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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM – MÓDULO I

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

APOSTILA DE CUIDADOS COM IDOSOS

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ENVELHECIMENTO E ASSISTÊNCIA GERIÁTRICA

No Brasil e no mundo, a parcela da população com idade acima de sessenta anos está
crescendo em um ritmo mais acelerado do que qualquer outro grupo etário. Historicamente, o
número de crianças sempre foi superior ao número de idosos. Porém, espera-se que em 2050 o
percentual da população mundial acima de sessenta anos ultrapasse o percentual de jovens de
até 14 anos. No Brasil, essa transição deve ocorrer já em2030.

Gráfico 01 - Proporção da população com idade até 14 anos e acima de sessenta anos, 1980-2070

O processo de evolução demográfica das sociedades é usualmente descrito em quatro


etapas. Na primeira, a taxa de nascimento e a taxa de mortalidade são altas, resultando em baixo
crescimento populacional e estrutura etária com formato de pirâmide, com muitas crianças e
pouca população idosa. Na segunda etapa, a queda da mortalidade infantil combinada com a
manutenção de altas taxas de fertilidade provoca crescimento populacional, potencialmente com
um efeito virtuoso, o chamado “bônus demográfico”, uma vez que cresce a proporção da
população em idadeativa.

Na terceira etapa, o fato relevante é a queda na taxa de fertilidade, estreitando a base da


pirâmide e empurrando para cima a média de idade da população. Por fim, na quarta, a
mortalidade e a fertilidade são baixas e estáveis, o crescimento populacional estabiliza-se e a
estrutura etária torna-se quase retangular, com maior peso da população idosa, marcada pelo
fenômeno do envelhecimento populacional.

O envelhecimento populacional pode ser explicado por dois fatores-chave: o aumento da


expectativa de vida e a queda da taxa de fecundidade. Nos últimos anos, o mundo assistiu a uma
grande elevação da expectativa de vida ao nascer de sua população. Nos anos 1950, a

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expectativa de vida era de 46,8 anos. Em 2015, esse indicador passou para 70,4, e espera-se que
em 2030 chegue a 74,5 anos.

A relação entre a porcentagem de idosos e de jovens é chamada de “índice de


envelhecimento”, que deve aumentar de 43,19%, em 2018, para 173,47%, em 2060. Esse
processo pode ser observado graficamente pelas mudanças no formato da pirâmide etária ao
longo dos anos, que segue a tendência mundial de estreitamento da base (menos crianças e
jovens) e alargamento do corpo (adultos) e topo (idosos).

O Brasil segue a tendência mundial, sendo projetada para 2030 uma expectativa de vida
populacional média de 79 anos. Esse aumento da expectativa de vida ao nascer é causado
conjuntamente pela redução da mortalidade infantil e pela maior sobrevivência em idades mais
avançadas. Na maior parte do mundo que ainda passa pela primeira transição demográfica, a
redução da mortalidade infantil foi o fator preponderante para elevar a expectativa de vida. Nos
países desenvolvidos, onde o patamar de mortalidade infantil é baixo, o fator de maior impacto foi
o aumento da sobrevivência dos idosos.

Gráfico 02 - Taxa de mortalidade infantil a cada mil nascidos vivos, real e projetada – mundo,
Brasil e países desenvolvidos, 1950-2070
Essa redução significativa da taxa de mortalidade infantil ocorreu graças a um conjunto de
fatores que incluiu a urbanização, a melhoria das condições sociais da população (com destaque
para o avanço relativo do saneamento básico) e uma série de ações de saúde pública, como a
maior atenção ao pré-natal, ao aleitamento materno e à vacinação, a introdução de agentes
comunitários de saúde e a Estratégia de Saúde da Família.

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SÍNDROMES GERIÁTRICAS

A saúde do idoso está estritamente relacionada com a sua funcionalidade global, definida
como a capacidade de gerir a própria vida ou cuidar de si mesmo. O idoso é considerado
saudável quando é capaz de funcionar sozinho, de forma independente e autônoma, mesmo que
tenha doenças. Desta forma, resgata-se o conceito de saúde estabelecido pela Organização
Mundial de Saúde como sendo o mais completo bem-estar biopsicossocial-cultural-espiritual, e
não simplesmente a ausência de doenças. Essa capacidade de funcionar sozinho é avaliada por
meio da análise das atividades de vida diária (AVDs), que são tarefas do cotidiano realizadas pelo
paciente.

As AVDs avaliam o grau de autonomia e independência do indivíduo. A autonomia é a


capacidade individual de decisão e comando sobre as suas ações, estabelecendo e seguindo as
próprias regras. Significa capacidade para decidir e depende diretamente da cognição e do humor.
A independência refere-se à capacidade de realizar algo com os próprios meios. Significa
execução e depende diretamente de mobilidade e comunicação. Portanto, a saúde do idoso é
determinada pelo funcionamento harmonioso de quatro domínios funcionais: cognição, humor,
mobilidade e comunicação. Tais domínios devem ser rotineiramente avaliados na consulta
geriátrica.

Gráfico 03 - Domínios de Saúde do Idoso

A perda dessas funções resulta nas grandes síndromes geriátricas: incapacidade cognitiva,
instabilidade postural, imobilidade e incapacidade comunicativa. O desconhecimento das
particularidades do processo de envelhecimento pode gerar intervenções capazes de piorar o
estado de saúde da pessoa idosa - a iatrogenia, que representa todo o malefício causado pelos
profissionais da área de saúde. A incontinência urinária também é reconhecida como uma das
grandes síndromes geriátricas. Ela afeta a independência do indivíduo, comprometendo,
indiretamente, a função mobilidade. O idoso com incontinência esfincteriana sofre limitação de sua
participação social, em virtude da insegurança gerada pela perda do controle miccional.

A família, por sua vez, é outro elemento fundamental para o bem-estar biopsicossocial e
sua ausência é capaz de desencadear ou perpetuar a perda de autonomia e independência do
idoso (insuficiência familiar).

Os idosos são vítimas em número significativo de síndromes semelhantes,


independentemente de doenças específicas 1, denominadas gigantes da geriatria. Descritas
inicialmente por Isaacs3, as grandes síndromes geriátricas não incluíam a incapacidade

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comunicativa e a insuficiência familiar. A sua inclusão deve ser contemplada, pois são síndromes
frequentes e que atuam diretamente na saúde do idoso, totalizando os 7 "Is" da Geriatria.

Gráfico 04 - As Grandes Síndromes Geriátricas

Conceitos Básicos

a) Geriatria
“Ramo da medicina que se dedica ao idoso, ocupando-se não só da prevenção, do
diagnóstico e do tratamento das suas doenças agudas e crônicas, mas também da sua
recuperação funcional e reinserção na sociedade.”

b) Gerontologia
“Ciência que estuda o envelhecimento nos seus aspectos biológico, psicológico e
social, como ciência pura, básica ou acadêmica.”
Apesar de a sua definição deixar claro que se trata de uma ciência pura e não
aplicada, o certo é que, na Europa, emprega-se o termo, freqüentemente, englobando um
conteúdo assistencial: a assistência social aos idosos. Por extensão, as instituições e centros que
prestam este apoio social denominam-se centros gerontológicos. Para clarificar conceitos e
adaptá-los à realidade, sugeriu-se a denominação gerontologia socialassistencial.

c) Assistênciageriátrica
“Conjunto de níveis assistenciais hospitalares, extra-hospitalares e sociais, que
respondem escalonadamente, em determinada área da saúde, ás diferentes situações, de doença
ou necessidade, dos idosos.”
É um conceito amplo e fundamental, onde se podem ver representados todos os
profissionais que trabalham com idosos.

d) Envelhecimento
“Conjunto de alterações que os seres vivos sofrem com o decorrer do tempo.”
O envelhecimento de algumas populações é um fenômeno sem precedentes na
história da humanidade. Deve-se à diminuição da natalidade, juntamente com o aumento da
expectativa de vida. O percentual de indivíduos com mais de 65 anos é superior a 10 a 15%. No
entanto,omaiscaracterísticoéoaumentodosindivíduoscomidadesuperiora80anos

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(envelhecimento do envelhecimento), grandes candidatos a sofrerem de doenças e


incapacidades.

e) Esperança ou expectativa devida


“Tempo médio de vida que resta a um indivíduo, num dado momento.”
Embora a mais comum seja a que se estima ao nascer, pode ser aplicada a qualquer
idade, com um interesse evidente no caso do idoso. Por exemplo, se para um mulher de 85 anos
a expectativa de vida é de cerca de 6 anos, o conhecimento deste valor é importante para a
tomada de decisões quanto ao que se pode fazer, ou deixar defazer.
Assim, pode ser entendida como o tempo médio que resta de vida sem incapacidade
(ou vida ativa), com incapacidade leve, com grande incapacidade, ou com internação em qualquer
tipo de instituição (quadro 1.1), o que resulta de interesse crucial na hora do planejamento de
atividades.

Quadro 1.1 Anos de esperança de vida


Mais de 65 anos Mais de 85 anos
Homens Mulheres Homens Mulheres
EV total 14,44 18,50 5,15 6,44
EV ativa 11,87 13,61 2,25 2,55
Incapacidade leve 0,77 1,46 0,69 0,93
Grande incapacidade 0,74 1,33 0,67 0,99
Internação 0,54 1,36 0,84 1,69
EV: esperança de vida.
Fonte: Estudo Nacional dos Cuidados de Longa Duração nos EUA 1982/1984, 1983.
NCHS: tabela 25.

O RELACIONAMENTO ADEQUADO E A ATITUDE CORRETA PARA COM OS


IDOSOS

A doença constitui em si mesma, uma ameaça que gera uma situação de


insegurança, tanto no paciente como no seu ambiente familiar e social. A tecnocracia na medicina
e a personalização que acompanha a massificação dos hospitais fazem com que o paciente se
sinta inferiorizado diante de uma situação que não domina.

1. Peculiaridades daHospitalização
o Produz-se uma ameaça geral à vida, à saúde e à integridadefísica.
o Aparecem sintomas desagradáveis, como dor, dispnéiaetc.
o Frustram-se planos e esperanças, e o paciente é alvo de incertezas em relação ao
presente e ao futuro. As relações familiares e o modo de vida do paciente modificam-se de modo
considerável.
o O idoso encontra-se em um meio estranho e desconhecido. No seu quarto, sem darem
explicações, entram pessoas cujas funções ele desconhece e cuja conduta, às vezes, não
entende.
o Logo que chega ao hospital, retiram-lhe as roupas e objetos pessoais (próteses
dentárias e auditivas, óculos), vestindo-lhe um pijama ou bata igual aos dos outros pacientes,
uniforme que pode ser humilhante. P paciente terá de submeter-se a normas estabelecidas, sendo
outros os que decidem quando deve levantar-se, comer, dormir ou receber visitas. Os
procedimentos diagnósticos e terapêuticos podem ser agressivos: punções, sondagens, enemas,
dietas especiais, restrição de movimentos, interrupção do sono no meio da noite para colocação
do termômetro, ou para a administração de um fármacoetc.

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o Com freqüência, não é respeitada a sua intimidade durante os exames, a higiene, a


realização de tratamentos ou nobanheiro.

2. Reações Face àDoença


Nos idosos, a experiência da doença e a mudança para um novo ambiente podem
induzir estados de ansiedade, raiva, negação, tristeza, desesperança, culpa, regressão ou
confusão. A pessoa perde o controle da sua vida, tendo dificuldades em resolver os seus
problemas e em tomar decisões. No seu foro íntimo, pode ficar o medo da solidão, da
dependência, da dor e da morte.
A ansiedade é uma resposta emocional normal à percepção de uma ameaça, seja esta
real ou imaginária. A pessoa sente-se inquieta, desesperançada e insegura, até que entra em
pânico. Todos estes sentimentos são muitos influenciados pelas relações com os demais e pela
própria personalidade.
Se a ansiedade é muito intensa, a percepção altera-se e a pessoa sofre. Pode
manifestar-se com reações emocionais, ou com reações fisiológicas que afetam as funções
orgânicas (quadro de somatização), ou em forma de queixas intermináveis e agregação de novos
sintomas (pacientes hipocondríacos). O paciente reage pondo em marcha mecanismos de
adaptação que podem tornar-se ineficazes se são adotados comportamentos inadequados, já que
estes às vezes dificultam a procura de ajuda, embora também sirvam para manter o equilíbrio
psicológico.
Se o paciente apresenta muitas complicações ou está inconsciente, a família pode
vivenciar receios semelhantes, expressos em forma de exigência excessiva, reticência em
colaborar e desconfiança em relação a quem trata do paciente.

Mecanismos de Adaptação Face à Doenças

Colaboração
O paciente tem interesse em manter-se vivo, colabora e suporta todos os
procedimentos. Podem ser indivíduos que tenham sido bastante felizes. Muitos idoso respondem
desta maneira às situações de doença.

Negação
Nas primeiras etapas da adaptação, aprece frequentemente o mecanismo de defesa
de negar o próprio estado. O paciente não agradece a informação, nem as recomendações,
dando menor importância aos sintomas. Pode mostrar-se preocupado com problemas
insignificantes, menosprezando aqueles que de fato sãograves.
Alegria injustificada ou a falta de interesse indicam também negação. Muitos idosos
não gostam de conversar com outros colegas, evitando assim identificar-se comeles.

