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Cláudia Ferreira Gomes

PSICÓLOGA | CP nº. 023137

uito
t
gra

e-book
birras

Compilação do evento "ALERTA BIRRAS":


O CÉREBRO E A QUÍMICA POR TRÁS DAS BIRRAS
que decorreu de 1 a 14 agosto'21 no Instagram
@belovepsicologia_claudiagomes
olá,
eu sou a Cláudia

Com este e-book proponho ajudar-te a compreender o cérebro das


crianças e, com isso, serás capaz de melhor:

compreender o teu filho e as crianças com quem te relacionas;


responder de forma mais eficiente aos seus momentos de intensa
explosão emocional (expressos pelas famosas birras);
construir uma base para a saúde mental e emocional das crianças.

Vamos caminhar juntos?


Com carinho,

Cláudia Ferreira Gomes


Sê Amor, Be Love.
uma pequena
introdução
Para começar, memoriza estes dois factos sobre o cérebro:

1. O cérebro tem um papel central nos momentos de intensa explosão


emocional (birras);
2. O cérebro da criança é moldado pelas experiências que os pais (e
os outros cuidadores) lhe proporcionam.

Mas, a maioria dos pais (e os outros cuidadores), não têm informações


básicas sobre o cérebro das crianças. Não é surpreendente?

Foi exactamente a pensar nisso que criei o evento "Alerta Birras" (no
Instagram durante 14 dias), que, agora, ficará compilado em papel
através deste e-book.

O objectivo é explicar alguns conceitos básicos sobre o cérebro da


criança fundamentais para compreender os momentos de intensa
explosão emocional das crianças (birras). Estes conceitos ajudar-te-
-ão a ter uma relação mais saudável com o teu filho e com qualquer
outra criança. E por quê?

Porque é impossível ter uma relação saudável com uma criança


quando não sabemos como responder de forma eficiente aos
momentos de intensa explosão emocional (birras) e como a ajudar a
superar estes momentos de maior intensidade emocional.
notas
prévias
nota prévia #1
As estratégias apresentadas neste e-
book estão amplamente baseadas em
pesquisas científicas actuais, cujas
referências bibliográficas estão
disponibilizadas na última página.

nota prévia #2
Quer sejas mãe, pai, avó(ô), tia(o),
terapeuta, educador ou outro cuidador
importante na vida da criança, este e-
book foi escrito para ti.

Usei o termo "mãe", "pais", "filho" e


"filhos" mas tudo o que aqui está
descrito é válido para qualquer
pessoa que desempenhe a importante
tarefa de educar, dar apoio, proteger e
ajudar a prosperar qualquer criança.

nota prévia #3
As páginas seguintes estão dividas
pelos dias do evento "Alerta Birras",
com as respectivas imagens da
publicação diária, uma "checklist" das
ideias a reter e uma reflexão.

Vamos começar a nossa caminhada?

Boa leitura!
dia #1
dia #1

alerta birras

o bebé nasce
com apenas 25%
do seu cérebro
desenvolvido.

o cérebro só está
completamente
maduro por
volta dos
25 anos.

as experiências
determinam a
estrutura do
cérebro da
criança.
dia #1

alerta birras

ideias a reter
CHECKLIST

o bebé nasce com apenas 25% do seu


cérebro desenvolvido

o cérebro só está completamente maduro


por volta dos 25 anos

as experiências determinam a estrutura do


cérebro da criança
reflexão #1
Vamos começar esta caminhada pelo início, ou seja, pelo
nascimento do bebé.

O bebé nasce com apenas 25% do seu cérebro desenvolvido e o


cérebro de uma pessoa só está totalmente desenvolvido por
volta dos 25 anos. E, quando o cérebro está maduro, as diferentes
partes do cérebro trabalham juntas, como um todo (integrado).

Ou seja: 75% do cérebro vai desenvolver-se ao longo da vida do


bebé, em particular, nos três primeiros anos de vida. Por isto, os
pais (e os outros prestadores de cuidados significativos) têm um
papel fundamental na “arquitectura” do cérebro da criança (no
desenvolvimento do cérebro).

