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CONSIDERAÇÕES SOBRE O PENTATEUCO

Pentateuco é o nome dado aos cinco primeiros livros da Bíblia. São eles:

GÊNESIS — O começo de tudo, o livro dos princípios, das origens, como tudo começou

ÊXODO — A grande libertação e os termos da aliança de Deus com seu povo

LEVÍTICO — As leis dos israelitas e o plano de Deus para a redenção

NÚMEROS — Registro de uma jornada pelo deserto rumo à Terra Prometida

DEUTERONÔMIO — A grande revisão das leis da nação hebraica

O nome Pentateuco vem da palavra grega Πεντάτευχος (pentateuchos) que significa “cinco

volumes” ou “cinco livros”. Estes cinco primeiros livros formam a primeira e mais importante

seção de livros no Antigo Testamento.

Vemos a primazia desses livros na Bíblia hebraica, que é composta por três grandes seções —
Lei, Profetas e Escritos. Isso se repete na Bíblia cristã, que por sua vez baseia a ordem de seus
livros na versão grega do Antigo Testamento, a famosa Septuaginta (LXX), datada de 150 a. C.

É certo que a autoria do Pentateuco pertence a Moisés embora não haja qualquer nomeação
explícita dele em nenhum dos cinco livros. Vemos a prova disso ao lermos outros textos das
Escrituras que referenciam a autoria mosaica:

“Em chegando o sétimo mês, e estando os filhos de Israel nas suas cidades, todo o povo se
ajuntou como um só homem, na praça, diante da Porta das Águas; e disseram a Esdras, o escriba,
que trouxesse o Livro da Lei de Moisés, que o Senhor tinha prescrito a Israel” — Neemias 8:1

“Naquele dia, se leu para o povo no Livro de Moisés; achou-se escrito que os amonitas e os
moabitas não entrassem jamais na congregação de Deus, porquanto não tinham saído ao
encontro dos filhos de Israel com pão e água; antes, assalariaram contra eles Balaão para os
amaldiçoar; mas o nosso Deus converteu a maldição em bênção. Ouvindo eles, o povo, esta lei,
apartaram de Israel todo elemento misto” — (Neemias 13:1-3)

“Porém os filhos deles não matou, mas fez segundo está escrito na Lei, no Livro de Moisés, no
qual o Senhor deu ordem, dizendo: Os pais não serão mortos por causa dos filhos, nem os filhos,
por causa dos pais; cada qual será morto pelo seu próprio pecado” — (2 Crônicas 25:4)
Daí então surge a pergunta: já que Moisés foi o autor do Pentateuco e com toda certeza ele
não pôde acompanhar in loco todos os eventos que são narrados, quais foram as fontes que
ele usou para escrever seus livros? Existem três fontes:

REVELAÇÃO DIRETA DA PARTE DE DEUS

O próprio Deus se revelou de maneira pessoal a Moisés para libertar seu povo escolhido da
escravidão do Egito (Êxodo 3:1-11), lhe revelando muitas das coisas que ele registrou no
Pentateuco. A prova disso é o fato de que Deus tratava com Moisés como quem trata a um
amigo, face a face: “Falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala a seu amigo;
então, voltava Moisés para o arraial, porém o moço Josué, seu servidor, filho de Num, não se
apartava da tenda” (Êxodo 33:11).

USO DE FONTES ANTIGAS

Não podemos esquecer que Moisés tinha costumes comuns a cultura da qual ele fazia parte.
Era um hábito frequente entre os povos do antigo Oriente Próximo utilizar documentos
antigos, ou seja, fontes escritas já existentes na hora de elaborar seus próprios escritos. A
menção a tais fontes pode ser vista em Gênesis 5:1 e Números 21:14 — esta última é a única
menção a um livro de cânticos de vitória, algo corrente em Israel até meados do período do
exílio babilônico.

TRADIÇÃO ORAL

Esse é outro costume comum entre os judeus e certamente Moisés pode ter recorrido a ele.
Adão relatou aos seus filhos a criação, a queda e a expulsão do Jardim do Éden, que falaram
para seus filhos, e seus filhos falaram aos seus filhos e assim por diante. O judeu passava
para as gerações seguintes sua história e sua fé, como é lido em 2 Crônicas 20:6, 7: “e disse:
Ah! SENHOR, Deus de nossos pais, porventura, não és tu Deus nos céus? Não és tu que
dominas sobre todos os reinos dos povos? Na tua mão, está a força e o poder, e não há quem
te possa resistir. Porventura, ó nosso Deus, não lançaste fora os moradores desta terra de
diante do teu povo de Israel e não a deste para sempre à posteridade de Abraão, teu
amigo?”

Vemos a providência de Deus em todo o processo de escrita do Pentateuco, falando ao seu


povo de forma infalível e inspirada dentro de seus costumes e cultura.

