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Ligação fármaco–receptor resulta de múltiplas interações químicas entre as duas moléculas. A favorabilidade de
uma interação fármaco–receptor é designada como afinidade do fármaco pelo seu sítio de ligação no receptor.
Ligações Eletrostáticas
Forças de Van der Walls: resultam da polaridade induzida em uma molécula em consequência da mudança de
densidade de seus elétrons, proporcionam uma força fraca de atração para os fármacos e seus receptores. É um
tipo de ligação eletrostática.
Ligação de Hidrogênio: mediada pela interação entre átomos de polarização positiva (como o hidrogênio fixado
ao nitrogênio ou oxigênio) e átomos de polarização negativa (como o oxigênio, o nitrogênio ou o enxofre), resulta
em ligações de força significativa. As ligações de hidrogênio produzem lâminas pregueadas e hélices em sua
estrutura.
Ligação Iônica: ocorrem entre átomos de cargas opostas, são mais fortes do que as ligações de hidrogênio, porém
menos intensas do que as ligações covalentes.
Ligações Covalentes
Ligação Covalente: resulta do compartilhamento de um par de elétrons entre dois átomos em diferentes
moléculas. As interações covalentes são tão fortes que, na maioria dos casos, são essencialmente irreversíveis e
nesses casos o fármaco e o receptor formam um complexo inativo. Para readquirir a sua atividade, a célula precisa
sintetizar uma nova molécula de receptor para substituir a proteína inativada; por outro lado, a molécula do
fármaco que também faz parte do complexo inativo não está disponível para inibir outras moléculas do receptor.
Os fármacos que modificam seus receptores-alvo (frequentemente enzimas) através desse mecanismo são algumas
vezes denominados substratos suicidas.
Ligação Hidrofóbica: em geral são muito fracas. São importantes nas interações entre fármacos com alta
lipossolubilidade e lipídeo das membranas celulares.
OBS: O efeito hidrofóbico refere-se ao mecanismo pelo qual as propriedades singulares do solvente universal, a
água, intensifica a interação de uma molécula hidrofóbica com um sítio de ligação hidrofóbico.
OBS 2: A ligação fármaco–receptor raramente é produzida por um único tipo de interação; na verdade, é uma
combinação dessas interações de ligação que proporciona ao fármaco e a seu receptor as forças necessárias
para formar um complexo fármaco–receptor estável. Em geral, a maioria das interações fármaco–receptor é
constituída por múltiplas forças fracas: uma interação fármaco–receptor típica pode consistir em 10 ou mais
interações de van der Waals e em algumas ligações de hidrogênio; as interações iônicas e a ligação covalente
são muito menos comuns.
AGONISTAS
É uma molécula que se liga a um receptor e o estabiliza numa determinada conformação (habitualmente na
conformação ativa).
Dependendo do receptor, os agonistas podem ser fármacos ou ligantes
endógenos.
A Equação fornece um modelo conveniente para compreender a relação entre
ligação do agonista e ativação do receptor:
D e R são as concentrações do fármaco e do receptor não-ligados (livres),
respectivamente, DR é a concentração do complexo agonista–receptor, e R* indica a conformação ativa do
receptor.
Para a maioria dos pacientes e dos agonistas, R* e DR são espécies instáveis
assim a Equação é simplificada para:
Para a maioria dos receptores, a ligação do agonista é proporcional à
ativação do receptor. Todavia, alguns receptores apresentam
estabilidade limitada nas conformações R* e/ou DR; nesses casos, é
preciso reexaminar a equação
A equação também pode ser utilizada para ilustrar quantitativamente os
conceitos de potência e eficácia.
Admitindo que um receptor não esteja ativo, a não ser que esteja ligado a um fármaco, a equação fornece uma
descrição quantitativa da potência e da eficácia:
K alfa é a contante de velocidade de ativação do receptor, e K Beta é constante de velocidade de desativação do
receptor.
Essa equação demonstra a relação entre a potência (Kd = klivre/kligado) e a ligação do agonista (D + R D DR),
bem como a relação entre a eficácia (k/k) e a mudança de conformação necessária para a ativação do receptor (DR
D DR*).