O nosso cérebro tem partes diferentes com funções diversas.


Devido ao desenvolvimento cerebral da criança em curso (cérebro
em "construção"), os adultos precisam ajudar essas partes do
cérebro da criança a trabalharem juntas, ou seja, a integrá-las
(facilitar a integração): ajudar a que as diferentes partes do
cérebro se tornem mais bem conectadas e trabalhem juntas,
como um todo.

Os momentos de intensa explosão emocional (birras) dão-se,


exactamente, como resultado dessa perda de integração.
Devido à desintegração dessas diferentes partes do
cérebro dá-se uma intensa explosão emocional,
expressa pelo que comumente (e de forma
pejorativa) designamos por birra.
reflexão #1
Estudos neurocientíficos concluíram que as interações (do dia-a-
dia) dos pais com os seus filhos estimulam o desenvolvimento do
cérebro da criança.

Já ouviste falar da “neuroplasticidade”? Este termo significa que o


nosso cérebro é "plástico" (moldável): modifica-se fisicamente
durante a vida. E o que o molda o cérebro? A experiência.

Os pais podem moldar directamente o desenvolvimento do


cérebro dos seus filhos mediante as experiências que oferecem.

E as maiores e melhores experiências são estas: dar experiências


que ajudem a integração das diferentes partes do cérebro (criar
conexões entre as diferentes partes do cérebro). E as intensas
explosões emocionais (birras) são óptimos momentos para
fazermos isto.

Neste e-book encontrarás muitos exemplos destas experiências.


Há muitas estratégias facilitadoras do desenvolvimento da criança
que podes usar para ajudar a integrar estas diferentes partes do
cérebro da criança e, assim, responder de forma mais eficente aos
momentos de intensa explosão emocional (birras) e ajudar a
criança a crescer saudavelmente.

Vamos transformar os momentos de intensa


explosão emocional (birras) em momentos
de aprendizagem e desenvolvimento?

Sê Amor, Be Love.
dia #2
dia #2

alerta birras

de cérebro
3 tipos

RACIONAL
CÉREBRO NEOCÓRTEX

EMOCIONAL
CÉREBRO LÍMBICO

INSTINTIVO
CÉREBRO REPTILIANO
dia #2

alerta birras

ideias a reter
CHECKLIST

quando falamos de momentos de intensa


explosão emocional (birras), temos de ter
em conta três cérebros: reptiliano, límbico e
o neocórtex

o cérebro límbico (emoções) predomina


durante os três primeiros anos de vida da
criança

o cérebro neocórtex só começa a maturar


depois dos três anos de vida da criança
reflexão #2
Já sabes que o nosso cérebro tem muitas partes com diferentes
funções. O que é provável que não saibas é que:
quando falamos de momentos de intensa explosão emocional
(birras), temos de ter em conta três cérebros – reptiliano,
límbico e o neocórtex.

CÉREBRO REPTILIANO
(“cérebro instintivo” | INSTINTO)
É responsável por garantir a nossa sobrevivência: funções básicas
(como respirar, piscar os olhos, sono, fome, sede), reacções inatas
e impulsos (como lutar e fugir) e fortes emoções (como sentir raiva
e medo).

CÉREBRO LÍMBICO
(“cérebro emocional” | “cérebro dos mamíferos” | EMOÇÃO)
É responsável por gerir e regular as emoções.

CÉREBRO NEOCÓRTEX
(“cérebro racional” | RAZÃO)
É responsável por controlar as emoções e o corpo (inibir tanto o
cérebro reptiliano como o límbico) e tomar decisões apropriadas.

Do ponto de vista desenvolvimental, o CÉREBRO NEOCÓRTEX só


começa a maturar depois dos três anos de idade. E as
conclusões que se retiram deste conhecimento são
extremamente importantes... E por quê?
reflexão #2
Porque os comportamentos e competências que a maioria dos
pais esperam que as crianças demonstrem – como tomar
decisões apropriadas e controlar as emoções e o corpo –
dependem de uma parte do cérebro que ainda não se
desenvolveu (que só se começa a desenvolver depois dos três
anos de idade e continuará em desenvolvimento até à vida adulta).

