Você está na página 1de 19

Microeconomia

13. A Empresa com Algum Poder de Mercado:


Concorrência Monopolística e Oligopólio

Hugo Castro Silva

1º ano — 4º trimestre — 2021/2022


Licenciatura em Engenharia e Gestão Industrial

Estruturas de Mercado

nº de empresas?
muitas
empresas

tipo de produtos?

uma poucas produtos produtos


empresa empresas diferenciados idênticos

concorrência concorrência
monopólio oligopólio
monopolística perfeita

2





Concorrência Monopolística

• Muitas empresas, pequenas mas de dimensões diferentes.

• Produtos similares mas não idênticos — diferenciação do produto.

• Cada empresa enfrenta uma curva da procura diferente (não


horizontal!).
– Chamamos procura residual: é influenciada pela procura pelos produtos dos
concorrentes.

– Existe concorrência de preços, mas é atenuada pelas preferências distintas


dos consumidores.

• Cada empresa tem um pequeno monopólio nos seus produtos.


– Mas este “monopólio" é frágil porque a procura se altera com facilidade por
causa da concorrência.

Concorrência Monopolística
Equilíbrio de Curto Prazo
• Há livre entrada e saída do mercado.

• Se houver possibilidade de lucro positivo:


1. Novas empresas vão entrar no mercado.

2. Aumenta o número de produtos oferecidos.

3. A procura dirigida a cada empresa diminui.

4. O lucro de cada empresa diminui.

• Empresas com lucro negativo saem do mercado e observa-se o


movimento contrário.

Concorrência Monopolística
Equilíbrio de Curto Prazo

(a) Empresa com Lucro (b) Empresa com Prejuı́zo


P P
CM g CM g

CM CM

Pcp
CMcp
CMcp
Pcp
D
⇡>0 ⇡<0

D
RM g RM g
qcp qi qcp qi

5
Concorrência Monopolística
Equilíbrio de Longo Prazo
• Qual o equilíbrio no longo-prazo em concorrência monopolística?

• Se houver lucro positivo no curto prazo, as empresas entram até o


lucro ser zero (P = CM, i.e. quando a procura é tangente à curva de
custos médios).
– O preço e quantidade de longo prazo não serão iguais para todas as
empresas; cada terá o seu próprio equilíbrio porque cada empresa pode ter
uma curva da procura própria (e talvez curvas de custos diferentes).

• Como a procura é negativamente inclinada, as empresas estão


sobredimensionadas — não aproveitam todas as suas economias de
escala, ao contrário do mercado perfeitamente concorrencial.

Concorrência Monopolística
Equilíbrio de Longo Prazo
P
CM g

CM

PLP =
CMLP

D
RM g
qLP qi

7
Concorrência Monopolística
Comparação com Concorrência Perfeita
• Se no longo prazo tanto as empresas em concorrência monopolística
como em concorrência perfeita têm lucros nulos, o que as distingue?

• Margem positiva em concorrência monopolística.


– Concorrência monopolística: P = CM, e P > RMg = CMg — preço maior do
que o custo de produção de uma unidade adicional.

– Concorrência perfeita: P = CMg = min CM.

• Excesso de capacidade:
– Concorrência Monopolística: Q < Escala mínima e ciente ⇔ CM > min CM.

– Concorrência Perfeita: Q = Escala mínima e ciente ⇔ CM = min CM.


– Escala mínima eficiente é a quantidade onde o custo médio é mínimo.

8
fi
fi

Oligopólio

• Poucas empresas a vender produtos idênticos ou similares.


– Mas os produtos podem ser diferenciados.

• Empresas interdependentes.
– Podem atuar de forma independente (interesse próprio) ou cooperar (conluio/
cartel).

• Tipicamente o ponto óptimo de uma empresa que maximiza o lucro


em oligopólio terá:
– quantidade inferior à concorrência perfeita, mas superior ao monopólio.

– preço superior ao da concorrência perfeita, mas inferior ao de monopólio.

Oligopólio

• Ao contrário da concorrência perfeita ou monopólio, existem inúmeras


formas de concorrência em oligopólio:
– Cooperação vs. não-cooperação.

– Produtos diferenciados vs. não diferenciados.

– Concorrência em preços (modelo de Bertrand) ou em quantidades (modelo de


Cournot) .

– Decisão simultânea ou sequencial (modelo de Stackelberg).

– Duas empresas (duopólio) ou mais.

–…

– Desenvolveremos mais no capítulo da Teoria de Jogos.

10

Cartelização

• Porque se formam cartéis?

