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Concorrência Perfeita
ECONOMIA DA EMPRESA
2023/2024
Sandra Sousa
Definição
• Cada empresa age individualmente, não tendo em conta as decisões das outras: observa
o preço de mercado, estabelecido pelos mecanismos do mercado, e decide que
quantidade pretende vender a esse preço.
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PRESSUPOSTOS
I. Existência no mercado de muitos produtores e muitos consumidores:
o modelo de concorrência perfeita descreve um mercado no qual nenhum agente (compradores e
vendedores) tem capacidade para influenciar os preços (poder de mercado nulo):
A quantidade consumida por cada comprador é tão pequena que tem um efeito impercetível
no preço de mercado; cada consumidor sabe que pode comprar o que necessita ao preço de
mercado, não o influenciando;
O número de produtores é de tal forma elevado que nenhum tem poder de mercado, i.e
nenhum consegue por si só estabelecer o preço, sendo este determinado pelo mercado
(confronto entre a procura e a oferta); a empresa aceita o preço que é definido pelo mercado
(price-takers) e transaciona os seus produtos a esse preço;
Cada empresa age individualmente, não tendo em conta as decisões das outras:
observa o preço de mercado, estabelecido pelos mecanismos do mercado, e decide
que quantidade pretende vender a esse preço.
PRESSUPOSTOS
II. Homogeneidade do produto (ou produto padronizado): o bem transacionado é
homogéneo, ou seja, é um substituto perfeito do oferecido pela sua concorrente.
Esta condição muito dificilmente se verifica na prática, uma vez que a própria marca é, à
partida, um fator criativo de diferenciação, logo o mesmo produto, com marcas
diferentes, pode provocar no consumidor uma diferenciação.
Exemplo: o caso das marcas brancas
III. Informação perfeita: existe informação perfeita entre os agentes económicos. Os
consumidores, por exemplo, têm um perfeito conhecimento das características do bem e
do seu preço. Portanto, os mercados são transparentes.
Esta hipótese constitui outro problema, pois é bem visível que na prática a informação não
é perfeita devido à complexidade da economia. Outras vezes, esta informação apesar de
disponível não é gratuita e por isso os agentes económicos têm de incorrer em custos
para a obter.
PRESSUPOSTOS
IV. Perfeita mobilidade de fatores produtivos
• Todas as empresas instaladas na indústria, tal como as que ponderam entrar na indústria,
têm igual acesso à tecnologia e aos fatores de produção.
• Esta condição implica que não haja nenhum tipo de barreiras no mercado (nem à entrada,
nem à saída, nem à mobilidade) e que os fatores produtivos sejam perfeitamente móveis;
– No entanto, se por um lado é facilmente aceitável que a maquinaria é móvel (apesar de
existirem custos associados ao seu transporte e acondicionamento),
– não é, por outro lado, evidente a mobilidade dos recursos humanos. Os trabalhadores
inserem-se numa comunidade e, torna-se por isso, a decisão da mudança, uma questão
complicada.
– Assim, em termos sociológicos a mobilidade de fatores não costuma ser perfeita
PRESSUPOSTOS
NOTA: Livre entrada não significa que uma nova empresa não incorre em custos
quando entra no mercado, mas sim, que tem acesso à mesma tecnologia e aos
mesmos inputs que as empresas existentes têm.
Condições para a existência de um mercado em
concorrência perfeita - Implicações
Os pressupostos do modelo têm implicações na forma como os mercados de
concorrência perfeita funcionam:
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Objetivo das empresas:
maximização dos lucros
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Maximização do lucro
• Cada produtor comporta-se
como um price-taker , no
sentido que deve vender ao
nível de preço que se regista qD
no mercado. P* P*
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Maximização do lucro
O objetivo da empresa é maximizar o seu lucro. Em concorrência perfeita, como o
preço é independente da quantidade, a receita total é linear
P*
Declive = P*
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Maximização do lucro
• Representação gráfica do lucro a
RT CT
CT
RT
partir do CT e da RT
O objetivo do empresário é
maximizar o lucro:
= RT - CT p
Q
0
Q
1
Q
2
Q
3
Q
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Maximização do lucro - Condição de equilíbrio
• Como o objetivo da empresa é maximizar o lucro apenas terá de maximizar a função lucro.
