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EY Center for Board Matters

Guia para Comitês


de Auditoria
Abril/2022
Índice
04 | 01. Mercado de capitais e governança

EY Center for Board Matters 06 | 02. A governança e o Comitê de Auditoria

Guia para Comitês 08 | 03. O dever do Comitê de Auditoria

de Auditoria
32 | 04. Treinamento e educação continuada

36 | 05. Relatório anual do Comitê de Auditoria


Abril/2022
38 | Anexo: Modelo de relatório do Comitê de Auditoria

42 | Anexo: Checklist para o Comitê de Auditoria

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Mercado Conforme orientação da CVM:

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“Governança corporativa é o conjunto de práticas que têm por finalidade otimizar

de capitais
o desempenho de uma companhia ao proteger todas as partes interessadas,
tais como investidores, empregados e credores, facilitando o acesso ao capital.
A análise das práticas de governança corporativa aplicada ao mercado de capitais

e governança
envolve principalmente: transparência, equidade de tratamento dos acionistas
e prestação de contas”.

Ainda conforme a CVM, “companhias com um sistema de governança que proteja


todos os seus investidores tendem a ser mais valorizadas porque os investidores
reconhecem que o retorno dos investimentos será usufruído igualmente por todos”.

É notório que temos tido avanços na governança como fruto do aprendizado, por
vezes com dor, e da evolução natural do mercado de capitais, principalmente com a
implantação do Novo Mercado. Sem dúvida esta segmentação foi um divisor de águas,
pois trouxe inovação tanto no acesso ao mercado de capitais quanto na governança.

Além das expectativas dos investidores, os reguladores também têm avançado


em relação a exigências e orientações para o mercado em geral sobre temas
relacionadas a governança corporativa.
É evidente a expansão do mercado de capitais brasileiro nos últimos anos,
com dezenas de empresas atraindo novos investidores, brasileiros e estrangeiros, Sem sombra de dúvida, o mercado tem expectativa e reconhece o papel-chave do
e captando os recursos necessários para a execução das suas estratégias. A Comitê de Auditoria, ao lado dos Conselhos de Administração, no direcionamento
expansão da base de investidores e o crescimento do mercado de capitais neste e na supervisão das práticas de governança corporativa. Neste sentido, cada vez
momento trazem investidores mais sofisticados e atentos. mais Comitês de Auditoria refletem sobre como ser mais envolvidos no processo
de definição das estruturas de governança e sobre como criar a melhor supervisão
Entre os pilares fundamentais para um adequado funcionamento dos mercados dos processos de gestão das empresas. Hoje, mais do que nunca, uma função
de capitais, a confiabilidade atua no papel de protagonista. Parte substancial de governança corporativa sólida é essencial para uma relação positiva e bem-
da confiabilidade demandada para o funcionamento adequado dos mercados sucedida das empresas de capital aberto com os mercados de capitais.
de capitais decorre de práticas de governança corporativa.

Do ponto de vista das empresas, tanto para as veteranas no mercado de capitais


quanto para as recém-chegadas – agora sob o crivo do mercado –, o desafio
fundamental é transmitir confiança e atender as expectativas dos seus investidores.
A resposta para este desafio passa por boas práticas de governança corporativa.

Investidores e reguladores estão cada vez mais focados nas práticas de


governança corporativa de empresas de capital aberto. As razões podem variar.
Seja por demandas para informações financeiras e operacionais mais precisas
e confiáveis, seja por demandas a respeito de temas emergentes e essenciais,
como sustentabilidade e diversidade.

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A governança É importante ressaltar que os comitês não devem ter poder de deliberação e as suas

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recomendações não vinculem as deliberações do Conselho.

e o Comitê
O Comitê de Auditoria tem como responsabilidade apoiar o Conselho de
Administração na supervisão de riscos da companhia, a integridade das suas
Demonstrações Financeiras e controles internos, as qualificações e a independência

de Auditoria
do auditor independente, o desempenho da área de auditoria interna e os processos
para cumprimento das leis e dos regulamentos. Além disso, deve ser um agente
de uniformização dos diversos relatórios emitidos pela companhia, como Formulário
de Referência, 20F, Demonstrações Financeiras, Press Release, prospectos etc.

Estatutário ou não, o Comitê de Auditoria é fortemente recomendado pelas


melhores práticas de governança corporativa publicadas pelo Instituto Brasileiro
de Governança Corporativa (IBGC) como apoio ao Conselho de Administração. Além
de ser requerido para empresas listadas no segmento Novo Mercado da B3 ou nas
bolsas estadunidenses (NYSE e Nasdaq). A adição do Comitê de Auditoria é uma
forma de demonstrar transparência, ética financeira e uma boa gestão dos negócios
para o mercado e seus reguladores, além de fortalecer a governança corporativa,
com a independência necessária. Neste guia, oferecemos informações relevantes
A governança corporativa é imprescindível para direcionar como cada tema para ajudar os membros de Comitês de Auditoria a entender as suas funções
de negócio é avaliado pelo Conselho de Administração, inserido na estratégia e responsabilidades ao navegar pela governança e executar as suas obrigações.
e praticado pela companhia em seus mais diversos fóruns. E o aperfeiçoamento Oferecemos ainda ferramentas úteis, inclusive exemplos de regulamentos de
deste ambiente tanto no âmbito brasileiro quanto no âmbito global é contínuo. um Comitê de Auditoria e de relatório anual, além de questionários sobre expertise
financeira e de autoavaliação. Além disso, a seção de Perguntas inclui uma série
Em um contexto competitivo em constante transformação, aliado a novos riscos
de indagações que você pode fazer à Administração, a profissionais de auditoria
e cenários, a governança corporativa precisa ser estruturada para viabilizar a
interna ou a auditores independentes sobre tópicos específicos.
avaliação de temas na profundidade necessária e com as devidas especialidades,
visando suportar a tomada de decisão. Uma governança bem estruturada permite,
além de outras ações, a discussão e a viabilização de ações, o desdobramento
para toda a companhia e a divulgação para o mercado.

Neste sentido, o bom funcionamento do Conselho de Administração depende


não somente de sua composição, diversidade e dinâmica de reuniões,
mas também da avaliação correta de quais comitês de assessoramento são
necessários. A estrutura e a definição dos comitês devem estar adequadas
às necessidades e à sustentabilidade do negócio.

Os comitês têm a responsabilidade de analisar com profundidade temas específicos


e podem ser criados conforme a necessidade da companhia e a determinação
do Conselho de Administração. Alguns exemplos são: Comitê de Auditoria,
de Remuneração, de Finanças, de Sustentabilidade, de Riscos, entre outros.

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O dever
ii Atuação: Ser responsável pela contratação e destituição dos auditores

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independentes, prezar pela transparência e confiabilidade das Demonstrações
Financeiras, monitorar as funções de riscos da companhia e os riscos

do Comitê aos quais a companhia está exposta e recomendar a adoção de políticas,


regimentos, procedimentos internos para a companhia.

de Auditoria
iii Reporte: O Comitê de Auditoria é um órgão de assessoramento vinculado
ao Conselho de Administração da companhia e se reporta a ele, porém possui
autonomia operacional e regimento, e orçamento próprio.

No Brasil, o Comitê de Auditoria Estatutário foi instituído por meio da Instrução


CVM no 308 de 1999, posteriormente revogada pela Resolução 23/21 da CVM,
que estabelece as exigências do órgão regulador para as companhias de capital
aberto listadas na B3, resumidas no quadro abaixo.

A criação do Comitê de Auditoria como órgão de governança encarregado de


supervisionar as funções de auditoria, riscos e controles remonta à sua introdução
pela New York Stock Exchange (NYSE) em 1939. Na evolução subsequente, o
marco principal foi a sua consolidação na Lei Sarbanes-Oxley (2002), que aprovou
basicamente o que foi concluído pelo Comitê Blue Ribbon (1999) sobre a eficácia
do Comitê de Auditoria. Esta ação levou a um novo marco regulatório, que, por
sua vez, trouxe consequências para todas as empresas estrangeiras listadas nas
bolsas americanas e vem deflagrando revisões nos marcos regulatórios de todos
os países com forte presença no mercado de capitais.

Para empresas listadas no segmento Novo Mercado da B3, o Novo Regulamento


direciona critérios claros para composição, atuação e reporte do Comitê
de Auditoria (estatutário ou não estatutário), sendo eles:
i Composição: Ter no mínimo 3 (três) membros, sendo que ao menos 1 (um)
deles deve ser conselheiro independente da companhia e 1 (um) deve
ter reconhecida experiência em assuntos de contabilidade societária. Não
precisam ser pessoas distintas, ou seja, 1 (um) membro do Comitê pode
acumular as duas funções.

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O Comitê de Auditoria, sendo estatutário ou não, traz benefícios para a companhia


Itens relevantes para o funcionamento do Comitê de Auditoria Estatutário (CAE):
por meio do aumento da confiabilidade das Demonstrações Financeiras e do
aprimoramento das funções de risco da companhia.
Regimento e assuntos legais do CAE
Instalar o CAE por meio de reforma no estatuto social com regimento, coordenador, Além das regras estabelecidas pela Resolução 23/21 da CVM, o regulamento
reunião bimestral, mecanismos para receber denúncias, autonomia operacional do segmento Novo Mercado da B3 veda a participação, como membros do Comitê
e orçamentária, registro em atas, comparecimento no Conselho de Administração
de Auditoria da companhia, os seus diretores, os diretores das suas controladas,
e AGO, mínimo de três membros, independência do membro do CAE, requisitos
do membro com experiência em contabilidade societária. o seu acionista controlador, das suas coligadas ou sociedades de controle comum.

Competência e atividades do CAE a | Responsabilidades e regras


A atuação do Comitê de Auditoria como suporte à credibilidade das
Auditor independente
Demonstrações Financeiras é assim resumida:
Opinar sobre contratação e destituição; supervisionar a qualidade dos serviços;
avaliar a independência; registro das situações com divergência entre a administração
e os auditores; e atendimento às demandas do CAE pelos auditores.
Funções do Comitê de Auditoria
Auditoria interna
Supervisionar a adequação da área de auditoria interna. I | Supervisionar as funções que apoiam a transparência das informações contábeis
da companhia, como a manutenção de controles internos sólidos e eficazes,
Controle interno
garantindo o cumprimento das responsabilidades fiduciárias dos administradores.
Supervisionar a adequação da área de controle interno e monitorar a qualidade Supervisionar a qualidade, a conformidade e a integridade das Demonstrações
e a integridade dos mecanismos de controle internos. Financeiras, das práticas de gerenciamento de riscos e divulgações relacionadas.

