) de um íon Rb+ (149 pm).
INTERAÇÕES DIPOLO-DIPOLO

Ep  - (1 2 / r3)
As moléculas polares atraem uma às
em que 1 e 2 os momentos de dipolo
outras por interação entre as cargas
das moléculas que interagem (para um parciais de seus dipolos elétricos
sólido cujas moléculas são idênticas, (representada pelas setas). As
1 = 2 ). orientações relativas mostradas aqui
(enfileiradas ou lado a lado) resultam em
Quanto maior for a polaridade das energia baixa.
moléculas, mais forte serão as
interações.
INTERAÇÕES DIPOLO-DIPOLO

Uma molécula polar que roda nas


proximidades de outra molécula polar
passa mais tempo na orientação de
menor energia (sombreado), que
favorece as atrações; logo, a interação
resultante é atrativa, porém menos do
que se as moléculas não estivessem
rodando.

As moléculas polares participam de


interações dipolo-dipolo, que decorrem
da atração entre as cargas parciais de
suas moléculas. As interações dipolo-
dipolo são mais fracas do que as
forças entre íons e caem rapidamente
com a distância, especialmente nas
fases líquida e gás, em que as
moléculas estão em rotação.
INTERAÇÕES INTERMOLECULARES & INTERIÔNICAS

Questões Energéticas das Interações


INTERAÇÕES DIPOLO-DIPOLO
Predição dos pontos de ebulição relativos na base das interações dipolo-dipolo

Que composto abaixo terá o ponto de ebulição mais alto?


INTERAÇÕES DIPOLO-DIPOLO
Predição dos pontos de ebulição relativos na base das interações dipolo-
dipolo

Que composto abaixo terá o ponto de ebulição mais alto?


FORÇAS DE LONDON

Por que os gases nobres podem ser


liquefeitos?
Por que muitos compostos apolares,
como a gasolina, são líquidos?

A energia das interações de London


depende da polarizabilidade das
moléculas, isto é, da facilidade de
deformação das nuvens dos
elétrons.

A flutuação da distribuição
eletrônica em duas moléculas Fritz London foi o físico alemão,
vizinhas resulta em dois momentos naturalizado norte-americano, que
de dipolo elétrico instantâneos que primeiro explicou a força. A
provocam atração. As flutuações interação de London é também
variam, mas cada novo arranjo de chamada de interação de dispersão.
uma molécula induz um arranjo na
outra que mantém a atração mútua.
FORÇAS DE LONDON

Estes hidrocarbonetos mostram


como as intensidades das forças
de London aumentam com a
massa molar. O pentano é um
fluído móvel (à esquerda); o
pentadecano é um líquido viscoso
(no centro); e o octadecano é uma
cera sólida (à direita). Até certo
ponto, o aumento das forças
intermoleculares é favorecido
pela capacidade que as moléculas
de cadeia longa têm de se enrolar
umas as outras.
FORÇAS DE LONDON

Uma dúvida cruel tem atormentado muitos cientistas: como, de


fato, a lagartixa consegue caminhar pelas paredes, mesmo no
teto?
FORÇAS DE LONDON

O artigo "Full, Adhesive force of a single


gecko foot-hair" [Autumn, K. et al.,
Nature 405, 681-685 (2000)], traz
evidências de que, de fato, são forças
intermoleculares as responsáveis pela
adesão da pata da lagartixa à parede.

Mais precisamente entre a superfície e


as moléculas dos "setae", pelos
microscópicos que cobrem as patas das
lagartixas.

Obviamente esta explicação já foi


desafiada e ainda não é totalmente
aceita!
FORÇAS DE LONDON
A correlação entre o número de elétrons e a intensidade das interações de
London explica muitas propriedades.

Os dois cilindros
graduados contêm a
mesma massa de
líquido. O líquido à
esquerda é água e o da
direita é hidrogênio
líquido, que tem um
décimo da densidade
da água.
FORÇAS DE LONDON

(a) Os momentos de dipolo instantâneos em duas moléculas cilíndricas


vizinhas interagem fortemente e tendem a mantê-las juntas.