Essas relações são intuitivas se considerarmos que os fármacos mais potentes são aqueles que possuem maior
afinidade pelos seus receptores (Kd mais baixa), enquanto os fármacos mais eficazes são aqueles que produzem
ativação de uma maior proporção de receptores.
A resposta ao agonista determinando a meia concentração eficaz máxima (EC50) capaz de produzir determinado
efeito.
AGONISTAS PARCIAIS
É uma molécula que se liga a um receptor em seu sítio ativo, mas que só produz uma resposta parcial, mesmo
quando todos os receptores estão ocupados (ligados) pelo agonista.
Como os agonistas parciais e os agonistas integrais ligam-se ao mesmo sítio no receptor, o agonista parcial pode
reduzir a resposta produzida por um agonista integral Dessa maneira, o agonista parcial pode atuar como
antagonista competitivo. Por essa razão, os agonistas parciais são algumas vezes denominados “antagonistas
parciais” ou até mesmo “agonistas-antagonistas mistos”.
Podem ser usados terapeuticamente para "atenuar" uma resposta por inibição da estimulação excessiva dos
receptores, sem suprimir por completo sua estimulação
Ex.
A Fig. mostra uma série de curvas de dose– resposta para vários agonistas integrais e parciais.
Cada agonista atua através de sua ligação ao mesmo sítio no receptor muscarínico de acetilcolina (ACh).
Observe que o butil trimetilamônio (TMA) não é apenas mais potente do que os derivados de cadeia mais longa
na estimulação da contração muscular, como também mais eficaz do que alguns dos derivados (por exemplo,
as formas heptila e octila) na produção de uma maior resposta máxima.
Por esse motivo, o butil TMA é um agonista integral no receptor muscarínico de ACh, enquanto o derivado
octila é um agonista parcial nesse receptor.
É interessante indagar como um agonista poderia produzir uma resposta abaixo da máxima se um receptor só pode
existir no estado ativo ou inativo. Mas o que poderia ocorrer se um fármaco (vamos chamá-lo de agonista parcial)
pudesse estabilizar a DR, bem como a DR*? Nesse caso, a adição do agonista parcial resultaria na estabilização de
alguns receptores na forma DR e de alguns receptores na forma
DR*. Com a ocupação integral dos receptores, alguns receptores
estariam no estado ativo e outros no estado inativo, e a eficácia
do fármaco estaria reduzida em comparação com a de um
agonista integral (que estabiliza apenas DR*).
Nessa formulação, um antagonista puro liga-se
preferencialmente ao estado inativo do receptor; um agonista
integral liga-se de preferência ao estado ativo do receptor, e um
agonista parcial liga-se com afinidade comparável aos estados
tanto ativo quanto inativo do receptor.
Uma segunda hipótese formulada para a ação dos agonistas
parciais é a de que um receptor pode exibir múltiplas
conformações DR*, cada uma com atividade intrínseca
diferente. Dependendo das conformações particulares do
receptor ligadas pelo agonista, pode-se observar uma fração do efeito máximo possível quando um agonista
parcial liga-se a 100% dos receptores.
Ex. Moduladores seletivos dos receptores de estrogênio (MSRE), como o raloxifeno e o tamoxifeno. O raloxifeno
atua como agonista parcial nos receptores de estrogênio presentes no osso e como antagonista nos receptores de
estrogênio na mama. Isso pode resultar em inibição de alguns efeitos distais do receptor de estrogênio, enquanto
outros efeitos são mantidos. Em nível fisiológico, esse efeito seria observado como atividade agonista parcial no osso.
Ex. Pindolol, um fármaco frequentemente classificado como antagonista -adrenérgico. Todavia, na realidade, o
pindolol exibe propriedades de agonista parcial, e esse fármaco pode ter valor clínico em virtude da resposta
intermediária que ele produz. Embora a frequência cardíaca e a pressão arterial em repouso não sejam tão reduzidas
pelo pindolol quanto por outros antagonistas-adrenérgicos puros, o pindolol inibe de modo efetivo os aumentos
potencialmente perigosos da frequência cardíaca e da pressão arterial que de outro modo poderiam ocorrer com
estimulação simpática (por exemplo, exercício físico) em pacientes com doença cardiovascular.