Demonstrações financeiras II | Analisar as Demonstrações Financeiras e demais informações públicas com


Supervisionar as atividades da área de elaboração das Demonstrações Financeiras o objetivo de garantir a representação econômica adequada das operações
da companhia; monitorar as informações contábeis trimestrais, intermediárias da companhia. Supervisionar quanto à aderência às normas legais, estatutárias
e Demonstrações Financeiras da companhia; monitorar as medições com base e regulatórias.
em dados contábeis ajustados e não contábeis.
III | Supervisionar a atuação dos auditores independentes para que avaliem, por
Risco meio dos seus exames, as políticas contábeis e as práticas da administração e da
Avaliar e monitorar as exposições de risco, podendo requerer informações auditoria interna. Supervisionar as qualificações, a independência e o desempenho
sobre remuneração da administração, utilização de ativos e despesas incorridas. do auditor independente.

Transações com partes relacionadas IV | Supervisionar a atuação da auditoria interna para que avalie os controles internos
e o alinhamento com a matriz de risco da companhia.
Avaliar e monitorar a adequação das transações com partes relacionadas
e evidenciações. V | Assegurar a adesão ao código de governança da companhia, integridade e compliance.

Relatório anual resumido VI | Supervisionar e monitorar a adequação dos processos relativos à gestão de riscos,
Elaborar relatório contendo atividades, resultados, conclusões e recomendações, incluindo a avaliação dos principais riscos do negócio.
bem como quaisquer divergências relevantes entre a administração e os auditores
Independentes. Os Comitês de Auditoria não estatutários devem informar as suas VI | Supervisionar e monitorar se a companhia possui um processo de controle interno
atividades trimestralmente ao Conselho de Administração. adequado, com políticas formalizadas e bem definidas e o acompanhamento
de temas relevantes, tais como avaliações sobre os controles decorrentes
da Lei Sarbanes-Oxley (SOX) para companhias SEC.

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A execução do conteúdo destes tópicos, entretanto, deve ser acompanhada de Além disso, os membros devem entender de finanças, gestão de riscos
uma visão mais ampla. O Comitê de Auditoria deve estabelecer uma compreensão e normas dos reguladores e, no mínimo, um membro deve ser especializado
sobre o negócio e os riscos significativos a que a companhia está exposta em contabilidade ou ter experiência em gestão financeira.
como base para a sua atividade de supervisão. O entendimento sobre estrutura,
tipos de transação e os seus controles internos deve ser observado à luz da Existem 3 (três) classes distintas de membro, de acordo com o seu nível
compreensão dos negócios e riscos, e o comitê deve assegurar-se de que isso é de independência com a organização (segundo o IBGC):
compreendido pelos auditores externos e internos. O Comitê também deve avaliar Internos | Conselheiros que ocupam posição de diretores ou que são
se a Administração incentiva a cultura da transparência e mantém um ambiente empregados da organização. Este tipo de conselheiro deve ser evitado.
que permita a elaboração de Demonstrações Financeiras de alta qualidade. Externos | Conselheiros sem vínculo atual comercial, empregatício
Neste sentido, a forma com que o C-Level, principalmente nas figuras ou de direção com a organização, mas que não são independentes.
do(a) CEO e do(a) CFO, avalia a adequação e a eficácia dos controles internos
Independentes | Conselheiros externos que não possuem relações familiares,
é um dos aspectos essenciais da cultura de transparência da companhia.
de negócio, ou de qualquer outro tipo com sócios com participação relevante,
b | Organização e operação do Comitê de Auditoria grupos controladores, executivos, prestadores de serviços ou outras entidades
relacionadas relevantes (outros critérios podem se aplicar).
Os Conselhos de Administração e os Comitês de Auditoria precisam desafiar
constantemente os seus processos e certificar-se de que possuem pessoas • Independência
com as qualificações certas à sua frente.
A independência deve ser revisada pelo menos uma vez por ano ou,
• Composição do Comitê de Auditoria preferencialmente, com mais frequência, para que relacionamentos ou
circunstâncias que possam afetá-la sejam identificados o mais rapidamente possível.
A composição do comitê é parte importante da sua eficácia. O nível adequado
A Seção 301 da SOX e a Resolução 23/21 da CVM proíbem que membros do Comitê
de qualificação, compromisso e disponibilidade dos seus membros é crítico à
de Auditoria aceitem honorários por serviços de consultoria da companhia ou de
capacidade do comitê de executar as suas responsabilidades de maneira eficaz.
qualquer controlada ou sejam afiliadas à companhia ou controlada. A remuneração
A gama de perspectivas e formas de pensar diversificadas ajuda a fortalecer
proibida pode incluir remuneração indireta a cônjuges, filhos menores ou adultos
a qualidade das deliberações do Comitê de Auditoria e proporciona agregação
que residam com um membro do comitê.
de valor real às companhias e aos acionistas.
• Expertise em finanças
O Comitê de Auditoria deve ser composto de, no mínimo, 3 (três) membros,
indicados pelo Conselho de Administração, que exercerão os seus cargos por, A empresa deve informar se há pelo menos um especialista em finanças no comitê,
no máximo, 10 (dez) anos, sendo: i) ao menos 1 (um) membro do Conselho e se não possuir um especialista em finanças no Comitê de Auditoria deve divulgar
de Administração da companhia, que não participe da diretoria; e ii) a maioria este fato e explicar o motivo. Se o comitê possuir um especialista em finanças,
de membros independentes. É vedada a participação de diretores da companhia, a companhia deve informar o seu nome. O Conselho de Administração avaliará
as suas controladas, controladora, coligadas ou sociedades em controle comum, se o profissional é um especialista em finanças, observando os seguintes atributos:
diretas ou indiretas, no Comitê de Auditoria. • Entendimento sobre Demonstrações Financeiras.
• Capacidade de avaliar a aplicação geral dos princípios contábeis
Para que se cumpra o requisito de independência, o membro do Comitê
em estimativas, provisões e reservas.
de Auditoria: i) não pode ser, ou ter sido, nos últimos 5 (cinco) anos:
ii) sócio, responsável técnico ou integrante de equipe de trabalho do Auditor • Experiência em preparar, auditar, analisar ou avaliar Demonstrações Financeiras
Independente – Pessoa Jurídica. com o mesmo nível de complexidade das demonstrações da companhia,
ou experiência em supervisionar os profissionais envolvidos nessas atividades.

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• Entendimento sobre controles internos. • Refletir sobre assuntos relevantes, avaliar o que funciona
• Entendimento das funções do Comitê de Auditoria. e o que não funciona, e identificar ações de acompanhamento.
• Estabelecer expectativas claras sobre a auditoria interna,
Estes atributos podem ser obtidos por meio de formação e experiência profissional. o auditor independente e a administração.
• Avaliação e autoavaliação de desempenho • Reunir-se em particular com vários membros da administração, tais como
o diretor financeiro, o controller, o diretor jurídico, o diretor de TI, o diretor
As normas da NYSE e as regras do Novo Mercado exigem que os Comitês
de risco e outras pessoas, conforme necessário.
de Auditoria avaliem o seu próprio desempenho a cada ano. Eles devem usar
a avaliação e os resultados como catalisadores para melhorar os seus processos, • Conversar claramente sobre expectativas e objetivos para cada reunião.
procedimentos e agendas. Esta avaliação deve comparar o efetivo desempenho • Solicitar ideias ou sugestões para questões e tópicos específicos.
do comitê em relação às suas normas. Um membro independente ou o próprio • Entender a resposta e a resolução para os assuntos apresentados.
Comitê de Auditoria podem conduzir a avaliação do seu desempenho.
Os prazos e os limites de mandato dos conselheiros também atuam como
As áreas normalmente enfatizadas são: mecanismos para buscar uma rotatividade saudável que permita ao Conselho
• Composição, estrutura e atividades do Comitê de Auditoria. se manter renovado assim como manter a pluralidade necessária das discussões
• Qual o nível de entendimento sobre os negócios e os seus riscos. e um planejamento de sucessão (com base nas orientações do IBGC, o mandato
não deve ultrapassar dois anos. A reeleição, não automática, é benéfica e
• Qual o nível de comunicação entre o comitê e a administração,
permite construir um conselho experiente, porém sempre de forma vinculada
auditoria interna e auditores independentes.
à avaliação).
• Como o comitê entende e considera os riscos de fraude,
incluindo os controles da companhia para mitigar tais riscos. • Interação com outros comitês
• Como o comitê supervisiona o processo de elaboração de relatórios A interação entre as políticas de remuneração de executivos e a gestão de risco
financeiros da companhia. tem sido uma área de especial interesse para órgãos reguladores e investidores.
• Como o comitê vê os controles internos da companhia e como avalia O Comitê de Auditoria precisa também avaliar potenciais áreas de risco às
a eficácia e as conclusões sobre os controles internos bem como Demonstrações Financeiras ou ao sistema de controles internos da companhia.
se as divulgações relacionadas são adequadas.
Embora a supervisão da avaliação e da divulgação dos riscos relacionados
Além disso, o presidente do Comitê de Auditoria deve avaliar periodicamente à remuneração seja função do comitê de remuneração e de todo o conselho,
o desempenho de cada membro do comitê, verificando o seu conhecimento o Comitê de Auditoria pode auxiliar na avaliação de como os planos de
do negócio, objetividade, independência, ideias e sugestões, julgamento, remuneração da companhia empregam determinadas métricas financeiras,
capacidade de comunicação e dedicação geral ao comitê. Os resultados podem e como essas afetam os riscos de fraude da companhia. Ela pode também
mostrar que os membros do comitê precisam de treinamento adicional ou avaliar o relatório da administração, a discussão e análise da remuneração
ser substituídos. O Comitê de Auditoria deve desenvolver e executar um plano e outras divulgações.
de ação para lidar com áreas que necessitem de melhorias.
O Comitê de Auditoria deve:
• Sessões executivas • Reunir-se periodicamente com o comitê de remuneração para discutir
Os Comitês de Auditoria normalmente realizam reuniões privadas com as sobre os incentivos da administração e os tópicos relacionados.
auditorias interna e externa e com a administração. Os membros do comitê • Verificar, em conjunto com o comitê de remuneração, a adequação da
poderiam usar estas oportunidades para: estrutura de incentivo e se ela contribuiu para aumentar o risco de fraude.