Já percebeste agora por que todas as crianças do mundo


vivenciam momentos de intensa explosão emocional (birras) e são
(injustamente e sem sentido), muitas vezes, rotuladas de
"teimosas e birrentas"?

Quando a criança está num momento de intensa explosão


emocional (birra), é o seu cérebro reptiliano que "está em acção".
E o nosso papel, enquanto adultos, é ajudar a criança a "trazer
para a acção" o seu cérebro racional (e, com isso, ajudar o
cérebro racional a desenvolver-se).

Antes de te dar estratégias para ajudares o cérebro racional do


teu filho (e de qualquer outra criança) a "entrar em acção" durante
a intensa explosão emocional (birra), é preciso que compreendas
por que motivo as crianças vivenciam momentos de intensa
explosão emocional e, para isso, tenho, inevitavelmente, de
mencionar o desenvolvimento cerebral.

Percebes, agora, a relação entre as birras (intensa


explosão emocional) e o cérebro das crianças?
Creio que sim!

Sê Amor, Be Love.
dia #3
dia #3

alerta birras

stâncias química
ub se
s
dicas práticas
OCITOCINA vs.
CONECTAR
Quando o cortisol* se eleva, o cérebro emocional
não consegue “desligar-se”

A criança fica inundada de raiva e dor emocional


(fica desregulada emocionalmente)

Precisa da ajuda do adulto para restaurar o seu


equilíbrio emocional (regular-se emocionalmente)

Este nosso suporte emocional vai permitir libertar


uma outra substância: a OCITOCINA**

E como fazemos isso?


Ao CONECTAR com a criança
(exemplificado a seguir)

* é uma substância "má"


** é uma substância "boa"

conecte-se com a
criança
Diga “Estás frustrado, não é? Eu compreendo-te"
Dê um abraço, um toque no ombro ou na mão ou
fique apenas ao lado da criança.
SEROTONINA E DOPAMINA
vs. REDIRECCIONAR
Ao redireccionar está a trazer o cérebro racional à
acção através da activação de competências
deste cérebro (como a curiosidade)
Ao fazer isto está a ajudar a libertar outras
substâncias como a SEROTONINA* e a DOPAMINA*

Estas substânciasdão à criança uma sensação


agradável e retira a atenção da birra
Ao mesmo tempo está a activar o cérebro racional
(que é o responsável por “desligar” o tutbilhão de
emoções intensas que a criança está a sentir)

E como fazemos isso?


Ao REDIRECCIONAR a criança
(exemplificado a seguir)

* é uma substância "boa"

redireccione
Diga “Olha, ali está a tua boneca. Já não a via há
muito tempo. Vamos buscá-la?”

Dê a mão à criança ou caminhem apenas lado a


lado.

CONECTAR E REDIRECCIONAR
são as primeiras duas

lidar com as birras


dicas práticas para

ALERTA BIRRAS:

Numa birra, a criança tem alterações


químicas no seu organismo
(como resposta ao stress) + (MAIS)

o seu cérebro racional imaturo

É muita coisa, não vos parece?


dia #3

alerta birras

ideias a reter
CHECKLIST

durante os momentos de intensa explosão


emocional (birras) a adrenalina* e o
cortisol* “desligam” a parte racional do
cérebro

durante os momentos de intensa explosão


emocional (birras) é o cérebro reptiliano que
"está em acção” (instintos, raiva)

conectar e redireccionar permite "trazer


para a acção" o cérebro racional e libertar
serotonina**, dopamina** e ocitocina**
* é uma substância "má"
** é uma substância "boa"
reflexão #3
Conheces as substâncias químicas que são libertadas no
organismo da criança quando ela vivencia um momento de
intensa explosão emocional (birra)?

Vou dar-te duas dicas práticas para "anular" o efeito das


"substâncias más", libertando outras substâncias (as "substâncias
boas"). Parece complicado, não é? Mas não é!

Pensa numa criança num momento de intensa explosão emocional


(birra)... Sabias que essa criança está neste momento com o
cérebro inundado de stress?

O cérebro da criança está inundado por substâncias químicas


que “ligam e desligam” aquela parte racional do cérebro (o
cérebro racional).