Vejamos agora alguns elementos que a crítica liberal utiliza para tentar invalidar a autoria
mosaica do Pentateuco:
EMPREGAM O RACIOCÍNIO CIRCULAR

Falando brevemente, raciocínio circular nada mais é do que um tipo de falácia que tenta
justificar a conclusão de uma tese defendida utilizando a própria conclusão com palavras
ligeiramente diferentes, sem expor nenhum argumento ou informação útil capaz de
sustentar a tese. Por exemplo: “matar não é certo, logo matar é moralmente errado”.
Aplicando esse elemento a autoria do Pentateuco, um liberal pode dizer que “Moisés não
tinha como saber tudo que era necessário para escrever o Pentateuco, logo Moisés não é o
autor do Pentateuco”. Perceba que, de maneira sutil e sem apresentar maiores explicações
sobre essa afirmação, uma ideia como essa pode facilmente enganar os leigos desavisados.

SUPÕE UM PADRÃO LITERÁRIO INFERIOR AOS ESCRITOS HEBRAICOS EM CONTRAPOSIÇÃO


AOS SEUS CONTEMPORÂNEOS

Israel era uma nação minúscula diante das demais nações que os cercavam. Por vezes o povo
hebreu passava por certas dificuldades, como por exemplo nos tempos do rei Saul, descrito
em 1 Samuel 13:19-21. Isso foi aplicado também a literatura hebraica, como se os escritos
de outras nações fossem superiores a Bíblia. No entanto, Deus não quis eleger uma outra
nação mais forte ou numerosa: por amor a Israel e pela fidelidade a suas promessas, Deus
escolheu os descendentes de Abraão para abençoar todas as famílias da terra:

“Porque tu és povo santo ao SENHOR, teu Deus; o SENHOR, teu Deus, te escolheu, para que
lhe fosses o seu povo próprio, de todos os povos que há sobre a terra. Não vos teve o
SENHOR afeição, nem vos escolheu porque fôsseis mais numerosos do que qualquer povo,
pois éreis o menor de todos os povos, mas porque o Senhor vos amava e, para guardar o
juramento que fizera a vossos pais, o Senhor vos tirou com mão poderosa e vos resgatou da
casa da servidão, do poder de Faraó, rei do Egito ” (Deuteronômio 7:6-8).

Isso reverbera ao fato de que o descendente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente
(Gênesis 3:15) viria desse povo escolhido, com a missão de ser o sumo sacerdote de nossas
almas (Salmos 110:4).

AFIRMAM QUE A CONFIABILIDADE DAS ESCRITURAS NÃO SE SUSTENTA DIANTE DAS


DESCOBERTAS CIENTÍFICAS

É preciso esclarecer algumas coisas. A Bíblia não se apresenta como um livro preocupado
com questões científicas, entretanto ela também não contradiz a ciência, muito pelo
contrário, são as descobertas científicas que corroboram com o relato bíblico. Por exemplo,
a segunda lei da termodinâmica, que demonstra que um universo organizado tende a se
desorganizar com o passar do tempo, que por sua vez exclui a ideia naturalista de que tudo
que existe surgiu do acaso, ou a partir de uma grande explosão desorganizada de matéria
(Big Bang), onde um universo desorganizado se organizou espontaneamente e está como o
conhecemos hoje. É na Bíblia que vemos Deus criando tudo que existe, de maneira
ordenada, etapa por etapa, sem deixar nada por conta do acaso ou da aleatoriedade. Sem
mencionar a conhecida lei da biogênese, descoberta por Louis Pasteur em 1864. Essa lei
comprovou que organismos vivos não podem surgir a partir de elementos químicos
inanimados, ou seja, somente aquilo que está vivo pode gerar outras formas de vida. Em
outras palavras, somente a vida pode gerar vida. E não é exatamente isso que lemos nos
primeiros capítulos de Gênesis? Deus que é a própria vida, povoando a terra recém-criada
com uma imensa variedade de animais e plantas, criando o homem e a mulher conforme a
sua imagem e semelhança. Parafraseando o professor Adauto Lourenço que disse que:
“Toda ciência devidamente estabelecida e toda Bíblia corretamente interpretada nunca
entrarão em contradição”, chegamos a seguinte conclusão: Bíblia e ciência não são opostas.
A ciência em si não é contra Deus, o que existe são cientistas que a partir de seus
pressupostos assumem posições “científicas” contrárias a Deus, pois nenhum cientista
jamais será capaz de refutar a afirmação mais impactante que foi revelada a humanidade:

“No princípio, criou Deus os céus e a terra” — (Gênesis 1:1).

Por fim, é notória a unidade existente entre os livros do Pentateuco. Seu objetivo maior é
revelar o Deus Criador que prometeu redimir seu povo escolhido por meio da obra de Seu
Filho, Jesus Cristo, registrando aos homens de todas as épocas tudo que é necessário para
sua salvação.

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