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• Determinar se a companhia trata adequadamente a remuneração de c | Supervisionando os auditores internos


executivos e diretores, inclusive o uso adequado dos ativos corporativos, Em linhas gerais, o objetivo da auditoria interna é identificar desvios e ameaças
tais como aeronaves, imóveis residenciais, entre outros ativos. potenciais para o negócio e fazer sugestões para mitigar os riscos. Esta função
implica o exame, o monitoramento e a análise de atividades relacionadas à operação
Resumo geral de uma empresa, incluindo os seus negócios, o comportamento dos funcionários,
estrutura e sistemas de informação. Regulamentos, como a Lei Sarbanes-Oxley,
Organização e operação do Comitê de Auditoria aumentaram as exigências corporativas para a realização de auditorias internas,
e o seu papel para os fins do Comitê de Auditoria é extremamente relevante.
• Enfocar as questões de composição do comitê, inclusive independência, expertise
A Resolução 23/21 da CVM determina “supervisionar a adequação da área
em finanças, experiência com negócios e mercado em geral ou com liderança
e planejamento de sucessão. de auditoria interna” como função do Comitê de Auditoria Estatutário.
Esta definição pode considerar que o comitê supervisiona, mas não tem
• Avaliar a expertise e a competência dos membros no contexto da estratégia e do atual a responsabilidade sobre a execução da atividade de auditoria interna,
perfil de risco da companhia bem como para os próximos anos.
ainda que tome conhecimento de tudo o que for relativo ao seu desempenho
• Considerar a capacidade de trabalhar em equipe para desafiar as decisões de maneira e contribuição para o controle dos riscos envolvidos no negócio.
construtiva e obter diversos pontos de vista dentro do grupo.
O regimento do Comitê de Auditoria, com base no seu entendimento da função de
• Ajudar a promover o ceticismo saudável entre os membros do comitê e do conselho. supervisão sobre a auditoria interna, deve envolver alguns pontos. O comitê deve:
• Considerar a rotatividade periódica de membros do Comitê de Auditoria, intercalando • Revisar e aprovar o plano anual da área de auditoria interna e todas
os prazos dos membros para trazer novas habilidades e perspectivas. as mudanças neste plano.

• Contratar consultores independentes quando necessário. • Revisar e discutir com os auditores internos o escopo – ou seja, tudo o que
deve ser incluído e o que não está incluído –, o desenvolvimento e os resultados
• Alinhar materiais e agendas do Comitê de Auditoria com as áreas prioritárias da execução do plano de auditoria.
da companhia.
• Receber os relatórios sobre a situação de resultados significativos,
• Apresentar questões de conformidade, relatórios-padrão e itens informativos úteis recomendações e a correspondente resposta de administradores e gerentes.
no fim de reuniões e outros eventos.
• Revisar a descrição organizacional aprovada para a área de auditoria interna
• Acompanhar reuniões privadas entre executivos da companhia, auditores envolvendo os aspectos de pessoal, atividades, estrutura organizacional
independentes e auditoria interna. e gestão, além de curriculum vitae e credenciais do pessoal.
• Coordenar com o comitê de remuneração, dar assistência na avaliação de como • Revisar e participar da indicação, da substituição ou da demissão do responsável
determinadas métricas financeiras são empregadas nos planos de remuneração pela área de auditoria interna.
da companhia e na revisão dos relatórios da administração. • Revisar o desempenho anual da função de auditoria interna.

A auditoria interna é um componente importante na gestão dos riscos do negócio,


uma vez que ajuda as empresas a identificar problemas antes que eles se tornem
substanciais. É uma função independente e objetiva, responsável por verificar
o funcionamento dos controles internos e se os regulamentos, as instruções
e as políticas da companhia estão sendo observados. Tem ainda função consultiva,
alinhada aos objetivos estratégicos e operacionais, com foco na melhoria e na
geração de valor.

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Entretanto, os seus recursos podem ser desviados facilmente dos objetivos e d | Supervisionando os auditores independentes
planos determinados para fazer face a emergências e escassez de gerenciamento No movimento de aperfeiçoamento das instituições do mercado de capitais,
em certos tipos de evento. O Comitê de Auditoria deve aprovar o plano anual os reguladores vêm questionando aspectos da função dos auditores independentes,
de auditoria e acompanhar as atividades de auditoria interna, inclusive para que como o modelo do relatório de auditoria, serviços de não auditoria, rodízio
estes casos de desvios do escopo previamente definido não prejudiquem a sua das firmas de auditoria, auditoria em conjunto e independência (Public Company
função principal. Accounting Oversight Board, European Commission, CVM, entre outros). Estas
questões têm implicações importantes não só para auditores e contadores como
Resumo geral também para administradores e investidores. Neste contexto, o Comitê de Auditoria
deve ter uma visão geral sobre o papel e os métodos da auditoria independente para
compreender os possíveis efeitos de alterações em sua regulação e, principalmente,
Trabalhando com diretores financeiros (CFOs), auditores internos e diretores jurídicos
onde pode impactar a confiabilidade das demonstrações financeiras da companhia.
• Concentre-se nas mensagens e nos bons exemplos da liderança bem como na cultura,
na ética e no monitoramento do canal de denúncia. As firmas de auditoria melhoraram a sua prática ao longo dos anos, e as novas
normas de Auditoria do International Auditing and Assurance Standards Board
• Trabalhe com a administração na prevenção e na identificação de problemas emergentes.
(IAASB) adotadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) a partir de 1º de
• Forneça subsídios para o estabelecimento de metas da administração. janeiro de 2010 consolidam esta evolução no Brasil. As diretrizes internacionais
adotadas são mais detalhadas e específicas do que nas normas anteriores, e
• Discuta o planejamento de sucessão do diretor financeiro e do pessoal-chave as responsabilidades dos auditores estão mais bem definidas. As duas principais
da companhia.
questões derivadas destas normas na relação da auditoria com a empresa podem
• Determine se a auditoria interna possui uma linha direta para se reportar ao Comitê ser destacadas: o conteúdo técnico na condução da auditoria propriamente dita
de Auditoria e uma linha indireta com a administração para atividades administrativas. e a questão da independência.
• Participe da avaliação de risco da auditoria interna e dos planos de auditoria, A base subjacente aos objetivos dos auditores, nunca é demais repetir, é obter
inclusive das atividades e dos objetivos relacionados à conformidade (compliance)
evidência suficiente para expressar uma opinião sobre as Demonstrações
de acordo com a Seção 404 da SOX e exigências da CVM.
Financeiras segundo o Generally Accepted Accounting Principles (GAAP), que
• Conduza avaliações anuais da competência e integridade da administração é o jargão para o conjunto de normas contábeis e societárias. Ao discutir sobre
bem como da eficiência e da competência do departamento de auditoria interna. o escopo, a extensão dos testes, os resultados esperados do trabalho e outros
• Verifique se o departamento de auditoria interna é visto como objetivo e competente aspectos envolvidos na tarefa de auditoria, os representantes das empresas
pelos auditores independentes. acrescentam valor à informação contábil divulgada ao mercado por meio da
credibilidade que o relatório dos auditores empresta a esta informação. Com a
• Estabeleça como as funções do departamento de auditoria interna interagem adoção do IFRS, entretanto, este processo tornou-se visivelmente mais complexo.
com outras áreas relacionadas a riscos, tais como as áreas jurídica, de tecnologia
da informação, de segurança interna, de saúde e de segurança ambiental,
No exercício da sua responsabilidade, o Comitê de Auditoria deve documentar
de conformidade e riscos de crédito, considerando-se a duplicação dos esforços
ou as lacunas entre estas funções. a sua atividade de supervisão em itens considerados críticos como:
I | Áreas de risco das Demonstrações Financeiras e a resposta dos auditores
a esses riscos.
II | A visão dos auditores sobre a qualidade das políticas e práticas contábeis
da companhia.

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III | A visão dos auditores sobre julgamentos, estimativas e premissas contábeis É importante conhecer o sistema de controle de qualidade aplicado pela firma
significativas utilizados na elaboração das Demonstrações Financeiras. de auditoria para salvaguardar a independência e a objetividade da auditoria.
IV | Itens com divergência entre os administradores da empresa
Para fins de SEC, cabe ao Comitê de Auditoria a pré-aprovação de outros serviços
e os auditores independentes.
de auditoria, respeitando aspectos regulatórios e a política interna de contratação
• Governança e a troca mandatória de auditores de serviços da companhia (PCAOB Section 3).
As empresas de capital aberto precisam substituir os auditores externos em ciclos É recomendado à companhia preparar uma política para contratação de serviços
de cinco anos. Por meio da Instrução n° 509, a CVM aumentou este ciclo para que não de auditoria.
dez anos, a partir de 2012 ou da próxima troca, condicionado à existência do
Comitê de Auditoria Estatutário. Para fins de SEC, não existe uma obrigatoriedade Requerimentos para auditoria de companhias listadas na SEC
de troca de auditores independentes, mas deve-se seguir o rodízio de executivos O PCAOB emitiu o pronunciamento Audit Standard nº 16 vigente para auditorias
a cada 5 (cinco) anos. de Demonstrações Financeiras dos exercícios findos a partir de 17 de dezembro
de 2012. Este pronunciamento deve ser observado pelos auditores independentes
Neste contexto, o movimento na direção de uma governança mais eficaz nas
de companhias listadas na SEC norte-americana e apresentam uma série
empresas está diretamente relacionado à atuação do Comitê de Auditoria e ao
de requerimentos de comunicação entre o auditor e o Comitê de Auditoria
envolvimento deste com o processo de escolha do novo auditor. Em última instância,
das companhias.
o Conselho de Administração é o responsável pela escolha dos auditores, assessorado
pelo Comitê de Auditoria. Algumas destas comunicações obrigatórias incluem:

Além disso, este último deve supervisionar o trabalho dos auditores por meio da • Comunicação dos resultados da auditoria, incluindo a visão dos auditores sobre
revisão do escopo planejado, resultados do trabalho, quaisquer mudanças no escopo as práticas contábeis, o uso de estimativas e transações não usuais significativas.
planejado, extensão do teste de controle interno manual e eletrônico, extensão • Avaliação do auditor sobre a qualidade do processo de preparação
dos testes substantivos e, finalmente, como todos estes testes respondem à matriz das Demonstrações Financeiras.
de risco identificada pelo auditor. • Distorções identificadas no processo de auditoria que foram e que não foram
registradas pela companhia.
• Honorários de auditoria
• Comunicações consideradas relevantes entre o auditor e a administração
O Comitê de Auditoria geralmente revisa as informações relativas aos honorários
da companhia.
dos auditores independentes. Ele deve garantir que a administração não restrinja
inadvertidamente o escopo de auditoria. Fica ainda sob a responsabilidade da • Modificações incluídas no relatório de auditoria.
administração a negociação dos honorários com os auditores independentes, mas o • Discordâncias de temas contábeis com a administração.
Comitê de Auditoria aprova os honorários de auditoria e determina que os auditores • Dificuldades encontradas na execução da auditoria.
independentes sejam adequadamente remunerados para que possam designar
pessoal bem treinado e altamente experiente, condições exigidas para a realização O Comitê de Auditoria das companhias listadas na SEC norte-americana deve estar
dos procedimentos necessários para obter uma auditoria de alta qualidade. preparado para discutir estes assuntos com os seus auditores independentes a cada
encerramento do exercício, obtendo previamente da administração as informações
• Demais serviços que não de auditoria necessárias com o intuito de formar uma opinião sobre cada tema específico
Além de auditoria independente, os auditores independentes podem ser solicitados e fomentar um debate eficaz com os auditores.
a prestar outros serviços que não de auditoria para a empresa, que podem
estar relacionados com auditoria, serviços tributários, due diligence e outros.

