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Legislação Mineral Brasileira

•A legislação Mineral Brasileira têm por base o código de mineração de 1967, a


constituição brasileira de 1988 (que revogou alguns artigos do código de
mineração),e bem recentemente, as medidas provisórias (MPs Nº 789 e 791 e Lei
9.406, de 12/06/18 – Regulamento do Código de Mineração) que alteraram
diversos aspectos legais da atividade mineradora no país.

•No entanto, essa atual legislação é o resultado de muitas transformações no


direito minerário brasileiro, ao longo dos séculos XIX, XX e XXI. Já na constituição
de 1891, dizia-se:

“As minas pertencem aos proprietários do solo, salvas as limitações que forem estabelecidas por lei a bem da
exploração deste ramo de indústria”.

•Já na constituição de 1934, houve importante mudança (separação do solo das


substancias contidos no seu interior):“Art118-As minas e demais riquezas do
subsolo, bem como as quedas d'água, constituem propriedade distinta da do solo
para o efeito de exploração ou aproveitamento industrial.”
Legislação Mineral Brasileira
• Na constituição de 1967, apareceu o código de mineração (lei Nº 227, de
28/02/67), que é um decreto-lei regulando especificamente esta área de atividade
econômica do homem.

• Na constituição de 1988, o direito que rege a mineração tem por base o código de
mineração de 1967, porém alterações importantes foram feitas, sendo que a partir
desta os recursos minerais tornam-se bens da união, que por sua vez concede a
empresas o direito de explorá-lo, por diversos modos (concessão, autorização,
licenciamento, permissão de lavra garimpeira, monopólio, etc), e mediante
compensações.

• Logo, o que se entende por legislação minerária brasileira é um conjunto de leis


especificas, dispostas na constituição federal de 1988, no código de mineração e seu
regulamento, além de portarias ministeriais, do DNPM (hoje ANM), instruções e
orientações normativas, assim como pareceres juridicos da AGU, MME e do
DNPM/ANM.
Conceitos Básicos:
• DNPM/ANM(2017): Departamento Nacional de Produção Mineral
(atualmente, Agência Nacional de Mineração); autarquia da união dentro
do MME responsável por executar o código de mineração, além de
fiscalizar e conceder os diplomas legais complementares.

• Superficiário: o dono da terra, embora não seja dono da massa mineral


em seu subsolo na maior parte das vezes, tem direito assegurado na
constituição à participação nos resultados da produção mineral.

• UFIR: Unidade Fiscal de Referência, fator de correção de algumas taxas do


DNPM, para que os emolumentos não percam seu valor por conta da
inflação.
Conceitos Básicos
• União: seria o ESTADO FEDERAL BRASILEIRO, ou
juridicamente falando, é a entidade federal formada pela
reunião das partes componentes, pessoa jurídica de direito
público interno, autônoma em relação às unidades
federadas, a quem cabe exercer as prerrogativas da
soberania do Estado brasileiro. A República Federativa do
Brasil é assim o complexo constituído da União, estados,
distrito federal e municípios, dotado de personalidade
jurídica de direito público internacional. O território da
União abrange todo o território físico estatal.
Juridicamente, o território estatal brasileiro é mais amplo
do que o território da União, porque abrange as ordens
jurídicas particulares das unidades regionais e locais
autônomas.
Constituição Federal de 1988
• Art. 20. São bens da União:
IX – Os Recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X – As cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e
pré-históricos;
Paragráfo 1°. É assegurada, nos termos da Lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação, no
resultado da exploração de petróleo e gás natural, de recursos hídricos para fins de
geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território,
plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação
financeira por essa exploração.
• Art. 21. Compete à União:
XXIII – explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer
natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o
enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o
comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os
seguintes princípios e condições...
XXV – estabelecer as áreas e as condições para o exercício da
atividade de garimpagem, em forma associativa.
Constituição Federal de 1988
• Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
XII – jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XXVI – atividades nucleares de qualquer natureza;

• Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do


Distrito Federal e dos Municípios:
XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de
direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e
minerais em seus territórios.
Constituição Federal de 1988
• Art. 49. É da competência do Congresso Nacional:
XVI – autorizar, em terras indígenas, a exploração e o
aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra
de riquezas minerais.

• Art. 91. O conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta


do Presidente da República nos assuntos relacionados com a
soberania nacional e a defesa do Estado democrático, e dele
participam como membros natos: (...)
§ 1°. Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
III – propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança
do território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de
fronteira e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais
de qualquer tipo.
Constituição Federal de 1988
• Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade
econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de
fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este
determinante para o setor público e indicativo para o setor
privado.