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Maximização do lucro
Condição de equilíbrio
P
A empresa escolhe o volume de
produção que maximiza o lucro e nesse Cmg
volume ótimo, o custo marginal é igual
ao preço (que, em concorrência perfeita, P=Rmg
é igual à receita marginal ).
q*
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Estrutura de custos no curto prazo de uma empresa
price-taker
O custo total no curto prazo de uma empresa que produz a quantidade de output
q é dada por:
A curto prazo, se a empresa não produzir, terá um prejuízo igual aos custos fixos
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Lucros em concorrência perfeita
Para que o lucro seja positivo, é necessário que a empresa produza com um custo
médio inferior ao preço de mercado
Limiar de encerramento de Curto Prazo
• Na determinação do limiar de encerramento de curto
prazo de uma empresa perfeitamente concorrencial, deve
ter-se em conta os custos variáveis. P
Cmg
• No curto prazo, ainda que os lucros sejam negativos, a
CTM
empresa pode ter interesse em manter a produção. Se não
produzir, terá um prejuízo igual aos custos fixos. Portanto, CVM
deve produzir caso as receitas sejam suficientes para
compensar os custos variáveis. Preço de
P*
encerramento de CP
• Se o preço for igual ao mínimo do custo variável médio
de período curto, a empresa está no seu limiar de q* qt
encerramento de curto prazo.
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Situação de lucro negativo (prejuízo) no curto prazo
em concorrência perfeita
P
Situação de prejuízo em que a empresa
continua a produzir Cmg
CTM
CVM
P2 𝝅 < 0
P1
q* qt 17
Situação de lucros nulos (lucro normal) em concorrência
perfeita – Limiar de Encerramento de Longo Prazo
P
LT = 0 Ponto Crítico
q* qt
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Situação de limiar de encerramento/lucros
negativos/lucros nulos
Uma empresa em situação de concorrência perfeita e que se situe no ponto crítico (Min CTM)
ou abaixo dele poderá seguir umas das alternativas:
1. Aguardar que o mercado volte a fazer subir o preço até uma situação de lucro (o que
poderá ou não ocorrer);
2. Tomar medidas para fazer baixar os seus custos de produção, colocando a empresa de
novo numa situação de lucro;
3. Para evitar perder mais que os custos fixos, mais vale encerrar e nada produzir quando os
preços descem abaixo do referido limiar de encerramento (Min CVM).
NOTA: A curto prazo, ainda que os lucros sejam negativos, a empresa pode ter interesse em
manter a produção.
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Curva da Oferta da empresa de curto prazo
• No curto prazo, a empresa em concorrência perfeita deve produzir quantidades positivas
para qualquer preço superior ao mínimo do CVM.
• Para qualquer preço superior a este, a empresa escolhe produzir a quantidade que é
mostrada pela curva de custos marginais.
• Em concorrência perfeita, a curva da oferta individual da empresa é dada pela curva
de custos marginais acima do ponto mínimo do custo variável médio.
CmgPC
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Curva da Oferta da indústria de curto prazo
Somando as ofertas de curto prazo das n empresas que estão no mercado (no curto prazo não
há entradas nem saídas) obtemos a oferta de curto prazo da indústria.
QcpS n qcpS
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Curva da Oferta da indústria de curto prazo
Pressupostos:
• A indústria opera a custos constantes;
• Todas as empresas estão a produzir com a mesma dimensão;
• Todas as empresas adotam um comportamento maximizador de
lucros.
Equilíbrios (mercado e empresa) de curto prazo
• O preço de equilíbrio é dado pela interceção das curvas da oferta e da procura de mercado
(QS = QD).
