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ARTIGO DE REVISÃO

Aplicação do teste de Poma para avaliar risco


de quedas em idosos
Poma application of test to assess risk of falls in elderly

Juliana Palhêta Lima1, Brian Farensena2

RESUMO
1
Graduação em Fisioterapia pela A população brasileira tem se tornado progressivamente uma população idosa, e o número de idosos que
Universidade Paulista (Unip), já sofreram algum tipo de queda é crescente. As alterações que ocorrem com o corpo de um indivíduo idoso
Campus Manaus, AM, Brasil.
2
Professor Orientador. devem ser observadas para avaliar e prevenir a queda. As quedas podem ocorrer por fatores intrínsecos e
Fisioterapeuta da Unip, Campus extrínsecos. O teste de Avaliação da Mobilidade Orientada pela Performance (Performace Oriented Mobility
Manaus, AM, Brasil. Assessment – Poma-Brasil) é utilizado com o propósito de avaliar os fatores de risco de quedas em idosos. Esta
pesquisa tem como objetivo demonstrar como é aplicado o teste de Poma-Brasil e classificar as alterações
físicas que mais influenciam o risco de queda em um idoso. Utilizou-se o método de levantamento de
literatura. Este artigo é de suma importância para a equipe multiprofissional que trabalha diretamente com
idosos que vivem em comunidades, institucionalizados ou não, para avaliarem e prevenir uma possível queda,
assim como para a população em geral.
Palavras-chave: Envelhecimento, fisioterapia, acidentes por quedas.

ABSTRACT
The Brazilian population is progressively becoming elderly and the number of elderly who has suffered some
kind of fall has increased. Changes that occur with the body of an elderly individual should be observed to assess
and prevent the fall. Falls can occur by intrinsic and extrinsic factors. The Poma test - Brazilian Evaluation of the
Performance Oriented Mobility (Performance Oriented Mobility Assessment) is used for the purpose of evaluating
the risk factors of falls in elderly. This research aims to demonstrate how the Poma test is applied in Brazil and to
classify the physical changes that most influence the risk of a fall in an elderly. The method used was through a
survey of the literature. The method used was through in the literature. This article is of paramount importance
for the multidisciplinary team that works directly with elderly that are living in communities, institutionalized or
not, to assess and prevent a possible fall, as well as, for the general population.
Keywords: Aging, physiotherapy, accidental falls.

Endereço para correspondência: Rua 11, casa 42 C, Bairro Alvorada 1 - Manaus – AM - CEP: 69043-230 - Tel: (92) 9130-9631 / 8245-4717
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INTRODUÇÃO pessoas idosas constituem um dos principais


problemas clínicos e de saúde pública devido
O Envelhecimento é um processo da vida
a sua alta incidência, às consequentes compli-
que atualmente vem sendo muito estudado e
cações para a saúde e aos custos assistenciais.
debatido, principalmente devido ao número
crescente de idosos no Brasil. O aumento da São vários os fatores determinantes para
longevidade e a redução das taxas de mortali- os riscos de quedas, que se classiicam em in-
dade, nas ultimas décadas do século passado, trínsecos e extrínsecos. Os fatores intrínsecos
mudaram o peril demográico do Brasil.1 são relacionados ao próprio indivíduo, como,
por exemplo, as alterações isiológicas e ana-
Atualmente, não se pode dizer que o Brasil
seja um país jovem, já que a Organização Mun- tômicas no idoso, doenças, déicit nutricional,
dial da Saúde (OMS) considera uma população medicação etc. Já os fatores extrínsecos são
envelhecida quando a proporção de pessoas aqueles voltados ao meio ambiente do idoso,
de 60 anos ou mais atinge 7% com tendên- como domicílio ou instituição, calçadas, esca-
cia a crescer. De acordo com o Censo Popula- das, iluminação, mobília entre outros.7
cional de 2000, os brasileiros com 60 anos ou Daí a importância da aplicação de métodos
mais já somam 14.536.029 indivíduos, repre- de avaliação, como o teste Poma-Brasil. Este
sentando 8,6% da população total. Segundo as teste é aplicado em idosos institucionalizados
projeções da OMS, entre 1950 e 2025, a pop- e idosos que vivem em comunidades, tendo
ulação de idosos no país crescerá dezesseis como inalidade avaliar o nível de equilíbrio e
vezes contra cinco vezes a população total, o consequentemente a qualidade da marcha do
que nos colocará, em termos absolutos, como idoso, prevendo assim o risco de quedas.3
a sexta população de idosos do mundo.2 Segundo Papaléo Netto,8 a intervenção
3
Freitas et al. consideram o envelheci- da Fisioterapia voltada para a Gerontologia
mento a fase de todo um contínuo, que é a deve abordar a qualidade de vida visando a
vida, começando esta com a concepção e ter- promover fatores que possibilitem o retardo
minando com a morte. Carvalho Filho e Papa- dos declínios decorrentes do envelhecimento,
léo Netto4 também deinem o envelhecimento evitar procedimentos que estimulem o enve-
como a redução da capacidade de sobreviver. lhecimento prematuro ou patológico e redu-
O envelhecimento pode ser compreendi- zir ao máximo as situações que gerem perda
do como um conjunto de alterações estrutu- da capacidade de independência e autonomia
rais e funcionais desfavoráveis do organismo do idoso, nesta última se torna de vital impor-
que se acumulam de forma progressiva, es- tância à manutenção e a preservação das ati-
peciicamente em função do avanço da ida- vidades de vida diária.
de. Essas modiicações prejudicam o desem-
penho de habilidades motoras, diicultando
a adaptação do indivíduo ao meio ambiente, Fundamentação teórica
desencadeando modiicações de ordem psi- Envelhecimento
cológica e social.5 Ao contrário do que se imagina comu-
Conforme Carregaro e Toledo, a queda é 6 mente, o processo de envelhecimento popu-
deinida como uma falta de capacidade para lacional resulta do declínio da fecundidade e
corrigir o deslocamento do corpo, durante não do declínio da mortalidade. Uma popula-
seu movimento no espaço. As quedas entre ção torna-se mais idosa à medida que aumen-