§ 3°. O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas,


levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômica-social dos
garimpeiros.

§ 4°. As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na


autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais
garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o art.
21, XXV, na forma da Lei.
Constituição Federal de 1988
• Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e
os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta
da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e
pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do
produto da lavra.

§ 1°. A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se


refere o caput deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou
concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis
brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma da Lei, que estabelecerá as
condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou
terras indígenas.

§ 2°. É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na forma e no


valor que dispuser a Lei.

§ 3°. A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as autorizações e


concessões previstas neste artigo não poderão ser cedidas ou transferidas, total ou
parcialmente, sem prévia anuência do poder concedente.
Constituição Federal de 1988
• Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo
para as presentes e futuras gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

III. definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei,
vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua
proteção;
IV. exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade;

§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio


ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei.
Constituição Federal de 1988
• Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social,
costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos
originários sobre suas as terras que tradicionalmente
ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer
respeitar todos os seus bens.

§ 3°. O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a


pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com
autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes
assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da Lei.

§ 7°. Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, § 3° e 4°.


Legislação Minerária Brasileira
• O código de mineração, que é uma lei específica sobre mineração (DECRETO-LEI Nº
227 de 28/2/67) que vai regular os direitos sobre os recursos minerais no território
brasileiro, com foco na parte de pesquisa/lavra (os diversos regimes/modos de
aproveitamento de tais minerais) e sua fiscalização pelo órgão competente. Tal lei
constitui a base da legislação mineral do país;

• Complementam tal assunto, e merece destaque aqui, o Estatuto dos Garimpeiros, a


Lei da CFEM (Decreto Nº 1, de 7/2/91), o Código das Águas (datado de 1945), as
Resoluções do CONAMA e as portarias e consolidações/orientações normativas do
DNPM;

• A legislação mineral brasileira é ampla, e têm passado por recentes mudanças, o que
têm aumentado ainda mais essa complexidade e amplitude das leis acerca desse
importantíssimo setor econômico. No entanto, tal característica vêm à reforçar e
dificultar a burocracia que acerca qualquer negócio no país, sendo que muitas vezes é
o entrave para o desenvolvimento por essa via (Mineração) em regiões/setores ou
municípios do Brasil.
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Alvará de Pesquisa (Características):

1. Título assinado pelo diretor-geral do DNPM


2. Outorgado a Pessoa Física e/ou Jurídica.
3. Validade de 1-3 anos (Prorrogáveis por até mais 3 anos, a depender da
situação; REQUERIMENTO AO DNPM DE PRORROGAÇÃO DO ALVARÁ)
4. Para obtenção do alvará de Pesquisa é necessário REQUERIMENTO DE
AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA ao DNPM (FORMULÁRIOS PROPRIOS),
acompanhado do PLANO DE PESQUISA, e MAPA da área.
5. Taxas são cobradas ao se fazer o REQUERIMENTO DE PESQUISA; sendo
de 270 UFIR como emolumento único, além de 1 UFIR por hectare de
área requerida anual. (quanto a essa área, esta poderá ser de até 10000
hectares na Amazônia e 2000 hectares no resto do país, por SUBSTÂNCIA
MINERAL). No caso de estar na fase de prorrogação da pesquisa, a taxa é
de 1,5 UFIR por hectare por ano de pesquisa.
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Alvará de Pesquisa (Características):

6. O DNPM poderá recomendar outorga do alvará do pesquisa, ou solicitar


mais informações/documentos do requerente. Este, não atendendo as
solicitações do órgão, terá seu pedido indeferido e a área estará
disponível para outras terceiros solicitarem o alvará de pesquisa.

7. O titular do alvará de pesquisa deverá iniciar os trabalhos de pesquisa de


acordo com o plano de pesquisa em prazo estabelecido no código de
minas (60 dias para o caso do titular ter a posse da terra) No caso de o
titular do alvará de pesquisa não ser o superficiário, ele deverá celebrar
acordo com o dono da terra, e terá 60 dias para iniciar os trabalhos após
tal acordo. No caso de não haver acordo, tal processo vai pra justiça
comum, com o DNPM assessorando a situação.
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Alvará de Pesquisa (Características):

8. Ao final do prazo legal de pesquisa, o titular do alvará de pesquisa deverá


apresentar ao DNPM o RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA (tal relatório deverá
conter, entre outras informações, as RESERVAS MEDIDA, INDICADA,INFERIDA,
os TEORES DA SUBSTÂNCIA MINERAL pesquisada, e a pré-viabilidade
econômica do empreendimento a ser implantado).