• Após a determinação do preço, a empresa apenas tem que decidir que quantidade de
produto coloca no mercado; cada empresa produz a quantidade que maximiza o seu lucro
(P =Cmg).
Cmg
CVM
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Exemplo 1:
Supondo que uma empresa tem uma curva de custo total, no curto prazo, e receita
total, respetivamente, dadas por:
CT = 100 + 20q + q2 e RT = 60q
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Equilíbrio de longo prazo
Entrada e saída de empresas
No longo prazo, pode haver entrada/saída de empresas, dependendo da relação entre o preço
de mercado e o mínimo do custo total médio de LP.
• Se o preço for superior ao mínimo do custo médio de período longo, é vantajoso entrar no
mercado, dado que a atividade nesta indústria proporcionará lucros no futuro.
• Se o preço for inferior ao mínimo do custo médio de LP, as empresas que estão no mercado
têm incentivos para encerrar, dado que para manter a atividade nesta indústria é necessário
suportar um prejuízo.
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Equilíbrio de longo prazo
Situação de lucro no longo prazo
Cmg PL
$ Cmg pc
CTMPL
P*
CTMPC
Lucro positivo
q2 Q
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• Estando o preço acima do mínimo do custo
Equilíbrio de longo prazo
médio de período longo, entram novas Entrada de empresas
empresas no mercado. Aumenta, assim, a
oferta da indústria, para cada preço de
venda. Deste modo, a oferta de mercado
desloca-se para a direita e o preço desce.
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Alterações no equilíbrio devido a alterações nos preços dos fatores
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Excedente e Bem-estar
• Nos mercados de concorrência perfeita, a oferta e a procura interagem para determinar os
preços dos bens e as quantidades transaccionadas (de “equilíbrio”).
Será que estes preços e quantidades, determinados nos mercados livres, são os mais desejáveis
para a sociedade?
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Bem-estar: Excedente do produtor e do consumidor
• O excedente do consumidor é a diferença entre o valor máximo que o consumidor
estaria disposto a pagar para consumir um bem (preço de reserva) e o valor que,
efetivamente, paga (preço de mercado).
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Bem-estar: Excedente do produtor e do consumidor
• Em concorrência perfeita, a curva de custo marginal de produção coincide com a curva da
oferta.
• O excedente do produtor é a diferença entre o valor que o produtor recebe pela venda de um
bem (preço de mercado) e o valor mínimo que estaria disposto a aceitar (custo marginal).
CmgPC
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Bem-estar Social
• Pode definir-se uma função de bem-estar social como a soma dos excedentes de todos os
agentes económicos. Devemos somar o excedente de todos os produtores e consumidores.
• Em concorrência perfeita, isto é, produzindo as empresas o volume para o qual o custo
marginal é igual ao preço, o bem-estar é máximo no ponto de equilíbrio.
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Exemplo 2:
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Imposto Específico
• O imposto é um custo adicional para as empresas, implicando um
deslocamento para cima das curvas de custo marginal e custo médio,
no valor do imposto, t, que é um custo adicional por unidade vendida.
• no longo prazo, o produtor mantém-se no mercado se o preço de mercado for pelo menos
igual ao mínimo do custo médio de longo prazo.
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Síntese
• O equilíbrio num mercado perfeitamente competitivo garante a maximização do bem-estar dos
agentes económicos, na medida em que é maximizada a soma do excedente do produtor com
o excedente do consumidor.
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Bibliografia
• Mata, José. Economia da Empresa, 6ª Edição. Lisboa, Fundação
Calouste Gulbenkian, 2010.
• Cabral, Luís. Economia Industrial. Lisboa : McGraw-Hill, 2005
• Varum, Celeste e outros. Economia Industrial: Teoria e Exercícios
práticos. Lisboa, Edições Sílabo, 2016.
• Nabais, Carlos e Ferreira, Ricardo. Microeconomia – Lições &
Exercícios. LIDEL, 2010