Raiva e hostilidade
Os pacientes que dependem de outros para as suas atividades cotidianas são
propensos a um caráter dominante e violento. Os episódios de violência podem ocorrer quando o
paciente está sujeito a uma obrigação, quando se submete a normas muito restritivas, ou quando
se viola a sua intimidade.
O paciente pode sentir-se muito irritado, magoado ou furioso. Devem-se levar em conta
as manifestações de comunicação não-verbal, como punhos cerrados, formas de olhar e o tom de
voz. Pode mostrar-se questionador, exigente, provocador, desrespeitador ou sarcástico. Critica
permanentemente quem o trata, atacando as pessoas de quem depende. Pode chegar a agir com
violência, arremessando a bandeja de refeição ou gritando.
Frequentemente, a raiva é descarregada sobre alguém ou algo distinto daquilo que
originou a frustração e que tenha menos probabilidade de reagir. Um paciente poderá estar muito
descontente com seu médico, mas não se atreve a queixar-se com receio de receber piores

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cuidados, pelo que dirigirá a sua agressividade para o enfermeiro ou auxiliar. Este tipo de conduta
aumenta a frustração do paciente, que se sente incompreendido, gerando-se um círculo vicioso.

Rebeldia
A atitude de rebelião e dominação pode ser indicadora de insegurança. O paciente
aproveita qualquer ocasião para externar seus receios e aceita com dificuldade a dependência
necessária para se manter de repouso ou tomar a medicação prescrita.

Exigência e pedido
A necessidade de aceitação, de sentir-se estimado e diferente é demonstrada por um
irresistível desejo de atrair a atenção e o interesse. O paciente exigente chama frequentemente o
pessoal, monopolizando-o com conversas extensas. Tudo isso esconde uma necessidade de ser
aceito.
Deve-se ter em mente que o paciente ansioso, que faz contínuos pedidos, pode sentir
realmente os sintomas que refere. No entanto, se tenta satisfazer todas as solicitações de
dependência do paciente, verifica-se que é insaciável, e conseguir o equilíbrio é difícil.

Isolamento e introversão
O paciente retrai-se e evita a relação com os demais, passa longos períodos dormindo,
ou com as portas fechadas, não querendo compartilhar seus sentimentos.
Um certo grau de isolamento é necessário na adaptação a doença, mas converte-se
em conduta patológica quando se intensifica ou se prolonga em excesso. Um paciente que se
sinta triste ou abandonado pode deixar delutar.

Dependência e regressão
A incapacidade de ser auto-suficiente dificulta a tomada de decisões sobre o futuro,
propiciando a renúncia à própria responsabilidade. Alguns idosos delegam totalmente a
responsabilidade aos profissionais ou familiares. São pacientes dependentes que procuram
orientação, o que reforça a sua convicção de que são incompetentes e irresponsáveis.
Podem ocorrer condutas regressivas com comportamentos infantis, como incontinência
do esfíncter, recusa de comer ou tomar os medicamentos etc.
Os pacientes que se encontram, por vontade própria, neste estado podem querer
continuar nele indefinidamente.

Relacionamento entre o Profissional e o Idoso

A atuação técnica tem que ser acompanhada de uma boa prática profissional. A
relação que se estabelece com o paciente não deve ser fruto da causalidade. O paciente tem
necessidades, sendo nosso dever oferecer capacidadeprofissional.
Os profissionais de saúde que se dedicam ao atendimento de pessoas idosas
frequentemente adotam condutas inadequadas que devemosevitar:
o Uma atitude freqüente, reflexo de um preconceito social, é tratar os idosos como se
fossem crianças irresponsáveis, assumindo condutas paternalistas e de compaixão, negando-lhes
a sua individualidade e capacidade como interlocutores capazes. É freqüente ouvir expressões
como “pobrezinho”, “que pena”... Esta atitude intensifica-se quando o estado físico ou mental do
paciente está muito deteriorado.
o Na nossa sociedade, predomina o culto à juventude. Para quem ainda não atingiu, a
velhice é a velhice dos outros: “o idoso que está diante dos nossos olhos foi sempre assim, não
tem passado”.
Os idosos são frequentemente considerados como inválidos, tolos, egoístas,
decadentes, teimosos, atributos que eles próprios aceitam como seus. Jovens e adultos, inclusive
profissionais de saúde, e quase sempre com boa intenção, decidem sobre a vida dos idosos e
adotam atitudes autoritárias que intensificam a dependência e deterioram a confiança do paciente.

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Não é raro cair na tentação de criticar, dar sermões, conselhos ou formular expressões
de falsa tranquilização, como “não se preocupe”, “não está acontecendo nada”, “está tudo bem”.
As manifestações de comunicação não-verbal inadequadas podem ser muito contraproducentes
(falta do contato visual, posturas que demonstram pressa etc.).
o Por vezes, estimulam-se e apóiam-se mecanismos de adaptação inadequados, como
atitudes de negação e de introversão, ou não se diminui gradualmente a proteção, facilitando-se
assim quadros dedependência.
o Violar a distância afetiva que permita manter a objetividade pode levar a situações
ambíguas e difíceis de resolver (necessidade de superproteção e tratamento especial, ou
manifestaçõesobscenas).
o Há certa tendência a interromper as manifestações de dor ou o silêncio, tanto dos
pacientes como dos seus familiares, quando, na verdade, são mecanismos de adaptação
absolutamente normais que facilitam odesabafo.
o O profissional com sobrecarga de trabalho pode sentir-se frustrado ou ofendido com
certas atitudes do paciente, mostrando-se hostil ou indiferente. É possível que o pessoal de saúde
sinta-se incomodado no tratamento de pessoas idosas que têm determinadas doenças, pela sua
dificuldade, por seus próprios medos. A manifestação direta desta situação par com o paciente é
inaceitável, mas não reconhecê-la poderia causar impedimento e uma prática profissional
incorreta.

Atitude Correta
Os idosos devem receber cuidados de qualidade, com o mesmo apoio dos demais
indivíduos, sem discriminação pela idade. Embora, em muitos casos, não possam recuperar
plenamente a saúde, a eles deverão sempre ser proporcionados os meios que garantam o seu
bem-estar e conforto.
É necessário que o profissional conheça e compreenda os mecanismos de que dispõe
o paciente para enfrentar a doença, dominando seus sentimentos, em vez de fazer represálias ou
de se retrair. Não se deve esquecer que um paciente ansioso ou “difícil” está manifestando
conflitos não-resolvidos.
Quando o profissional sente falta de apoio e desesperança, deve compartilhar esse
sentimento com os colegas de equipe, de modo a manter seu próprio equilíbrio.
O contato com idosos estabelece, obrigatoriamente, o caráter transitório da vida,
provoca sentimentos de angústia e de impotência que, uma vez assumidos, permitem uma
relaçãoenriquecedora.

5.1 Recomendações úteis na vida diária

o Aceitar a pessoa como ela é, sem juízos nemcríticas.


o Agir de modo sereno e competente; proporcionar uma forma de tratamento respeitosa,
amável e humana, embora firme.
o Chamar o idoso pelo nome, personalizando o mais possível a sua assistência. O
tratamento “você” não é conveniente, exceto se o paciente solicitar.
o Não empregar uma linguagem infantil para comunicar-se com o idoso; isto é
humilhante e pode menosprezar a sua auto-estima, já comprometida pela sua incapacidade e
dependência. Não dar mostras de excessiva confiança a um paciente desconhecido, pelo fato de
se tratar de um idoso e de estar em uma situação defragilidade.

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o O profissional deve identificar-se pelo


nome e especialidade, principalmente diante de
pacientes com visão diminuída que dificulte o
reconhecimento imediato. É preferível que o
paciente seja sempre atendido pelos mesmos
profissionais.
o Respeitar a individualidade dos idosos,
uma vez que não são todos iguais, apesar de
fisicamente parecidos. Seu aspecto pode mostrá-los
como feios e frágeis, mas alguns têm grande
agilidade e lucidez mental, muito senso de humor e
uma personalidade que os torna únicos e diferentes
entre si. Os idosos não têm que ter opiniões ou
reações iguais; é um erro pressupor seus
pensamentos.
o Estar disponível para escutar, dar apoio e esclarecer. Deve-se incentivar o paciente a
tomar suas próprias decisões. Afirmações francas como “o senhor parece triste”, “isto deve ser
muito difícil” pode m favorecer a comunicação. É preciso dedicar tempo e mostrar interesse pelas
preocupações do paciente e de sua família, sempre que estes desejemconversar.
o O idoso costuma responder com calma, intercalando pausas. A conversação deve ser
feita sem pressa e sem pressões, deixando-lhe tempo suficiente para as respostas. Uma pessoa
que fala lentamente, ou que em alguns momentos está confusa, não necessariamente dará
informações incorretas.
o Responder às perguntas de forma simples,
breve, e lentamente. Informação em excesso poderá
criarconfusão.
o Manter o contato visual e tátil com o
paciente, por exemplo, segurando-lhe a mão, ao falar
com ele. Dirigir-se diretamente ao paciente e não ao
acompanhante, evitando que se mantenham, à sua
volta, conversas que não lhe digam respeito. (figs. 2.1
e 2.2)
o Não elevar a voz, a menos que o paciente
tenha uma hipoacusia. Falar em tom baixo e reduzir os
estímulos doambiente.
o Os pacientes inconscientes devem ser tratados como se estivessem acordados, ou
seja, deve-se chamá-los pelo nome e explicar-lhes os cuidados que serão tomados, em tom de
voz suave etranqüilizador.
o O paciente recém-internado necessita de uma boa acolhida, e de que lhe
proporcionem a informação necessária sobre o ambiente físico que o rodeia (localização do
banheiro, da campanhia, da luz, dos corredores etc.). Apresentá-lo aos seus companheiros
propicia maiorconfiança.
o Respeitar a intimidade, saindo discretamente no momento oportuno, quando o idoso
usa o vaso sanitário, recebe visitasetc.
o Estabelecer um plano de cuidados diários, que se desenvolva de forma sistemática.
Isto permite que o idoso conheça seu horário de atividades, o que lhe proporciona segurança. Os
objetivos estabelecidos devem ser modestos e de curto prazo. Devem-se levar em conta os seus
hábitos e preferências, até onde forpossível.
o Estimular o idoso a intervir nos seus cuidados, dando-lhe tempo suficiente para que
complete as atividades. Ele deve ser ajudado apenas quando necessário, reforçando os pequenos
insucessos mediante o reconhecimento da sua colaboração e da sua experiência. Ajudar é
sinônimo de facilitar ou colaborar, não de substituir, embora poupe tempo e, às vezes, seja
imprescindível.
o Mostrar otimismo e interesse pelo bem-estar do idoso e de sua família: a imaginação e
o entusiasmo são contagiantes (realismo otimista).

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CARACTERÍSTICAS DAS DOENÇAS EM GERIATRIA

É importante assinalar que não existem doenças próprias do idoso, embora se coloque,em
algumas, o apelido de senis, como acontece com a demência ou a osteoporose. Estas doenças
podem manifestar-se em outras idades, mas são muito mais freqüentes neste grupoetário.
A deterioração de órgãos e sistemas, que se produz com o envelhecimento, é
acompanhada de perdas no âmbito social (aposentadorias, isolamento), econômicas e familiares
(falecimentos, doença de pessoas próximas). Tudo isto gera medo, insegurança e dificuldades no
acesso aos recursos de saúde e sociais.
A peculiaridade das doenças geriátricas apóia-se na deterioração que acarreta sobre os
aspectos funcional, mental e social do idoso.
Funcional: pode aparecer uma incapacidade para as atividades básicas da vida diária
(deambulação, alimentação, higiene, mudanças, vestuário e continência), assim como para as
chamadas atividades instrumentais (tarefas domésticas, uso do transporte, manuseio do dinheiro
e controle da própria medicação). Estas atividades são fundamentais para garantir a autonomia do
idoso. A situação de incapacidade varia, dependendo do grau em que as atividades se vejam
afetadas.
Mental: as doenças podem afetar em nível cognitivo, limitando a memória e a capacidade
de raciocínio e abstração, e em afetivo, predispondo àdepressão.
Social: o aparecimento de uma doença pode condicionar a internação em um lar de idosos,
a necessidade de ajuda domiciliar e a impossibilidade de viversó.
As três dimensões estão intimamente relacionadas no paciente geriátrico.
Os idosos apresentam patologias com uma freqüência muito elevada (segundo algumas
estatísticas, até 80%). Frequentemente, coexistem mais de uma doença (pluripatologia). Nos
quadros 3.1 e 3.2 estão apresentadas as doenças mais comuns no idoso e as que geram mais
incapacidade.

Quadro 3.1 Doenças mais freqüentes em geriatria

Reconhece-se uma série de problemas que, pela sua prevalência e relevância,


denominam-se grandes síndromes geriátricas já descrita anteriormente. A sua importância
consiste no fato de que, podendo ser fruto de muitas patologias distintas, requerem tratamento
específico.

