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PATOLOGIAS EM PAVIMENTAÇÃO

UNIDADE III
AVALIAÇÃO ESTRUTURAL
DE PAVIMENTOS ASFÁLTICOS
Elaboração
Giovanna Monique Alelvan

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO

UNIDADE III
AVALIAÇÃO ESTRUTURAL DE PAVIMENTOS ASFÁLTICOS..................................................................................................... 5

CAPÍTULO 1
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO ESTRUTURAL............................................................................................................................. 6

REFERÊNCIAS................................................................................................................................................13
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AVALIAÇÃO ESTRUTURAL
DE PAVIMENTOS UNIDADE III
ASFÁLTICOS

Na Unidade II foi estudada avaliação de pavimentos do ponto de vista funcional, que


tem como conceitos principais a condição da superfície, interação pneu-pavimento,
defeitos, irregularidades, conforto ao rolamento, serventia, entre outros.

Nesta Unidade III será estudada a avaliação do pavimento do ponto de vista estrutural,
ou seja, aquele ligado à capacidade de carga do pavimento. Isto está diretamente ligado
ao projeto do pavimento, e, portanto, do seu dimensionamento.

Os defeitos em pavimento não ocorrem de forma abrupta e, sim, contínua, ou seja, há


um processo contínuo de deterioração desde o início da abertura para o tráfego. Os
defeitos estruturais são resultados da repetição dessas cargas oriundas desse tráfego,
os quais se relacionam com as deformações ocorridas em função desses carregamentos.

As deformações podem ser elásticas, recuperáveis, ou deformações plásticas, aquelas


não recuperáveis. As deformações elásticas podem ser medidas por equipamentos
chamados genericamente de deflectômetros, os quais medem a deflexão do pavimento. As
deformações elásticas são as principais responsáveis por causarem trincas no pavimento.

Por outro lado, as deformações plásticas são aquelas acumuladas durante toda a vida útil
da estrutura e geram defeitos como afundamento localizado ou trilha de roda. Conforme
já abordado, esses são medidos por meio de uma treliça normatizada.

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Capítulo 1
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO ESTRUTURAL

A avaliação estrutural de pavimentos pode ser feita por três diferentes tipos de métodos:
destrutivo, semidestrutivo e não destrutivo. Na Tabela 8 são apresentados detalhes
sobre os três métodos.

Tabela 8. Métodos de avaliação estrutural.

Método Características
O objetivo deste método é de investigar cada camada do pavimento por meio da abertura de poços de
sondagem ou trincheiras para observação. Nestes casos, são recolhidas amostras de cada camada até
ao subleito, para que sejam realizados ensaios de capacidade de carga in situ.
Como para retirada da amostra é necessário destruir uma parte do pavimento, este método é restrito e
Destrutivo deve ser feito um planejamento para execução para não prejudicar mais ainda a estrutura.
As principais desvantagens do método destrutivo são: interrupção do tráfego por um período de tempo
significativo para retirada das amostras; inserção de defeitos nas seções do pavimento; ensaios onerosos
e que demandam muito tempo; requisição de mão de obra especializada; resultados pontuais e que
podem não representar a estrutura como um todo.
O método semidestrutivo também tem como objetivo a investigação das camadas de pavimento, porém
faz uso de aberturas menores para recolhimento das amostras.
Semidestrutivo
Nessas regiões são ainda utilizados equipamentos portáteis de pequena dimensão para avaliar a capacidade
de carga do pavimento, como os cones dinâmicos de penetração (DCP).
Os métodos não destrutivos são a melhor opção para utilizar em pistas que se deseja fazer a investigação
da capacidade de carga da forma menos invasiva possível.
Não destrutivo
Além disso, é possível refazer os ensaios não destrutivos no mesmo ponto diversas vezes, permitindo
que se tenha a evolução da capacidade de carga com o tempo.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).

1.1. Equipamentos
Na Figura 40 é ilustrada a extração de corpos de prova para avaliação da capacidade de
carga das camadas. Durante o método destrutivo, é possível ainda avaliar os materiais
que compõem as camadas e o subleito e as espessuras. Nos ensaios de laboratório
determinam-se a massa específica e a umidade em cada camada.

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Avaliação Estrutural de Pavimentos Asfálticos | UNIDADE III

Figura 40. Método destrutivo para avaliação estrutural.

Fonte: Bernucci et al. (2008).

Na Figura 41 é ilustrado o equipamento semidestrutivo DCP para avaliação estrutural


expedita de subleitos e camadas inferiores do pavimento. O módulo de elasticidade do
pavimento pode ser obtido através de pulsos aplicados na superfície, e outras medições
ao entorno do mesmo (BERNUCCI et al., 2008).

Figura 41. Equipamento DCP.

Fonte: Bernucci et al. (2008).

Os equipamentos do método não destrutivo serão abordados em mais detalhes devido a


sua maior complexidade. As avaliações não destrutivas, também chamadas de NDT (Non
Destructive Deflection Testing), utilizam equipamentos que podem ser divididos em:

» Carregamento quase-estático: ensaio de placa e viga Benkelman.

» Carregamento vibratório: dynaflect.