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ta a proporção de indivíduos idosos e diminui tível, até que as alterações funcionais tornam-
a proporção de indivíduos mais jovens, ou -se grosseiramente evidentes.
seja, para que uma determinada população
envelheça, é necessário haver também uma
Alterações anatômicas
menor taxa de fecundidade.9
Composições e forma do corpo
Já segundo Carvalho Filho e Netto,4 o au-
mento da expectativa de vida de uma popu- A diminuição na estatura do corpo de um
lação está intimamente vinculado à melhora idoso é uma das características mais evidentes.
das condições de vida, de educação e da aten- Estudos analisaram que essa perda de estatura
ção à saúde prestada. começa a diminuir a partir dos 40 anos cerca
de 1 cm por década. Segundo alguns autores,
Freitas et al.3 airmam que o envelheci-
essa perda se deve principalmente pela dimi-
mento é conceituado como um processo dinâ-
nuição dos arcos do pé, aumento das curvatu-
mico e progressivo, no qual há modiicações
ras da coluna e também pela diminuição no ta-
morfológicas, funcionais, bioquímicas e psi-
manho da coluna vertebral, em razão da perda
cológicas, que determinam a perda da capaci-
dade de adaptação do indivíduo ao meio am- de água nos discos intervertebrais decorrente
biente, ocasionando maior vulnerabilidade da compressão a que são submetidos.4,11,12
e maior incidência de processos patológicos
que terminam por levá-lo a morte. Tecidos ósseo e muscular

Há no envelhecimento dois termos distin- O osso é composto de duas espécies de te-


tos, a senescência e a senilidade. Para Freitas cido: o osso compacto e o osso esponjoso. As
et al.10 a distinção entre senescência ou senec- células ósseas, os osteoblastos, são responsá-
tude, que resulta no somatório de alterações veis pela produção de matriz óssea; o osteo-
orgânicas, funcionais e psicológicas próprias clasto é responsável pela reabsorção óssea.
do envelhecimento normal, e a senilidade, As atividades dessas células proporcionam o
que é caracterizada por modiicações deter- equilíbrio entre a produção e absorção óssea.
minadas por afecções que frequentemente Rebelatto e Morelli12 declaram que a perda da
acometem a pessoa idosa, é, por vezes, ex- massa óssea é caracterizada pelo desequilí-
tremamente diícil. O exato limite entre esses brio no processo de modelagem e remodela-
dois estados não é preciso e caracteristica- gem consequente do envelhecimento.
mente apresenta zonas de transição frequen- “As modiicações do tecido ósseo com o
tes, o que diiculta discriminar cada um deles. envelhecimento ocorrem de maneira diferen-
São várias as alterações que ocorrem com te no homem e na mulher. Nesta não há perda
o idoso. De acordo com Lopes11 as alterações de massa óssea signiicante antes da meno-
estruturais do envelhecimento são um pro- pausa. Após esse período, porém, o processo
cesso contínuo e normal que se inicia na vida é mais intenso do que nos homens. Isto altera
adulta e se prolonga até a morte. Carvalho a densidade óssea, tanto do tecido compacto
Filho e Papaléo Netto4 relatam também que como do esponjoso”.11
isiologicamente o envelhecimento tem início O tecido muscular também sofre altera-
relativamente precoce, logo após o término ções no envelhecimento, ocorrendo a perda
da fase de desenvolvimento e estabilização, de massa muscular denominada sarcopenia.
perdurando por longo período pouco percep- Conforme Rebelatto e Morelli12 essa perda de