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O dever do Comitê de Auditoria 1 2 3 4 5

mais relevante que a companhia não somente entenda quais são os principais
Resumo geral
riscos do negócio, a sua criticidade (impacto e probabilidade), mas que também
possua um processo robusto de identificação (antecipação), avaliação e
Trabalhando com auditores independentes
monitoramento de riscos, com um processo de discussão em diversos fóruns,
• Seja dono do relacionamento com o auditor independente. tendo a identificação de riscos corporativos sob a coordenação da função/área
de Gestão de Riscos e dos riscos transacionais sob a coordenação da função/área
• Conheça os sócios-líderes e reúna-se com eles periodicamente.
de Controles Internos. Ainda que cada tipo de negócio esteja mais ou menos
• Estabeleça expectativas sobre a natureza e o método de comunicação vulnerável a determinados fatores de risco e dependa ainda de variantes externas
bem como a troca de ideias e informações. e internas, uma reflexão coordenada e ampla é fundamental.
• Revise o plano de auditoria proposto e o escopo do trabalho. A dinâmica de avaliação de riscos deve considerar riscos emergentes, riscos
• Estabeleça uma agenda anual com o auditor independente. atípicos, riscos externos e internos, além da correlação entre os diferentes riscos.
Entre os aspectos observados estão os geopolíticos, as mudanças regulatórias, as
• Enfoque a independência, inclusive o processo de pré-aprovação. transformações tecnológicas e digitais, o aumento da necessidade de transparência
por parte dos stakeholders, cybersecurity, privacidade, entre outros. A gestão de
• Considere os resultados da auditoria das Demonstrações Financeiras
e certifique-se de que a administração tomará medidas em cabíveis. risco abrange uma ampla gama de opções e deve ser capaz de identificar os desafios
para o alcance dos objetivos estratégicos, deficiências nos processos internos,
• Discuta com os auditores os seus pontos de vista referentes aos controles implementação de novas tecnologias e visibilidade limitada de aspectos críticos
internos da companhia sobre os relatórios financeiros.
no negócio. A classificação convencional entre riscos estratégicos, financeiros
• Peça o ponto de vista dos auditores sobre eficácia do processo de governança e operacionais pode servir como base, mas tanto essa classificação como o uso
da companhia. de outros modelos não devem limitar o entendimento dos riscos da companhia.

• Forneça avaliações formais do auditor bem como um feedback regular. Considerando que as implicações de riscos podem afetar não somente o
desempenho geral da companhia mas também as suas estratégias, a percepção
e | Avaliando e monitorando os riscos e os controles internos dos seus acionistas e consequentemente a sua perenidade, é relevante que o
Comitê de Auditoria possua uma visão holística, atentando ainda para os controles
O Comitê de Auditoria deve também supervisionar o sistema de gestão de riscos
internos da companhia.
em sua totalidade, mesmo que outros comitês possam ter responsabilidades mais
diretas sobre áreas específicas de risco. Novos temas têm desafiado a governança Cada companhia deve ter uma abordagem de gerenciamento de risco e controle
corporativa das organizações em uma velocidade cada vez maior, sendo que alguns interno elaborada segundo a visão dos gestores e as circunstâncias da companhia,
temas deveriam estar na agenda dos Conselhos de Administração e de seus as quais precisam e devem ser documentadas. O uso de modelos de gerenciamento
Comitês, possibilitando maior visibilidade e análise quanto à companhia: de risco, como os do Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway
• Ser capaz de antecipar os seus riscos e as suas oportunidades. Commission (COSO), que são largamente utilizados, portanto, não substitui a árdua
• Ser capaz de reagir em um mundo em constante mudança e possuir um plano tarefa de identificar e relacionar riscos e controles, além de gerenciar (mitigar)
de resposta ao risco. e documentar estes riscos, com o uso de dashboards dinâmicos que proporcionem
uma discussão estruturada de temas pelo Comitê de Auditoria e pelo Conselho
• Possuir acesso a informações precisas e oportunas para a tomada de decisão
de Administração. A documentação é também um importante aspecto para apoiar
do Conselho.
a execução dos trabalhos de supervisão do Comitê de Auditoria na avaliação
Em um contexto de negócios cada vez mais dinâmico, e que principalmente da efetividade do gerenciamento dos riscos materiais.
nos últimos anos trouxe à tona a importância da resiliência, torna-se cada vez

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O dever do Comitê de Auditoria 1 2 3 4 5

de compliance e de desempenho na gestão de riscos. O desafioé promover as


Em qualquer caso, admite-se que uma abordagem estruturada e sistemática para a
diversas habilidades e competências do Conselho e do Comitê, a transferência
gestão de risco tenha algumas vantagens claras:
de conhecimentos entre estes diretores não executivos e a administração
executiva, para gerenciar de maneira mais eficiente as ameaças que
Encoraja uma discussão sobre os riscos não mensuráveis
se apresentem ao crescimento da organização.
Observa-se que os riscos mais importantes são muitas vezes difíceis de quantificar.
Apesar de um processo formal de gestão de risco poder não ser capaz de quantificar
Neste contexto, a criação de uma estrutura de gestão de riscos que defina
todos os riscos com precisão, eles são trazidos para a discussão, o que é em si
um benefício. No entanto, um exame muito detalhado de todos os riscos pode fazer claramente responsabilidades, ações de comunicação e um processo formalizado
com que as árvores escondam a floresta. de alinhamento entre riscos e objetivos do negócio é essencial. Isso porque,
à medida que as empresas crescem e se tornam mais complexas, as decisões
Ajuda a criar uma cultura de consciência do risco
são delegadas para indivíduos e grupos que trabalham de maneira mais isolada.
Uma estrutura de gerenciamento de risco na empresa pode ajudar a enraizar a
consciência dos riscos na cultura corporativa. Isso pode ser especialmente benéfico A questão da comunicação aos investidores também pode ir além das exigências
em empresas empreendedoras, nas quais a abordagem ao risco tende a ser “intuitiva”.
regulatórias, trazendo transparência e confiabilidade.
Mantém o foco na atenção sobre a natureza interconectada dos riscos
No caso brasileiro, a exigência de divulgação mínima está tratada em dois itens
Quando vários eventos adversos ou circunstâncias ocorrem simultaneamente,
– “Fatores de risco” e “Política de gerenciamento de riscos e controles internos”
o efeito sobre uma empresa pode ser catastrófico. Sugere-se que a gestão faça testes
de estresse para ver quão bem a empresa lida com vários riscos simultâneos. – do Formulário de Referência e procura integrar aspectos operacionais e
financeiros. Como se trata de regras de divulgação mínimas, nada impede que a
Permite que a gestão seja inquirida de forma construtiva companhia revele os planos de gerenciamento de risco para que os investidores
Às vezes, a gestão em si é o risco e, nestes casos, os membros do comitê devem tenham a oportunidade de compreender de forma ampla a gestão da empresa.
ter a coragem de iniciar uma conversa esclarecedora. Um quadro de risco formal pode
atuar como catalisador para as conversas entre a direção executiva e o comitê, até O Novo Regulamento do Novo Mercado requer a divulgação da Política de Gestão
o ponto em que o comitê se sinta confortável com os pressupostos da administração.
de Riscos, além de requerer que a companhia possua as funções de Gestão
Atribui a responsabilidade sobre os riscos identificados de Riscos, Controles Internos, Compliance e Auditoria Interna, esta última
Embora os Comitês de Auditoria tenham um elevado grau de responsabilidade na independente e com reporte ao Comitê de Auditoria. Já a Instrução CVM 586
supervisão de risco, o(a) CEO deve estar constantemente envolvido(a) nas avaliações, instituiu o Informe de Governança, também conhecido como “Pratique ou
além de ser identificados também os risk owners dentro da diretoria executiva. Explique”, no qual as companhias divulgam as suas práticas de governança,
inclusive de Gestão de Riscos, diante das práticas recomendadas pelo Código
Brasileiro de Governança Corporativa - Companhias Abertas.
• Compliance das divulgações de risco
As novas regulamentações e a pressão crescente dos investidores transformaram • Divulgação de riscos no Formulário de Referência (FR)
as responsabilidades e as expectativas dos Conselhos de Administração em
Fatores de risco
relação ao risco. Os diretores não executivos das empresas, tanto em suas
As empresas listadas no Novo Mercado são requeridas a divulgar ao mercado
atividades no conselho como nos Comitês de Auditoria, têm sido testados
informações sobre eventos com potencial de colocar os respectivos negócios
como nunca em seu papel de supervisão das decisões corporativas. Estabelecer
em risco bem como informar os cenários conhecidos pela gestão que podem
uma colaboração eficaz entre estes órgãos e a Administração de uma companhia
impactar os resultados e os objetivos estratégicos. A Seção 4 do FR (Fatores
é fator crítico de sucesso na montagem de um sistema de gestão de riscos.
de Risco) procura refletir sobre os principais riscos relacionados a contingências
A diferença de responsabilidades e perspectivas sugere que as empresas legais e societárias.
precisam encontrar um equilíbrio entre as necessidades impostas pelos objetivos

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O dever do Comitê de Auditoria 1 2 3 4 5

Devem ser expostos quaisquer fatores de risco que possam influenciar a decisão
Alguns questionamentos são chave para a avaliação contínua da efetividade
de investimento, em especial aqueles relacionados com:
dos controles internos e a necessidade de ajuste ou novos controles:
• O emissor e o seu controlador, direto ou indireto, ou grupo de controle.
• Os seus acionistas, as suas controladas e coligadas. • Como reduzir riscos que podem ter como consequência fraudes materiais?
• Os seus fornecedores. • A pandemia da Covid-19 trouxe impacto importante nos modelos de negócio
• Os seus clientes. e estratégias operacionais, como gerir a confiança em meio à transformação?

• Os setores da economia nos quais o emissor atue e a sua respectiva regulação. • Como podemos gerenciar riscos de terceiros que afetam diretamente a nossa reputação?
• Os países estrangeiros onde o emissor atua.
• Como assegurar que os dados não sejam perdidos ou corrompidos, e a segurança
de dados comprometida devido a deficiências nos controles de segurança cibernética
Política de gerenciamento de riscos e controles internos
e privacidade de terceiros?
A seção 5 do FR busca descrever as políticas de gerenciamento de riscos
e riscos de mercado, e a descrição com relação a monitoramento e controles • O que estamos fazendo para assegurar transparência acerca dos temas relacionados
a sustentabilidade e temas não financeiros?
internos para assegurar a elaboração de demonstrações financeiras confiáveis
bem como programas de integridade. Ainda convém destacar quaisquer • Quais tecnologias e recursos estão sendo utilizados para aumentar o grau de efetividade
outras informações que a administração julgue relevantes para este contexto. e confiança dos controles internos?