AGONISTAS INVERSOS
Em alguns casos, os receptores podem apresentar uma estabilidade inerente no estado R*. Nessa
circunstância, existe uma atividade intrínseca (“tônus”) do sistema receptor, mesmo na ausência de um ligante
endógeno ou de um agonista exógeno administrado.
Um agonista inverso atua de modo a abolir essa atividade intrínseca (constitutiva) do receptor livre (não-
ocupado).
Os agonistas inversos podem atuar através de sua ligação ao receptor na forma DR (inativa) e de sua
estabilização. Isso tem o efeito de desativar os receptores que se encontravam na forma R* na ausência do
fármaco.
ANTAGONISTAS
É uma molécula que inibe a ação de um agonista, mas
que não exerce nenhum efeito na ausência do
agonista.
A Fig. fornece uma abordagem para a classificação
dos vários tipos de antagonistas.
Os antagonistas podem ser divididos em antagonistas de receptores e antagonistas sem receptores.
Oantagonista de receptor
Liga-se ao sítio ativo (sítio de ligação do agonista) ou a um sítio alostérico de um receptor.
A ligação do antagonista ao sítio ativo impede a ligação do agonista ao receptor, enquanto a ligação do
antagonista a um sítio alostérico altera a Kd para a ligação do agonista ou impede a mudança de conformação
necessária para a ativação do receptor. (No caso de um antagonista alostérico, a afinidade do receptor por seu
agonista é reduzida pelo antagonista (Figura. Já o fármaco que se liga a um sítio alostérico pode potencializar
os efeitos dos agonistas primários; este fármaco poderia ser descrito como agonista ou coagonista alostérico)
Também podem ser divididos em antagonistas reversíveis e irreversíveis, isto é, antagonistas que se ligam a
seus receptores de modo reversível e antagonistas que se ligam irreversivelmente.
Também pode ser classificada em antagonistas competitivos dos receptores e dos antagonistas não-
comitivos.
Ex.
A aspirina que acetila irreversivelmente a ciclo-oxigenase, a enzima
responsável pela produção de tromboxano A2 nas plaquetas. Na ausência de
geração de tromboxano A2, ocorre inibição da agregação plaquetária. Como
a inibição é irreversível, e as plaquetas são incapazes de sintetizar novas
moléculas de ciclooxigenase, os efeitos de uma dose única de aspirina
persistem por 7 a 10 dias (o tempo necessário para a produção de novas
plaquetas pela medula óssea), embora o fármaco livre seja depurado muito
mais rapidamente do organismo.
Os antagonistas químicos inativam o agonista antes de ele ter a oportunidade de atuar (por exemplo, através
de neutralização química) (impedem a interação do agonista com o receptor)
Ex. A protamina proteína básica liga-se estequiometricamente à classe de anticoagulantes da heparina,
inativando esses agentes. Devido a esse antagonismo químico, a protamina pode ser utilizada para interromper
rapidamente os efeitos da heparina.
Os antagonistas fisiológicos produzem um efeito fisiológico oposto àquele induzido pelo agonista, porém
através de um mecanismo molecular que não envolve o receptor do agonista
Ex. Tratamento do hipertireoidismo os antagonistas -adrenérgicos são utilizados como antagonistas fisiológicos
para reverter o efeito de taquicardia do hormônio tireoidiano endógeno. Embora o hormônio tireoidiano não produza
seu efeito de taquicardia através de estimulação -adrenérgica, o bloqueio da estimulação -adrenérgica pode, entretanto,
aliviar a taquicardia causada pelo hipertireoidismo
Objetivo 3: Caracterizar as variações individuais das respostas aos fármacos e os fatores que as desencadeiam.