9. O DNPM poderá APROVAR, NEGAR ou ARQUIVAR o RELATÓRIO FINAL DE


PESQUISA. Hoje em dia pode-se solicitar ao mesmo órgão uma reavaliação da
área pesquisa (chamado SOBRESTAMENTO, COM PRAZO DE ATÉ 3 ANOS) em
vista da presença de fatores conjunturais adversos.( principalmente
TECNOLOGIA/MERCADO).

10. O Alvará de Pesquisa, assim como qualquer outro titulo minerário, poderá ser
TRANSFERIDO, mediante comunicação ao DNPM.
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Concessão de Lavra (características):

1. O titular do alvará de pesquisa com RELATÓRIO APROVADO PELO DNPM


terá 1 ANO para requerer a CONCESSÃO DE LAVRA.

2. A CONCESSÃO DE LAVRA só é outorgada a PESSOA JURIDICA (EMPRESA


DE MINERAÇÃO).

3. Para requerimento de concessão de lavra é necessário alguns


documentos adicionais aos formulários da autarquia, sendo estes o PAE
(PLANO DE APROVEITAMENTO ECONOMICO, assinado por técnico
habilitado), MEMORIAL DESCRITIVO do campo pretendido para a lavra,
indicação das SERVIDÕES de que gozará a futura MINA, MAPAS
mostrando a localização da área a ser minerada e ATESTADO DE
CAPACIDADE FINANCEIRA da empresa mineradora.
Legislação Minerária Brasileira
Concessão de Lavra (características):

4. Caso DNPM aprove toda a papelada referente ao requerimento para


concessão de lavra, é emitido uma PORTARIA assinada pelo MINISTRO
DE MINAS E ENERGIA, no DOU, que por sua vez concede ao TITULAR a
CONCESSÃO DE LAVRA de uma determina MINA, e esta tem validade
enquanto o titular cumprir a legislação que regula o setor, até a
EXAUSTÃO da MINA.

5. Para liberação da portaria de LAVRA, é necessário antes o titular


apresentar o LI, e logo após tal outorga, deverá apresentar a LO/LF
expedida pelo orgão estadual de controle ambiental.

6. Até 6 meses após a oficialização da concessão de lavra, esta deverá ser


iniciada.
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Concessão de Lavra (características):

7. Para manter a CONCESSÃO DE LAVRA VÁLIDA, o titular deste deverá


cumprir com as obrigações do regulamento minerário, como apresentar
até o dia 15 de março de cada ano o RELATORIO ANUAL DE LAVRA (RAL)
ao DNPM, pagar os impostos devidos, não poluir o meio ambiente, lavrar
a jazida de acordo com o PAE, não praticar lavra ambiciosa, não
abandonar a mina, etc.

8. Várias CONCESSÕES DE LAVRA, próximas ou vizinhas, de um mesmo


titular e da mesma substância mineral, poderão ser reunidas em um
GRUPAMENTO MINEIRO ( PAE integrado para todas).
Legislação Minerária Brasileira
Concessão de Lavra (características):

10. Quando há varias concessões de lavra próximas ou vizinhas, porém com


titulares diferentes, estas poderão ser reunidas em um CONSÓRCIO DE
MINERAÇÃO, com o objetivo de incrementar a produtividade da
extração, sendo autorizadas por DECRETO do PRESIDENTE DA REPUBLICA.

11. A jazida em lavra poderá ter suas atividades interrompidas por questões
mercadológicas e/ou tecnológicas, por até 6 meses, desde que se faça
uma comunicação ao DNPM/ANM. PRAZOS MAIORES exigem um PEDIDO
DE SUSPENSÃO DAS ATIVIDADES, POR PRAZO DETERMINADO e deve ser
solicitado ao mesmo órgão acompanhado de um relatório.
Legislação Minerária Brasileira
• O MANIFESTO de Mina é um título de lavra respeitado até os
dias de hoje, e foi implantado no BRASIL pelo CÓDIGO DE
MINAS DE 1934, amparado pela CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL DE 1934, e
deveria ser registrado pelo INTERESSADO mediante
justificativa judicial no JUÍZO DE DIREITO DA COMARCA de
localização da MINA ou JAZIDA e outra técnica no DNPM,
ambas com provas testemunhais, e comprovação da
propriedade do solo onde elas se encontravam ou por quem
delas fosse dono por legítimo título.

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