(a) Os momentos de dipolo instantâneos em duas moléculas esféricas


vizinhas interagem fracamente e as mantêm mais afastadas.
LIGAÇÃO DE HIDROGÊNIO

Os pontos de ebulição da maior parte dos hidretos moleculares dos


elementos do bloco p mostram um aumento suave com a massa
molar em cada grupo. Entretanto, três compostos – amônia, água e
fluoreto de hidrogênio – têm comportamento anormal.
LIGAÇÃO DE HIDROGÊNIO
LIGAÇÃO DE HIDROGÊNIO

A vegetação, até mesmo de árvores


enormes como estas, mantém-se em pé
pelas fortes ligações hidrogênio
intermoleculares que existem entre as
moléculas de celulose, em forma de fita,
que formam grande parte de sua estrutura.
Sem ligações hidrogênio, estas árvores
cairiam.
ORDEM NOS LÍQUIDOS: VISCOSIDADE E TENSÃO SUPERFICIAL

Estrutura de um líquido.
Embora as moléculas
(representadas por esferas
nesta série de diagramas)
permaneçam em contato com
suas vizinhas, elas têm
energia suficiente para
mudar de posição, e a
substância como um todo é
fluída. Uma esfera está
ligeiramente mais escura,
para que você possa seguir
seu movimento. O
movimento está registrado
em destaque.
ORDEM NOS LÍQUIDOS: VISCOSIDADE E TENSÃO SUPERFICIAL

Viscosidade relativa de vários


líquidos.

Os líquidos formados por


moléculas que não participam de
ligações de hidrogênio são
geralmente menos viscosos do que
os que podem formar ligações de
hidrogênio.

O mercúrio é uma exceção: seus


átomos ficam juntos por uma
espécie de ligação metálica e sua
viscosidade é alta.
(O fluído no béquer é apenas para
ilustrar.)
ORDEM NOS LÍQUIDOS: VISCOSIDADE E TENSÃO SUPERFICIAL

As moléculas compridas dos óleos formados pelos


hidrocarbonetos pesados tendem a emaranhar-se, como
espaguete cozido. Como resultado, as moléculas não
deslizam facilmente umas sobre as outras e o líquido é
muito viscoso.
ORDEM NOS LÍQUIDOS: VISCOSIDADE E TENSÃO SUPERFICIAL

A tensão superficial surge das forças atrativas que agem


sobre as moléculas da superfície. A expansão mostra que
uma molécula no corpo de um líquido experimentas
forças atrativas em todas as direções, mas uma molécula
da superfície experimenta uma força resultante na
direção do corpo do líquido.
ORDEM NOS LÍQUIDOS: VISCOSIDADE E TENSÃO SUPERFICIAL

A forma aproximadamente esférica


destas gotas de água sobre uma
superfície encerada é um efeito da
tensão superficial. As gotas se
achatam ligeiramente pelo efeito da
gravidade da Terra.
ORDEM NOS LÍQUIDOS: VISCOSIDADE E TENSÃO SUPERFICIAL
ORDEM NOS LÍQUIDOS: VISCOSIDADE E TENSÃO SUPERFICIAL
FORÇAS COESIVAS VERSUS FORÇAS ADESIVAS

Quando as forças adesivas


entre um líquido e o vidro
são mais fortes do que as
forças coesivas do líquido,
ele se curva para cima, para
aumentar o contato com o
vidro, formando o menisco
mostrado na figura para a
água em vidro (à esquerda).
ORDEM NOS LÍQUIDOS: VISCOSIDADE E TENSÃO SUPERFICIAL
FORÇAS COESIVAS VERSUS FORÇAS ADESIVAS

Quando as forças coesivas


são mais são mais fortes do
que as forças adesivas
(como é o caso do mercúrio
no vidro), as extremidades
da superfície curvam-se
para baixo, para reduzir o
contato com o vidro (à
direita).
FORÇAS INTERMOLECULARES: IMPORTÂNCIA BIOLÓGICA
FORÇAS INTERMOLECULARES: IMPORTÂNCIA BIOLÓGICA
FORÇAS INTERMOLECULARES: IMPORTÂNCIA BIOLÓGICA
FORÇAS INTERMOLECULARES: IMPORTÂNCIA BIOLÓGICA
The End

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