A variação pode ser causada por diferentes
concentrações nos locais de ação do fármaco ou
por diferentes respostas à mesma concentração de
fármaco. O primeiro tipo é chamado de variação
farmacocinética e pode ocorrer em virtude de
diferenças na absorção, distribuição, metabolismo ou
excreção. O segundo tipo é denominado variação
farmacodinâmica. As respostas a alguns agentes
terapêuticos, por exemplo, a maioria das vacinas e os
contraceptivos orais, são suficientemente previsíveis
para possibilitar uma posologia padronizada,
enquanto os tratamentos com lítio, fármacos anti-
hipertensivos, anticoagulantes e muitos outros
fármacos são individualizados; sendo suas doses
ajustadas de acordo com a monitoração da
concentração do fármaco no plasma ou uma resposta
como a alteração da pressão sanguínea, juntamente
com qualquer efeito adverso.
A variação farmacodinâmica populacional pode
ser acentuada, a dose ou a concentração do fármaco
necessária para produzir um efeito terapêutico na maioria da população geralmente se sobrepõe à concentração
necessária para causar efeitos tóxicos na mesma população, mesmo que o índice terapêutico do fármaco em
determinado paciente possa ser amplo. As curvas de concentração percentual da eficácia e da toxicidade não são
necessariamente paralelas, aumentando ainda mais a complexidade da determinação do índice terapêutico dos
pacientes. Por fim, nenhum fármaco produz um único efeito e o índice terapêutico de determinado composto
varia, dependendo do efeito que esteja sendo avaliado.
A variação é causada, em parte, por fatores ambientais, mas estudos comparando gêmeos idênticos e não
idênticos sugerem que muito da variação da resposta ao fármaco é geneticamente determinada. Os genes
influenciam a farmacocinética, alterando a expressão de proteínas envolvidas na absorção, distribuição,
metabolismo ou excreção (ADME) de fármacos; a variação farmacodinâmica reflete diferenças nos alvos
farmacológicos, proteínas G ou outras vias a jusante; a suscetibilidade individual a reações adversas distintas
qualitativamente incomuns pode resultar de diferenças geneticamente determinadas em enzimas ou mecanismos
imunes.
DOENÇA: Os fármacos terapêuticos são prescritos para pacientes, portanto os efeitos da doença sobre a resposta
dos fármacos são muito importantes, especialmente das doenças dos principais órgãos responsáveis pelo
metabolismo e excreção de fármacos (e seus metabólitos).
Distúrbios comuns, tais como o comprometimento da função renal ou hepática, predispõem para a
toxicidade por causarem efeitos inesperadamente intensos ou prolongados dos fármacos, como resultado do
aumento da concentração do fármaco após uma dose “padrão”. A velocidade de absorção do fármaco é reduzida
em condições que causem estase gástrica (p. ex., enxaqueca, neuropatia diabética) e pode ser incompleta em
pacientes com má absorção em virtude de doença ileal ou pancreática ou de edema da mucosa ileal causado por
insuficiência cardíaca ou síndrome nefrótica. A síndrome nefrótica (caracterizada por forte proteinúria, edema e
uma concentração reduzida de albumina no plasma) altera a absorção do fármaco devido ao edema da mucosa
intestinal; modifica a distribuição do fármaco através de alterações nas ligações à albumina plasmática; e causa
insensibilidade aos diuréticos
GRAVIDEZ: gravidez causa alterações fisiológicas que podem influenciar a distribuição de fármacos na mãe e
no feto. A concentração plasmática materna de albumina é reduzida, influenciando a ligação de fármacos às
proteínas. O débito cardíaco é aumentado, levando à elevação do fluxo sanguíneo renal e da TFG, e ao
aumento da eliminação renal de fármacos. As moléculas lipofílicas atravessam rapidamente a barreira
placentária, enquanto a transferência de fármacos hidrofílicos é lenta, limitando a exposição do feto ao fármaco
após uma dose materna única. os fármacos transferidos para o feto são eliminados mais lentamente do que da
mãe. A atividade da maioria das enzimas metabolizadoras dos fármacos no fígado fetal é muito menor que no
adulto. Além disso, o rim fetal não é uma via de eliminação eficiente, porque o fármaco eliminado dá entrada no
líquido amniótico, o qual é engolido pelo feto.