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massa ocorre principalmente pela diminui- A capacidade de manter a postura ereta de-
ção no peso muscular. Indivíduos saudáveis pende do órgão vestibular, de receptores pro-
e isicamente ativos podem apresentar per- prioceptivos localizados em músculos e tam-
da muscular de 1% a 2% ao ano, particular- bém dos órgãos da visão e audição. As altera-
mente nos membros inferiores e ganho de ções nestes órgãos são fundamentais no contro-
gordura corporal de 7,5% por década a partir le do equilíbrio e das posturas e, consequente-
dos 40 anos, com alterações mais acentuadas mente, são importantes no idoso por causa das
após 50 anos de idade.13 quedas.11 Segundo Araújo apud Lima14 o tato é
Segundo Lopes,11 muitas células se atro- o sentido que corresponde à recepção dos es-
tímulos mecânicos, por meio do qual percebe-
iam e morrem, ocorre aumento do tecido adi-
mos a extensão, a temperatura, a consistência, a
poso e conjuntivo no músculo do idoso. Alguns
textura e outras qualidades do corpo.
fatores podem afetar essas alterações muscu-
lares, como o nível de atividade ísica, a nutri-
Equilíbrio
ção e os aspectos hereditários. Os músculos
também apresentam ibras brancas (tipo 2) de O equilíbrio em seu sentido mais amplo
contração rápida e ibras vermelhas (tipo 1) envolve a capacidade de manter o controle
de concentração lenta. No envelhecimento, as postural sob uma grande variedade de condi-
ibras brancas (tipo 2) diminuem de volume, ções e a habilidade de um indivíduo sentir seu
levando a redução de força muscular. limite de estabilidade.15 Rebelatto e Morelli12
também deinem o equilíbrio como a capaci-
Sistema nervoso dade de manter a posição do corpo sobre sua
base de apoio, estacionária ou móvel.
Com o envelhecimento o peso do cérebro
diminui e a alteração mais importante que
ocorre no sistema nervoso é a perda de neu- Marcha
rônios. Os efeitos dependerão da localização A marcha pode ser deinida como a forma
e da intensidade dessas perdas. No cerebe- ou o estilo de se locomover.3 Esse conceito é
lo, a perda de neurônio atinge 25% podendo complementado por Ishizuka15 que declara
afetar o equilíbrio e causar diiculdade para o que a marcha é um meio de locomoção reali-
idoso coordenar os movimentos.11 zado por meio de movimentos alternados das
pernas. Ocorre na posição ereta e envolve a
Órgãos dos sentidos manutenção da postura em pé e no controle
De acordo com Lopes,11 os órgãos dos da projeção do centro de gravidade.
sentidos são o olho, o ouvido, a língua, a pele As várias alterações que ocorrem nos siste-
e as cavidades nasais. Esses órgãos são de- mas ósseo, muscular, nervoso, dos órgãos dos
nominados receptores, pois têm a função de sentidos e na forma do corpo que acomete a ter-
captar as informações do meio ambiente ao ceira idade acarretam a alteração da marcha do
próprio corpo. Consequentemente, essas in- idoso. De acordo com Lopes,11 para uma marcha
formações são interpretadas pelo sistema adequada há dependência de boa mobilidade
nervoso, respondendo, assim, aos controles articular, ação muscular apropriada em força
de funções corporais como os movimentos, o e coordenação, além da propriocepção, visão
equilíbrio, a postura e a comunicação com o e equilíbrio. Freitas et al.3 airmam que a mar-
meio externo. cha depende da capacidade de vários órgãos, e

