Tema 4. Análises de fluxo veicular.

Um dos resultados mais uteis da análise de tráfego é o desenvolvimento de modelos

macroscópico, que se preocupa em descrever o comportamento das correntes de
tráfego, e microcopico, que se interessa pela interação entre dois veículos
consecutivos numa corrente de tráfego. Isto relaciona suas diferentes variaveis como:
velocidade, densidade, intervalo e espacamento. Os tais modelos formam a base do
desenvolvimento de conceito de capacidade e niveis de servico aplicado a diferentes
tipos de vias.
Conceitos fundamentais
Variavéis relacionadas com o fluxo

As variáveis relacionadas com o fluxo são a taxa de fluxo, o volume, o intervalo

simples entre veículos consecutivos e o intervalo médio entre vários veículos

1. Taxa de fluxo (q) ou volume (Q)

A taxa de fluxo, q, é a frequência a qual passam os veículos por um ponto ou

secção transversal de uma faixa. A taxa de fluxo é pois, o número de veículos, N,
que passa durante um intervalo de tempo específico, T, inferior a uma hora,
expressa em veículos por mínutos (veh/min) ou veículos por segundo (veic/s). Não
obstante, a taxa de fluxo, q.
𝑁
𝑞=
𝑇
Conceitos fundamentais

Variavéis relacionadas com o fluxo

Se 𝑞𝑖 > 𝑄 , significa que a frequência com a que passaram os veículos em um

periodo menor a uma hora foi maior que a freqüência com a que passaram em
toda a hora efetiva. Isto mostra a concentração de veículos em curto intervalo
de tempo, que em caso de tratar-se de períodos de máximas demandas, pode
gerar problemas de congestão. Esta conclusão, manifesta a importância de
tomar em conta os volúmes veiculares em períodos curtos, que ao ser altos
causam congestionamento e, por conseguintes, demoras.
Conceitos fundamentais

Variavéis relacionadas com o fluxo

2. Intervalo simples (ℎ𝑖 )
É o intervalo de tempo entre o passo de dois veículos consecutivos, geralmente
expresso em segundos e medido entre pontos homólogos do par de veículos.

3. Intervalo medio (ℎ)

É a media de todos os intervalos simples, ℎ𝑖 , existentes entre os diversos veiculos
que percorrem uma via.
𝑁−1
ℎ= 𝑖=1 ℎ𝑖 ℎ: intervalo medio (seg/veic)
𝑁−1 N: número de veículos (veic)
N-1: número de intervalos (veic)
ℎ𝑖 : intervalo simples entre o veículo i e o veiculo i+1
1
Observe que ℎ (seg/veic) é o inverso de q ℎ = (seg/veic)
𝑞
Exemplo 1
Calcular taxa de fluxo para periodo de estudo, intervalo medio e representar e interpretar graficamente os diversos
intervalos simples e medios
Veiculo Tempo passagem(H:M:S) veiculo Tempo passagem(H:M:S Veiculo Tempo passo(H:M:S)

1 11:30:00 21 11:31:26 41 11:33:11

2 11:30:10 22 11:31:27 42 11:33:35
3 11:30:11 23 11:31:32 43 11:33:38
4 11:30:14 24 11:31:34 44 11:34:04
5 11:30:15 25 11:31:38 45 11:34:09
6 11:30:19 26 11:31:41 46 11:34:12
7 11:30:24 27 11:31:42 47 11:34:16

8 11:30:34 28 11:31:45 48 11:34:17

9 11:30:35 29 11:31:50 49 11:34:20

10 11:30:36 30 11:31:59 50 11:34:24

31 11:32:22 51 11:34:26
11 11:30:37
32 11:32:30 52 11:34:27
12 11:30:43
33 11:32:44 53 11:34:32
13 11:30:44
34 11:32:46 54 11:34:40
14 11:30:50
35 11:32:52 55 11:34:42
15 11:30:54
36 11:32:59 56 11:34:46
16 11:31:04
37 11:33:02 57 11:34:48
17 11:31:06
38 11:33:04 58 11:34:55
18 11:31:12
39 11:33:09 59 11:34:56
19 11:31:15
40 11:33:10 60 11:35:00
20 11:31:22
Conceitos fundamentais
Variavéis relacionadas com a velocidade

As variáveis do fluxo veicular relacionadas com a velocidade são a velocidade

pontual, a velocidade instantânea, velocidade média temporária, a velocidade media
espacial, a velocidade média de percurso, a velocidade de marcha, a distância de
percurso e o tempo de percurso. Todas já tratadas anteriormente.

Variavéis relacionadas com a densidade

As variáveis relacionadas com a densidade são: a densidade ou concentração, o

espaçamento simples entre veículos consecutivos e o espaçamento médio entre
vários veículos.
Conceitos fundamentais

1. Densidade ou concentração (k): É o número, N, de veículos presentes numa

determinada extensão de via, d. Geralmente se expresso em veic/km.
𝑁
𝑘=
𝑑
2. Espacamento simples ( 𝑆𝑖 ) É a distância entre o passo de dois veículos
consecutivos, usualmente expressa em metros e medidas entre suas defesas
traseiras.

3. Espacamento medio (𝑆): Media de todos os espaciamentos simples, . Por tratar-se

de um media se expressa em veic/km.
𝑁−1
𝑖=1 𝑆𝑖
𝑆=
𝑁−1
Observe que 𝑆 (m/veic) é o inverso de k (veic/m)
Exemplo 2

Em 1Km de uma estrada de 3 faixas por sentido num instante se mediram 30

veiculos na faixa direita, 20 veiculos na central e 18 veiculos na esquerda, calcular
densidades por faixa e para toda a largura do pavimento e estimar o espaçamento
medio.