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Características Específicas das Doenças

Sintomas
Sintomas tênues e atípicos
o Comparadas com o que acontece com os jovens, as doenças em geriatria podem ser
pouco sintomáticas; por exemplo, muitas infecções podem evoluir sem febre. A dor é outro
sintoma que, às vezes, mostra-se atenuado ou mesmo inexistente, por exemplo, num infarto do
miocárdio.
o Os sintomas são menos claros, as doenças aparecem de forma atípica; por exemplo,
uma infecção urinária pode manifestar-se com um quadro de confusãoaguda.
Adaptação à doença
Ocasionalmente, os idosos adaptam seu modo de vida à doença, o que dificulta a
identificação do problema. Por exemplo, um paciente com insuficiência cardíaca, que sofra de
dificuldade respiratória com o esforço, diminui progressivamente a sua atividade, e o sintoma
permanece oculto; igualmente, um idoso com demência, que se perde na rua, deixa de sair.
Sintomas sobrepostos
Os idosos podem sofrer de várias doenças ao mesmo tempo, tornando-se difícil
detectar novos sintomas. É de importância capital reconhecer o problema que desajustou o
complexo equilíbrio da saúde dos nossos pacientes.

Diagnóstico
Dificuldade de obter a história clínica
Devida às apresentações atípicas, os problemas de comunicação por afasia ou por
déficit sensorial (surdez), e porque muitos sintomas considerados normais para a idade têm a sua
importância subestimada.

Detecção de patologia oculta


Freqüentemente, após estudar-se a patologia que motivou a consulta, aprecem
outros problema que estavam ocultos.
O acesso a exames diagnósticos
Não deve ser limitado nos idosos, devido à sua idade. Após uma avaliação
adequada, deve-se fazer um balanço do risco/benefício dos possíveis exames, decidindo-se ou
não pela sua realização, em cada caso.
Maior dificuldade para alguns exames diagnósticos
Muitos exames não podem ser levados a cabo com eficácia nos pacientes
geriátricos, por circunstâncias como a imobilidade, colaboração deficiente ou efeitos secundários.

Tratamento

Prioridades
O tratamento indiscriminado da pluripatologia pode provocar mais prejuízo que
benefício. Deve-se dar prioridade ao tratamento de situações reversíveis, antes que se tornem
crônicas.

Suscetibilidade aos efeitos secundários


Os idosos são mais suscetíveis aos efeitos secundários, Às interações e aos erros na
dosagem de medicamentos. Deve-se utilizar o menor número possível de fármacos e os de
dosagem mais simples, e assegura-se de que o idoso ou sua família compreenderam
perfeitamente o esquema para tomá-los.

Condutas superprotetoras
São freqüentes entre familiares e cuidadores, podendo ser prejudiciais, uma vez que
limitam o processo de reabilitação. Quando o paciente começa a restabelecer-se, basta ajudá-lo e
supervisionar a usa atividade, em vez de realizá-la por ele, embora isso possa exigir mais tempo.

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Repercussão sobre a situação anterior


Pretende-se que a doença afete minimamente a vida do idoso. Para tal, podemos atuar
sobre diferentes aspectos:
o Promover ao máximo a mobilização e a autonomia, tanto quanto a situação física
permita. O paciente devera ser motivo a realizar as atividades de autocuidado: vestuário, higiene,
ir ao vaso sanitário...
o Reabilitação das capacidades perdidas em conseqüência da doença. São de
importância vital a fisioterapia e a terapia ocupacional centrada nas atividades da vidadiária.
o Evitar que o paciente fique isolado e sem estímulos, para prevenir estados depressivos
e síndromes confusional. É necessário tratar esses pacientes de maneira afetuosa e com respeito,
facilitando as visitas de familiares e amigos, assim como organizar atividades recreativas e
lúdicas.
o Adaptar o ambiente que envolve o idoso à sua incapacidade, para que ele possa
reintegrar-se ao seu local de origem. Isto implica algumas modificações no lar, como apoios de
mão no banheiro....
o A ajuda de instituições, de voluntariado, de teleassistência permite que os idosos
incapacitados permaneçam no seudomicilio.

Limitação no acesso aos tratamentos


A idade não deve condicionar o acesso aos diferentes tratamentos, tais como cirurgia
ou medicação. As decisões neste sentido são baseadas na avaliação geriátrica e, evidentemente,
na opinião do paciente quando está bem-informado.

Doença terminal
Em geriatria, são muito freqüentes as situações clínicas irreversíveis, como o câncer
sem tratamento curativo possível ou demência muito avançadas. Quando não se consegue a cura
do paciente, é obrigatório um tratamento sintomático, assim como o apoio psicológico e social ao
paciente e à sua família.

A formação de cuidadores e familiares


É um aspecto fundamental para garantir a continuidade dos cuidados que o idoso
requer.

Prognóstico e complicações

Pior prognóstico
Nos idosos, as doenças podem ter um prognóstico menos favorável do que nos jovens,
já que afetam um organismo mais deteriorado e com pluripatologia. O prognóstico tem estreita
relação com o tipo de doença, a terapêutica e o estado prévio do paciente, e não tanto com o fato
de se tratar de um paciente idoso.

Evolução mais lenta


A cura completa requer mais tempo e, frequentemente, é necessário um período de
reabilitação para evitar a deterioração funcional.

As complicações são mais habituais


São freqüentes a imobilidade, a incontinência, quadro confusional agudo, depressão,
quedas, ulceras de pressão, desnutrição e prisão de ventre.

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM – MÓDULO I

ALTERAÇÕES RELACIONADASCOM O ENVELHECIMENTO

O envelhecimento não constitui uma doença, mas pode determinar um grande número de
transtornos. É um processo natural, no qual influem tanto a herança genética quanto o estilo de
vida, o ambiente etc.
Na prática clínica, devemos distinguir quando a alteração é “normal” (devida ao
envelhecimento) e quando não o é (devida a uma doença).
O envelhecimento do organismo não se produz de forma homogênea. Afeta todos os seus
órgãos e sistemas, embora nem todas as pessoas envelheçam da mesma maneira, nem no
mesmo ritmo.
No organismo, registra-se uma serie de alterações, tanto físicas quanto psicológicas e
funcionais.
A seguir serão descritas algumas alterações relacionadas ao envelhecimento.

1. Pele eAnexos
Um dos sinais mais evidentes da passagem dos anos é a mudança que se produz no
aspecto da face. Aparecem as rugas, caem as maças dos rosto, acentuam-se as pregas. É
também freqüente o aparecimento dos cabelos brancos e da calvície. Produz-se uma perda
gradual de folículos pilosos no couro cabeludo, na região axilar e púbica. Paradoxalmente, nas
mulheres é estimulado o aparecimento do véu facial (hipertricose).
Diminui a sudação, com aumento da secura cutânea e menor adaptabilidade às alterações
atmosféricas, em especial ao frio.
As unhas tornam-se mais frágeis, fissuram e partem-se com mais facilidade. Crescem mais
lentamente, mas em alguns casos, engrossam de modo peculiar (hiperceratose ungueal),
principalmente as dos pés.

2. Olhos
Os olhos tendem a afundar-se por diminuição da gordura orbitária. Aparece o arco senil de
coloração acinzentada, ocasionada pela acumulação de lipídios.
Devido à perda de elasticidade do cristalino e da conseqüente capacidade de
acomodação, produz-se uma redução da capacidade de focagem de objetos próximos, o que
obriga à utilização de óculos para ler, escrever, coseretc.
A diminuição do tamanho da pupila, que adquire forma irregular, e a diminuição na
velocidade de resposta à luz são alterações que explicam a deficiente adaptação aos locais
escuros e às bruscas mudanças de iluminação.

3. Ouvidos
O tímpano torna-se mais espesso e acumula cerume, com formação de tampões.
Com a idade, o ouvido interno e o nervo auditivo sofrem um processo de degeneração,
com perda da capacidade auditiva para altas freqüências. Este transtorno, chamadopresbiacusia,

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM – MÓDULO I

impede a audição das consoantes, de acordo com o ruído ambiente, tornando a conversação
incompreensível: “ouvem, mas não compreendem”.

4. Boca
A boca tende a secar em função da menor produção de saliva e de alteração na sua
qualidade.
Também diminui o paladar, tornando-se mais lento o reflexo nauseativo, com aumento das
possibilidades de engasgamento.
As gengivas ficam mais finas, diminuindo a sua superfície, reduzindo-se a sua capacidade
de suportar a pressão de uma prótese dentária e lesando-se com maior facilidade.
Os dentes tendem a separa-se, sendo freqüente a sua perda progressiva, por diferentes
motivos. Podem também tornar-se mais escuros, devido à perda do esmalte e aos depósitos
minerais.

5. Nariz
Com freqüência, aumenta o tamanho do nariz, perde-se a capacidade olfativa, e os pêlos
aumentam em número e em grossura.

6. ConstituiçãoCorporal
Reduz-se a massa muscular total, enquanto aumenta a gordura corporal, o que provoca
alterações no peso e no aspecto, até mesmo 50% do peso corporal. Isto explica a grande
facilidade com que os idosos se desidratam, tanto por perda de água como por diminuição da
sede ou dificuldade de ingerir líquidos.

7. SistemaMusculoesquelético
Produzem-se alterações nos músculos, nos ossos e nas articulações, que repercutem
tanto na forma como na mobilidade e nas atividades da vidadiária.
Origina-se uma perda geral de massa óssea (osteopenia), sobretudo na mulher a partir da
menopausa. Os ossos mais frágeis (devido à osteoporose que se instala) tornam-se mais
predispostos a fraturas; a deformação das vértebras (em forma de cunha) contribui para a postura
“curvada” do idoso.
O envelhecimento repercute, fundamentalmente, na mobilidade das articulações. Outro
efeito observado é a diminuição da estatura (aproximadamente 5 cm no homem e 3 cm na
mulher).
A perda progressiva de massa muscular, assim como o endurecimento e rigidez dos
tendões resultam na diminuição da força, do tônus e da velocidade de contração, pelo que os
movimentos ficam mais lentos e a capacidade de reação diminui. A marcha modifica-se devido a
um aumento da base de sustentação e diminuição do movimento dos braços ao longo do corpo.

8. AparelhoRespiratório
A redução da função pulmonar com o
envelhecimento altera a capacidade de defesa do
pulmão, que se torna mais vulnerável.
A cavidade torácica, a mobilidade vai
diminuindo, com limitação da expansão inspiratória,
devida à debilidade muscular, ao “encurvamento”
progressivo, às alterações articulares e à calcificação
das cartilagenscostais.
O aumento do lúmen, a diminuição dos cílios e
do seu movimento, o aumento de tamanho da
glândulas brônquicas de muco e a diminuição do
reflexo da tosse reduzem as trocas de ar, que
permanece acumulado no pulmão, aumentam as
secreções e dificultam as expectoração. Muitas vezes,
é necessário ensinar os idosos a tossir eficazmente,
insistindo em que não deglutam as secreções e
convencendo-os de que não necessitam demedicação

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM – MÓDULO I

para eliminar a tosse.


O volume do fluxo respiratório diminui com a idade, em quanto a freqüência respiratória
aumenta e o PO2 decresce ligeiramente.

9. AparelhoDigestivo
Com o envelhecimento, produz-se uma serie de alterações anatômicas e funcionais,
tanto no trato gastrintestinal como no fígado, nas vias biliares e no pâncreas.
As alterações funcionais podem afetar a função motora, secretora, de absorção, ou
todas simultaneamente.
Em geral, o transito dos alimentos fica mais lento, com menor absorção de substâncias
e tendência à prisão de ventre.
A partir dos cinqüenta anos, o tamanho do fígado reduz-se. O fluxo sanguíneo diminui
alterando-se o metabolismo hepático de muitas substancia, entre elas os fármacos, podendo
resultar no aumento dos seus níveis e do tempo de permanência destes no organismo.

10. AparelhoCirculatório
Produzem-se numerosas alterações anatômicas nos tecidos e na função cardíaca que,
associadas ao envelhecimento dão lugar logicamente a modificações importantes no
funcionamento cardíaco.
Comparado ao das pessoas mais novas, o funcionamento cardíaco do idoso são em
repouso não mostra modificações. No entanto, com exercício, os idosos não conseguem alcançar
uma freqüência cardíaca tão elevada como os jovens de coração normal.
Assim, fica limitada a capacidade do idoso para a realização de exercícios intensos,
durante os quais diminui com o consumo cardíaco.

11. AparelhoGenital
Após a menopausa, ocorre uma diminuição importante na produção de hormônios, que
vai determinar o aparecimento de alterações no aparelho genital.
Há uma perda de pêlos púbicos, atrofiam-se os grandes lábios, o colo e a vagina, com
diminuição do tamanho dos ovários, trompas e útero. A vagina torna-se mais curta, menos elástica
e menos lubrificada, o que pode tornar o coito mais doloroso, ao mesmo tempo que aumenta o
risco de infecções vaginais.
As mudanças fisiológicas na função sexual das mulheres, como, por exemplo, a
penetração mais difícil e dolorosa, resultam das alterações vaginais referidas.
Nos homens, ocorrem menos alterações anatômicas, mas são importantes as
alterações fisiológicas.
A ereção torna-se mais lenta, diminui a sensibilidade peniana e o tamanho testicular.
Aumenta o período refratário pós-ereção, a ejaculação é retardada e o volume de esperma reduz-
se.
O aumento da próstata, em relação à idade, pode dificultar a drenagem da urina para o
exterior.

12. Rins
O fluxo sanguíneo renal diminui, com perda importante da maioria das funções renais, o
que faz com que os rins do idoso sejam mais suscetíveis, podendo múltiplas situações deteriorar
gravemente a função renal.
Altera-se a capacidade de concentração e diluição de urina, quando se submete o idoso a
privação ou sobrecarga de água. Insto implica maior repercussão, uma vez que a sensação de
sede esta deprimida no idoso.
Como muitos fármacos são eliminados por esta via, os seus níveis podem estar
aumentados no sangue, com prováveis efeitos tóxicos secundários.