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as alterações sensórias também a inluenciam, dentro de casa podem ser determinadas por
principalmente no tocante à acuidade visual e pisos escorregadios no banheiro, ausência de
à sensibilidade plantar que, quando alteradas, corrimões, assentos sanitários muito baixos,
podem estar associadas a quedas. pisos encerados e molhados, prateleiras mui-
to altas, mesas e cadeiras instáveis e calçados
inapropriados, além de fatores externos, como
Quedas
escadarias inseguras, calçadas esburacadas,
De acordo com Chandler,16 a queda é degraus de ônibus muito altos, entre outros.
um grande mal que afeta os idosos. Embora
“Caso se consiga eliminar um fator de ris-
a maioria das quedas não tenha como con-
co, a probabilidade de cair também se reduz.
-sequência um dano ísico importante, elas
Isso é muito importante para os idosos, que,
podem causar morbidade e mortalidade sig-
em geral, possuem múltiplos fatores de risco
niicativas, ocorrendo em 30% dos idosos
para queda. Ao mesmo tempo, podem-se ado-
não institucionalizados com mais de 65 anos,
tar intervenções que atuem sobre múltiplos
40% daqueles com mais de 80 e 66% dos ins-
fatores, como revisão de medicações, reco-
titucionalizados sofrem queda a cada ano.
mendações de comportamentos seguros, pro-
A queda pode ser deinida como ocor- gramas de exercícios vários, melhoria da segu-
rência de um evento não intencional que leva rança ambiental. Tal estratégia empregada por
uma pessoa, inadvertidamente, ao chão em Tinetti resultou numa redução signiicativa na
um mesmo nível ou outro inferior.3,12 Baseado proporção de pessoas que caíram e numa re-
nesta deinição pode-se airmar que a queda é dução mesmo maior na taxa de quedas”. 7
um evento multifatorial, cujas alterações pro-
vocadas mais importantes são as anatômicas
e isiológicas, como citado. Além disso, fato- Teste de Poma-Brasil
res emocionais e ambientais são classiicados As deiciências no equilíbrio, na força e
em fatores de risco intrínsecos e extrínsecos. na resistência que exercem na restrição das
atividades diárias são avaliadas por testes
Fatores de risco intrínsecos de desempenho ísico, os quais são atrativos,
Dentro dos fatores de riscos intrínsecos pois requerem pequeno tempo e pouco trei-
namento para a sua execução, e uma perda
destacam-se principalmente: o equilíbrio em
funcional que poderia passar despercebida
pé, que é a capacidade de o indivíduo manter o
pode ser diretamente observada.3
controle postural; a marcha estável e funcional;
o sistema sensorial; e o sistema musculoesque- Diversos modelos de avaliação funcio-
lético. Outros fatores também foram observa- nal foram desenvolvidos e selecionados para
dos, como avanço da idade, dano cognitivo, pa- categorias que apresentem a mesma especi-
tologias que alteram a marcha, como a doença icidade: indivíduos mais ou menos depen-
de Parkinson, e o uso de medicamentos7. dentes, institucionalizados, hospitalizados ou
da comunidade e portadores de patologias
especíicas. A maioria desses testes, porém, é
Fatores de risco extrínsecos pouco sensível a pequenas perdas funcionais
São os fatores de risco ambientais oca- e não foi projetada para indivíduos idosos hí-
sionados pelo meio externo. Rebelatto e Mo- gidos que apresentem pequenos déicits do
relli12 declaram que as ocorrências de quedas declínio isiológico.17

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Conforme Buchner apud Gomes,17 uma ava- a possibilidade de uma nova queda, como tam-
liação funcional pode ser constituída por vários bém diminui a gravidade das consequências e
itens. Entre as mais citados pela literatura, estão acelera a recuperação do paciente, reduzindo
incluídas questões referentes à mobilidade (de- gastos com internações.
ambulação em distâncias determinadas, mu- De acordo com Rebelatto e Morelli,12 o isio-
danças no curso da marcha, levantar-se e sen- terapeuta exerce um papel muito importante na
tar-se em uma cadeira, mudanças de decúbito e prevenção de quedas nos idosos, por meio de
transferências), a atividades básicas de vida di- um programa de exercícios terapêuticos, cujos
ária (vestir-se, alimentar-se, tomar banho etc.) objetivos são aumentar a amplitude de movi-
e a atividades instrumentais de vida diária (pe- mento e força muscular, melhorar o equilíbrio
gar ônibus, cozinhar, arrumar a casa e outras), e a marcha do idoso e avaliar regularmente seu
além de algumas avaliações que contemplam o desempenho ísico.
desempenho do indivíduo no trabalho, no am-
Uma conduta clássica desses exercícios é
biente social e no lazer.
geralmente constituída por exercícios, como os
Um desses testes é o teste de Poma-Brasil, exempliicados por Rebelatto e Morelli:12
criada em 1986 por Tinetti William e Mayewski,
• Movimentação articular: as grandes arti-
e adaptado culturalmente para o Brasil por Go-
culações são mobilizadas livremente pelo
mes.17 A escala é dividida em duas partes: uma
próprio idoso. Os alongamentos dos mús-
avalia o equilíbrio (Tabela 1), e outra a marcha
culos envolvidos nessas articulações, prin-
(Tabela 2). Essa escala é parte de um protocolo
cipalmente dos membros inferiores, são de
de recomendações de aplicação do teste, cujo ob-
grande importância.
jetivo é a detecção detalhada de fatores de risco
de quedas em indivíduos idosos, com base no nú- • Treinamento de equilíbrio: pode ser feito de
mero de incapacidades crônicas (Anexo 1). maneira que o idoso seja desequilibrado em
frente a um espelho ou caminhe por entre os
A escala Poma-Brasil vem sendo utilizada
móveis dispostos na sala da residência. Podem
em diversos trabalhos, desde a sua concepção, ser utilizados também exercícios com bolas e
como parte ou como instrumento único de ava- outros recursos.
liação. Esses estudos têm normalmente a inten-
ção de detectar indivíduos da comunidade ou • Treino de marcha: podem ser utilizadas as
institucionalizados que tenha propensão a que- barras paralelas, ou outro local com espaço
das e/ou que estejam em acompanhamento por amplo. Deve-se sempre orientar o idoso quan-
tratamento de déicits da mobilidade.17 to às fases da marcha, pedindo que apoie pri-
meiro o calcanhar e em seguida a parte ante-
Segundo Freitas et al.,3 quanto menor a pon- rior do pé, treinar a dissociação das cinturas
tuação, maior o problema. Pontuação menor que escapular e pélvica, a realizar mudanças de
19 indica o risco cinco vezes maior de quedas. direção e subir e descer escada.
Fisioterapia na prevenção de quedas • Treino de força: pode ser realizado com a uti-
14
Lima coloca que a isioterapia atua na lização de faixas elásticas, de exercícios de le-
identiicação das causas intrínsecas e extrínse- vantar e sentar em uma cadeira ou também de
cas, direcionando seu tratamento na preven- aparelhos de musculação. O aumento de carga
ção, diminuindo o risco de o idoso sofrer uma utilizada deve ser sempre gradativo e só será
queda, o que aumenta a capacidade de resistir feito quando o idoso já estiver perfeitamente
a uma ameaça ao seu equilíbrio. Não só diminui adaptado a carga anterior.

