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ID: 96146195 25-11-2021 | Empresas & Negócios Âmbito: Regional Corte: 1 de 2

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.4 O Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem MAIS COMPETÊNCIA

problemas identificados e as farmácias po- A presidente da ANF revela que Portu-
dem ajudar a resolver algumas situações, gal tem 3,7 farmacêuticos por farmácia, um
funcionando como uma espécie de triagem número acima da média europeia. Por isso,
dos utentes. sustenta que o setor "tem cada vez mais
A ideia tem vindo a ser debatida e a competência", com equipas "mais capacita-
nova presidente da Associação Nacional das" e "disponíveis". "As farmácias têm tido
de Farmácias (ANF), Ema Paulino, acre- uma evolução bastante grande, mas é con-
dita que o setor "está preparado" para dar trabalançada pelo modelo de remuneração,
a mão ao SNS. "As farmácias estão junto que está apenas baseado na dispensa dos
das comunidades, de porta aberta, e podem medicamentos".
funcionar como agentes de saúde pública, A nova direção da ANF pretende "consen-
promovendo a saúde, prevenindo a doença, sualizar, com o Ministério da Saúde, serviços
em que podem fazer uma referenciação para que façam sentido prestar, que podem ser di-
um diagnóstico mais rápido em determina- ferentes conforme o local onde a farmácia se
das doenças", revela, adiantando que podem insere, mas têm de ser remunerados pelo pró-
ser a solução para evitar idas desnecessárias Uma em cada prio SNS", de forma a contornar algumas di-
aos centros de saúde ou hospitais. "Podere- quatro farmácias ficuldades que têm surgido na última década.
mos ter cuidados médicos, aumentando a
adesão à terapêutica e, com isso, melhorar o está em situação 24% DAS FARMÁCIAS DA REGIÃO
controlo das patologias, pois, todos os anos, de insolvência ou EM INSOLVÊNCIA OU PENHORA
Portugal investe em medicamentos, mas esse penhora" O setor já vivia dificuldades, mas a pande-
investimento só se transformará em ganhos mia agravou a situação financeira de muitas
de saúde se forem bem utilizados". EMA PAULINO farmácias.
Ema Paulino dá como exemplo o apoio à Há uns anos, houve uma alteração ao mo-
população na utilização de medicamentos e delo de negócio que, segundo Ema Paulino,
acompanhamento das pessoas, referindo que teve um "impacto significativo" na rentabili-
a ANF está ainda a sensibilizar o Ministério dade das farmácias, sendo que uma percen-
da Saúde para que as farmácias possam fa- tagem significativa se encontra em situação
zer a renovação da terapêutica. "Muitas pes- de insolvência ou penhora. "São aproximada-
soas têm dificuldade de acesso às receitas mente uma em cada quatro farmácias nessa
médicas e, muitas vezes, vão à farmácia, que situação".
dão crédito às pessoas e dispensam o medi- Antes da pandemia havia 25% das farmá-
camento sem a receita, ou então, o utente cias em situação difícil, em que a maioria es-
tem de pagar o medicamento na totalidade, tava localizada em meios mais pequenos, no
por isso, faria todo o sentido (autorizado interior. Mas, em 2020, com a Covid-19 e o
pelo médico) que nas farmácias pudessem confinamento, surgiram mais insolvências.
fazer essa renovação da terapêutica para que No distrito de Vila Real, os números reve-
o utente não fique sem acesso à medicação lados não são animadores, tendo aumentado
que necessita". de 18,3% em 2017 para 24,6% em 2020, ou

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seja, são 17 farmácias em situação compli-
cada. Destas, 17,4% estão penhoradas, en-
quanto 7,2% estão em insolvência.
No distrito vizinho, Bragança, o cenário
não muda muito, com 24,4% das farmácias
em dificuldades. São 10 em situação de pe-
nhora (19,5%) e insolvência (4,9%).
Estes números preocupam a direção da
ANF. Ema Paulino afirma que as farmácias
mais pequenas e as que estão localizadas em
zonas mais despovoadas são as mais afetadas.
"Preocupa-nos que tenham o seu serviço dimi-
nuído e com isso possam não conseguir dar
resposta à população, mas estamos muito em-
penhados em encontrar soluções junto dos
Ministérios da Saúde e da Coesão Territorial,
de forma a ser garantida a continuidade de
resposta nessas zonas do país, onde as pes-
soas não têm alternativa".
GENÉRICOS
A introdução de medicamentos genéricos
veio trazer um novo e grande desafio ao setor,
que tem sabido adaptar-se, como explicou a
mesma responsável. "Trouxe maior exigência
e mais investimento, porque aumentou a ne-
cessidade de as farmácias terem mais medi-
camentos em stock". Além disso, afetou as
contas, porque o "nosso sistema de remune-
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ração está assente no preço do medicamento.
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Embora as margens sejam maiores do que nos
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" 1.11 kl' medicamentos de marca, há genéricos muito
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baratos e por muita que seja a margem, são
uns cêntimos que as farmácias lucram".
Apesar dos constrangimentos que os gené-
ricos trouxeram ao setor, Ema Paulino acre-
‘PwitA • ••• dita que as farmácias são parte da solução
para a sustentabilidade do SNS, defendendo
que a utilização dos genéricos "faz sentido
do ponto de vista clínico, porque são iguais
aos medicamentos de marca, têm o mesmo
ii
tiroono nível de efetividade e segurança e são mais
baratos".
Entretanto, para minimizar as perdas, foi
criado um sistema de incentivos para a dis-
41% kir
- pensa de medicamentos genéricos, que "já
4 teve os seus frutos e permitiu crescer a sua
i quota no mercado, que se cifra atualmente
nos 48%". Apesar dos passos dados, a presi-
dente da ANF diz estar na expectativa que o
modelo seja revisto para aumentar ainda mais
a quota de genéricos no mercado português.
Em Portugal existem quase três mil farmá-
cias e Ema Paulino deixa a garantia de que os
portugueses "podem continuar a contar com
um setor inovador, que está atento às neces-
sidades e expectativas da população, nunca
esquecendo a sua responsabilidade social".•