13. SistemaNervoso
Produzem-se mudanças estruturais e neuroquímicas. A avaliação das modificações
produzidas pela idade, neste sistema, é muito difícil. O fato de envelhecer não está
obrigatoriamente associado a deterioração intelectual.

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As alterações funcionais determinadas pelo envelhecimento no sistema nervoso central


(SNC) traduzem-se em modificações a diferentes níveis: sensoriais, motores, da capacidade
intelectual e do comportamento.
O envelhecimento afeta as funções diversas, especificamente cobertas pelo SNC, como a
percepção, a memória recente, o sono, a coordenação motora e o controle muscular, sendo o
alentecimento um dado de observação freqüente no idoso.
A perda de memória, especialmente da recente, representa um dos déficits funcionais mais
presentes, progressivos e complexos. É também difícil, para o idoso, a aprendizagem de novas
aptidões. A capacidade de recordar é mais lenta e implica maior esforço.
O envelhecimento determina uma maior alteração no que se conhece como “inteligência
fluida”ourápida,enãona“inteligênciacristalizada”,queéainteligênciacentradanaexperiênciae que se
desenvolve ao longo da vida, sempre que seja ativada pelo exercício intelectual. O quociente
intelectual não parece diminuir com aidade.
Embora não se possa falar, em termos globais, de uma alteração da personalidade com o
envelhecimento, parece que durante esta etapa é mais freqüente uma série de traços. Surgem
qualidades novas que refletem sinais de maturação, estabilidade emocional, visão mais
ponderada das coisas e hegemonia de valores relacionados com o mundointerior.
Há um decréscimo em alguns aspectos psíquicos da velhice, relacionado sobretudo com a
debilidade da vitalidade. Pode também debilitar-se a vontade e perder-se a capacidade de
adaptação a novas situações. Tudo isto, acrescido da diminuição da capacidade de comunicação
e do estado de animo com uma tendência mais sombria, o idoso pode apresentar uma
mentalidadepré-depressiva.

Desenho esquemático do Alzheimer

NECESSIDADES DE NUTRIÇÃO E HIDRATAÇÃO

Necessidades Nutricionais e Fatores de Alteração

Entre os 25 e os 65 anos, as necessidades calóricas decrescem em 21%, motivo pelo qual


as quantidades requeridas oscilam entre 2.000 a 2.500 kcal/dia para um homem de 65 anos, e
entre 1.500 a 2.000 kcal/dia para uma mulher da mesma idade.
O referido decréscimo deve-se à diminuição da atividade física, mental e sexual que se
produz normalmente com o decorrer dos anos.
A diminuição do aporte calórico deve ser feita à custa das gorduras, sobretudo de origem
animal, que não devem ultrapassar 20 a 25% do total de calorias da dieta.
Os idosos devem continuar a consumir hidratos de carbono (50 a 60% das calorias da
dieta), sobretudo em forma de frutas, verduras, legumes e massas.

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Também não deve haver, com o passar dos anos, redução na ingestão de proteínas,
mantendo-se por dia um aporte de um grama por quilo de peso, tanto de origem animal como
vegetal.
As necessidades de líquidos são estimadas em um mínimo de 1 a 1,5 ℓ por dia, em forma
de água, sucos e chás, e sempre fora das refeições. Podem ingerir-se pequenas quantidades de
vinho às refeições exceto se houver proibição médica.
Alguns fatores que influem na nutrição dos idosos são:
o Menor sensibilidade aos estímulos dos sentidos (visão, paladar eolfato).
o Dificuldade na mastigação esalivação.
o Digestão mais lenta. Prisão de ventrefreqüente.
o Dificuldades físicas e econômicas para conseguiralimentos.
o Menor sensação desede.
o Ignorância e hábitos dietéticosdeficientes.
o Maior freqüência de doenças e ingestão demedicamentos.
o Solidão einternação.

O quadro abaixo mostra uma escala que quantifica o risco de má nutrição.

Alguns conselhos práticos:


o Fazer quatro ou cinco refeições pordia.
o É melhor se os alimentos forem cozidos, grelhados ouassados.
o Pratos atrativos na suaapresentação.
o Saladas cortadas em pequenospedaços.
o Frutas com polpamole.
o Abundância de produtoslácteos.
o Comeracompanhado.

Nutrição Enteral

Está indicada quando a deglutição está dificultada ou é impossível e o aparelho digestivo


funciona. Realiza-se através de sonda (ver procedimento).
A administração pode ser intermitente (em bolos), por gotejamento contínuo e por força da
gravidade, ou por bomba de infusão.
Sempre que seja possível algum grau de alimentação oral, devem-se combinar ambas
mantendo-se assim ativas as funções de mastigação e deglutição, com a conseqüência vantagem
psicológica. As principais indicações de nutrição enteral são:
o Pacientes comatosos ousemi-inconscientes.
o Alterações dadeglutição.
o Anorexia ou depressãograve.

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM – MÓDULO I

o Desnutrição.
o Pós-operatório.
As principais complicações que podem surgir são duas:
o Intolerância digestiva por aporte inadequado ou administração excessivamente rápida.
Manifesta-se com vômitos, diarréia ouambas.
o Broncoaspiração. É, sem dúvida, a complicação mais grave e talvez a mais freqüente.
O uso contínuo de sonda nasogástrica implica, ente outras coisas, uma incompetência dos
esfíncteres esofágico superior e inferior; a sonda impede o seu funcionamento. Por isso, quando o
líquido reflui entre a sonda e o esôfago, não é travado por nenhum esfíncter; passa para os
brônquios e, daí, para os pulmões, com a conseqüente pneumonia por aspiração, doença grave
que, com freqüência, acaba com a vida do idoso. Uma regra de ouro nos cuidados do idoso é:
SEMPRE QUE ESTIVER COM SONDA NASOGASTRICA, JAMAIS DEVERÁ SER COLOCADO
EM DECÚBITO DORSAL (POSIÇAO HORIZONTAL), nem mesmo poucos segundos como, por
exemplo, para lhe fazer a cama. Deve-se manter sempre uma ligeira (pelo menos) elevação da
cabeceira dacama.
A nutrição parenteral, está indicada quando o aparelho digestivo não funciona
corretamente (fístulas intestinais, cirurgia digestiva etc). O aporte entra diretamente na circulação
sanguínea.

Balanço Hidreletrolítico – Desidratação

O Balanço Hidreletrolítico é a relação existente entre as entradas e as perdas corporais.


As entradas, enterais ou parenterais, foram anteriormente abordadas. As perdas
produzem-se através de:
o A pele: pelo suor. Em condições normais, são eliminados cerca de 500 m ℓ por dia.
Para cada grau de subida da temperatura para além dos 37 graus, as perdas aumentam um litro a
cada 24horas.
o A respiração. São também cerca de 500 mℓ que se perdem, aproximadamente, em 24
horas, de forma fisiológica. Esse valor aumenta se o idoso apresenta dispnéia, ventilação
mecânicaetc.
o A urina. O volume depende do aporte, das outras perdas, de certos medicamentos e
de múltiplas doenças. No mínimo, deve ser de 500 a 600 mℓ, para poder eliminar as toxinas
presentes naurina.
o O aparelho digestivo: pela boca (vômito) ou pelo ânus(fezes).
o Outras, como drenagens cirúrgicas, fístulasetc.
A desidratação ocorre quando a perda de liquido é superior ao aporte.
Do exposto anteriormente, facilmente se deduzem as situações de perda aumentada:
febre, dispnéia, diuréticos, vômitos, diarréias etc.
Quando se perde mais líquido que o normal, aprece a sensação de sede. Se se bebem
líquidos, repõem-se as perdas extras e não se produz desidratação. Mas isto nem sempre
acontece assim, porque:
o Se existem vômitos, não se toleram os líquidosingeridos.
o Mesmo que haja sensação de sede, o paciente não consegue manifestá-la por afasia
ou demência, ou não tem acesso ao líquido que deseja, por estar incapacitado, sozinho no
domicilio etc. São situações freqüentes e típicas nos pacientesidosos.
o Podem não ter sensação de sede, apesar do déficit de líquidos: comatosos, sedados
etc. Além disso, o idoso, fisiologicamente, necessita de uma maior perda de líquidos para ter
sensação desede.
De tudo isto se deduz que a desidratação, no idoso, apresenta-se sobretudo devido a
baixo aporte, sendo as perdas normais. Por isso, a melhor maneira de evitá-la depende muito de
que bebam o suficiente, e dascircunstâncias.

Disfagia e Broncoaspiração

Disfagia é a dificuldade na deglutição, ou a interrupção do bolo alimentar na sua passagem


para o esôfago.
As principais causas são:

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM – MÓDULO I

o Alteração da coordenação neuromuscular. É a mais freqüente e pode ser seqüela de


um ictos (acidente vascular cerebralagudo).
o Obstrução do esôfago por tumoresetc.
o Inflamações esofágicas por fungosetc.
A disfagia neuromuscular manifesta-se pela dificuldade de engolir líquidos, maior do
que para sólidos, com tosse ao tentá-lo, ou armazenamento na parte posterior da boca.
A disfagia devida a outras causas manifesta-se primeiro para sólidos e, por ultimo, para
líquidos, com dor no peito ao tentar engolir.
Alguns conselhos úteis são:
o Recordar que, em muitos casos, há disfagia embora não apareçatosse.
o NUNCA insistir, se existe dificuldade outosse.
o As gelatinas ou purês espessos são melhortolerados.
o São preferíveis as refeições freqüentes e em pequenasquantidades.
o O paciente deve estar sentado ousemi-sentado.
o Se a disfagia persistir, avaliar a necessidade da sondagem nasogástrica para impedir
a desidratação ou adesnutrição.
A broncoaspiração é a passagem do conteúdo do tubo digestivo para a árvore respiratória.
Suas principais causas são:
o Vômitos.
o Disfagia.
o Sondagem nasogástrica e posição do paciente emdecúbito.
A melhor maneira de evitar a broncoaspiração é estudar cada caso de disfagia atuando em
conformidadecomotipo.Todopacientequeapresentevômitosdeveserlevantadoimediatamente e
colocado delado.
É importante detectar precocemente uma broncoaspiração, já que, em muitos casos as
suas manifestações (tosse intensa) podem não ser evidentes. Deve-se suspeitar quando houver
febre ou febrícula. Igualmente, quando a respiração for mais rápida que o habitual, sendo normal
no idoso até 20 a 25 por minuto. Como pode ser uma respiração muito superficial, para medir a
sua freqüência é necessário colocar a mão sobre o peito do paciente contando as vezes que ele
se move durante um minutocompleto.

NECESSIDADES DE ELIMINAÇÃO

Uma parte importante dos cuidados prestados pela enfermagem ao paciente geriátrico
centra-se em ajudá-lo a superar as dificuldades na eliminação de fezes e urina. Sua atuação pode
consistir em ensinar, supervisionar, ajudar ou realizar procedimentos. Tentar-se-á sempre que o
paciente seja mais autônomo possível, dando-se especial importância à higiene e conforto.
Antes de se estabelecer qualquer plano de cuidados deverá ser avaliada a capacidade do
paciente em identificar a localização do banheiro, chegar até ele, tirar a roupa, sentar-se no vaso
sanitário, alcançar e utilizar os utensílios de higiene, levantar-se, voltar a vestir-se e lavar as
mãos.

Incontinência Urinária

A incontinência é um problema de grande incidência na população idosa. Cerca de 15%


dos idosos com 75 anos são acometidos. É mais freqüente nas mulheres, numa proporção de 2:1
em relação aos homens.

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM – MÓDULO I

Anatomia e funcionamento do aparelho urinário

O aparelho urinário é o conjunto de órgãos que se encarrega da formação e excreção de


urina. É compostos pelos rins, os ureteres, a bexiga e a uretra
Através da urina, são eliminados os produtos que resultam do metabolismo e as
substancias tóxicas que circulam no sangue. A urina é armazenada na bexiga, que tem uma
capacidade de 250 a 550 mℓ, fazendo-se a sua eliminação através do esfíncter uretral. O controle
da sua micção é voluntário e consciente, e a evacuação produz-se quando a uretra se abre e a
bexiga se contrai. Esta ação coordenada depende do sistema nervoso.

A função vesical do idoso apresenta certas peculiaridades:


o Há uma diminuição da capacidade da bexiga e um aumento da urinaresidual.
o Durante o enchimento, ocorrem contrações não-inibidas que podem produzir o
esvaziamento dabexiga.

Definição
Incontinência urinária é a perda involuntária de urina através da uretra, que provoca
problemas higiênicos, psicológicos e sociais no individuo.

Causas

Fatores físicos
o Doenças associadas a transtornos da bexiga e de estruturas vizinhas: infecções
urinárias, hipertrofia da próstata, prolapso uterino, prisão de ventre, compactação fecaletc.
o Doenças do sistema nervoso que pode causar paralisia, imobilização, deterioração
mental e confusão (trombose cerebral, Parkinson, demênciaetc.)

