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MERCADOS E PRODUTOS FINANCEIROS

CAPÍTULO III – MERCADO DE CRÉDITO

Curso: Gestão Bancária e de Seguros

Giovanni Peliganga
ÍNDICE
1. Conceitos

2. Operadores e/ou instituições ligadas ao crédito

3. Principais produtos ou modalidades de crédito

4. Importância do crédito na estrutura económica

5. Conclusões

6. Resumo

GIOVANNI PELIGANGA
CONCEITOS

❖ O mercado de crédito representa o segmento do mercado financeiro, por excelência intermediado, onde
são concedidos/obtidos financiamentos e/ou empréstimos de curto, médio e longo prazo, a uma
determinada taxa de juro, sob determinados requisitos previamente definidos.

❖ O mercado de crédito caracteriza-se por um conjunto de soluções que permitem financiar o capital
circulante (activo corrente) das empresas, assim como o capital fixo (activo fixo). De igual modo, é o
segmento mais acessível para as famílias, na medida em que se apresenta como o segmento menos
complexo e com mais informação disponível.

❖ Importa referir que há uma ligeira diferença entre financiamento e empréstimo, pese embora usarmos os
termos como sinónimo em inúmeras ocasiões:

❑ Financiamentos – solicitação/utilização de fundos alheios para a realização de investimentos ou


actos de consumo. São concedidos com objectivos específicos.

❑ Empréstimos – solicitação/utilização de fundos alheios para a realização de investimentos ou


actos de consumo, entretanto, são concedidos sem objectivos específicos.

GIOVANNI PELIGANGA
CONCEITOS
❖ É comum o mercado de crédito ser analisado apenas na perspectiva em que os agentes superavitários são
exclusivamente os bancos ou as instituições de microfinanças, de tal modo que existe apenas o processo
efectivo de concessão de crédito aos deficitários. É importante esclarecer que, conceptualmente, os bancos
são intermediários “puros”, ou seja, têm a função tradicional de captar depósitos e conceder créditos. Ou
seja, o crédito começa a partir do processo de intermediação financeira a partir do qual os bancos
transformam os seus depósitos em créditos, fazendo com que o dinheiro circule na economia, gerando,
consumo, investimento e, a médio e longo prazo, riqueza.
Operações Passivas para os Bancos Operações Activas para os Bancos

Depósitos e outras aplicações financeiras de Financiamento, empréstimo/crédito e


clientes aquisição de instrumentos financeiros

❖ Portanto, o primeiro elemento para a existência de crédito é a criação de poupança e/ou investimento
financeiro que, nos sistemas financeiros modernos, é feito via operações passivas, ou seja, depósitos
bancários, sendo que a concessão de crédito representa uma operação activa para os bancos.

GIOVANNI PELIGANGA
CONCEITOS
❖ Assim sendo, o mercado de crédito envolve e demanda a existência dos seguintes elementos:

❑ Tomadores (devedores) – tecnicamente conhecidos como agentes deficitários, representam os


agentes económicos que têm poupanças insuficientes para suprir necessidades de investimento
ou de consumo;

❑ Poupadores (credores/investidores) – denominados agentes superavitários, representam os


agentes económicos com poupanças suficientes, ou de outro modo, que consomem regularmente
abaixo do seu rendimento, tendo, por isso, propensão natural para investir (rentabilizar as suas
poupanças) e gerar riqueza.

❖ Portanto, os intermediários financeiros colocam-se entre as duas classes de agentes, permitindo a


alocação, que se quer eficiente, dos recursos financeiros entre os referidos agentes. Deste processo,
resultam para o intermediário:
Tomadores Poupadores
Intermediário financeiro
Taxas de juro activa Taxa de juro passiva
Comissões diversas e outras despesas Comissões diversas
Impostos Impostos

GIOVANNI PELIGANGA
INSTITUIÇÕES LIGADAS AO CRÉDITO

❖ Instituições sob supervisão do BNA ligadas ao crédito – conforme descrito na Lei do Regime Geral das
Instituições Financeiras, Lei nº14/21.

Instituições financeiras não bancárias (ligadas ao crédito) Instituições financeiras bancárias

Sociedades de Cooperativas de Crédito Bancos

Sociedades de Cessão Financeira (Factoring) Instituições de Microfinanças

Sociedades de Locação Financeira (Leasing)

Sociedades de Garantia de Crédito

Sociedades de Microcrédito

GIOVANNI PELIGANGA
PRODUTOS / MODALIDADES DE CRÉDITO
❖ O processo de crédito inicia com a captação de depósitos, pelo que destacamos as duas principais modalidades
de depósito:

Modalidade Conceito Condição Encargos Movimentação


O depósito a ordem, • Podem ser não Comissão de inactividade;
também designada Conta a remunerados – não geram Comissão de manutenção;
Ordem, constitui a qualquer proveito Comissão por levantamento;
modalidade de depósito financeiro; Comissão pela emissão de
através do qual o banco • Podem ser remunerados – cartões multicaixa; Comissão
Depósito a (depositário) obriga-se a gera proveitos financeiros pela requisição de cheques;
ordem restituir a qualquer por aplicação de uma taxa Comissão pela transferência de
momento o montante de juro, tendo em conta um fundos; Despesas com
(dinheiro) depositado pelo saldo médio; expedição de documentos; Mobile Banking, Internet Banking,
cliente (depositante) • Sem prazo (movimentação Despesas fiscais; Despesas Multicaixa Express e Cartões
instantânea) inerentes ao pagamento de Multicaixa, Cheques, via balcão ou
serviços; rede comercial, ou seja, de modo
os depósitos a prazo • Com mobilização directo e presencial, com
representam uma antecipada; intervenção humana
modalidade de depósito • Sem mobilização
remunerado que, através de antecipada
Raras vezes incidem
Depósito a um contrato, concede ao • Existência de um prazo
comissões;
prazo cliente o direito de receber (maturidade), Taxa de juro
Sujeito a despesas fiscais
um juro por abdicar (fixa ou variável),
temporariamente dos convenção de contagem
recursos concedidos ao dos dias.
banco

GIOVANNI PELIGANGA
PRODUTOS / MODALIDADES DE CRÉDITO

❖ Um crédito diz respeito à solicitação de um determinado montante, numa moeda específica, a uma instituição
financeira bancária ou não bancária ligado ao crédito, mediante o pagamento de juros e outras taxas
associadas, devendo o tomador observar rigorosamente o plano financeiro ou de reembolso.

❖ Podemos destacar algumas modalidade de crédito

Modalidades de Crédito

Crédito habitação

Crédito ao consumo

Crédito automóvel

Crédito em conta corrente

Descoberto bancário

Financiamento ao investimento

Leasing

Factoring

GIOVANNI PELIGANGA
PRODUTOS / MODALIDADES DE CRÉDITO
FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO DE UM DP OU DE UM CRÉDITO

Fórmula Descrição Modalidade Convenção Descrição

𝐶. 𝑖 Sistema de Price ou SAF


Prestação (𝑃𝑘 ) = C – Capital; i – taxa Baseia-se no número de dias do ano em curso,
1 − (1 + 𝑖)−𝑛 – Prestações são
se for bissexto (366/366), caso contrário, ou
Capital + Juros de juro; n – tempo constantes Actual/Actual seja, se for ano civil (365/365)

𝐶 Sistema de Amortização
𝑅𝑘= Todos os meses têm os dias normais em
𝑛 𝑅𝑘 − Constante (SAC) – função do calendário, neste caso se o ano for
Prestação (𝑃𝑘 ) 𝑅𝑒𝑒𝑚𝑏𝑜𝑙𝑠𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 Reembolso do Capital é Actual/365 bissexto (366/365), se for civil (365/365)
= Capital + Juros ; C – Capital; n – constante
tempo
de igual modo, todos os anos têm dos dias
normais em função do calendário, neste se for
J=Cxixn C – Capital; i – taxa Regime de Juros Simples Actual/360 civil (365/360) e se for bissexto (366/360)
Juros
de juro; n - tempo (RJS)
J = C x (1 + 𝑖)𝑛 C – Capital; i – taxa Regime de Juros Assume-se que todos os meses têm 30 dias, ou
30/360
Juros de juro; n - tempo Composto (RJC) seja, trata-se da convenção de ano comercial
(360/360)

GIOVANNI PELIGANGA
IMPORTÂNCIA DO CRÉDITO NA ECONOMIA
❖ A concessão de crédito depende de um conjunto de factores que estão ligados aos riscos inerentes à
operação e à respectiva rendibilidade. Tal como vimos, o riscos podem ser financeiros e não financeiros,
enquanto a rendibilidade traduz o retorno esperado de um certo investimento ou aplicação.

❖ A concessão de empréstimo e/ou financiamento, tratando-se de uma operação “puramente” financeira,


resulta para o mutuário (devedor) um custo e para o mutuante (credor) um proveito; sendo que este último
deve igualmente assumir os riscos da operação. Assim sendo, os principais riscos inerentes a uma operação
creditícia são:
❑ Risco de crédito – risco do capital não ser reembolsado no seu todo ou parcialmente, também designado risco de
incumprimento;

❑ Risco de liquidez – probabilidade dos juros e outros encargos do crédito não serem pagos atempadamente (na data
convencionada);

❑ Risco de mercado – alterações na Política Monetária influenciando a subida das taxas de juros, aumento da taxa de câmbio
(depreciação da moeda local para países importadores), alta de taxa de inflação e ainda os índices bolsistas (preço das acções
das principais empresas);

❑ Risco Operacional – probabilidade dos sistemas estarem obsoletos, impossibilitando o pagamento das prestações, erros
humanos.