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Tabela 1. Avaliação do equilíbrio orientada pelo desempenho*

Categorias
Manobra
Normal = 3 Adaptativa = 2 Anormal = 1
1. Equilíbrio sentado Estável, firme Segura-se na cadeira para se manter ereto Inclina-se, escorrega-se na cadeira
Usa os braços (na cadeira ou no dispositivo de Várias tentativas são necessárias ou não
Capaz de se levantar da cadeira em um só auxílio à deambulação) para se empurrar ou
2. Levantando-se da cadeira consegue se levantar
movimento, sem usar os braços puxar e/ou move-se para a borda do assento sem ajuda de alguém
antes de tentar levantar
3. Equilíbrio de pé, Estável sem se segurar em dispositivo de auxílio Estável, mas usa o dispositivo de auxílio à
imediato (primeiros 3 a 5 segundos) à deambulação ou em qualquer objeto como deambulação ou outro objeto para se apoiar, Algum sinal de instabilidade positivo
forma de apoio mas sem se agarrar
Qualquer sinal de instabilidade,
Estável, capaz de ficar de pé com os pés juntos, Estável, mas não consegue manter
4. Equilíbrio de pé independente de apoio ou de segurar em algum
sem se apoiar em objetos os pés juntos objeto
Qualquer sinal de instabilidade ou necessita se
5. Equilíbrio com os olhos fechados (com os Estável, sem se segurar em nenhum objeto e Estável, com os pés separados segurar em algum objeto
pés o mais próximo possível) com os pés juntos

Sem se agarrar em nada ou cambalear; os Passos são descontínuos


passos são contínuos (o giro é feito em um Qualquer sinal de instabilidade ou se segura em
6. Equilíbrio ao girar (360º) (paciente apoia um pé
movimento contínuo e algum objeto
totalmente no solo antes de levantar o outro)
suave)
7. Nudge test ○
(paciente de pé com os pés o mais próximo
possível, o examinador aplica 3 vezes uma Necessita mover os pés, mas é capaz de manter Começa a cair ou o examinador tem que ajudar
Estável, capaz de resistir à pressão
pressão leve e uniforme no esterno do o equilíbrio a equilibrar-se
paciente; (a manobra demonstra a capacidade
de resistir ao deslocamento)
Capaz de virar a cabeça pelo menos metade Capacidade diminuída de virar a cabeça de
8. Virar o pescoço da ADM de um lado para o outro, e capaz de um lado para o outro ou estender o pescoço,
(pede-se ao paciente para virar a cabeça de Qualquer sinal ou sintoma de instabilidade
inclinar a cabeça para trás para olhar o teto; mas sem se segurar, cambalear ou apresentar
um lado para o outro e olhar para cima – de quando vira a cabeça ou estende o pescoço
sem cambalear ou se segurar ou sem sintomas sintomas de
pé, com os pés o mais próximos possível) de tontura leve, instabilidade ou dor tontura leve, instabilidade ou dor
Capaz de manter o apoio unipodal por 5 Capaz de manter apoio
9. Equilíbrio em apoio Unipodal Incapaz de manter apoio unipodal
segundos sem apoio unipodal por 2 segundos. Sem apoio
10. Extensão da coluna (pede-se ao paciente Tenta estender, mas o faz com a ADM Não tenta ou não se observa nenhuma
para se inclinar para trás na maior amplitude diminuída, quando comparado com pacientes
Boa amplitude, sem se apoiar ou cambalear extensão, ou
possível, sem se segurar em objetos; se de mesma idade, ou necessita de
possível) apoio para realizar a extensão cambaleia ao tentar