Fatores psíquicos
o Alterações ambientais bruscas: hospitalização, mudança de domicilioetc.
o Fatores emocionais: estados de depressão e ansiedade (p0ode ser uma maneira de
atrair a atenção ou de protestar).
o Falta deintimidade.
Fatores sociais
o Dificuldades de acesso e condições de moradiadeficientes.
Em muitos casos, as privadas têm uma altura inadequada ou não estão disponíveis. Se
existem problemas de mobilização, as escadas ou longos corredores podem desencadear a

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM – MÓDULO I

incontinência antes de chegar ao banheiro. Durante a noite, quando as luzes estão apagadas a
situação agrava-se.

Outros
o Fármacos que aumentam a diurese, que produzem o sono ou que produzemsedação.
o É freqüente em pacientes a quem foi retirada recentemente, a sondavesical.

Conseqüências

Físicas
o Problemas higiênicos e desconforto causados pela sujidade ou pelo maucheiro.
o Problemascutâneos.
o Maior risco deinfecções.
o Alterações do sono por medo de molhar acama.
o Problemassexuais.
o Hidratação eficiente (diminui-se a ingestão de líquidos para reduzir adiurese).
o Limitação damobilidade.

Psicológicas
o Isolamento.
o Depressão e diminuição daauto-estima.
o Dependência para realizar atividadescotidianas.

Socioeconômicas
o Distanciamento social por medo da rejeição e para evitar situaçõesconstrangedoras.
o Custoseconômicos.

Tipos

Incontinência de esforço
É motivada por um aumento súbito da pressão intra-abdominal. O esfíncter uretral está
incompetente de permitir que a urina saia sem que se manifeste de urinar. O riso, soluços, a
tosse, o levantar-se e abaixar-se e outros esforços podem desencadear a incontinência. Afeta
fundamentalmente mulheres multíparas e aumenta namenopausa.

Incontinência de urgência
O paciente tem desejo súbito de urinar sem que seja possível alcançar o banheiro a tempo.
Produz-se pela contração involuntária da bexiga, acentuando-se ao abrir a torneira ou com a
aproximação do banheiro.

Incontinência reflexa
A pessoa não sente impulso de urinar. É causada por lesões nervosas, que permitem que
a bexiga se esvazie sem receber qualquer estimulocerebral.

Incontinência por enchimento excessivo


A bexiga retém urina até a pressão ser tão grande que o esfíncter se abre, permitindo a
saída da urina. É freqüente no homem quando há aumento do tamanho da glândula prostática, ou
quando existe retenção urinária.

Incontinência pós-miccional
Consiste na saída de uma pequena quantidade de urina, habitualmente sem muita
percepção, inclusive vários minutos depois de haver-se completado a micção. Isto se deve ao fato
de que a bexiga não se esvaziou completamente, permanecendo nela urina residual. Aumenta se
a eliminação não é cômoda ou se se utiliza a comadre me vez do vaso sanitário.
Às vezes é difícil, distinguir o tipo de incontinência já que pode haver uma mistura de
vários tipos no mesmoindivíduo.

22
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM – MÓDULO I

.
Tratamento e controle da
incontinência

Tratamento etiológico
Em primeiro lugar, é preciso
procurar solucionar a causa que origina a
incontinência (prisão de ventre, infecção
urinária etc.). Às vezes são necessários
tratamentos farmacológicos ou cirúrgicos.

Tratamento funcional
Existem outras medidas que
podem contribuir para a solução ou
melhora do problema.
o Reeducação de esfíncteres ou treinovesical
Sua finalidade é levar o paciente a um padrão miccional mais normal e cômodo,
habituando a bexiga esvaziar a um determinado ritmo.
O plano deve ser individualizado para cada paciente. Devem-se ter em conta os hábitos
vesicais, a ingestão de líquidos, o estado mental do paciente, o ambiente social, a relação com a
família e a atitude do paciente face ao problema.
Convém conhecer a periodicidade com que o paciente usa o vaso sanitário (esta pode
variar a mesma pessoa ao longo do dia), utilizando para isso gráficos de controle (fig. 9.2). O
registro deve ser feito durante vários dias, anotando-se cada vez que o paciente urinar, tanto de
forma continente como incontinente. Isto permite estudar em que momento se produzem os
acidentes e a sua possível causa. As folhas de controle oferecem uma idéia bastante exata da
eficácia da reeducação e asseguram a continuidade dos cuidados.
A micção pode ser mais freqüente ao levantar-se, ao deitar-se, antes ou depois das
refeições e, também, após a ingestão de algumas bebidas como café ou chá. Estimula-se o
paciente a que vá ao banheiro nesses momentos. Não se pergunta ao paciente se quer urinar,
mas sugere-se a ele que está na hora de ir ao banheiro. O paciente deve permanecer sentado na
privada durante 5 minutos, ouvindo o ruído de uma torneira aberta. Se isto for eficaz, convida-se o
paciente a urinar a cada 2 ou 3 horas (pode-se tocar uma campainha ou um despertador para
lembrar a hora), em princípio apenas durante o dia, tenha ele vontade ou não e mesmo que se
encontre molhado. Quando o paciente se molha adianta-se o controle em meia hora até haver
uma idéia aproximada do espaço de tempo necessário para que se mantenha seco. O paciente
nunca deve ir antes do momento fixado e, se tiver vontade de urinar, deve agüentar. Após
conseguir a continência durante o dia, esta será tentada durante a noite (levantando-se por 2
vezes, sempre em horasfixadas).
Os pacientes com grande deterioração mental, mas com boa mobilidade, podem manter-se
secos durante o dia com idas regulares ao banheiro, sendo inevitável a incontinência noturna.
Alguns objetivos podem ser alcançados em um ou dois dias; outros requerem semanas ou
mesmo meses. Os sucessos ajudam a manter a motivação, razão pela qual deve-se planejar
objetivos a curto prazo, pouco ambiciosos, reanimando positivamente o paciente.
Só depois de conseguida a continência, e quando já não existirem acidentes, se podem
retirar as fraldas absorventes.
o Exercíciospélvicos
Ajudam a aumentar a força e o tônus dos músculos da região pélvica:
o Permanecer de pé ou sentado, confortavelmente contrair a espaços regulares de
tempo, mas com força, os músculo em redor do ânus, mantendo-os sob tensão durante 5
segundos, relaxando-os depois (imaginando que se quer controlar umadiarréia).
o Sentar-se comodamente na privada, quando se deseja urinar. Durante a micção
interromper voluntariamente o fluxo urinário, contraindo os, músculos da regiãoperineal.
Recomenda-se que se faça os exercícios durante cerca de 10 minutos, 3 vezes por
dia, a intervalos regulares e durante vários meses. Estes exercícios implicam uma interrupção
mínima nas atividades cotidianas, podendo ser realizados em qualquer local, sem que ninguém se
dê conta.

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM – MÓDULO I

o Massagemvesical
Tem como objetivo o esvaziamento mais completo da bexiga e a continência entre
os esvaziamentos. Realiza-se aplicando-se uma leve pressão sobre a região vesical, exercida
com os dedos ou com o punho no final da micção, o que estimula a contração da bexiga. Também
é útil sentar-se os apoiados, inclinando-separa
frente.

Tratamento sintomático
Quando não é possível resolver a
incontinência, a administração adequada do
problema pode melhorar a qualidade de vida do
paciente e dos seus cuidadores. Existem diferentes
dispositivos para controlar a incontinência (fig. 9.4).
Éprecisoescolherotipodeajudamaisadequada,
de acordo com as características do paciente, assegurando-se de que ele e a sua família saberão
manejar o dispositivo escolhido.
o Condutores
Têm a função de recolher, transportar e armazenar a urina.
o Coletor penianoexterno
É uma bolsa de látex que se coloca no pênis,
com um tubo de saída que se conecta a um saco coletor de
urina. Este sistema é exclusivo para homens. Não esta
indicado quando o pênis é pequeno e está retraído. Existem
em tamanhos diferentes, sendo preciso escolher o tamanho
adequado para evitar que o pênis fique comprimido, que o
dispositivo se solte ou se torça. O sistema de fixação mais
utilizado consiste em tiras adesivas que se fixam à pele do
pênis e, depois, ao dispositivo (Fig.9.5)
o Deve se examinar a pele diariamente para detectar
sinais de escoriação oumaceração.
o Sondavesical
Pode ser utilizada de modo transitório em
pacientes que sofrem de incontinência não tratável por outros meios, que tem úlceras pressão,
dermatites importantes, ou em pacientes em estado terminal. Não é um método recomendável
para o controle da incontinência, já que tem inconvenientes importantes, como o risco infecções
urinárias (Fig.9.6) ou o desaparecimento do desejo de urinar.

o Urinóis portáveis
Quando o individuo não pode ir até ao vaso
sanitário, podem se utilizar receptáculos alternativos, como urinóis
de mão, comadres ou privadas portáteis (Fig.9.7). Ás vezes estes
sistemas são pouco confortáveis,
causam irritações cutâneas e
produzem mau cheiro.

Os homens que têm um bom


nível de consciência e que colaboram
podem resolver a dificuldade com um
papagaio colocado discretamente ao
seu alcance. Deve-se levar em conta alguns pacientes só
conseguem utilizá-lo em posição ereta. Para pessoas muito
incapacitadas, com incontinência irreversível, pode ser útil uma
cadeira especial, sob a qual é colocado um urinol.

24
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM – MÓDULO I

As comadres e papagaios devem estar bem identificados, sendo o seu uso


individualizado para cada paciente. Cada vez que são utilizados, devem ser bem limos e
desinfetados.
o Absorventesdescartáveis
Sua função é reter a urina e as fezes, mantendo o paciente seco e confortável e
evitando que suje a sua própria roupa, ou a roupa de cama.
Os absorventes podem ser constituídos de um núcleo absorvente de celulose, envolto por
uma camada superficial de tecido e por outra de material impermeável. Existem dois tipos de
absorventes, dependendo do sistema de fixação

Recomendações gerais
o Manter o paciente limpo e seco. Se o paciente se sente sujo, perde o interesse por
controlar a incontinência.
o Vigiar a pele da região genital, sacra e glútea, para detectar irritação einfecções.
o Facilitar o acesso ao banheiro mediante placas ou setas que indiquem o caminho,
ajudando o paciente a deslocar-se e a evitar obstáculos durante a noite, pode ser útil manter um
urinol próximo da cama, deixando uma luz tênue. Sempre que possível, deixar as grades da cama
descidas.
o Proporcionar um sistema de aviso eficaz, atendendo com rapidez àschamadas.
o O paciente deve utilizar uma roupa cômoda e larga, que seja fácil dedespir.
o Instruir o paciente para que evacue no local e receptáculo próprios. Muitos pacientes
sujam-se falta de papel higiênico ou porque não têm a destreza necessária para o utilizarem.
Pode ser útil a colocação do porta-rolo bem perto do vaso sanitário ou dispor de papel jácortado.
o Assegurar a higiene genital e das mãos apóseliminação.
o Estimular a deambulação quando for possível. Se a incontinência ocorre durante uma
fase em que o paciente esteve acamado, a mobilização pode contribuir para a suacura.
o A ingestão adequada de líquidos favorece o funcionamento vesical. Podem-se limitar
as bebidas depois das 18 horas, sobretudo de substâncias diuréticas, como café, cháetc.
o Proporcionar um ambiente de afeto, confiança eprivacidade.
o Educar o paciente e sua família sobre como usar e como cuidar do material.

Aspectos psicológicos
A resposta psicológica de cada incontinente varia em cada caso:
o As pessoas com deterioração mental grave podem não estar conscientes do problema.
No entanto, a vida familiar é, por vezes, muito afetada (o paciente pode evacuar em locais
inadequados, como no chão, no bidê etc.).
o Outros idosos têm sentimentos de culpa, vergonha ou negação, mesmo diante de uma
evidencia clara de incontinência (podem dar longas explicações para justificar o cheiro e as
manchas, ou esconder roupas sujas em armários ou caixas). Isto dificulta a procura de ajuda,
dando lugar a meios pouco adequados efrustrantes.
Há uma perda de auto-estima, medo de ser alvo de reprimendas ou de provocar
rejeição daqueles que o rodeiam. Alguns pacientes encontram-se tão tensos quando são levados
ao banheiro, que os esfíncteres uretrais não relaxam, sendo incapazes de urinar até que voltem a
estar na sua cama ou poltrona.
É freqüente pensar que o problema é insolúvel, ou que é conseqüência da idade. Estas
posturas podem ser próprias de profissionais que aceitam a incontinência como algo inevitável. A
atuação insensível ou demasiado rápida provoca confusão e precipita a incontinência. Os idosos
devem ser tranqüilizados, assegurando-se-lhe que ninguém os culpará se ocorrer um incidente.
Tratar estas pessoas como se fossem crianças travessas constitui um erro, já que elas não são
responsáveis pela sua conduta.
O esforço físico e psicológico para manter a continência é importante para os pacientes
e seus cuidadores que, em muitos casos, são pessoas frágeis em também idosas. O profissional
deve prestar apoio e informação, tanto ao paciente como à sua família, de modo a favorecer sua
motivação.

25
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM – MÓDULO I

Incontinência Fecal

É freqüente em idosos muito deteriorados, com a demência ou que tenham sofrido


uma trombose. Pode associar-se a compactação fecal (fecaloma), diarréia aguda ou excesso de
laxantes.
Este problema é desagradável e muito angustiante, tanto para o paciente como para o
cuidador (alguns pacientes com alterações mentais graves sujam, com matéria fecal, seu próprio
corpo e objetos ao seu alcance criando situações desagradáveis).
É recomendável seguir um programa para reeducar os hábitos intestinais, até se
estabelecer um ritmo aceitável nas dejeções, de forma que os acidentes sejam excepcionais. A
conduta de alguns pacientes muda imediatamente antes da eliminação: ficam nervosos, agitados
ou deambulam. Uma avaliação cuidadosa pode permitir aos cuidadores identificar os sinais de
alarme e chegar ao banheiro a tempo. Para evitar que o paciente se suje, devem-se usar
absorventes de modo permanente.