Lembras-te do cérebro reptiliano? Pois bem... Num momento de


intensa explosão emocional (birra), é este cérebro que “está em
acção”. Os instintos, a raiva, a sensação de perigo estão a
dominar a acção e estão à “flor da pele” da criança. E, neste
momento, estão a ser produzidas substâncias químicas ("más")
como a ADRENALINA e o CORTISOL que vão “desligar” a parte
racional do cérebro.

Acontece o mesmo connosco adultos quando estamos


numa situação de stress. A diferença é que o nosso
cérebro racional já está desenvolvido.
Na criança não!
reflexão #3
A criança tem de lidar com o efeito da libertação destas
substâncias químicas (como nós também temos) + (MAIS) o seu
cérebro racional imaturo. É muita coisa... não te parece?

E, muitas vezes, ainda com adultos que não a ajudam a acalmar-se


e a regular as suas emoções. Pelo contrário, não a acalmam e
ainda acrescentam a punição (através de castigos, gritos,
palmadas, humilhação).

Ah! E, para ajudar à festa, estas substâncias químicas


intensificam as emoções (metaforicamente, atiram “mais lenha
para a fogueira”), para além de “desligarem” o cérebro racional.
Ufa...! É mesmo muita coisa para uma criança lidar...!

Bem... já não preciso de te dizer mais nada... Está mesmo a ver-se


que o que a criança precisa, não é? Precisa de um adulto calmo
que a ajude a regular-se emocionalmente (através da co-
regulação). Um adulto que se relacione com ela de modo a
transformar aquele momento de intensa explosão emocional
(birra) num momento e oportunidade de aprendizagem (de como
lidar emocionalmente com situações adversas de forma
construtiva e positiva). E isto é possível através do CONECTAR &
REDIRECCIONAR (detalhadamente explicados nas imagens
anteriores).

Vamos CONECTAR & REDIRECCIONAR mais?

Sê Amor, Be Love.
dia #4
dia #4

birras
alerta birras

fases das
2

QUE PROVAVELMENTE
VOCÊ AINDA NÃO SABIA
E MAIS DICAS PRÁTICAS

#1 Fase da Raiva

A criança está sob fortes emoções, inundada de raiva e dor emocional

O seu cérebro reptiliano “está em acção”: instintos, reacção de luta ou fuga e


fortes emoções dominam

“desligaram” a parte racional do cérebro (a criança


A adrenalina e o cortisol
não consegue pensar) e “ligaram” as emoções (ficam intensas e desreguladas)

Reacções no corpo da criança: respiração ofegante, pernas a tremer, mãos


suadas, coração a palpitar e a “cabeça completamente desorientada”

A criança não ouve o que lhe dizemos (tudo o que dissermos só vai aumentar a
intensidade e duração da birra, metaforicamente é como se estivesse a
atirar "mais lenha para a fogueira")
#1 Fase da Raiva

não devemos dizer nada nesta fase.


Só dizemos na fase seguinte (fase da tristeza)

Mas devemos estar ao lado da criança para lhe dar suporte emocional
(NÃO deixar a criança sozinha a chorar)

Se você precisar acalmar-se, deve afastar-se um pouco, mas tenha criança sob
o seu olhar (respire, dê “um” passo atrás, acalme-se, organize os pensamentos e
aproxime-se depois da criança)

#2 Fase da Tristeza

quando a raiva "sai de cena", entra a tristeza.


A criançasente-se triste e não percebe o por quê de ter reagido daquela
maneira e QUER E PRECISA que o adulto a ajude a restaurar o seu equilíbrio
emocional
O que ela nos está a dizer é “por favor, ajuda-me”
(é um pedido de ajuda, não é manipulação)

#2 Fase da Tristeza

é preciso conectar e acalmar a criança.


1. Pegue a criança ao colo ou leva-a pela mão para outro local
2. Abrace-a, se ela permitir (o abraço faz desacelarar os
batimentos cardíacos)

3. Calmamente, peça-lhe para ela respirar


profundamente consigo
legende” o que
4. Quando a criança estiver calma, "
acabou de acontecer, usando frases gentis e firmes
(exemplificado a seguir)
#2 Fase da Tristeza

depois vamos "legendar".