Exemplo 3

Segundo o seguinte grafico espaco- tempo, determine:

a) Espaçamento e densidade no ponto de observação A no tempo zero.
b) Espaçamento e densidade no ponto de observaçãoB no tempo 10
c) Intervalo entre veiculos no ponto B , intervalo medio e taxa de fluxo.
Conceitos fundamentais
Conceitos fundamentais
Relação entre o fluxo, a velocidade, a densidade, o intervalo e o espaçamento

Considerando um grupo veicular que se move a velocidade (𝑣𝑒 ) aproximadamente

constante, seu intervalo médio (ℎ) e espaçamento médio (𝑆) podem-se relacionar
assim:
𝑆 = 𝑣𝑒 ∙ ℎ

1 1
= 𝑣𝑒 𝑞 = 𝑣𝑒 ∙ 𝑘
𝑘 𝑞

Em forma geral se escreve como:

A esta correlação se conhece como: equação fundamental do fluxo
𝑞 = 𝑣𝑒 ∙ 𝑘
veicular
Conceitos fundamentais
Exemplo 4

Em um ponto de uma via foram contados 105 veiculos durante 15min. Aos lados do
referido ponto e a uma distancia de 50m de comprimento, se cronometraram os
tempos em percorre-la por uma amostra de 30 veiculos, obtendo os seguintes
valores:

7 veiculos durante 2 seg.

9 veiculos durante 2,5 seg.
8 veiculos durante 2,8 seg.
6 veiculos durante 3 seg.

Se quer calcular a taxa de fluxo horaria, o intervalo, a velocidade media espacial, a

densidade e o espacamento medio.
Modelos básicos do fluxo veicular

Se se estabelecer uma relação entre qualquer duas das três variáveis (q,v,k), a
relação destes dois com a terceira determina a equação fundamental do fluxo. A
variável mas facil de medir é o fluxo, seguindo em sua ordem a velocidade e a
densidade.
Os esforços dos teóricos que trabalharam em modelos de relação entre as três
variáveis principais do fluxo veicular se apoiaram em tira de dados e ajustes simples a
curva de regressão, em métodos dedutivos a partir de condições limites ou de
fronteiras e em analogias físicas. Estas três formas aproximam-se ao fenômeno do
trânsito, que deram como resultado o desenvolvimento de modelos macroscópico.
Exitem vários modelos, sendo o mais aceite o modelo linear do Greenshields.
Utilizando um conjunto de dados (k,v) para diferentes condicoes do trânsito, propôs
uma relação linear entre a velocidade e a densidade, que mediante o ajuste das
observações pelo método dos mínimos quadrados, chegou ao modelo linear
seguinte.
 Modelos básicos do fluxo veicular

𝑣𝑙
𝑣𝑒 = 𝑣𝑙 − 𝑘 Relação linear velocidade-densidade
𝑘𝑐

𝑣𝑒 : Velocidade media espacial (km/h)

𝑘: Densidade (veic/km/faixa)
𝑣𝑙 : Velocidade media espacial a fluxo livre (km/h). Correponde com a media das velocidades desejadas
pelos motoristas
𝑘𝑐 : Densidade de congestionamento (veic/km/faixa)

O fluxo, q, pode-se representar no

diagrama velocidade-densidade, através
da equação fundamental 𝑞 = 𝑣 ∙ 𝑘
(area de rectangulo).
𝑣𝑙 ∙ 𝑘𝑐
𝑞𝑚 =
4
Modelos básicos do fluxo veicular
𝑣𝑙 𝑣𝑙
𝑞 = 𝑣𝑙 − 𝑘 𝑘 𝑞=𝑣𝑙 𝑘- 𝑘2 Relação parabolica fluxo-densidade
𝑘𝑐 𝑘𝑐

A velocidade constitui a pendente do vector dirigido da origem A a qualquer ponto

sobre a curva

Ponto E indica as caracteristicas de operação

a fluxo maximo ou capacidade.
Modelos básicos do fluxo veicular
Nos níveis de congestionamiento total , q=0, (ponto B) a pendente do vetor no ponto
B é quase zero, indicando que os veiculos estão completamente detidos, alcançando
a máxima densidade ou de congestionamiento Kc, pelo contrário, à velocidade a
fluxo livre, 𝑣𝑙 (ponto A) a pendente do vetor BA tende a infinito, indicando que a
densidade tende a zero, há poucos veiculos circulando a fluxo livre.

Isolando k na relação linear velocidade-densidade e sustituindo na equação

fundamental do fluxo, se obtem:
𝑘𝑐 𝑘𝑐 2
𝑞 = 𝑣𝑒 𝑘𝑐 − 𝑣𝑒 = 𝑣𝑒 𝑘𝑐 − 𝑣𝑒
𝑣𝑙 𝑣𝑙
De onde:
𝑣𝑙
𝑣𝑙 𝑣𝑙 2 − 4 𝑞
𝑘𝑐
𝑣𝑒 = ± Relação parabolica fluxo-velocidade
2 2
Modelos básicos do fluxo veicular

Relação fluxo-velocidade
Exemplo 5

Em um troco de uma estrada, realizou-se um estudo de volume e velocidades em

diferentes dias para diversas condições de operação do trânsito. Isto permitiu obter
pares de dados de densidade-velocidade media espacial (k,𝑣𝑒 ) que ao realizar seu
ajuste linear pelo método dos mínimos quadrados deu como velocidade a fluxo livre o
valor de 76 km/h e como densidade de congestionamiento o valor de 152 vei/km por
faixa. conhece-se além que a longitude média dos veículos é de 5m. Deseja-se
determinar as equações do modelo linear que caracteriza este fluxo veicular, o fluxo
máximo, o intervalo médio a fluxo máximo, o espaçamento médio a fluxo máximo e a
separação médio entre veículos a fluxo maximo.