» Carregamento por impacto: Falling Weight Deflectometer (FWD).

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Os equipamentos de uso para o método não destrutivo podem ser usados para levantamento
das condições do pavimento para realização de projeto de recuperação, ou, também, para
gerenciamento dos defeitos da pista. Eles apresentam valores numéricos muito distintos
entre si, e, por isso, deve ser avaliado qual deles é o mais adequado para a situação.

Os equipamentos que medem a deflexão do pavimento, chamado de deflectômetros,


foram primeiramente desenvolvidos na década de 1950 e chamados de viga Benkelman,
já que A. C. Benkelman foi o engenheiro norte-americano criador. Já na década de 1980
foi desenvolvido o peso batente (FWD), e aplicado no Brasil em 1994.

1.1.1. Viga Benkelman (VB)

O ensaio da viga Benkelman é relativamente simples e exige um caminhão com eixo


traseiro simples de roda dupla carregado com 8,2 toneladas para aplicar a carga para
a qual será medida a deformação elástica. A Figura 42 mostra um esquema da viga
Benkelman.

Figura 42. Esquema da viga Benkelman.

Vibrador Suporte
Extensômetro
Trava

Articulação
Pés
dianteiros

Pavimento Ponta de prova Pés dianteiros


A B
C d

Fonte: –Adaptado de DNER ME 24/94.

A sequência do ensaio completo, regulamentado pelo DNER ME 024/1994, é mostrada


no esquema da Figura 43.

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Figura 43. Passos para execução do ensaio de viga Benkelman.


PASSO 1:
Colocar a ponta de prova da viga Benkelman entre os pneus da roda geminada
traseira do caminhão, exatamente sob o seu eixo.

PASSO 2:
Realizar a leitura do extensômetro (Li), o qual está a uma distância na qual o operador
sobre o braço móvel da viga consiga realizar sem trazer riscos.

PASSO 3:
Afastamento do caminhão de forma lenta até 10m de distância da ponta de prova, ou
até que o extensômetro não acuse mais avaliação da leitura.

PASSO 4:
Ler no extensômetro a leitura Lf.

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Para melhor entendimento, são apresentadas as Figuras 44, 45 e 46, que ilustram o
posicionamento do caminhão, a colocação da viga Benkelman e realização da leitura
inicial e o afastamento do caminhão e a leitura final, respectivamente.

Figura 44. Posicionamento do caminhão.

Operador

Fonte: Lobato (2017).

Figura 45. Colocação da viga Benkelman e realização da leitura inicial.

Viga Benkelman

Fonte: Lobato (2017).

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Figura 46. Afastamento do caminhão e realização da leitura final.

Fonte: Lobato (2017).

A leitura final baseia-se no conceito de que todo o deslocamento recuperado é associado


à deformação elástica do pavimento, ou seja, é a deflexão. A deflexão pode, então, ser
calculada como
d=
0 ( Li − L f )  K

onde K é a constante da viga dada pela relação entre o braço maior e o braço menor,
articulados.

As sequências apresentadas nas Figuras 44, 45 e 46 são um processo trabalhoso e pouco


preciso. Hoje em dia já existem vigas automatizadas que utilizam medidores elétricos
do tipo LVDT para realizar a leitura dos deslocamentos e obter uma bacia de deflexão.
Na Figura 47 é ilustrada uma viga eletrônica.

Figura 47. Viga eletrônica.

Fonte: Viga Eletrônica (2017).

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Para utilização da viga eletrônica são necessários os seguintes materiais: viga eletrônica,
odômetro, computador portátil e caminhão padronizado. No computador tem o software
que faz o processo de gerenciamento das medidas obtidas pela viga. Um exemplo de
interface do software é ilustrado nas Figuras 48 e 49.

Figura 48. Interface de software para recebimento de dados.

Fonte: Viga eletrônica (2017).

Figura 49. Interface de software de viga eletrônica.

Fonte: Viga eletrônica (2017).

O uso da determinação da influência da bacia de deflexão pode ser utilizado como uma
ferramenta para técnicas de retroanálise dos parâmetros de resiliência das camadas que
compõem o pavimento. Um exemplo de bacia de deformação é ilustrado na Figura 50.

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Figura 50. Exemplo de bacia de deformação.

Fonte: Viga eletrônica (2017).

1.1.2. Falling Weight Deflectometer (FWD)

As vantagens do FWD comparado com o VB (manual) são:

» maior acurácia nas medidas.

» possibilidade de uso com diversos tipos de cargas.

» agilidade na execução.

» registro automático de temperatura e distâncias do ponto de ensaio.

» operador não influencia na qualidade dos dados.

Figura 51. Esquema de FWD.

Peso
(ajustável)

Queda
peso
(10kg)
Célula de
Carga Buffers
(1-15kN) (4) PDA (Wireless)
Armazenamento de
dados
Deflectômetro
(0-2200 mícrons)

Prato de apoio Porta de


Comunicação
Geophone

Fonte: FSG (2017).

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REFERÊNCIAS

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Treatments. Transportation Research Record Journal of the Transportation Research
Board. 2011.

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Referências

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