11. Alcançar para cima (paciente é solicitado


a retirar um objeto de uma prateleira alta o Capaz de retirar o objeto sem se apoiar e sem se Capaz de retirar o objeto, mas necessita de Incapaz ou instável
suficiente que exija alongamento ou ficar na desequilibrar apoio para se estabilizar
ponta dos pés).
Incapaz de se inclinar ou de se erguer depois
12. Inclinar para frente Capaz de se inclinar e pegar o objeto; é capaz de Capaz de pegar o objeto e retornar à posição de ter se
(o paciente é solicitado a pegar um pequeno retornar à posição ereta em uma única tentativa ereta em uma única tentativa, mas necessita do inclinado, ou faz múltiplas tentativas para se
objeto do chão, por exemplo uma caneta) sem precisar usar os braço apoio dos braços ou de algum objeto erguer
Necessita usar os braços para
Capaz de sentar-se em um Deixa-se cair na cadeira, ou não calcula bem a
13. Sentar se sentar ou o movimento não
único movimento suave distância (senta fora do centro)
é suave
 
 Somatória  

Fonte: Gomes GC. Tradução, adaptação transcultural e exame das propriedades de medida a Escala Performance Oriented Mobility Assessment (Poma) para uma amostra de idosos institucionalizados.
Dissertação (Mestrado). Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2003, p. 115.
ADM = amplitude de movimento
* O paciente começa esta avaliação sentado em uma cadeira firme de encosto reto e sem braços.
+ Instabilidade é definida como agarrar-se em objetos para apoio, cambalear, movimentar os pés (sapatear) ou fazer movimentos de oscilação de tronco excessivos.
○ Pressão (cutucão) no esterno.

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Tabela 2. Avaliação da marcha orientada pelo desempenho*

Componentes § Normal = 2 Anormal = 1


14. Iniciação da marcha (paciente é Começa a andar imediatamente sem Hesita; várias tentativas; iniciação da marcha
solicitado a começar a andar em um trajeto hesitação visível; o movimento de iniciação não é um movimento suave
determinado) da marcha é suave e uniforme
15. Altura do passo (comece O pé do membro em balanço não se
O pé do membro em balanço desprende-se
observando após os primeiros passos: desprende completamente do chão,
do chão completamente,
observe um pé, depois o outro; observe de pode ouvir-se o arrastar ou o pé é muito
porém, numa altura de 2,5 cm a 5 cm
lado) elevado do solo (< 2,5 > 5 cm)#
Pelo menos o comprimento do pé do
16. Comprimento do passo (observe a indivíduo medido pelo hálux do membro de
distância entre o hálux do pé deapoio e o apoio e o calcanhar do
calcanhar do pé elevado; Comprimento do passo menor que o descrito
membro de balanço (comprimento do passo
observe de lado; não julgue pelos primeiros para condições normais#
geralmente maior mas
ou últimos passos; observe um lado de cada comprimento do pé oferece base para
vez) observação)
17. Simetria do passo Comprimento do passo varia de um lado para
(observe a porção central do trajeto e não Comprimento do passo igual ou quase igual outro; ou paciente avança com o mesmo pé a
os passos iniciais ou finais; observe de lado; dos dois lados para a maioria dos ciclos da cada passo. Comprimento do passo varia de
observe a distância entre o calcanhar de cada marcha um lado para outro; ou paciente avança com
membro do balanço e o hálux o mesmo pé a cada passo
Começa elevando o calcanhar de um dos pés Coloca o pé inteiro (calcanhar e
(hálux fora do chão) quando o calcanhar do hálux) no chão antes de começar a
outro pé toca o chão (choque de calcanhar); desprender o outro; ou para
18. Continuidade do passo nenhuma interrupção durante a passada; completamente entre os passos; ou
comprimento dos passos igual na maioria dos comprimento dos passos varia entre os
ciclos da marcha ciclos#
19. Desvio da linha média (observe de trás;
observe um pé durante várias passadas;
observe em relação a um ponto de referência Pé segue próximo a uma linha reta, à medida Pé desvia de um lado para outro ou em uma
do chão, por exemplo, junção da cerâmica, que o paciente avança direção
se possível; difícil avaliar se o paciente usa
andador)
20. Estabilidade de tronco (observe de trás;
movimento lateral de tronco pode ser padrão flTronco não oscila; joelhos e coluna não são Presença de qualquer uma das características
etidos; braços não são abduzidos no esforço descritas
de marcha normal, precisa ser diferenciado de manter a estabilidade Anteriormente +
da instabilidade)
21. Sustentação durante a marcha (observe Os pés devem quase se tocar quando um Pés separados durante os passos (base
atrás) passa pelo outro alargada)**
Não cambaleia; vira-se Cambaleia; para antes de iniciar a virada; ou
22. Virando durante a marcha continuamente enquanto anda; e passos são passos são descontínuos
contínuos enquanto vira
Somatória
Escore total (1ª e 2ª escalas)