Prisão de Ventre

Definição
Diminuição na freqüência das dejeções, menos de 3 a 4 por semana que pode evoluir
com a passagem difícil de fezes secas e que, ocasionalmente, se acompanha de sensação de
evacuação incompleta.
É um problema muito freqüente nas pessoas idosas. No entanto, um grande número
de idosos queixa-se de prisão de ventre, mas apresenta um ritmo intestinal adequado. Isto se
deveàescassainformaçãoacercadospadrõesdeeliminaçãonormais:seumadejeçãodiáriaéo habitual,
muitos indivíduos sãos defecam 2 ou 3 vezes porsemana.
A defecação diária pode chegar a converte-se em uma autentica obsessão para o
idoso provocando-lhe grandeansiedade.
Causas
Prisão de ventre funcional
Sofre a influencia de diversos fatores:
o Familiares.
o Dietéticos: dieta pobre em fibras, ingestão reduzida, alimentos muitosrefinados.
o Emotivos: desinteresse por defecar em pacientes dementes oudeprimidos.
o Continênciavoluntária.
o Imobilização,acamamento.
o Viagens, mudanças dedomicílios.
o Uso abusivo delaxantes.
Prisão de vente secundária
o Anomalias na motilidade intestinal: provocadas por doenças como diabetes, alterações
do sistemanervoso.
o Alterações inflamatórias: hemorróidas, fístulas anaisetc.
o Alterações obstrutivas:tumores.
o Fármacos.

Complicações
o Compactação fecal(fecaloma).
o Fissuras anais ehemorróidas.
o Incontinênciafecal.
o Obstruçãointestinal.
o Desidratação.
o Síndromeconfusional.

26
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM – MÓDULO I

Tratamento
Tem por objetivo reinstalar um padrão normal de evacuação intestinal.

Medidas gerais

o Ingestão abundante delíquidos.


o Dieta rica em fibras vegetais que aumenta o resíduo intestinal: pão integral, frutas,
verduras, hortaliças farelo. Os suplementos de fibra podem provocar flatulência ou causar
fecalomas em pacientes imobilizados.
o Atividade físicadiária.
o Reeducação do ritmointestinal:
o Responder sem demora ao desejo dedefecar.
o Iniciar uma rotina que consiste em tentar defecar diariamente, mesmo não sentindo
necessidade a uma hora fixa, de preferência 15 a 20 minutos depois do café da manha ou de uma
refeição abundante, e dispor do tempo suficiente para defecação, permanecendo na privada
durante, pelo menos, 10 a 20minutos.
o Adotar uma posição adequada, de cócoras ou sentado, elevando os pés sobre um
banco baixo, enquanto se inclina o corpo ligeiramente para frente. Pode ser útil massagear a
regiãoabdominal.
o O paciente deve estar cômodo, em um local aquecido eprivado.
o Utilizar a privada sempre que seja possível, a qual deverá ter uma altura
adequada. O emprego da comadre implica um grande esforço muscular, alem do fato de que se
produzem cheios e ruídos, elementos inibidores para opaciente.
o Manter a comadre em bom estado, já que, se está suja tem a tampa partida ou se
não existe papel higiênico a defecação pode serinibida.
o Registrar o local adequado o número de dejeções, o tamanho, a cor e a
consistência das fezes, a hora e data. Não é suficiente perguntar ao paciente, pois, em muitos
casos, ele ignora sedefecou.

Laxantes
São medicamentos que servem para amolecer as fezes. Devem ser tomados apenas
sobre prescrição médica.
O uso abusivo de laxantes lesa a mucosa intestinal e inibe o funcionamento intestinal
normal. São freqüentes as diarréias com grandes quantidades de muco. Os pacientes queixam-se
de dores abdominais, flatulência, língua seca e pastosa, mau gosto na boca, dor de cabeça, etc.
Os pacientes idosos com problemas de memória podem ingerir o dobro das doses, por
equívoco. É importante educar o paciente, para que abandone o seu uso incontrolado.

Agentes locais
Atuam distendendo o intestino, que, posteriormente, se contrai, expulsando as fezes
retidas.
o Enemas delimpeza
Aumenta-se a sua eficácia se administrados com sonda retal, ou quando se lhes
adicionam substâncias como azeite ou laxantes.
o Supositórios deglicerina
Para a sua correta administração, o paciente deve estar deitado do lado esquerdo, com
os joelhos dobrados sobre o peito. Devem se afastar as nádegas e introduzir o supositório com
um dedo enluvado, cerca de três centímetros, no reto, com a ponta para frente. Cerca de 15 a 30
minutos depois, o paciente sente uma forte vontade deevacuar.

Compactação Fecal (Fecaloma)

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM – MÓDULO I

Definição e manifestações

É a acumulação anômala de matéria fecal que forma uma massa endurecida na porção
inferior do reto. Produz-se quando diminui a mobilidade das fezes no intestino grosso e é
absolvida uma maior quantidade de água. A ampola retal é preenchida por fezes secas, formando
porções de grandes dimensões e bastante duras, que não conseguem avançar no intestino,
apesar da sensação de urgência que criam. O estímulo continua, fazendo aparecer dejeções
liquidas como muco abundante que passam pelas fezes compactadas(pseudodiarréia).
A compactação fecal é uma ameaça sempre presente nos pacientes geriátricos,
inclusive naqueles que dizem cumprir com regularidade as suas necessidades fisiológicas, já que,
às vezes, o reto se esvazia de forma incompleta.

Tratamento
o Efetuar um toque retal para confirmar o diagnostico (o extravasamento fecal líquido
pode confundir-se comdiarréia).
o Extração manual do fecaloma (verprocedimento).
o Aplicar enemas de limpeza até que a evacuação seja completa (verprocedimento).
o Prevenir novas compactações: dieta e ingestão adequada de líquido, atividades físicas,
bons hábitos intestinais e uso correto de laxantes. Pode ser necessário administrar
periodicamente um enema ou supositório de glicerina, em pacientes que têm o intestino muito
distendido ou que se encontram muitoimobilizados.

Diarréia

Definição

Considera-se que há diarréia quando ocorrem mais de três dejeções por dia ou quando as
fezes são líquidas.

Causas

o Uso abusivo delaxantes.


o Infecções.
o Medicamentos.
o Alterações na motilidadeintestinal.

Cuidados

o É necessária uma ingestão hídrica adequada, uma vez que nos idosos há um elevado
risco dedesidratação.
o Deve-se atender prontamente há chamada do paciente que solicita ajuda paradefecar.
o Suspeitando-se que a diarréia é infecciosa, envia-se uma amostra ao laboratório, para
análise. É preciso tomar precauções, como o uso de luvas, a lavagem das mãos antes e depois
de cada contato com o paciente, fazendo rigorosa higiene e eliminando o materialcontaminado.

Colostomia

Abertura artificial do intestino grosso na parede abdominal, pela qual de desviam as fezes
para o exterior. Este orifício é realizado mediante cirurgia em doenças do trato digestivo, como
tumores, obstrução etc. Pode ser temporária ou permanente.

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM – MÓDULO I

Cuidados com a pele e mucosas

A pele é o órgão mais externo dos seres humanos. Recobre o corpo e tem a
particularidade de se auto-remover. Suas principais funçõessão:
o Receptorsensorial.
o Regulador da temperatura corporal e do equilíbrioeletrolítico.
o Barreira defensiva contra agressõesexternas.
Compõem-se de três camadas diferenciadas que, de fora para dentro, são a epiderme,
a derme e o tecido subcutâneo.

Higiene Corporal

Na higiene incluem-se todas as atividades que tendem a conservar a saúde. Para o


cuidado da pele são as principais atividades são limpeza e hidratação.
A higiene tem que ser feita diariamente; em idosos doentes é freqüente ser realizada na
cama.

Cuidados com a boca


Deve-se lavar a boca após cada refeição e sempre que necessário. Quando o paciente é
independente, usará a sua própria escova e pasta dentifrícia. Se está muito incapacitado, o
profissional realiza a limpeza, do seguinte modo:
o Misturar em um copo o anti-séptico oral e água em partes iguais.
o Montar um espátula com uma gaze que será embebida nasolução.
o Limpar a língua movendo a espátula de um lado para outro para não provocar
náuseas.Depois,limparopalato,aparteinferioreaslateraisdabocae,finalmente,asgengivas.
o Se o paciente tem prótese dentária, esta será lavada com água, anti-séptico eescova.
o Hidratar os lábios comvaselina.

Cuidados com os olhos


Limpam-se com gazes esterelizadas embebidas em SF 0,9% começando desde o ângulo
lacrimal até o ângulo externo do olho, retirando-se todas as secreções. Utiliza-se uma gaze para
cada olho.
Os pacientes comatosos ou semi-inconscientes devem permanecer com os olhos
fechados. Convém colocar sobre as pálpebras, uma gaze embebida em SF 0,9% para manter a
umidade e evitar o aparecimento de úlcerascórneas.

Cuidados com os pés


Os pés dos idosos apresentam problemas freqüentes, devido a alterações circulatórias,
deformidade ósseas, diabetes etc., sendo necessário prestar-lhes especial atenção:
o Lavá-los com água esabão.
o Secar cuidadosamente, sobretudo entre osdedos.
o Hidratar com cremes ou óleos. Aplicar vaselina nos calcanhares e em locais de
calosidade.
o Tratar asunhas.
o Vigiar a sua coloração e o aparecimento de lesõescutâneas.

Higiene do cabelo
O cabelo deve ser lavado, pelo menos, uma vez por semana do seguinte modo:
o Colocar o paciente em decúbito dorsal, de
modo que a cabeça fique livre. Para tal, retirar o
travesseiro, enrolar alguns lençóis e colocá-los
debaixo dos ombros. (fig10.2)

29
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM – MÓDULO I

o Cobrir a cama para que não se molhe e colocar uma bacia debaixo dacabeça.
o Introduzir tampões de algodão nosouvidos.
o Molhar o cabelo. Ensaboar o cabelo, enxugando-o com águaabundante.
o Enxugar com uma toalha e, se possível, utilizar um secador decabelo.
o Pentear ou escovar ocabelo.

Higiene genitoanal
Realiza-se diariamente e sempre que seja necessária: depois de evacuar, depois de
fazer um enema, antes de colocar uma sonda vesical, a cada vez que se muda uma fralda em
pacientes incontinente.

Regiao genital
o Namulher
o Colocar a paciente em decúbito dorsal com as pernasflexionada.
o Lavar com água e sabão, e uma gaze, os grandes e os pequenos lábios e o
meato urinário, da frente paratrás.
o Enxaguar com água e irrigar com um anti-séptico de mucosa (quando for
indicado).
o Secar cuidadosamente, insistindo nas pregas, de modo que não fiquem
úmidas.
o Nohomem
o Colocar o paciente em decúbitodorsal.
o Lavar com água e sabão o pênis e ostestículos.
o Retrair o prepúcio e lavar a glande com umacompressa.
o Enxaguar com água, irrigar com anti-séptico (quando for indicado) e secar
suavemente.
o Baixar o prepúcio para evitar que se produza edema daglande.

Região anal
o Colocar o paciente me decúbitolateral.
o Lavar a região com esponja e água com sabão da frente paratrás.
o Enxaguar com água esecar.
Se a pele está irritada, pode ser necessário aplicar um creme protetor.

Úlceras de Pressão

Definição
Lesões produzidas na pele e em partes moles, quando se mantêm comprimidas
durante tempo prolongado, entre uma proeminência óssea e uma superfície dura.

Importância
As ulceras podem ser causa de dor, infecções e aumento da imobilidade. Podem
prolongar as estadias hospitalares e, em muitos casos, contribuem para apressar a morte.

Fatores de Risco
o Imobilidade: é o principal fator de risco e qualquer patologia que a provoque pode
predispor ao aparecimento de úlceras de pressão (tromboses, fraturas, demências muito
avançadas).
o Alteração esensibilidade.
o Deficiências do estado nutricional (emagrecimento, desidratação, anemia,
hipoproteinemia,obesidade).
o Alteraçõescirculatórias.

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM – MÓDULO I

o Diminuição do nível deconsciência.


o Incontinência deesfíncteres.
O aparecimento de úlceras de pressão é favorecido pela idade, embora esta não seja
um fator de risco propriamente dito. Produz-se um envelhecimento cutâneo que torna a pele mais
fina, frágil e menos elástica.

Causas
o Pressão
É a causa mais importante. Atua diretamente sobre as proeminências ósseas,
produzindo oclusão dos vasos sanguíneos e linfáticos. Isto provoca diminuição da irrigação
sanguínea (isquemia) e, finalmente morte tecidual (necrose).
Pressões ligeiras aplicadas durante longos períodos são mais lesivas que pressões
fortes aplicadas em períodos curtos.
o Fricção
É uma força tangencial sofrida pela ao deslizar por uma superfície. A fricção repetida
sobre proeminências ósseas vulneráveis podem produzir erosões, isquêmias e lacerações.
o Pinçamento
Produz-se quando resvalam duas superfícies adjacente, com o conseqüente
estiramento e angulação dos vasos sanguíneos favorecendo-se a isquemia. É freqüente em
pacientes que deslizam sobre a poltrona (lesão da região sacra), ou em pessoas acamadas que
escorregam até o pé da cama, por terem a cabeceira muito elevada (lesão dos calcanhares).
o Umidade
A umidade aumenta o grau de fricção entre as superfícies e produz maceração da
pele, predispondo-a a úlceras. A causa mais importante da umidade pode ser a incontinência de
esfíncteres.