• Controles internos
Com os riscos mapeados, a implantação e a manutenção de um sistema de f | Avaliando e monitorando as transações com partes relacionadas
controles internos constituem obrigação relevante da administração devido à sua
As transações com partes relacionadas são geralmente tratadas no âmbito das
importância na confiabilidade das informações financeiras divulgadas e resiliência
Demonstrações Financeiras, mas ao mesmo tempo se faz necessário monitorar
operacional. É impossível responder às responsabilidades fiduciárias de fornecer
e verificar potenciais conflitos de interesses que ponham em risco os interesses
informações ao mercado, tempestivamente e dignas de confiança, sem o apoio
das organizações. É dever do Conselho de Administração, devidamente suportado
de um fluxo de informações com pontos de prevenção e detecção de possíveis
pelos Comitês, administrar e monitorar potenciais conflitos de interesse, e isso inclui
inconsistências e erros. Este conjunto é chamado de Controle Interno.
aprovar a política de partes relacionadas. Quando os interesses de investidores
As empresas devem perseguir este objetivo e desenvolver uma estrutura de controladores, investidores não controladores e administradores têm o potencial
risco e controle alinhada à estratégia corporativa capaz de apoiar o desempenho de conflito entre si ou ainda de prejuízo para a entidade, temos configurada uma
dos negócios, com um ambiente de controles otimizado, que considere um questão que pode resultar em gastos com monitoramento e custos de oportunidade
equilíbrio entre riscos, custo e valor gerado, incluindo o uso de ferramentas nas situações em que controladores, por exemplo, não podem deliberar.
e controles automatizados. O Comitê de Auditoria deve estar ciente do
Entre as atribuições do Comitê de Auditoria estão avaliação, monitoramento e
mapeamento dos riscos e dos seus respectivos controles mitigantes, além de
recomendação à administração, correção ou aprimoramento de políticas internas
discutir com os auditores externos e internos o enfoque que cada um dará nos
da companhia, incluindo a política de transações entre partes relacionadas.
testes de auditoria e avaliação geral do ambiente de risco e controles internos.
Assim como a estrutura de apoio na definição, processo de gestão e monitoramento
contínuo de partes relacionadas é imprescindível para a correta identificação,
aprovação, acompanhamento e divulgação de transações relacionadas. Neste
sentido, faz-se necessário:

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O dever do Comitê de Auditoria 1 2 3 4 5

• Política sobre transações com partes relacionadas que enuncie aspectos da entidade por parte dos usuários de demonstrações contábeis, inclusive
de identificação, avaliação, aprovação e relatórios, bem como responsabilidades as avaliações de riscos e das oportunidades que se oferecem à entidade”.
da administração, Conselho de Administração e os seus comitês de suporte.
• Definição de procedimentos adequados para gestão e avaliação das transações Em termos mais gerais, as questões fundamentais a que os membros do Comitê
com partes relacionadas, incluindo áreas envolvidas e responsabilidades. de Auditoria devem responder sobre as transações com partes relacionadas são:
• Para cada tipo de transação de parte relacionada, definir documentos de
I | A definição do conceito de partes relacionadas e a política
suporte mínimos necessários para avaliar se uma transação de parte relacionada
(e práticas) estabelecidas estão atualizadas ao ambiente regulatório?
atende a política estabelecida pela companhia e as regras de mercado.
• Desenvolvimento de um framework para captar os aspectos relevantes, II | Existem critérios formalizados a ser observados para a realização de transações
com partes relacionadas?
juntamente com controles e balanços adequados para garantir integridade,
precisão e relevância das transações. III | Como a empresa assegura que todas as partes relacionadas foram devidamente
• Definição de atividades de gerenciamento objetivando obter aprovações identificadas e que há controles para capturar novas transações?
requeridas em cada nível. IV | Existe a compreensão do processo de identificação, níveis requeridos de aprovação,
classificação e contabilização das transações com partes relacionadas?
Além disso, é recomendável a avaliação de procedimentos detalhados para
identificação de uma parte relacionada por meio de automatização dos controles, V | Existe um processo formal de monitoramento das transações com partes
realização de testes periódicos para identificar potenciais transações com relacionadas envolvendo conselheiros independentes na aprovação dos contratos?
partes relacionadas e realização de testes de transações com partes relacionadas VI | Os processos e os procedimentos para capturar uma transação de parte
para verificar o cumprimento da política estabelecida para as operações. relacionada são executados consistentemente em toda a organização, incluindo
todas as subsidiárias?
• Divulgação contábil
VII | Como a empresa garante que qualquer transação com uma parte relacionada
As questões relativas à informação contábil estão previstas no pronunciamento
é executada de acordo com as políticas estabelecidas?
CPC 05 – Divulgação sobre Partes Relacionadas, que trata da divulgação
de transações e saldos existentes com partes relacionadas nas Demonstrações VIII | Qual a governança adotada pela companhia para a atualização das informações
Financeiras consolidadas, individuais e separadas. A sua finalidade está sobre partes relacionadas, gestão da informação e comunicação com stakeholders?
associada a um efeito potencial sobre a informação contábil, ainda que não
IX | Qual o processo e os controles para assegurar que as transações com partes
existam transações com estas partes relacionadas. A existência do relacionamento relacionadas sejam contabilizadas corretamente e sejam levadas à apreciação
pode ser suficiente para afetar o julgamento dos investidores na leitura para disclosure?
das Demonstrações Financeiras e pode afetar as transações da entidade
com outras partes.

Ainda que as relações de negócio sejam normais entre partes relacionadas,


elas podem efetuar transações que partes não relacionadas normalmente não
realizariam, ou seja, trata-se de transações com elevado potencial de conflito
de interesses.

Por estes motivos, e nos termos do CPC 05 (IAS 24) – Divulgação sobre
partes relacionadas – “o conhecimento de transações, saldos existentes e
relacionamentos com partes relacionadas pode afetar as avaliações das operações

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O dever do Comitê de Auditoria 1 2 3 4 5

g | Supervisionando e monitorando as Demonstrações Financeiras e demais emitirem comentários gerenciais (equivalentes ao management discussion
relatórios regulatórios and analysis – MD&A).
A informação é essencial na relação entre as partes envolvidas na governança
Para executar tal supervisão os membros do Comitê de Auditoria podem se valer de
porque está relacionada a outros aspectos, como a capacidade de avaliar o
checklist específico sobre as Demonstrações Financeiras ou se concentrar nos temas
desempenho e fiscalizar a atuação dos gestores, ou de fazer inferências sobre
mais sensíveis que afetam as Demonstrações Financeiras, que normalmente são:
a cotação das ações em bolsa de valores.
I | Quais contas envolvem estimativas e premissas? Como são definidas?
A solução da superação das normas mínimas na divulgação por parte das Como se comportam comparadas com anos anteriores?
companhias e entidades produtoras de informação passa também pelas práticas
mais aperfeiçoadas de governança corporativa. Estas práticas devem permitir II | Quais critérios e práticas contábeis foram alterados no ano corrente?
a influência de órgãos internos da companhia, não participantes do seu núcleo Por quê? Qual o efeito?
de controle e gestão, como o Comitê de Auditoria e/ou Conselho Fiscal, III | Ajustes indicados pelos auditores, mas não registrados pela companhia?
para que a escolha de políticas e práticas contábeis não resvale na manipulação Por quê?
das informações.
IV | A cobertura dos covenants está adequada?
V | Como a companhia monitora os processos judiciais?
O ambiente de integridade e valores éticos dos executivos-chave também deve
ser considerado. Alguns aspectos que sinalizam ameaças à qualidade de informação Há discussão sobre a classificação entre perda provável, possível e remota?
contábil são:
VI | Os cálculos do impairment são realistas? Como se comportou em relação
ao ano anterior? Se houver prejuízo fiscal, ele é recuperável?
• A pressão para aceitar menos do que a alta qualidade nos relatórios contábeis.
Há outros fatores a considerar, mas o importante é conhecer bem o negócio
• Os executivos demonstram uma tendência agressiva na seleção de políticas
e estimativas contábeis. e refletir nas Demonstrações Financeiras.

• Os executivos não dão conhecimento aos auditores sobre as suas ações envolvendo Finalmente, o Comitê de Auditoria deve estar ciente de que a contabilidade
controle interno e assuntos contábeis. baseada em princípios, como pretende o IFRS, permite uma variabilidade na
escolha de formas de mensuração e comunicação, mas, por outro lado, demanda
• A existência de disputas frequentes entre executivos e auditores.
um comprometimento da administração na formulação de políticas contábeis
que, no seu sentido amplo, criam ou destroem valor ao afetar a comunicação
com os mercados nos quais a empresa capta e pretende captar os seus recursos.
O processo de preparação das Demonstrações Financeiras deve ser objeto de
revisão pelos membros do Comitê de Auditoria como forma “estratégica” de abordar
a supervisão das informações contábeis.

As mudanças trazidas pela contabilidade internacional e a evolução do Formulário


de Referência (FR) regulado pela CVM levam a considerar que o investidor
deve analisar as informações recebidas com base em uma visão entregue pelos
administradores. Uma das evidências desta mudança está na identificação
das políticas contábeis críticas, que pretendem comunicar ao investidor os riscos
envolvidos nas estimativas contábeis e a necessidade de os administradores

30 | EY | Center for Board Matters | Guia para Comitês de Auditoria EY | Center for Board Matters | Guia para Comitês de Auditoria | 31
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Treinamento • Litígios ou contingências pendentes.

4
• As responsabilidades da auditoria interna e o respectivo cenário.

e educação
• O escopo da auditoria externa do ano corrente e os prazos dos relatórios
a serem emitidos.
• Histórico, estrutura e responsabilidades referentes à emissão de relatórios

continuada
da administração.
• Situação atual dos auditores externos.

Treinamento e educação continuada


Os novos membros devem se familiarizar com as normas e os procedimentos
da companhia e obter as recentes atas das reuniões do Comitê de Auditoria.

O treinamento dos membros do Comitê de Auditoria é crucial, pois permite que eles
entendam as suas responsabilidades e executem as suas tarefas adequadamente.