EXEMPLO

(VALIDAR OS SENTIMENTOS). Tu gostas de


“Eu sei que é difícil sair do parque

brincar aqui (DEMONSTRAR COMPREENSÃO) e está a anoitecer (USAR O “E” E

NÃO O “MAS”). Temos de ir para casa (DIZER CLARA E POSITIVAMENTE O QUE


QUER). Podemos voltar noutro dia, se quiseres (OFERECER UMA ESCOLHA). Aposto
uma corrida até à saída do parque (REDIRECCIONAR O COMPORTAMENTO)"

#2 Fase da Tristeza

Todo este suporte emocional do adulto vai permitir libertar as substâncias


“boas” - OCITOCINA, SEROTONINA e DOPAMINA:
O cérebro racional é activado (“ligado” novamente e a criança já consegue ouvir
e compreender as palavras do adulto)

Uma sensação agradável invade o corpo da criança


Retira a atenção da birra

Mas como saber...


quando é que a fase da raiva acaba
e se inicia a fase da tristeza?

No momento em que a birra se “torna física”.


(criança atira-se para o chão, atira objetos, tenta bater no adulto ou

bate as mãos, braços, pés ou cabeça no chão ou em outro sítio qualquer)

No momento em que a criança “descarrega” energia é o

momento dos adultos “carregarem” em força em

ACALMAR | CONECTAR | LEGENDAR


dia #4

alerta birras

ideias a reter
CHECKLIST

os momentos de intensa explosão emocional


(birras) têm, normalmente, duas fases: a
fase da raiva e a fase da tristeza
não devemos dizer nada na fase da raiva,
mas devemos estar ao lado da criança (dar
suporte emocional)

na fase da tristeza devemos acalmar a


criança, conectar com ela e legendar toda a
situação que acabou de acontecer
reflexão #4
Sabias que os momentos de intensa explosão emocional (birras)
têm duas fases distintas? A fase da raiva e a fase da tristeza.

A maioria dos pais (e outros cuidadores educadores) não sabe... E


conhecer estas duas fases muda TUDO!!! Por isso, apresento-te
as duas fases e explico-as nas imagens anteriores. Volta atrás e lê
atentamente, se ainda não o tiveres feito!

O que fazer na primeira fase?


Não falar nada mas estar perto da criança, dando-lhe suporte
emocional.

O que fazer na segunda fase?


Acalmar a criança, conectar-se com ela e legendar o que acabou
de acontecer.

Legendar? Mas o que é isso de legendar?


Legendar é uma das estratégias mais poderosas para lidar com as
birras. Legendar é colocar palavras (legendas) no que acabou de
acontecer: legendar a birra.

Mas legendar seguindo uma ordem específica:

1. Validar os sentimentos (faz também parte da conexão


emocional: conectar);

2. Demonstrar compreensão (faz também


parte da conexão emocional: conectar);
reflexão #4
3. Usar o “e” e não o “mas” (diferente do "e", o "mas" é uma
conjunção que dá a ideia de oposição e contrariedade; o seu
significado carrega uma ideia de adversividade e oposição e tende
a ser interpretado pela criança como algo negativo, que "vem tirar
algo"; o "e" é uma forma de comunicar mais positiva);

4. Dizer de forma clara e positiva o que queremos que a


criança faça;

5. Oferecer uma escolha (nas situações em que for possível);

6. Redireccionar o comportamento.

Aqui fica um exemplo (situação: criança não quer sair do parque


infantil e "a birra começa"...). Como legendar esta situação?

“Eu sei que é difícil sair do parque (VALIDAR OS SENTIMENTOS).


Tu gostas de brincar aqui (DEMONSTRAR COMPREENSÃO) e está
a anoitecer (USAR O “E” E NÃO O “MAS”). Temos de ir para casa
(DIZER CLARA E POSITIVAMENTE O QUE QUER). Podemos voltar
noutro dia, se quiseres (OFERECER UMA ESCOLHA). Aposto uma
corrida até à saída do parque (REDIRECCIONAR O
COMPORTAMENTO)"

Vamos começar a colocar em prática esta estratégia?