• Ao coordenarem as suas ações, as empresas atuam como um


monopólio.
– Escolhem produzir uma quantidade inferior (e um preço superior) àquela que
escolheriam se houvesse concorrência entre elas, e dividem os lucros entre si.

• Um dos cartéis mais conhecidos é a OPEP, a organização de países


exportadores de petróleo.

• Na maioria dos países os cartéis são proibidos, mas as empresas


podem atuar em conluio em segredo.
– Exemplo: de tempos a tempos a Autoridade para a Concorrência avalia o
mercado dos combustíveis.

11

Cartelização

• Há, no entanto, incentivos para uma empresa quebrar o acordo do


cartel.
– É a razão pela qual muitas vezes os cartéis falham sem intervenção do
regulador (ou nem chegam a formar-se).

– Caso simples: todas combinam vender a um preço, mas uma empresa decide
vender a um preço ligeiramente inferior, ficando com todo o mercado para si
(provavelmente só funciona uma vez).

12

Concentração e Regulação
Definição de Mercado
• Vimos que por vezes o Estado intervém para evitar abusos de posição
dominante no mercado.

• Para que a intervenção seja eficaz, o regulador tem que ter a certeza
que há posição dominante num determinado mercado.
– Isso implica definir claramente que mercado se está a analisar — o mercado
relevante.

• Ainda que em teoria seja fácil identificar uma posição dominante, na


realidade nem sempre é assim.

• Quase sempre o regulador avançará com uma definição restrita do


mercado, onde a empresa (ou o cartel) tem poder.
– A empresa, por seu lado, dirá que participa num mercado com uma definição
mais lata, onde não tem poder.
13

Concentração de Mercado e Regulação

• Além de delinear os limites do mercado, é preciso também identificar


a estrutura de mercado para determinar a ação do regulador.
– A maioria das medidas usadas são baseadas nas quotas de mercado das
empresas.

• Dizemos que um mercado é mais concentrado que outro se tiver um


número de empresas menor, ou se, entre empresas, a disparidade das
quotas de mercado for maior.
– Mercado com cinco empresas com quotas iguais vs. mercado com três
empresas com quotas iguais vs. mercado com três empresas com quotas
50% / 25% / 25%.

• Medidas de concentração mais populares: Índices de Concentração,


e Índice de Herfindahl-Hirschman.

14

Concentração de Mercado
Índices de Concentração — Ck
k
• Ck = ∑i=1 si .
N
– si é a quota de mercado da empresa i. si = qi /Q, Q = ∑i=1 qi .

– empresas ordenadas por ordem decrescente de quota de mercado.

• É a soma das quotas de mercado das k maiores empresas.


– C4 será, então, a soma das quotas de mercado das quatro empresas com
maiores quotas no mercado relevante.

• Quanto maior for um índice, mais concentrado é o mercado.


– A escolha do(s) índice(s) (C4 vs. C5 vs. ...) deve ser adequada a cada
mercado.

• Estes índices são insensíveis a alterações de quotas dentro do grupo


das k empresas, ou alterações só nas quotas fora das k empresas.
15

Concentração de Mercado
Índice de Herfindahl-Hirschman — H
N 2
• H = ∑ s
i=1 i
– É a soma do quadrado das quotas de mercado de todas as empresas.

• Quanto maior for o índice, mais concentrado é o mercado.

• H varia entre 1/N (todas as N empresas têm quotas iguais — mais


concorrencial), e 1 (monopólio).

• Comparando o H do mercado com 1/N temos uma ideia de quanto o


mercado em questão se afasta da estrutura com N empresas iguais.

• Podemos calcular também o número equivalente de empresas (1/H)


que nos diz quantas empresas de igual dimensão existiriam num
mercado com determinado H.

16

Concentração de Mercado
Índice de Herfindahl — Valores de Referência
• Monopólio ou uma empresa dominante: H > 0,6.
• Concorrência perfeita: H < 0,2.
• Concorrência monopolística: H < 0,2.
• Oligopólio: 0,2 < H < 0,6.
• Estes valores são apenas de referência e não determinam nenhuma
regra.

17

Atividades Mais e Menos Concentradas

Fonte: INE (2020), SCIE.


Nota: Representado está o Índice de Herfindal-Hirschman, calculado a partir do volume de negócios.

18

Bibliografia

• Mata. cp. 16. “Mercados e Concorrência” (secções 1, 2 e 5).

• Mata. cp. 18. “Oligopólio: Concorrência entre poucas empresas”


(secções 1, 2 e 3).

19

Você também pode gostar