ETNIA: Membros de tais grupos autodefinidos partilham algumas características a partir de uma herança genética
e cultural comum, mas existe também, obviamente, enorme diversidade dentro de cada grupo . Alguns efeitos
adversos podem também ser previstos com base na raça. Muitas de tais diferenças étnicas sejam genéticas em sua
origem, mas os fatores ambientais (p. ex., os relacionados com hábitos alimentares) também poderão trazer uma
contribuição.
Ex: A esperança de vida dos afro-americanos com insuficiência cardíaca aumenta por tratamento com uma
combinação de hidralazina e um nitrato, enquanto a dos americanos poderá não aumentar.
Ex: Muitos indivíduos chineses diferem dos europeus no modo como metabolizam etanol e por serem
consideravelmente mais sensíveis aos efeitos cardiovasculares do propranolol.
IDADE: principal razão pela qual a idade afeta a ação farmacológica é a de que a eliminação de fármacos é menos
eficiente em bebês recém-nascidos e em pessoas idosas; assim, os fármacos produzem comumente efeitos maiores
e mais prolongados nos extremos da vida. Além disso, variações na sensibilidade farmacodinâmica, são também
importantes com alguns fármacos. A composição corporal se altera com a idade, e a gordura contribui com uma
proporção maior nos mais idosos, com consequentes alterações no volume de distribuição de fármacos.
Efeito da idade na excreção renal de fármacos: os recém-nascidos e bebês possuem uma taxa de filtração
glomerular de 20% do valor adulto, e também possui meias-vidas de eliminação plasmática dos fármacos
eliminados em nível renal mais longas. A taxa de filtração glomerular declina lentamente a partir dos 20
anos de idade (em média), decrescendo em torno de 25% aos 50 anos e 50% aos 75 anos.
Consequentemente, a administração crônica, ao longo dos anos, da mesma dose diária de fármaco à medida
que ele ou ela envelhece, leva a um progressivo aumento da concentração plasmática, o que constitui uma
causa comum de toxicidade.
Efeito da Idade no Metabolismo de Fármacos: várias enzimas importantes têm baixa atividade em recém-
nascidos, especialmente se prematuros. A atividade das enzimas microssômicas hepáticas declina
lentamente (e de forma muito variável) com a idade, e o volume de distribuição dos fármacos lipossolúveis
aumenta, porque a proporção de gordura corporal passa a ser maior com o avançar da idade. Como a meia-
vida determina o tempo de acúmulo do fármaco ao longo de doses repetidas, efeitos insidiosos, que se
desenvolvem após dias ou semanas, podem ocorrer em idosos e ser erradamente atribuídos aos problemas
de memória relacionados com a idade, e não ao acúmulo do fármaco. Ainda que a meia-vida média de um
fármaco possa ser pouco afetada, há, muitas vezes, um aumento marcado na variabilidade da meia-vida
entre indivíduos com o passar da idade. Isso é importante, porque uma população de idosos terá alguns
indivíduos com taxas grandemente reduzidas de metabolismo de fármacos, ao passo que tais extremos não
ocorrem com tanta frequência em populações de adultos jovens.
DESSENBILIZAÇÃO: a estimulação prolongada das células pelos agonistas geralmente leva a um estado de
dessensibilização do receptor, também conhecido como adaptação, refratariedade ou hiporregulação, de tal
forma que o efeito gerado pela estimulação contínua ou subsequente a mesma concentração do fármaco fica
reduzido. Esse efeito conhecido como taquifilaxia ocorre rapidamente e é importante do ponto de vista
terapêutico. Ocorre por duas maneiras:
HETÉROLOGA ou curta: diminuição coordenada dos efeitos de agonistas em dois ou mais tipos de
receptores; quando ele é apenas fosforilado por uma proteína quinase inespecífica (PKA ou PKC) que
resulta em bloqueio do acoplamento entre o receptor ativado e a proteína G (fosforilação do receptor).