Os membros do Comitê de Auditoria, particularmente os novos, precisam de Como se espera que os membros do Comitê de Auditoria entendam de finanças,
treinamento e educação suficientes para cumprir as suas responsabilidades. é importante que eles se mantenham a par das evoluções dos relatórios contábeis
No mínimo, os programas de educação devem proporcionar um panorama da e financeiros bem como das alterações regulatórias.
companhia, abordar o papel do Comitê de Auditoria e transmitir o compromisso
com prazos que são esperados para o cargo. Os membros do comitê podem obter conhecimento ingressando em cursos externos
e seminários bem como interagindo com a administração, auditores internos,
Informação sobre o cenário para os novos membros do Comitê auditores independentes e outros diretores. Eles também devem se manter
informados por meio da leitura independente e de notícias sobre economia. Além
Os novos membros do comitê devem também se reunir com a alta administração, disso, um número cada vez maior de companhias está convidando especialistas
os responsáveis pela controladoria, os líderes das unidades de negócio, a auditoria externos no assunto para fazer apresentações em reuniões do Comitê de Auditoria,
interna, a auditoria externa e outros membros do comitê. permitindo que os membros se mantenham atualizados sobre tópicos importantes.
Antes da primeira reunião, os novos membros do Comitê de Auditoria Algumas áreas a ser enfatizadas por meio de treinamento são:
devem entender:
• Evoluções dos relatórios contábeis e financeiros.
• Os requisitos, os objetivos do Comitê de Auditoria, os relatórios
• O ambiente de negócios e empresarial.
e os respectivos prazos.
• Principais sistemas, processos e controles de TI.
• O negócio e o setor de atuação da companhia.
• Processos de gestão de risco do empreendimento.
• Os produtos e os serviços da companhia.
• Áreas de risco específicas.
• Os controles internos (inclusive os principais riscos) e o processo
de elaboração de relatórios e Demonstrações Financeiras. • Governança corporativa.
• As principais políticas contábeis, os princípios e as práticas exclusivos do setor • Responsabilidades emergentes do Comitê de Auditoria em desenvolvimento.
de atuação da companhia. • Mudanças legais e societárias.

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Treinamento e educação continuada 1 2 3 4 5

Resumo geral

Treinamento e educação continuada

• Certifique-se de que a educação continuada do conselho descrita nas diretrizes


de governança corporativa da companhia é consistente ccom as normas do IBGC,
da CVM, da NYSE e de outros reguladores, conforme o local de abertura de capital
da companhia.

• Oriente os novos membros do Comitê de Auditoria.

• Considere oferecer educação continuada em assuntos setoriais especializados ou


regulados da indústria, tendências do setor, relatórios, operações e tópicos sujeitos
à regulação.

• Considere programas personalizados de educação continuada que abordem tópicos


relevantes em relação às necessidades do comitê e incorporem processos e objetivos
específicos da companhia.

• Ofereça treinamento individual ou a todo o comitê.

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Relatório anual Financeiras, e) da exposição ao risco, e f) da revisão da divulgação das partes

5
relacionadas.

do Comitê
É recomendável destacar a periodicidade das reuniões. Quanto às seções Resultados,
Conclusões e Recomendações, é aconselhável destacar os principais temas
discutidos, com quem foi discutido e as conclusões em caráter de parecer/opinião.

de Auditoria O Comitê de Auditoria também pode se valer, principalmente na circunstância


de registro nas bolsas americanas, do conteúdo previsto na norma SEC equivalente,
que indica, em resumo, os seguintes pontos para o conteúdo do relatório:

I. O Comitê de Auditoria deve indicar se:


a | Analisou e discutiu as Demonstrações Financeiras auditadas
com os administradores.
b | Discutiu com os auditores independentes assuntos como: julgamentos,
estimativas e políticas contábeis significativos utilizados na elaboração
das Demonstrações |Financeiras e ajustes decorrentes da auditoria.
c | Assegurou-se da independência do auditor, entre outros.

II. O nome de cada membro do Comitê de Auditoria da empresa.

O relatório do Comitê de Auditoria a ser apresentado juntamente com as


Demonstrações Financeiras tem o seu conteúdo definido no item VI do artigo
31-D da Resolução 23/21 da CVM, que, em resumo, determina os itens de:
I | Atividades
II | Resultados
III | Conclusões alcançadas
IV | Recomendações

O Comitê de Auditoria deve refletir sobre este conteúdo com base tanto
no seu regimento quanto no código de governança, em particular nos processos
que se refletem na transparência da divulgação das informações contábeis.

O tópico das atividades pode incluir os aspectos de planejamento das atividades


do comitê, e é também recomendável que todos os tópicos do relatório incluam as
competências definidas no regimento que, no mínimo, abrangerão o previsto na
Resolução 23/21 da CVM, ou seja, a supervisão a) da qualidade dos serviços com o
auditor independente, b) da adequação da auditoria interna, c) da área de controle
interno, d) dos processos que envolvem a preparação das Demonstrações

36 | EY | Center for Board Matters | Guia para Comitês de Auditoria EY | Center for Board Matters | Guia para Comitês de Auditoria | 37
Relatório anual do Comitê de Auditoria 1 2 3 4 5

ANEXO | Modelo de relatório Membros


Membro do
Comparecimento a reuniões durante 20XX
comitê desde
do Comitê de Auditoria [Nome] [Data]
[# de comparecimento a reuniões vs. total de reuniões]
(ex.: 7/7)
Este modelo de Relatório do Comitê de Auditoria reflete o conteúdo exigido pelo [Nome] [Data]
[# de comparecimento a reuniões vs. total de reuniões]
Regulamento S-K Item 306 da SEC. Inclui ainda as divulgações adicionais observadas (ex.: 7/7)
na prática (destacadas em cinza). Várias empresas divulgam atualmente informações [# de comparecimento a reuniões vs. total de reuniões]
[Nome] [Data]
adicionais sobre os seus Comitês de Auditoria, além das exigidas pelas regras (ex.: 7/7)
cabíveis. Com este exemplo, buscamos alertar os Comitês de Auditoria sobre
as práticas de divulgação vigentes. As reuniões do Comitê são planejadas para facilitar e incentivar a comunicação entre
o Comitê, a empresa, a área de auditoria interna e o auditor independente. O Comitê
Possível divulgação ampliada: discutiu com os auditores internos e o auditor independente sobre o escopo geral
e os planos para as suas respectivas auditorias. O Comitê se reúne com os auditores
Relatório do Comitê de Auditoria
internos e o auditor independente, com ou sem a presença da administração, para
O Comitê de Auditoria supervisiona o processo de elaboração de relatórios discutir sobre os resultados de seus exames; as suas avaliações do controle interno
financeiros da empresa em nome do Conselho de Administração. A administração [inclusive o controle interno dos relatórios financeiros]; e a qualidade geral dos
da empresa é primordialmente responsável pelas Demonstrações Financeiras, relatórios financeiros da empresa. O Comitê de Auditoria reconhece a importância
devendo manter o controle interno dos relatórios financeiros e avaliar a sua eficácia. de manter a independência do auditor independente da empresa, tanto de fato
No cumprimento das suas responsabilidades de supervisão, o comitê revisou e como na aparência. Todo ano, o Comitê avalia as qualificações, o desempenho
discutiu com a administração da empresa sobre as Demonstrações Financeiras e a independência do auditor independente e opina sobre a sua recontratação.
[consolidadas] auditadas [e os respectivos anexos] constantes do Relatório Neste sentido, o Comitê de Auditoria considera a qualidade e a eficiência dos
Anual, inclusive sobre a qualidade, e não somente a aceitabilidade, dos princípios serviços prestados pelos auditores, as suas qualificações (globais), a expertise
contábeis; a razoabilidade dos principais julgamentos; e a clareza das divulgações técnica e o conhecimento das operações e do setor de atuação da empresa.
nas Demonstrações Financeiras.

O Comitê é regido por um regulamento. Uma cópia do regulamento está disponível O Comitê verificou com o auditor independente que é responsável por expressar uma
no site da empresa em [especificar o endereço]. A última alteração do regulamento opinião sobre a conformidade das Demonstrações Financeiras [consolidadas] auditadas
entrou em vigor em [especificar a data]. O Comitê realizou [XX] reuniões durante [e os respectivos anexos] com os princípios contábeis geralmente aceitos, os seus
o ano fiscal de 20[XX]. O Comitê compreende somente membros independentes, julgamentos no que refere à qualidade, não à somente aceitabilidade, dos princípios
conforme definição das normas para empresas de capital aberto da [indicar a bolsa contábeis da empresa e outras questões que devam ser discutidas com o Comitê,
conforme as normas do Comitê de Supervisão Contábil de Empresas Abertas dos
de valores nacional ou a comissão de títulos e valores mobiliários competente].
Estados Unidos (PCAOB), se aplicável, inclusive a sua Norma de Auditoria n° 16,
A composição do Comitê de Auditoria, juntamente com as datas de nomeação Comunicações com Comitês de Auditoria, as instruções da Comissão de Títulos e Valores
Mobiliários, e outros regulamentos cabíveis. Além disso, o Comitê discutiu com o auditor
e o comparecimento a reuniões, está estabelecida ao lado:
independente sobre a independência da firma de auditoria com relação à administração
e à empresa, inclusive as questões citadas na carta emitida conforme os termos da
Norma 3526 do PCAOB, Comunicação com Comitês de Auditoria sobre independência,
se aplicável, e considerou a compatibilidade dos serviços não relacionados à auditoria
com a independência do auditor independente.

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Relatório anual do Comitê de Auditoria 1 2 3 4 5

[O parágrafo seguinte é incluído para auditoria de empresas FPI]

O Comitê também revisou e discutiu com a administração e o auditor independente


sobre as Demonstrações Financeiras [consolidadas] auditadas da empresa
para o ano findo em 31 de dezembro de 20[XX], os resultados da avaliação
da administração da eficácia do controle interno da empresa sobre os relatórios
financeiros bem como a auditoria efetuada pelo auditor independente deste
controle. [O Comitê discutiu com a administração e o auditor independente
sobre as fraquezas relevantes e as deficiências significativas identificadas
durante a avaliação e a auditoria bem como o plano da administração para
remediar tais deficiências no controle.]

Com base nas revisões e nas discussões citadas acima, o Comitê recomendou
ao Conselho de Administração, e este aprovou, que as Demonstrações Financeiras
[consolidadas] auditadas [e respectivos anexos] [e a avaliação da administração
sobre a eficácia do controle interno da empresa sobre os relatórios financeiros]
sejam incluídas [e/ou incorporadas como referência] no Relatório Anual do
Formulário 10-K para o ano findo em 31 de dezembro de 20[XX], arquivado
pela empresa junto à Comissão de Títulos e Valores Mobiliários.

[incluir os nomes]

Presidente do Comitê de Auditoria

Membro do Comitê de Auditoria

Membro do Comitê de Auditoria

Mesma data da aprovação das Demonstrações Financeiras

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Relatório anual do Comitê de Auditoria 1 2 3 4 5

ANEXO | Checklist para o Comitê


de Auditoria
O checklist a seguir serve como guia na condução dos trabalhos do Comitê de
Auditoria. Não é intenção sermos exaustivos nos temas e, além disso, cada membro
do Comitê deve adaptar as questões e os temas ao negócio das companhias. As
seções estão alinhadas com os regulamentos determinados pela Resolução 23/21
da CVM.