Legendar, legendar, legendar...

Sê Amor, Be Love.
dia #5
dia #5

alerta birras

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Amígdala |

Amígdala é o "cão de guarda do cérebro"

Amígdala faz parte da região límbica

Amígdala "sequestra" o cérebro racional

Contar até 10 inibe o sequestro da amígdala

Adultos, já
alguma vez...

1 foram tomados por uma emoção tão forte que perderam o controlo?

2 disseram alguma coisa num momento de tensão que se arrependeram depois?

Se sim, isso
significa que...

Você foi"sequestrado" pela sua amígdala.


A sua amígdala assumiu o comando do seu cérebro.

Agora, pense nisto no cérebro de uma criança que ainda

tem a parte racional a desenvolver-se...


No caso da criança
e da birra, a
amígdala é...

1 accionada (pois “detecta” a birra como sendo uma situação de perigo ou


ameaça para a criança)

2 bloqueia a “escadaria” que liga o cérebro racional com as outras partes do


cérebro

Metaforicamente, é como se um “portão” tivesse sido instalado a parte de baixo

da escada, tornando inacessível o acesso ao cérebro racional

A criança, a birra A criança, a birra


e a amígdala... e a amígdala...

problema
e isto intensifica o outro

não apenas océrebro racional está a parte


raiva
durante a fase da

primitiva do cérebro da

em construção, como a parte dele criança recebeu um intenso fluxo de


que funciona se torna inacessível energia, tornando a criança incapaz
durante os momentos de maior de agir calma e racionalmente
intensidade emocional (a primeira fase

da birra: fase da raiva)

a criança
raiva
durante a fase da

não ouvirá nada do que


lhe disser, e é muito mais provável
que chore, bata, atire coisas e grite

Quando isto acontece, a birra fica “mais física” dá-se

a passagem para a segunda fase da birra: a fase da

tristeza. E agora é a hora do adulto acalmar a

criança, conectar, redireccioanar e legendar

(ver dia #4)


dia #5

alerta birras

ideias a reter
CHECKLIST

é a amígdala que nos permite agir antes de


pensar numa situação de perigo ou ameaça

a amígdala "detecta" a birra (momento de


intensa explosão emocional) como uma
situação de perigo e ameaça para a criança

a amígdala bloqueia o acesso ao cérebro


racional na primeira fase da birra (fase da
raiva)
reflexão #5
Conheces o poder da amígdala: o "cão de guarda do cérebro"
mas que é do tamanho de uma amêndoa? É muito importante que
todos os adultos a conheçam!

A nossa amígdala é uma pequena massa de matéria cinzenta que


faz parte da região límbica. E é denominada de “o cão de guarda
do cérebro”.

Oi, “cão de guarda”? Sim... porque está sempre em alerta para


“detectar” os momentos em que possamos estar perante uma
ameaçada ou perigo.

A amígdala tem como função processar e expressar emoções


rapidamente (em especial raiva e medo): é o que nos permite agir
antes de pensar. Por exemplo, é a parte do cérebro que instrui o
nosso braço a segurar a criança que vai atravessar a estrada sem
olhar para os carros e a gritarmos “Para”.

UAU... Agir antes de pensar é bom quando estamos numa situação


de ameaça ou perigo. Mas agir antes de pensar não é bom em
situações em que não estamos verdadeiramente em perigo, como
é o caso dos momentos de intensa explosão emocional
(birras).

O problema é que nos momentos de intensa explosão


emocional (birras) a amígdala é accionada
(pois “detecta” aquela situação como sendo
uma situação de perigo ou ameaça para a
criança) e bloqueia a “escadaria” que liga
o cérebro racional com as outras partes
do cérebro.
reflexão #5
Metaforicamente, é como se um “portão” tivesse sido instalado na
parte de baixo da escada, tornando inacessível o acesso ao
cérebro racional. A amígdala "sequestra" o cérero racional (isto
está detalhadamente explicado nas imagens anteriores).