HOMÓLOGA ou longa: diminuição dos efeitos de agonista em apenas um tipo de receptor; forte e
prolongada; quando é fosforilado por uma enzima quinase chamada de GRK. Essa proteina faz uma
fosforilação diferente das proteínas quinases especificas (proteínas A e C), quando ela fosforila o receptor
ela cria um sitio de ligação para a arrestina. É uma proteina que se acopla ao receptor criando um
complexo arrestina-receptor e cria um alvo para a célula endocitar o receptor.
Portanto, há a perda de acoplamento à PTN G e endocitose do receptor ativado. Portanto, a dessensibilização
pode resultar da inacessibilidade temporária do receptor ao agonista, ou do menor numero de receptores
sintetizados e disponíveis na superfície celular.
Os receptores β -adrenérgicos ligados a agonistas ativam proteínas G, que, a seguir, estimulam a atividade da
adenilciclase. A. A estimulação repetida ou persistente do receptor pelo agonista produz fosforilação de
aminoácidos na extremidade C-terminal do receptor pela proteinoquinase A (PKA) e/ou pelo receptor β-
adrenérgico com quinase (βARK). A seguir, a β-arrestina liga-se ao domínio fosforilado do receptor e
bloqueia a ligação da Gs, com consequente diminuição da atividade da adenilciclase (efetor). B. A ligação da
β -arrestina também leva ao sequestro do receptor em compartimentos endossômicos, neutralizando
efetivamente a atividade de sinalização do β-adrenérgico. A seguir, o receptor pode ser reciclado e
reintroduzido na membrana plasmática. C. A ocupação prolongada do receptor pelo agonista pode levar a
infrarregulação do receptor e eventual degradação. As células também podem diminuir o número de
receptores de superfície por meio da inibição da transcrição ou da tradução do gene que codifica o receptor.
Refratariedade: Os receptores que assumem estado refratário após ativação necessitam de certo período de
tempo para serem novamente estimulados. Conforme exposto, os canais de sódio regulados por voltagem, que
medeiam a descarga de potenciais de ação neuronais, estão sujeitos a períodos refratários. Após a abertura do
canal induzida pela despolarização da membrana, o canal de sódio regulado por voltagem fecha-se
espontaneamente e não pode ser reaberto durante algum tempo (denominado período refratário). Essa
propriedade inerente do canal determina a taxa máxima com que os neurônios podem ser estimulados e
transmitir a informação.
Infrarregulação: mecanismo molecular
pelo qual o número de receptores pode ser
modificado, no qual a estimulação
prolongada do receptor pelo ligante induz a
endocitose dos receptores pela célula e seu
sequestro em vesículas endocíticas. Tal
sequestro impede o contato dos receptores
com ligantes, acarretando
dessensibilização celular. Quando cessa o
estímulo que levou ao sequestro dos
receptores, estes podem ser reciclados para
a superfície celular, tornando-se
novamente funcionais. As células também
podem ter a capacidade de alterar o nível
de síntese dos receptores e, assim, regular
o número de receptores disponíveis para
ligação de fármacos. O sequestro de
receptores e a alteração em sua síntese
ocorrem em maior escala de tempo que a
fosforilação também exercem efeitos mais
prolongados.
Supersensibilidade: ocorre
frequentemente após a redução crônica da
estimulação do receptor. Por exemplo,
essas condições podem ocorrer após a
interrupção prolongada do bloqueio dos
receptores (ex. administração prolongada
de antagonistas dos receptores como
metoprolol); pode resultar da resposta dos tecidos à condições patológicas, como ocorre na isquemia cardíaca
em consequência da síntese e do recrutamento de novos receptores para a superfície dos miócitos.
Potencia
É a concentração de agonista necessária para produzir metade do efeito máximo
A potência (EC50) refere-se à concentração em que o fármaco produz 50% de
sua resposta máxima.
Basicamente, quando dois fármacos produzem respostas equivalentes, o fármaco
cuja curva de dose-resposta (ilustrada) está situada à esquerda da outra (i.e., a
concentração que produz a metade do efeito máximo [EC50] é menor) é
considerado mais potente
Ação
Deve ser explicada em termos de interações químicas convencionais entre fármacos e tecidos (rang)
Interação bioquímica específica através da qual uma droga produz um efeito farmacológico (wik)
Efeito
O princípio ativo atua sobre determinadas células e órgãos ou em todo o corpo. O resultado é chamado de efeito
farmacológico. Um medicamento em geral produz múltiplos efeitos e entre eles:
Efeito principal : É aquele que queremos obter.