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O isioterapeuta, que tem o movimento hu- Para sua aplicação em indivíduos com
mano como objeto de trabalho, deve ser capaz de níveis mais altos de habilidade, é recomen-
lidar adequadamente com a situação de preven- dada a revisão do instrumento, com inclusão
ção de quedas, considerando o fato de dominar de itens mais diíceis. Além disso, apesar de
o repertório necessário para treinar o equilíbrio, ser um instrumento simples e de fácil utiliza-
a força muscular, a propriocepção articular e o ção, é necessário um treinamento adequado
tempo de resposta muscular e orientar quanto à para garantir um bom índice de coniabilida-
ergonomia doméstica.12 de entre observadores. É necessária, também,
a sua associação com outro tipo de avaliação
RESULTADOS funcional, de forma a tornar as informações
O presente estudo teve como método ado- coletadas mais úteis clinicamente.17
tado a levantamento literário, com utilização
de fontes bibliográicas da própria biblioteca CONCLUSÃO
da instituição de ensino e da Universidade
As quedas em idosos são muitas vezes
Estadual do Amazonas (UEA) e artigos cien-
inevitáveis, mas pode-se observar que a sub-
tíicos localizados por meio de pesquisas em
missão do idoso aos testes de desempenho
sites como Scielo, revistas online, Biblioteca
ísico como o teste de Poma-Brasil é de vital
Digital da Unicamp e sites governamentais
como da Assistência Social e do Instituto Bra- importância, pois é possível avaliar detalha-
sileiro de Geograia e Estatística (IBGE). damente a perda de alguma funcionalidade
no idoso, trabalhando precocemente com ele.
Por meio desta pesquisa foi possível ob-
DISCUSSÃO servar a necessidade da aplicação do Poma-
A pesquisa apresentada teve como obje- -Brasil, pois é um teste que pode avaliar dois
tivo principal demonstrar como é aplicado o aspectos que levam a uma possível queda
teste de Poma-Brasil, e demonstrar sua im- - sendo esses o equilíbrio e a marcha - com
portância para avaliar a possibilidade de que- pouco ou nenhum custo inanceiro, e é consi-
das. Segundo Gomes,17 o teste Poma-Brasil derado um teste rápido e preciso.
demonstrou ser um instrumento idedigno
Além disso, foram analisados alguns fa-
para avaliar a marcha e o equilíbrio em idosos
tores intrínsecos e os extrínsecos que podem
institucionalizados, mas há restrições quanto
contribuir na prevenção de quedas. Por im,
à validade e utilidade clínica do instrumento.
vale ressaltar a função da isioterapia, que
Gomes17 airma também que o teste tem po-
deve sempre visar à prevenção, manutenção
tencial, sendo recomendada a continuidade
e reabilitação do idoso.
do processo da validação da escala, mas é im-
portante que estudos futuros incluam idosos O isioterapeuta é o proissional altamen-
mais fragilizados. No entanto, o instrumento te qualiicado para avaliar o risco de queda e
apresenta problemas com relação à validade prescrever um tratamento preventivo, utili-
clínica, pois apresenta itens fáceis demais e zando seu conhecimento sobre as alterações
discrimina pouco os indivíduos, sugerindo que ocorrem anatómica e isiologicamente
que este possa vir a funcionar melhor em in- com o idoso e por meio do domínio de uma
divíduos mais debilitados. série de recursos isioterapêuticos.

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Teste de Poma para avaliar risco de quedas em idosos 209

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210 Geriatria & Gerontologia

*O paciente fica em pé com o examinador no final do trajeto determinado (sem obstáculos). o paciente usa seu dispositivo de auxílio à deambulação usual.
O examinador solicita ao paciente para andar através do trajeto no seu passo usual. O examinador observa um componente (tarefa) da marcha por vez. Para alguns componentes, o
examinador caminha atrás do paciente; para outros, o examinador anda próximo ao paciente. Pode requerer várias tentativas para completar o teste.
§ Peça também ao paciente para andar com “passos mais rápidos que o usual” e observe se os dispositivos da marcha são utilizados corretamente.
# Um sinal de marcha anormal pode refletir problema inicial, neurológico ou musculoesquelético, diretamente relacionado ao achado ou refletir uma manobra compensatória de outro
problema mais antigo.
+ Anormalidades podem ser corrigidas por um dispositivo de auxílio à deambulação como uma bengala; observe com e sem o dispositivo, se possível.
** Achado anormal é usualmente uma manobra compensatória, além de um problema primário.