Classificação
Grau I
Afeta, apenas a derme. Existe eritema, intumescimento e dor. A integridade cutânea se
mantém. É o primeiro sinal de alarme e indica-nos que, se a pressão não se altera, irá
desenvolver-se a úlcera.
Grau II
Perda parcial da epiderme ou da derme. Aparecem erosões ou flictenas.
Grau III
Perda de todas as camadas da pele, afetando o tecido subcutâneo. Apresenta-se
como umaescara.
Grau IV
A lesão pode afetar o músculo ou osso e as articulações.

Avaliação
A identificação dos pacientes em risco de desenvolver úlceras de decúbito facilitam as
tarefas de prevenção.
Existem escalas diferentes para avaliar os fatores de risco. Uma das mais utilizadas é
a de Norton (quadro abaixo), que avalia cinco variáveis: condição física, estado mental, atividade,
mobilidade eincontinência.

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Segundo o estado do paciente obtém-se uma pontuação. Quando esta é inferior a 12 o


paciente apresenta um elevado risco de desenvolver úlceras de decúbito.

Prevenção
Após identificados os fatores de risco inicia-se um plano de cuidados especifico, orientado
para aprevenção.

Reduzir a pressão nos pontos de risco


o Mudançasposturais
É a principal medida preventiva quando o
paciente não consegue movimentar-se por si. A posição
do paciente é modificada a cada duas ou três horas,
seguindo uma rotatividade programada para evitar a lesão
das áreas de risco. (fig18.11)

o Paciente acamado: decúbito dorsal, decúbito


lateral e decúbitoventral.
o Paciente sentado: levantar-se da poltrona
durante uns segundos, de hora em hora. Quando o
paciente pode movimentar-se automaticamente, convidá-
lo a fazê-lo a cada 15 minutos. Se isso for impossível
devido ao estado do paciente, podem alterna-se
inclinações laterais à direita e à esquerda, com a ajuda de
almofadas para evitar deslizamento (fig.10.4)

o Proteção de proeminênciasósseas
Existe uma grande variedade de produtos no
mercado, que ajudam a diminuir a pressão nos pontos de
apoio. Utilizam-se como complemento das mudanças
posturais:
o Almofadas e coxins de diferentes tamanhos e
materiais (espuma, algodão,silicone).
o Pele artificial de ovelha: diminui a pressão, a
fricção e a umidade. é fácil delavar.
o Colchões de água: redistribuem o peso por toda a superfície docorpo.
Inconvenientes: são pesados, difíceis de manejar, caros e deterioram-se com
facilidade.

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o Colchões de ar com pressão alternada: são compostas de uma série de câmaras


pneumáticas, que se enchem e esvaziam alternadamente, por meio de um motor, modificando
assim os pontos de pressão contra acama.
Inconvenientes: o motor produz ruído e pequenos choques elétricos são freqüentes.
o Colchões de espuma: aliviam a pressão e proporcionam uma superfície de repouso
cômoda. São mais baratos, mas menos eficazes que osanteriores.
o Rodas de espuma ou flutuadores: empregados para evitar a pressão no sacro e no
ísquio. Em desuso pelo risco de isquemia na área queapóiam.
o Protetores locais: feitos com espuma de borracha, ataduras de algodão etc., e úteis na
proteção de calcanhares, cotovelos ejoelhos.
o Movimentaçãoprecoce
Deve-se levar em conta o estado do paciente. Inicia-se com movimentos passivos,
passando-se depois a colocá-lo sentado, e mantê-lo em pé e, finalmente, a fazê-lo deambular.

Cuidados com a pele


A pele dos idosos é extremamente frágil. Deve-se mantê-la limpa, seca e
hidratada. A observação cuidadosa da pele é muito importante, devendo converter-se em rotina
diária. A hora do banho ou das mudanças posturais constitui um bom momento para observar a
sua integridade, cor, textura, vascularização ehidratação.
A massagem produz vasodilatação, que aumenta a afluência de sangue na área e,
graças a isso, melhora o aporte de nutrientes e oxigênio. Deve ser suave e realizada ao redor dos
locais de apoio, evitando as proeminências ósseas.
Nos pacientes incontinentes, utilizam-se os métodos de controle que estejam indicados
em cada caso (absorventes, coletores externos de urina, sonda vesical), não esquecendo a
reeducação de esfíncteres, quando possível.
A cama e a poltrona devem estar limpas, secas e livres de objetos ou rugas que
possam lesar a pele do paciente.

Nutrição adequada
Uma nutrição e hidratação corretas são tão importantes para a prevenção de úlceras como
para o seu tratamento. É obrigatório vigiar, de forma especial, a dieta dos idosos com depressão,
problemas gastrintestinais, disfagia, perda de apetite ou qualquer outro problema que possa
diminuir a quantidade ou qualidade da ingestão.
A dieta deve ser equilibrada, rica em proteínas, vitaminas e minerais. Em alguns casos,
aconselha-se a utilização de suplementos protéicos, já que a hipoproteinemia atrasa o tratamento
de feridas.
Através das lesões, perde-se uma grande quantidade de líquidos. A hidratação evita que
a pele seque, formando pregas excessivas. Devem-se administrar, frequentemente, líquidos em
forma de água, sucos, leite, infusões etc. quando o paciente apresenta disfagia, pode-se oferecer-
lhe gelatina ou sucosespessos.
Tratamento
As úlceras têm tendência para a cicatrização espontânea. Assim, o objetivo será
proporcionar as melhores condições possíveis ao favorecimento do processo fisiológico0 de cura.
Estas lesões regenera-se por segunda intenção, ou seja, vão se preenchendo, com tecido de
granulação, até que finalmente se produz a epitelização.

Limpeza
As úlceras não infectadas são irrigadas com soro fisiológico ou lavadas com água e
sabão, enxaguando-se depois com água abundante. Quando as lesões estão infectadas, podem
ser limpas com um anti-séptico apropriado.

Desbridamento
Os tecidos mortos ou purulentos são retirados mecanicamente com um bisturi. Podem-
se utilizar também agentes desbridantes químicos, hidrocolóides e de hidrogel, que amolecem e
liquidificam os restos necróticos, sem lesar o tecido de granulação.

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Processo de granulação e epitelização


Tenta-se proteger a úlcera da infecção mantendo-a quente e úmida, para favorecer o
processo de cicatrização.
O mercado oferece grande variedade de produtos. É preciso escolher o mais
apropriado de acordo com o estágio da lesão, o tamanho, exsudato, localização, presença de
infecção.

Modo de efetuar um tratamento


o Lavar a ferida com a solução adequada e uma gaze esterilizada, do meio menos
contaminado para o maiscontaminado.
o Secar suavemente com gazesesterilizadas.
o Aplicar o produto adequado (pomadas, curativo, geletc.).
o Cobrir com gaze esterilizadas (quando se utilizam emplastros, não énecessário).
o Fixar com adesivohipoalérgico.
o Acolchoar a região, ou protegê-la com atadura dealgodão.

Complicações
o Infecção local daúlcera
o Mudança de aspecto do exsudato (cor, cheiro,quantidade).
o Ruborização dasbordas.
o Febre.
o Atraso nagranulação.
Quando isto ocorre, deve-se proceder a uma cultura, administrando o antibiótico
indicado pelo antibiograma.
o Infecção generalizada,osteomielite
Perda de proteínas, água e sangue através das úceras.

ACIDENTES E QUEDAS

Nos idosos, os acidentes são uma das principais causas de lesões, incapacidade e
internação em lares e outros centros de idosos constituindo a quinta causa de mortalidade entre
os indivíduos de mais de 75anos.

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1. Quedas
As quedas são o modo mais freqüente de acidente com idosos, representando a
principal causa de morte acidental neste grupo etário. Os idosos sofrem quedas frequentemente.
Estima-se que cerca de 1/3 dos idosos que vivem em sua casa, e a metade dos que estão
internados em lares de idosos, sofrem pelo menos uma queda por ano. Para enfatizar a
importância do problema, cabe dizer que, dos indivíduos que sofrem uma queda, 5 a 25% podem
apresentar lesões relevantes, e dos requerem internação hospitalar após uma queda, apenas 50%
sobrevive um ano depois. As quedas são muito importantes em geriatria, pela sua elevada
incidência e pelas conseqüências queacarretam.

1.1 Causas dequedas


Habitualmente, as quedas devem-se a várias causas coincidentes que podem ser
classificadas em:
o Causasintrínsecas
Principalmente, qualquer patologia do idoso pode provocar quedas, mas as mais
freqüentes:
o Doenças neurológicas: afetando o nível de consciência (epilepsia ou acidente
cerebrovascular), ou por alteração da marcha e do equilíbrio (doença de Parkinson, demência
etc).
o Doenças reumatológicas: doenças como a artrose ou a artrite reumatóide provocam
quedas pela alteração da marcha, a dor ou rigidez que asacompanham.
o Doenças cardiovasculares: as arritmias, a insuficiência cardíaca, a hipotensão
ortostática podem provocar quedas por perda de consciência ou pela debilidade quegeram.
o Doença dos sentidos: os transtornos da audição, sobretudo da visão originam,
freqüentemente, quedas nosidosos.
o Fármacos: os idosos são especialmente susceptíveis aos efeitos secundários dos
fármacos e as interações entre eles. Os fármacos podem provocar quedas por alteração da
consciência, do equilíbrio e da atenção, assim como por rigidez muscular ou hipotensão postural.
Os que mais freqüentemente se associam com a ocorrência de quedas são os anti-hipertensivos,
os sedativos em geral e osanti-diabéticos.
o Causasextrínsecas
São os fatores que dependem de circunstancias sociais e ambientais. Assim, este
grupo englobaria as quedas meramente acidentais (embora convenha lembrar que pode haver
vários fatores implicados simultaneamente).
o No domicilio: pisos escorregadios, iluminação insuficiente, mobiliário pouco apropriado,
obstáculos nos locais de passagem, escadas demasiado altas, ausência de maçanetas e de
corrimãos.
o No exterior: calçadas em mau estado, tráfego excessivo, sinalização deficiente, falta de
adaptação nos meios de transporte e dos acessos a edifícios a pessoas com deficiência.
o Nos hospitais e instituições: ausência de mobiliário adaptado (camas, poltronas
geriátricas etc), assim uso de meios de restrição física quando não estãoindicados.

Conseqüências da queda
A conseqüência mais grave de uma queda é, obviamente, a morte, que acontece em
numero vergonhoso de casos. As circunstâncias que determinam uma maior mortalidade
associada às quedas são: idade avançada, permanecer caído no chão por muito tempo, o sexo
feminino e a ocorrência de quedas anteriores.
As conseqüências dividem-se em:
o Fraturas: soa as lesões graves mais freqüentes, relacionadas às quedas. As de maior
importância são as dos quadris, devido à incapacidade e às complicações que geram. Outras
fraturas freqüentes são as do radio, do úmero e dapelve.

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o Contusões e feridas: ocorrem com muita freqüência e a sua importância esta


principalmente na dor que produzem, podendo desencadear uma situação deimobilidade.
o Lesões neurológicas: hematoma subdural, comoção e contusão cerebrais. São
problemas mais raros, mas muitograves.
o Lesões associadas a longas permanências no chão: este é um fator de mal
prognóstico, já que acarreta complicações graves como ahipotermia.
o Seqüelas deimobilização

Conseqüências psicológicas
Estas seqüelas costumam ser englobadas sob o nome de “síndrome pós-queda”,
que se caracteriza por:
o Medo de voltar acair.
o Perda de autonomia pessoal e daauto-estima.
o Modificação dos hábitos de vidaanteriores.
o Atitude superprotetora de familiares e cuidadores que provoca uma maior perda de
autonomia.
o Frequentemente, aparecem depressão e ansiedadeassociadas.

Conseqüências sociais
o Necessidade de ajuda social para as atividadescotidiana.
o Mudança de domicilio (habitualmente para casa de familiares), diante da
impossibilidade de viveremsós.
o Internação (admissão em um lar deidosos).
o Hospitalização: ocorre quando as lesões físicas são importantes. Destaca-se o mal
prognóstico vital e funcional que implica o fato de ser internado em um hospital em conseqüência
de uma queda.

Medidas preventivas

Reconhecimento dos indivíduos que correm maior risco


o Idade superior a 75anos.
o Idosos internados (hospitais e lares). Deve-se destacar o risco daqueles que
submetem a reabilitação, especialmente durante os primeirosdias.
o Idosos com incapacidadefuncional.
o Idosos que vivemsós.
o Pacientes com demênciasenil.
o Pacientes afetados por doenças neurológicas, cardiovasculares ereumatológicas.