Efeito colateral, indesejável ou adverso: Conforme o próprio nome está dizendo é um efeito que não desejamos,
mas é produzido pelo mesmo medicamento. Freqüentemente são inevitáveis e pouco graves, mas às vezes podem
ser muito graves. (blog)
RELAÇÕES DE DOSE–RESPOSTA
A farmacodinâmica de um fármaco pode ser quantificada pela relação entre a dose (concentração) do fármaco e a
resposta do organismo (do paciente) a este fármaco.
Intuitivamente, o esperado é que a relação de dose–resposta esteja estreitamente relacionada com a relação de
ligação fármaco–receptor, e verificamos que isso realmente ocorre para muitas combinações de fármaco–receptor,
mas convém partir do princípio de que a resposta a um fármaco é proporcional à concentração de receptores que
estão ligados (ocupados) pelo fármaco. Essa pressuposição pode ser quantificada
através da seguinte relação:
[D] é a concentração do fármaco livre, [DR] a concentração do complexo fármaco–
receptor, [Ro] a concentração total de receptores e Kd a constante de dissociação de equilíbrio para a interação
fármaco–receptor.
Existem dois tipos principais de relações dose–
resposta:
Graduadas descrevem o efeito de várias
doses de um fármaco sobre o indivíduo
Quantais mostram o efeito de várias doses de
um fármaco sobre uma população de indivíduos.
RELAÇÕES DE DOSE–RESPOSTA
GRADUADAS
A Fig.2.2 mostra curvas graduadas de dose–
resposta para dois fármacos hipotéticos que produzem
a mesma resposta biológica.
As curvas assemelham-se, quanto à sua
forma, àquelas da Fig. 2.1, em concordância com a
pressuposição de que a resposta é proporcional à ocupação dos receptores. E assemelham em que a Kd é
substituída pela EC50 e Ro é substituído por Emáx.
Dois parâmetros importantes — potência e eficácia — podem ser deduzidos a partir da curva de dose–
resposta graduada.
A potência (EC50) refere-se à concentração em que o fármaco produz 50% de sua resposta máxima.
A eficácia (Emáx.) refere-se à resposta máxima produzida pelo fármaco. A eficácia pode ser considerada como o
estado em que a sinalização mediada pelo receptor torna-se máxima, de modo que qualquer quantidade adicional
do fármaco não irá produzir nenhuma resposta adicional. Esse estado é habitualmente alcançado quando todos os
receptores estão ocupados pelo fármaco.
Entretanto, alguns fármacos são capazes de produzir uma resposta máxima quando menos de 100% de seus
receptores estão ocupados; os receptores remanescentes podem ser denominados receptores de reserva. **
Receptores de reserva
Convém lembrar que, com base na pressuposição inicial sobre a ligação fármaco–receptor, é necessária a
ocupação de 100% dos receptores para que um agonista exerça seu efeito máximo.
Neste exemplo, obtém-se um efeito máximo numa dose de agonista mais baixa do que a necessária para saturação
dos receptores, isto é, a EC50 é menor do que a Kd para esse sistema.
Esse tipo de discrepância entre a curva de ligação fármaco–receptor e a curva de dose–resposta significa a
presença de receptores de reserva.
Acredita-se que pelo menos dois mecanismos moleculares sejam responsáveis pelo fenômeno do receptor de
reserva.
1. É possível que o receptor permaneça ativado após a saída do agonista, permitindo a ativação de vários receptores
por uma molécula de agonista.
2. As vias de sinalização celulares poderiam propiciar uma amplificação significativa de um sinal relativamente
pequeno, e a ativação de apenas alguns receptores poderiam ser suficiente para produzir uma resposta máxima.
(receptores acoplados à proteína G; a ativação de uma única molécula de Gs pode estimular a adenilil ciclase a
catalisar a formação de dúzias de moléculas de cAMP)