Anexo 1. Protocolo de Recomendações de Aplicação do Poma-Brasil


O treinamento dos participantes deve ser preciso para a obtenção de resultados mais fidedignos.
Os indivíduos devem ser testados em ambiente com boa iluminação e com pisos antiderrapantes, se possível na presença de
corrimãos.
O teste deve ser aplicado por dois avaliadores naqueles indivíduos que apresentavam maior dificuldade de deambulação e
equilíbrio, notados num primeiro contato, já que o percurso de marcha, equilíbrio de pé com olhos fechados, a manobra de Nudge,
apoio unipodal, giro de 360°, alcance superior, virar durante a marcha são atividades que podem levá-los às quedas.
O teste inicia-se com o indivíduo sentado em cadeira com altura de pés de 45 cm sem apoios para braços e com encosto reto,
assento não escorregadio. Deve-se sentar ereto sem inclinar-se.
Equilíbrio sentado: Esta manobra deve demandar por volta de cinco segundos para que aqueles que apresentem instabilidade
tenham possibilidade de demonstrá-la.
Levantar da cadeira: A tarefa de levantar da cadeira deve ser realizada com a recomendação de que, se possível, não sejam
utilizados os membros superiores, e quando o indivíduo utiliza as mãos nos membros inferiores para se erguer, mesmo que
sutilmente, a resposta deve ser adaptativa.
Equilíbrio de pé: O avaliador deve permanecer perto, ao lado do indivíduo, sem mostrar sinais de apoio. Deve-se tomar cuidado
com possíveis tonturas por baixa dos níveis pressóricos. Os pés do indivíduo testado devem permanecer juntos o mais próximo
possível.
Equilíbrio de pé e equilíbrio com olhos fechados: Deve-se observar se não apresenta abertura de braços como sinal de
instabilidade ou se oscila muito. O procedimento deve durar aproximadamente cinco segundos.
Equilíbrio ao girar 360°: O avaliador deve permanecer perto sem mostrar sinais de apoio. Deve-se tomar cuidado com possíveis
tonturas por problemas vestibulares.
Nudge test: O indivíduo testado não deve receber qualquer informação de como será o procedimento para que não ocorram ajustes
antecipatórios, resposta usual quando se sabe que se irá sofrer alguma manobra desestabilizadora, já que estes ajustes são comuns
nos idosos e são fisiológicos, inibindo uma resposta de instabilidade. A manobra deve ser realizada com duas a três pressões firmes,
feitas com a face palmar dos dedos da mão do profissional no esterno do indivíduo testado de forma a desestabilizar seu equilíbrio
ortostático. O profissional deve ficar ao lado do indivíduo testado para garantir sua estabilidade.
Virar o pescoço: Solicita-se a rotação do pescoço e elevação da cabeça. É realizada solicitando ao indivíduo que acompanhe
deslocamento de uma caneta na mão do avaliador que permanece à sua frente.

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Teste de Poma para avaliar risco de quedas em idosos 211

Apoio unipodal: Solicita-se que o indivíduo fique apoiado em apenas um membro inferior e que o outro pé chegue até a altura do
joelho contralateral. Permite-se que ele faça com qualquer membro pois, assim, ele utilizará o membro que tem maior confiança.
Extensão da coluna: Pede-se ao indivíduo testado que olhe para cima e para trás, em direção ao teto, inclinando a coluna. O
profissional deve ficar ao lado do indivíduo testado para garantir sua estabilidade. A tarefa de extensão de coluna recebe maior
escore ao apresentar angulação superior a 20°, estimada visualmente.
Alcance para cima: Na tarefa de alcance superior solicita-se ao indivíduo que fique nas pontas dos pés e não apenas se alongue
para alcançar o objeto. Caso a tarefa seja realizada apenas com alongamento, o indivíduo recebe o grau médio de resposta. Essa
tarefa é realizada solicitando que o idoso alcance um objeto tal qual uma caneta, elevada a uma altura que ultrapassasse a sua
altura com o braço estendido.
Inclinar-se para frente: A tarefa de inclinar-se para frente é feita com a solicitação de que o idoso apanhe uma caneta colocada
no chão à sua frente, centímetros das bordas anteriores dos pés (hálux). Sua base de sustentação deve ser a largura dos quadris, sem
aumento ou diminuição.
Sentar: Permite-se ao indivíduo que realize a tarefa como ele achar melhor. Entretanto, é comum que ele utilize as mãos
como forma de aumentar sua segurança, já que a cadeira se encontra atrás dele. Essa atitude não deve ser considerada como
instabilidade, devendo ser avaliada apenas a suavidade do movimento.

Tarefas do teste de marcha:


- Apesar de recomendado por Tinetti, a realização do teste com a marcha rápida, fica a critério do avaliador, já que oferece maior
risco para o idoso e, como alguns autores relatam, não reproduz a realidade das AVDs. Além disso, deve-se avaliar a marcha de
diversas posições e, muitas vezes, estar distante do indivíduo para que se percebam algumas alterações. Portanto, o avaliador deve
observar a necessidade do aumento da velocidade da marcha. De acordo com a literatura, a marcha que se deve solicitar durante
um teste deve ser aquela com a velocidade preferida do cliente já que é nesta condição que ele irá refletir a sua cadência e passo
próprios, preferidos e otimizados.
- As tarefas da tabela de marcha são verificadas por meio da solicitação de deambulação contínua pelo trajeto, por um número
necessário de vezes até que os avaliadores terminem suas avaliações. Uma segunda pessoa deve se posicionar ao final do trajeto
para garantir a segurança do indivíduo testado.

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