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o Consumidores de vários fármacos ao mesmo tempo, especialmente se incluem


sedativos.
o Indivíduos que tenham sofrido quedasanteriores.
É necessário reconhecer os indivíduos mais vulneráveis a uma possível queda para se
tornarem atitudes preventivas. Queremos destacar que, se um idoso sofrer uma queda (embora
sem conseqüências importantes), o fato deve ser motivo de preocupação tanto quanto se tivesse
tido uma dor no peito ou uma dificuldade respiratória.
O quadro 14.1 (transparência) mostra a escala de risco de quedas de Downton. As
medidas preventivas têm prioridade naqueles indivíduos que obtiverem 3 ou mais pontos.

Prevenção dequedas
Além do tratamento das doenças ou dos fatores intrínsecos que se encontram, podem-se
adotar as seguintesmedidas:

o Atuações na habitação emgeral


o Dimensões adequadas de corredores, portas etc., tentando que a distribuição do
mobiliário não sejaobstáculo.
o Iluminação adequada, sem ofuscar por excesso de luz ou sombras. Os interruptores
devem ser acessíveis e fácil demanejar.
o Pisos: não devem ser, nem parecer deslizantes (existem pisos antideslizantes que têm
um aspecto polido, dando a impressão de serem escorregadios. Convém evitar os tapetes ou,
pelo menos, fixá-los nochão.
o Escadas: colocação de tiras antideslizantes nos degraus ou, se têm uma altura
excessiva, colocação de degraus intermediários. As escadas devem ter corrimão, que podem ser
colocados no resto da casa, senecessário.
o Puxadores de porta com cabo, em vez de puxadoresredondos.
o Poltronas com braços, de encosto alto, que permitam pôr-se em pé semesforço.
o Adequada fixação ao solo dos movéis que possam servir de apoio, sobretudo nos
locais depassagem.

Atuações no quarto e na cama


o Altura adequada da cama, de modo que o idoso possa levantar-se semproblemas.
o Interruptoracessível.
o Papagaio ou comadre próximo da cama, para evitar deslocamentos noturnos até o
banheiro.
o Recomendar ao idoso que se levante da cama de maneira progressiva, para evitar
a hipotensãopostural.
o Evitar as barras laterais de proteção, exceto para casos de agitação em que sejam
imprescindíveis.

Atuações no banheiro
o Superfície antideslizante, ou tapete de borracha próximo da banheira e no boxe do
chuveiro.
o Apoio para as mãos, tanto horizontais como transversais, no chuveiro, para facilitar
amobilização.
o Cadeira higiênica, para facilitar a transferência e evitar o cansaço durante obanho.
o Assento do vaso sanitárioelevado.
o Porta do banheiro com abertura para o exterior, para se manobrar melhor
(especialmente se utiliza bengala ouandador).

Atuações na cozinha
o Evitar que haja objetos no chão, que dificultem amobilidade.
o Tapetes antideslizantes nas áreas que envolvam maior risco: geladeiraetc.
o Colocação dos objetos de uso freqüente em locaisacessíveis.

Vestuário e calçado
o O idoso deve vestir-se e despir-sesentado.

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o Roupa confortável e larga, de preferência com abertura nafrente.


o Sapatos: confortáveis, de salto baixo, sola antideslizante (borracha, de preferência)
e bemajustados.

Uso correto de dispositivo de ajuda


o Os dispositivos de ajuda para a mobilidade (bengalas, andadores e cadeira de
rodas) só devem ser utilizados com prescriçãomedica.
o O seu uso deve ser precedido de uma aprendizagemcorreta.

Atuações no meio hospitalar e residencial


o Em geral, podem ser aplicados todos os conselhos jádescritos.
o Mobilizaçãodopacientedeacordocomastécnicasmaisadequadasparacada
caso.
o Supervisão da deambulação e da realização de atividades dospacientes,
sobretudo daqueles que estão nos seus primeiros dias de reabilitação.
o Utilização de grades apenas em casos que realmente necessitem delas, já que
podem aumentar o estado de agitação e,inclusive,
provocar uma queda ao tentar sair da cama por cima
delas.

Medidas para atenuar as conseqüências das


quedas
o Ensinar o idoso a levantar-se em caso de
queda, uma vez que permanecer por longo tempo no chão
pode trazer conseqüências graves. (fig.14.1)
o Observar o idoso que sofreu uma queda, pois
algumas complicações podem manifestar-se alguns dias
depois.
o Proporcionar sistemas de tele alarme a idosos
que estejam sós, para que possam dar o alerta em caso
de queda ou de outroproblema.
o Podem usar-se dispositivos protetores, por
exemplo, de quadril, para evitar que as quedas provoquemfraturas.

Outros Acidentes

Envenenamento por gás


Está associada ao uso de gás ou à combustão de carvão ou de lenha.
o Fatorespredisponentes
o Deterioração mental que contribui para esquecimentos edescuidos.
o Depressão.
o Alterações sensoriais: perdaolfativa.
o Prevenção
o Cuidar que, especialmente à noite, a torneira de segurança do gás fiquefechada.
o Manter atualizadas as revisões recomendadas pela companhiainstaladora.
o Evitar adormecer quando estejam acesas estufas ou aquecedores degás.

Queimaduras
o Medidaspreventivas
o Proteger-se do contato direto com uma fonte decalor.
o Não jogar no chão pontas de cigarro ou fósforos, nem fumar nacama.
o Fechar bem as bolsa de água quente e cobri-las compano.
o Evitar os cobertores elétricos em idososincontinentes.
o Ter à mão um extintor deincêndios.

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Acidentes na via pública


Um meio físico alterado com uma concepção urbanística e viária incorretas podem
desencadear um acidente fatal. O risco aumenta quando existem incapacidades físicas que
dificultam a deambulação ou o subir e descer de escadas assim como alterações sensoriais.
Os atropelamentos são os acidentes mais importantes pela sua freqüência e
gravidade.
o Medidaspreventivas
o Adequação de semáforos: tempo suficiente para atravessar e sinalizaçãoacústica.
o Calçadas em bomestado.
o Sinalizaçãocorreta.
o Escadas com degraus de alturaadequada.
o Colocação de rampas e deelevadores.
o Tempo de parada suficiente nos transportespúblicos.
o Plataforma de pios rebaixado para facilitar a entrada e saída noscarros.

VIOLÊNCIA E MAUS TRATOS

De acordo com a Rede Internacional


para Prevenção dos Maus Tratos contra a
Pessoa Idosa, define-se a violência contra
esse grupo etário como “o ato (único ou
repetido) ou omissão que lhe cause dano
físico ou aflição e que se produz em
qualquer relação na qual exista
expectativa deconfiança."
A violência contra idosos se
manifesta nas formas: estrutural, que
ocorre pela desigualdade social e é
naturalizada nas expressões da pobreza,
da miséria e da discriminação;
interpessoal que se refere nasrelações
cotidianas; e institucional, que se reflete na aplicação ou omissão da gestão das políticas sociais e
pelas instituições de assistência.
A violência intrafamiliar pode se manifestar de várias formas e com diferentes graus de
severidade. Essas formas não se produzem isoladamente, mas, fazem parte de uma seqüência
crescente de episódios no qual o homicídio é a manifestação mais extrema.
Existem condições particulares, individuais, familiares ou coletivas, que aumentam o risco
de ocorrência de violência intrafamiliar. A pessoa idosa torna-se mais vulnerável à violência na
medida em que apresenta maior dependência física ou mental. O convívio familiar estressante e
cuidadores despreparados ou sobrecarregados tendem a agravar essasituação.

TIPOS DE VIOLÊNCIA

a) Violênciafísica

São manifestações interpessoais que se utilizam do uso da força física para compelir o/ a
idoso/a a fazer o que não deseja, para ferir-lhe, provocar-lhe dores, incapacidades ou a morte.
Esse tipo de violência pode ser manifestada de várias formas: tapas, empurrões, socos,
mordidas, chutes, queimaduras, cortes, estrangulamento, lesões por armas ou objetos, obrigar a
tomar medicações ou outras substâncias (álcool ou drogas) desnecessárias ou inadequadas, tirar

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de casa à força, amarrar, arrastar, arrancar a roupa, abandonar em lugares desconhecidos.


Também pode produzir danos à integridade corporal decorrentes de negligência (omissão de
cuidados e proteção contra agravos evitáveis como situações de perigo, doenças, gravidez,
alimentação, higiene, entre outros).

b) Violênciasexual

A violência sexual contra idosos é impetrada por pessoa com relação de poder (força física,
coerção ou intimidação psicológica, ameaças) sobre o outro/outra e é caracterizada como ato ou
jogo sexual de caráter homo ou hetero-relacional que visa obter excitação ou satisfação sexual do
agressor/agressora. Inclui, entre outras: carícias não desejadas, penetração oral, anal ou vaginal,
com pênis ou objetos de forma forçada, exibicionismo e masturbação forçados, uso de linguagem
erotizada em situação inadequada, ser forçado a ter ou presenciar relações sexuais com outras
pessoas além do casal e impedimento do uso de preservativo.

c) Violênciapsicológica

É toda ação ou omissão (agressões verbais ou gestuais) que causa ou visa causar dano à
auto-estima, à identidade ou ao desenvolvimento da pessoa idosa.
Inclui: insultos constantes, terror, humilhação, desvalorização, chantagem, isolamento de
amigos e familiares, ridicularização, rechaço, manipulação afetiva, exploração, ameaças, privação
arbitrária da liberdade (impedimento de trabalhar, cuidar da aparência pessoal).

d) Violência econômica ou financeira oupatrimonial

É a forma de violência que se expressa na exploração indevida ou ilegal dos idosos ou ao


uso não consentido por eles de seus recursos financeiros ou patrimoniais. Esse tipo de abuso
ocorre, principalmente, no âmbito familiar, podendo também acontecer em instituições de longa
permanência.
Inclui: roubo, destruição de bens pessoais (roupas, objetos, documentos, animais de
estimação) ou de bens da sociedade conjugal (residência, móveis, utensílios domésticos, terras),
recusa a participar nos gastos básicos para a sobrevivência do núcleo familiar, uso de recursos
econômicos da pessoa idosa, tutelada ou incapaz, destituindo-a de gerir seus próprios recursos e
deixando-a sem provimentos e cuidados.

e) Violênciainstitucional

É aquela exercida nos/pelos próprios serviços públicos, por ação ou omissão. Pode incluir
desde a dimensão mais ampla da falta de acesso à má qualidade dos serviços. Abrange abusos
cometidos em virtude das relações de poder desiguais entre usuários(as) e profissionais dentro
das instituições. Esse tipo de violência inclui: peregrinação por diversos serviços até receber
atendimento; falta de escuta e tempo para o(a) idoso(a); frieza, rispidez, falta de atenção ou
negligência; maus-tratos dos profissionais para com os usuários, motivados por discriminação,
abrangendo questões de cor/etnia, idade, opção sexual, gênero, deficiência física ou doença
mental; desqualificação do saber prático, da experiência de vida, diante do saber científico;
violência física (por exemplo, negar acesso à anestesia como forma de punição, uso de
medicamentos para adequar o paciente à necessidade do serviço ou do profissional); detrimento
das necessidades e direitos da pessoa idosa; críticas ou agressões dirigidas a quem grita ou
expressa dor e desespero, ao invés de se promover uma aproximação e escuta atenciosa visando
acalmar a pessoa, fornecendo informações e buscando condições que lhe tragam maior
segurança do atendimento ou durante a internação; diagnósticos imprecisos, acompanhado de
prescrição de medicamentos inapropriados ou ineficazes, desprezando ou mascarando os efeitos
daviolência.

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f) Abandono/negligência

O abandono/negligência é caracterizado pela falta de atenção para atender às necessidades


da pessoa idosa. Ex: não provimento de alimentos adequados, roupas limpas, moradia segura,
descuido com a saúde, a segurança e a higiene pessoal. A administração de medicamentos por
familiares, cuidadores e/ou profissionais, de forma indevida – aumento, diminuição ou exclusão de
dose e/ou medicamento.

g) Auto-negligência

É a violência da pessoa idosa contra si mesma (conduta) ameaçando sua própria saúde ou
segurança. Normalmente manifesta-se com a recusa ou o fracasso de prover a si próprio um
cuidado adequado, mesmo tendo condições físicas para fazê-lo (não tomar banho, não se
alimentar, não se movimentar).

Estudos mostram que, quanto mais velha e mais dependente for a pessoa idosa, maior seu
risco de ser vítima de violência. A pessoa idosa geralmente tem dificuldade em denunciar a
violência a que está sendo submetida por receio ou vergonha. Dessa forma, os profissionais de
saúde têm um papel fundamental na interrupção desse ciclo, tornando-se mais alertas à detecção
de sinais e sintomas que possam denunciar tais situações. O profissional de saúde deve estar
cienteda possibilidade da violência contra a pessoa idosa ser uma ocorrência que pode levá-la à
óbito. É preciso que os profissionais de saúde estejam cada vez mais preparados e alertas para a
leitura dos sinais de violência deixados pelas lesões e traumas nos idosos.
Segundo a rotina estabelecida em cada município, os encaminhamentos das pessoas
idosas, em situação de violência devem ser feitos para os órgãos e instituições descriminados a
seguir, de acordo com a organização da rede de serviços local:
a) Delegacia especializada damulher
b) Centro de Referência daMulher
c) DelegaciasPoliciais
d) Conselho Municipal dos Direitos da PessoaIdosa
e) Centro de Referência da Assistência Social(CRAS)
f) MinistérioPúblico
g) IML eoutros

Revisada em fevereiro de 2021.

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