GIOVANNI PELIGANGA
IMPORTÂNCIA DO CRÉDITO NA ECONOMIA
❖ O objectivo do crédito é gerar consumo, investimento e riqueza, pelo que o crédito a economia é um
circulo fechado, ou pelo menos deve ser, sendo que o não cumprimento de uma das partes desvirtua o
objectivo do crédito e cria danos severos à economia.

❖ Abaixo apresentamos um processo de crédito para implementação de uma fábrica têxtil, cujo o prazo de
reembolso é de 5 anos, devendo o mutuário pagar prestações de 25 Milhões:

Banco Volvidos 5 anos


a capacidade
Crédito = Kz 100 Banco para
Milhões conceder crédito
melhora

Reembolso do crédito
Agente Económico
20 Milhões
Kz 100 Milhões
Juros = 5 Milhões

Geração de Investimento =
rendimentos = Lucros Fábrica
30 Milhões Kz 100 Milhões

GIOVANNI PELIGANGA
IMPORTÂNCIA DO CRÉDITO NA ECONOMIA
❖ Caso o ISAF, S.A continue a efectuar o reembolso do crédito e cumpra na íntegra até ao final de 5 anos,
entregará ao banco 100 milhões de kwanzas como reembolso do capital e 25 milhões kwanzas como juros.

❖ Agora assumamos que o ISAF, S.A não efectue o investimento conforme acordado com o banco e decide
adquirir uma viatura no valor de 100 milhões kwanzas para um dos Administradores.

Circuito Banco
interrompido
– Geração Crédito = Kz 100
de Crédito Milhões
malparado

Reembolso do crédito Agente Económico


0 Kz 100 Milhões

Optou-se
pela
compra
de uma
Geração de viatura
Investimento = Fábrica
rendimentos = Lucros
0
0

GIOVANNI PELIGANGA
IMPORTÂNCIA DO CRÉDITO NA ECONOMIA

❖ Um processo de crédito/financiamento bem sucedido tem os seguintes efeitos:

❑ Gera investimento (público ou privado);

❑ Gera de consumo – os agentes económicos podem adquirir mais bens e serviços;

❑ Gera de emprego – fundamentalmente quando são destinados ao investimento no sector


produtivo ou para aquisição de capital fixo, instalações fabris ou ainda implementação de
industrias;

❑ Reduz assimetrias sociais;

❑ Gera crescimento económico.

GIOVANNI PELIGANGA
CONCLUSÕES
❖ A poupança é importante, mas não gera valor e, por conseguinte, não gera riqueza por si só;

❖ É importante investir, entretanto, é ainda mais importante avaliar os produtos disponíveis, ou seja;
❑ Verificar os requisitos de investimentos

❑ Os prazos e modalidades de reembolso;

❑ Os custos associados (comissões e outras despesas) e os impostos a serem suportados; independentemente do


activo;

❖ Não solicite um empréstimo sem antes:


❑ Avaliar a sua capacidade de poupança – talvez a eliminação de despesas desnecessárias poderá abrir espaço para a
concretização de despesas prioritárias/inadiáveis;

❑ O seu rendimento;

❑ A urgência e/ou necessidade do mesmo – algumas necessidades podem ser adiadas;

❑ O custo do financiamento/empréstimo.

❖ Todo o investimento tem subjacente um ou mais riscos, prepare-se para minimizá-los e nunca eliminá-los,
ou seja, aprenda a contornar o risco.

❖ Entretanto, quanto maior for o risco maior será a probabilidade de retorno.

GIOVANNI PELIGANGA
RESUMO
❖ Finalizado o presente capítulo, o estudante deverá estar em condições de:
❑ Explicar os aspectos inerentes ao mercado de crédito;

❑ Diferenciar as diferentes modalidades de crédito;

❑ Avaliar os principais produtos oferecidos no mercado de crédito, em termos de risco e rendibilidade para o credor (mutuante)
e custo para o mutuário (devedor);

❑ Explicar claramente a importância do crédito para a economia.

❖ Complementarmente recomenda-se:

❑ Visitar os websites Banco Nacional de Angola (BNA) e pesquisar o relatório sobre o sector bancário;

❑ Consultar os websites do Banco Angolano de Investimento (BAI) e do Standard Bank Angola (SBA) e resumir as
principais modalidades de crédito praticadas pelos respectivos bancos.

❑ Investigar sobre microcrédito e microfinanças. Produzir um resumo de 3 páginas (no máximo) e enviar por email,
em formato PDF, ao professor, 5 dias após a conclusão do presente capítulo.

Nota bem: todos os pontos elencados serão parte da avaliação.

GIOVANNI PELIGANGA
OBRIGADO
Giovanni Peliganga, MSc. em Economia
dos Intermediários e dos Mercados
Financeiros

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