Comentários
O Comitê de Auditoria:
Empresa A Empresa B Empresa C

1 • Revê o seu regimento regularmente para verificar se as suas funções


estão descritas adequadamente?

2 • Discute o desempenho do Comitê de Auditoria com o Conselho de Administração?

3 • Discute a forma de comunicação com o Conselho de Administração, a diretoria executiva,


os auditores internos e os auditores independentes?

4 • Revê em que medida incentiva a comunicação franca entre a diretoria executiva,


os auditores internos e os auditores independentes?

5 • Assegura a comunicação direta com os auditores independentes?

6 • Assegura a comunicação direta com os advogados da companhia?

7 • Revê os recursos internos e externos necessários ao cumprimento das suas funções?

8 • Avalia se o estatuto social define claramente as responsabilidades dos órgãos

9 • Avalia e revê em conjunto com os conselheiros fiscais a comunicação


entre o Comitê de Auditoria e o Conselho Fiscal (se instalado)?

10 • Avalia o eventual conflito entre as atividades e os objetivos no caso


do Conselho Fiscal turbinado, inclusive de natureza jurídica?

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Relatório anual do Comitê de Auditoria 1 2 3 4 5

Comentários
Supervisão dos auditores independentes
Empresa A Empresa B Empresa C
1 • O sócio responsável da firma de auditoria demonstra capacidade na compreensão
das operações e do ambiente de negócios da empresa? Esta percepção é confirmada
nos termos da proposta da firma de auditoria?

2 • Qual a experiência já acumulada dos executivos da firma de auditoria com a empresa?

3 • O plano de auditoria aborda:


a. Procedimentos de auditoria integrando a revisão de tecnologia da informação (TI),
auditoria interna e outras áreas e processos pertinentes?
b. O cronograma dos serviços de auditoria, considerando os aspectos legais
da regulação sob os quais a empresa atua?
c. A definição de um protocolo de comunicação com os responsáveis das diversas áreas
de negócio da empresa, diretores, conselheiros de administração, conselheiros fiscais,
membros do Comitê de Auditoria e outros responsáveis envolvidos?
4 • A firma de auditoria possui auditores especializados no segmento de negócio (conhecimento
da indústria) em que a empresa atua? A firma de auditoria possui conhecimento em áreas
especializadas das regulações (mercado de capitais e agências reguladoras, por exemplo)
sob as quais a empresa atua?
5 • Qual o perfil da equipe dos auditores em termos de senioridade e quais são as suas
qualificações e experiência no segmento? Se necessário, existe a disponibilidade
de especialistas?

6 • Qual a quantidade de horas previstas para o pessoal sênior, inclusive sócios,


nos serviços de auditoria propostos?

7 • Quais as principais áreas que fazem parte do escopo dos serviços de auditoria, como,
por exemplo: auditoria, impostos, tecnologia da informação (TI), atuária, instrumentos
financeiros, revisão de alterações e mudanças no IFRS, revisão de temas SEC e seus
respectivos responsáveis e qualificações?

8 • A firma de auditoria é independente em relação à empresa,


em especial em serviços prestados não correlacionados aos serviços de auditoria?

9 • Quais os honorários estimados, a base adotada no cálculo destes honorários


e como serão tratadas as diferenças entre os honorários estimados e reais?

10 • Os honorários de auditoria propostos não restringem os objetivos dos serviços de auditoria?

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Relatório anual do Comitê de Auditoria 1 2 3 4 5

Comentários
Supervisão dos auditores independentes
Empresa A Empresa B Empresa C

11 • Os objetivos dos serviços de controle interno foram claramente identificados em


conjunto com a avaliação dos riscos das demonstrações financeiras e riscos dos negócios?

12 • Como serão informados outros comentários e outras deficiências significativos


sobre controles internos?

13 • Como a firma de auditoria utiliza a tecnologia de informação nos exames de auditoria,


como, por exemplo, na segregação de funções ao acesso aos programas de computador,
perfil de acesso aos programas, controle sobre as mudanças nos programas, controles
automatizados e ferramentas para testes substantivos?

14 • Há planos para membros da equipe de auditoria visitar as principais subsidiárias?


Se não, por quê?

15 • Há outros auditores envolvidos na auditoria da empresa?

16 • Quais procedimentos serão executados nas áreas de alto risco?

17 • Quais procedimentos serão executados para lidar com o risco de distorção relevante devido
a fraude?

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Relatório anual do Comitê de Auditoria 1 2 3 4 5

Comentários
Supervisão dos auditores internos
Empresa A Empresa B Empresa C
1 • O plano de trabalho anual da auditoria interna foi aprovado e considerado adequado para
avaliar as áreas de risco nos negócios da empresa? O processo de aprovação incluiu avaliação
e discussão sobre cada tópico do plano de trabalho?
2 • O plano de trabalho da auditoria interna cobre os principais riscos da organização? O plano de
trabalho prevê cobertura adequada de processos, sistemas e locais? O planejamento inclui planos
de auditoria por escrito e programas? Este plano tem sido coordenado com o auditor externo?
3 • Qual o papel que a auditoria interna desempenha na avaliação dos controles internos sobre
relatórios contábeis, especialmente das Demonstrações Financeiras? Houve recomendações
significativas para a administração sobre melhorias nos controles internos?
4 • Quais são as políticas contábeis da companhia sobre transações e eventos, e como elas têm
sido consideradas no plano de auditoria interna? Quais são os julgamentos, as estimativas
e as premissas contábeis significativas reportados como críticos nas demonstrações
financeiras, e como eles têm sido considerados no plano de auditoria interna?

5 • O Comitê de Auditoria desempenha um papel adequado ao aprovar a nomeação,


a transferência ou a demissão do responsável pela área de auditoria interna?

6 • A área de auditoria interna foi dotada com os recursos necessários, tendo em conta a
amplitude e a complexidade das operações da organização? Existe uma estrutura adequada
para atender os seus objetivos estabelecidos?

7 • O Comitê de Auditoria toma medidas apropriadas para garantir que o responsável pela área de
auditoria interna tenha acesso direto ao comitê, tanto por meio informal como em reuniões formais?

8 • O conhecimento técnico dos membros da auditoria interna é suficiente para garantir que as
funções sejam executadas de forma adequada? O departamento tem um programa adequado
de educação continuada? Há membros da auditoria interna com conhecimentos suficientes de
auditoria de sistemas de informação para lidar com o nível de tecnologia utilizado pela companhia?

9 • Obtém entendimento de novas transações significativas, complexas ou incomuns


e do seu efeito sobre as Demonstrações Financeiras?

10 • A independência e a objetividade da auditoria interna estão comprometidas de alguma forma?

11 • A auditoria interna aconselha o Comitê de Auditoria sobre a sua avaliação de risco e mitigação
de riscos?

12 • Como a auditoria interna avalia a eficácia dos processos e dos controles antifraude,
incluindo a Lei Anticorrupção?

48 | EY | Center for Board Matters | Guia para Comitês de Auditoria EY | Center for Board Matters | Guia para Comitês de Auditoria | 49
Relatório anual do Comitê de Auditoria 1 2 3 4 5

Supervisão do processo de preparação das Demonstrações Financeiras. Comentários


O Comitê de Auditoria: Empresa A Empresa B Empresa C

1 • Obtém entendimento dos resultados operacionais da companhia


e a consistência entre os resultados apresentados e os previstos?

2 • Avalia a adequação da análise da administração (MD&A) para explicar os resultados


das operações?

3 • Obtém entendimento sobre o processo de preparação e fechamento das informações


financeiras trimestrais e das Demonstrações Financeiras anuais?

4 • Avalia a consistência das informações apresentadas nas Demonstrações Financeiras


com análises extracontábeis antes da aprovação das Demonstrações Financeiras?

5 • Obtém entendimento de variações significativas de saldos patrimoniais e de tendências ou


correlações importantes entre elementos apresentados nas Demonstrações Financeiras?

6 • Discute com a diretoria executiva e os auditores externos as principais políticas


e práticas contábeis adotadas pela companhia?

7 • Obtém entendimento de tratamentos contábeis alternativos adotados pela administração, do motivo


pelo qual foram adotados e da opinião dos auditores externos sobre as alternativas adotadas?

8 • Faz indagações à administração e aos auditores externos para identificar as áreas


que envolveram julgamentos, estimativas e políticas contábeis significativas utilizados
na elaboração das Demonstrações Financeiras?

9 • Obtém entendimento de novas transações significativas, complexas ou incomuns


e do seu efeito sobre as Demonstrações Financeiras?

10 • Faz indagações à administração e aos auditores externos sobre a forma pela qual avaliam
o risco de distorções significativas nas Demonstrações Financeiras e que medidas tomaram
em relação a esses riscos?

11 • Obtém entendimento da razão pela qual a administração não considerou determinados ajustes
de auditoria identificados e do seu eventual efeito sobre as Demonstrações Financeiras?

50 | EY | Center for Board Matters | Guia para Comitês de Auditoria EY | Center for Board Matters | Guia para Comitês de Auditoria | 51
Relatório anual do Comitê de Auditoria 1 2 3 4 5

Comentários
Demonstrações Financeiras
Empresa A Empresa B Empresa C
1 • Há uma política de divulgação de informações contábeis que considere o contexto expresso
em comentários formais no relatório da administração e formulários de reguladores (referência,
20-F), além de outros documentos da empresa (prospectos, slides, informações divulgadas
em roadshow) em que estejam destacadas as informações financeiras relevantes da companhia?

2 • Há um procedimento estabelecido de leitura integral dos documentos a ser disponibilizados


ao mercado para analisar e ratificar a consistência das informações prestadas?

3 • As principais operações e o seu respectivo contexto foram identificados e estão refletidos


nos comentários gerenciais?

4 • Considere, no mínimo, se os seguintes aspectos gerais foram incluídos nos comentários gerenciais:
a) Investimento: a alocação dos recursos da companhia foi feita em ativos de maior e/ou menor
risco, novos negócios ou reposição de ativos, em capital de giro e/ou capital fixo etc?
b) Financiamento: a captação de recursos foi baseada em recursos próprios e/ou de
terceiros? Quais os tipos de dívida? Houve aumentos de capital, emissão de debêntures,
contratação de leasing etc.?
c) Liquidez e derivativos: o capital de giro demonstra os efeitos do aumento e/ou diminuição
das operações (receita) e as condições particulares da gestão do giro no financiamento
de vendas (contas a receber), estoques e financiamento de compras (fornecedores), hedge
de operações comerciais e financeiras, além de outros aspectos?
d) Rentabilidade: a rentabilidade está explicada nas margens de lucro [i.e., relações LAJIDA
(EBITA), LAJIR (EBIT) etc.], na eficiência da utilização dos ativos etc.?
5 • Estas informações estão apresentadas de forma coerente no relatório da administração, nos
comentários do item 10 do Formulário de Referência (CVM), no Formulário 20-F (se aplicável)
e em outras comunicações da companhia?

6 • Foram identificados os interesses dos principais financiadores (acionistas, debenturistas, credores)


e as suas respectivas necessidades de informação na elaboração das Demonstrações Financeiras?

7 • As políticas contábeis e os comentários gerenciais abrangem as diversas visões das partes


da companhia e as suas relações?

8 • As informações dos segmentos de negócio da companhia estão consistentes


em todos os relatórios reportados ao público?

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Relatório anual do Comitê de Auditoria 1 2 3 4 5

Comentários
Demonstrações Financeiras
Empresa A Empresa B Empresa C
9 • Se a companhia divulga as suas Demonstrações Financeiras em diversos mercados,
há uma política de conferência do nível de informações proporcionadas a cada mercado?
Há um procedimento estabelecido de checagem de que os conteúdos informados
são similares e proporcionados nas mesmas bases?

10 • A divulgação de informações relevantes da companhia tem um timing adequado que permita


ao analista compreender a informação e posicionar-se no seu processo de tomada de decisão?

11 • Foram identificadas e formalizadas as políticas contábeis para os principais grupos de


transações da companhia e os principais formatos de relatórios? Existe o entendimento
sobre o processo e a adequação de transações especiais ou complexas envolvendo
o uso de entidades com fins específicos (SPE) e a contratação de derivativos?
12 • Foram consideradas as políticas contábeis para os itens que compõem os ativos
e os passivos monetários estimados por meio do ajuste a valor presente e as suas respectivas
taxas de desconto, como o item “contas a receber” e “contas a pagar”?

13 • Foram consideradas as políticas contábeis para os itens que compõem os ativos


e passivos monetários estimados com o método do valor justo por meio do resultado?

14 • Foram consideradas as políticas contábeis para os itens que compõem


os investimentos em instrumentos financeiros pelo método do custo amortizado?

15 • Foram consideradas as políticas contábeis para os ativos fixos (imobilizado)


nas estimativas de vida útil (depreciação) e teste de recuperação (impairment)? E ainda:
a) A companhia possui ativos totalmente depreciados significativos?
b) Estes ativos podem possuir um valor justo relevante?
c) As taxas de vida útil foram revisadas pela administração?

16 • Foram consideradas as políticas contábeis para as operações de hedge e a sua efetividade?

17 • Foram identificadas e formalizadas as políticas contábeis críticas com base na visão de risco
para os itens destacados nos comentários gerenciais?

54 | EY | Center for Board Matters | Guia para Comitês de Auditoria EY | Center for Board Matters | Guia para Comitês de Auditoria | 55
Relatório anual do Comitê de Auditoria 1 2 3 4 5

Comentários
Demonstrações Financeiras
Empresa A Empresa B Empresa C

18 • Foram identificadas e formalizadas as bases para o julgamento de estimativas contábeis


de itens com potencial de variabilidade e impactos nas Demonstrações Financeiras
(políticas contábeis críticas), como:
a) Pagamentos baseados em ações?
b) Receitas?
c) Perda por redução ao valor recuperável de ativos não financeiros (impairment)?
d) Benefícios de aposentadoria?
e) Valor justo de instrumentos financeiros?
f) Custos de desenvolvimento?
g) Provisão para desativação de ativos?
h) Provisões para riscos tributários, cíveis e trabalhistas?

19 • A companhia tem políticas contábeis definidas sob os aspectos quantitativos e qualitativos


para riscos de mercado, riscos de crédito, riscos de liquidez e riscos de gestão do capital social?

20 • A companhia prepara e divulga as suas análises de variação do risco e seus efeitos


no resultado e patrimônio?

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Relatório anual do Comitê de Auditoria 1 2 3 4 5

Comentários
Riscos
Empresa A Empresa B Empresa C

1 • O comitê discute as orientações e as políticas de gestão pelas quais a companhia analisa


e administra a sua exposição ao risco?

2 • Existe um mecanismo adequado para identificar os riscos do negócio, incluindo os que têm origem:
a) Na entrada de novos mercados ou linhas de negócio?
b) Na oferta de novos produtos e serviços?
c) Nos regulamentos de proteção aos dados e privacidade?
d) Nas mudanças econômicas globais e na indústria?
e) Nas mudanças da regulação ambiental?

3 • O comitê avalia a adequação das ações da diretoria executiva na implementação


e na manutenção das políticas de gestão de riscos?

4 • O comitê avalia o processo de monitoramento dos controles de riscos adotados pela diretoria
executiva (relatórios, grupos de trabalho, integridade e tempestividade das informações etc.)?

5 • O comitê avalia se há uma linguagem comum e uma visão compartilhada


do processo de gestão dos riscos corporativos?

6 • O comitê avalia se a divulgação do item 4 – Fatores de risco no Formulário


de Referência da CVM reflete a visão da gestão de risco da companhia?

7 • O comitê avalia se a divulgação do item 5 – Riscos de mercado no Formulário de Referência


da CVM reflete a visão na gestão dos riscos financeiros da companhia e se a divulgação
está coerente com as Notas Explicativas correspondentes nas Demonstrações Financeiras?

58 | EY | Center for Board Matters | Guia para Comitês de Auditoria EY | Center for Board Matters | Guia para Comitês de Auditoria | 59
Relatório anual do Comitê de Auditoria 1 2 3 4 5

Comentários
Controle interno
Empresa A Empresa B Empresa C

1 • Os processos para a aderência à Lei Anticorrupção estão implementados


e testados em todas as localidades?

2 • Como são monitorados os controles anticorrupção?

3 • O controle interno contempla a segregação adequada de funções


(por exemplo, uma única pessoa pode fazer e aprovar transações)?

4 • Observa-se a falta de processos para analisar o desempenho real versus orçamentos,


previsões e o desempenho do período anterior, ou informação inadequada de exceções e
variações de desempenho planejado e respostas adequadas para tais exceções e variações?

5 • O planejamento e os sistemas de informação relacionados a planejamento de negócios,


orçamento, previsão e planejamento de lucros são adequadamente estabelecidos?

6 • Observa-se a incapacidade de se preparar com precisão e tempestivamente relatórios


financeiros, incluindo relatórios trimestrais?

7 • Os usuários ficam geralmente satisfeitos com o processamento de sistemas de informação,


incluindo a confiabilidade e a disponibilidade dos relatórios?

8 • Observa-se um nível inadequado de coordenação entre a contabilidade e as funções de TI?

9 • A área de tecnologia da informação encarregada dos sistemas contábeis


é devidamente equipada, com pessoal experiente e capaz?

10 • Existem políticas e procedimentos adequados para desenvolver e modificar os sistemas


contábil e de controles, incluindo mudanças e uso de programas de computador e/ou arquivos
de dados?

11 • Existe alta rotatividade do pessoal de tecnologia da informação encarregado


dos sistemas contábeis?

12 • Quais são as mudanças mais importantes nos controles internos que a empresa precisa
implementar no futuro?

13 • Como a empresa usa o TI para identificar, documentar e testar os controles internos?

14 • A administração agiu na melhoria dos controles, conforme recomendado pelos auditores


externos e internos?

60 | EY | Center for Board Matters | Guia para Comitês de Auditoria EY | Center for Board Matters | Guia para Comitês de Auditoria | 61
Relatório anual do Comitê de Auditoria 1 2 3 4 5

Comentários
Partes relacionadas
Empresa A Empresa B Empresa C
1 • Os requisitos de divulgação do CPC 05 (IAS 24) para transações com partes relacionadas
e os saldos pendentes, incluindo compromissos, foram adotados nas Demonstrações
Financeiras consolidadas, individuais e separadas?

2 • Quais mecanismos de controle a empresa possui para identificar, monitorar e divulgar


as transações com partes relacionadas?

62 | EY | Center for Board Matters | Guia para Comitês de Auditoria EY | Center for Board Matters | Guia para Comitês de Auditoria | 63
EY Center for Board Matters Contatos
Guia para Comitês EY Center for Board Matters – Latin America South (EY CBM LAS)

de Auditoria EY CBM LAS Leader


Flavio A. Machado
flavio.a.machado@br.ey.com
EY CBM LAS Manager
Agnyz Bueno
agnyz.bueno@br.ey.com
Abril/2022

Guia para Comitês de Auditoria

Anderson P. Constantino Rafael A. Santos


Audit (coordenador) Financial Accounting Advisory Services
anderson.p.constantino@br.ey.com rafael.a.santos@br.ey.com

Carolina Rocha Silvio Takahashi


Business Consulting Audit
carolina.rocha@br.ey.com silvio.takahashi@br.ey.com

Denise Giffoni
Business Consulting
denise.giffoni@br.ey.com

64 | EY | Center for Board Matters | Guia para Comitês de Auditoria EY | Center for Board Matters | Guia para Comitês de Auditoria | 65
EY | Building a better working world

Sobre a EY
A EY existe para construir um mundo de negócios melhor, ajudando a criar
valor no longo prazo para seus clientes, pessoas e sociedade e gerando
confiança nos mercados de capitais.

Tendo dados e tecnologia como viabilizadores, equipes diversas da EY em


mais de 150 países oferecem confiança por meio da garantia da qualidade e
contribuem para o crescimento, transformação e operação de seus clientes.

Com atuação em assurance, consulting, strategy, tax e transactions,


as equipes da EY fazem perguntas melhores a fim de encontrarem novas
respostas para as questões complexas do mundo atual.

EY se refere à organização global e pode se referir a uma ou mais afiliadas


da Ernst & Young Global Limited, cada uma delas uma pessoa jurídica
independente. A Ernst & Young Global Limited, companhia britânica
limitada por garantia, não presta serviços a clientes. Informações sobre
como a EY coleta e utiliza dados pessoais, bem como uma descrição dos
direitos individuais de acordo com a legislação de proteção de dados, estão
disponíveis em ey.com/privacy. As afiliadas da EY não exercem o direito
se essa prática for proibida pelas leis locais. Para mais informações sobre
a nossa organização, visite ey.com.br.
Este comunicado foi emitido pela EYGM Limited, integrante da organização global
da EY que também não presta serviços a clientes.

Sobre o EY Center for Board Matters


Governança corporativa efetiva é um elemento importante na construção
de um mundo de negócios melhor. O EY Center for Board Matters apoia
membros de Conselhos e de Comitês em seus papeis de supervisão,
provendo conteúdo, percepções e educação para ajudá-los a resolver
questões complexas debatidas em reuniões. Usando nossas competências
profissionais, relacionamentos e bases de dados, conseguimos identificar
tendências e temas emergentes relacionados à governança corporativa.
Isso nos permite prover insights tempestivos, conteúdo com base em dados
e ferramentas, além de análises práticas para conselheiros, investidores
e outros stakeholders.

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