MAS HÁ ALGUMA ESTRATÉGIA SIMPLES E RÁPIDA PARA “PARAR


O SEQUESTRO” DA AMÍGDALA? Sim, há! Conta com a criança até
dez! Oi??? Contar até 10??

Sim... porque contar ajuda a activar o cérebro racional e,


consequentemente, inibe o “sequestro” da amígdala. Ao fazeres
isto com a criança estás a ajudar a abrir o “portão” para tornar o
cérebro racional acessível e começar a acalmar a criança. Mas
atenção... isto só deverá ser feito na sua fase da birra (fase da
tristeza) e, mesmo assim, nem sempre resultará, pois nem sempre
a criança demonstrará disponibilidade para tal.

Há mais estratégias para "parar o sequestro da amígdala", mas


julgo que esta é uma das mais simples! E já, muitos de nós,
recorremos a ela, mesmo sem nunca ninguém nos ter dito que
"movimentações" estávamos a "comandar", naquele momento, no
nosso cérebro.

Quem nunca disse, para si ou para alguém,


"conta até 10 para te acalmares"?

Sê Amor, Be Love.
dia #6
dia #6

alerta birras

confie na
dê colo
ciência.
PSICOLOGIA DO
DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Não é um passeio.
Mas pode aproveitar o passeio.

A MENSAGEM DE UMA MÃE


4G 6:55pm 76% 4G 6:55pm 76%

Mensagem... Mensagem...

dê colo
A maternidade não é um “passeio no parque”.

É exigente e uma constante aprendizagem (com erros e

acertos). Maspode tornar-se bem mais leve se se


rodear de informação cientificamente válida e de

profissionais de saúde qualificados. Quando assim é,


pode aproveitar o passeio.

Aproveite o passeio!
dia #6

alerta birras

ideias a reter
CHECKLIST

o colo é crucial para o desenvolvimento


físico, psicológico, emocional e cerebral e
saúde física e psicológica

os bebés não são capazes de se acalmar


sozinhos

nos momentos de intensa explosão


emocional (birras) deve dar colo
(concretamente, na fase da tristeza)
reflexão #6
Ouço recorrentemente palavras como as desta mãe: “não dês
tanto colo porque ele(a) depois habitua-se”, “ele(a) tem de
aprender a acalmar-se sozinho(a), senão estás feita”, “ele(a) tem
de aprender que não pode fazer e ter tudo o que quer” e muitas
outras frases que incentivam os pais a não responder aos bebés
de forma atempada, sensitiva e consistentemente.

Infelizmente, muitas destas frases são ditas às mães por familares


e amigos, mas, também, por profissionais da área da saúde (que
não apoiam a sua prática clínica em conhecimento científico válido
e dão conselhos que prejudicam a saúde dos bebés).

Mas é fundamental que todos os pais saibam que estas frases não
têm apoio na ciência. A ciência defende que:

o colo (afeto e apego) é crucial para o desenvolvimento físico,


psicológico, emocional e cerebral dos bebés;

responder ao bebé de forma gentil e respeitosa é crucial para


a saúde física e psicológica do bebé;

os bebés não são capazes de se acalmar sozinhos;

o choro do bebé é a forma do bebé comunicar que


necessita de colo, conforto, atenção e segurança;

os bebés aprendem lentamente a acalmar-se


através da co-regulação numa relação de
“base segura” com o(s) seu(s)
prestador(es) de cuidados.
reflexão #6
Como é que a ciência defende que a relação de “base segura” é
desenvolvida?

Entre outras coisas, o(s) prestador(es) de cuidados deve(m):


compreender as necessidades do bebé;
ser afectuoso e reconfortante em situações de stress;
responder de forma imediata e consistente quando o bebé
pede colo, atenção, segurança e conforto;
usar o toque gentil de afecto (pele com pele: colo e abraço);
usar o contacto ocular, tom de voz, ritmo, expressão facial e
toque para transmitir "sintonização" com o bebé;
reagir em espelho (mostrar-se triste quando a criança está a
chorar e alegre quando a criança está a sorrir).

Por tudo isto (e muito mais), nos momentos de intensa explosão


emocional (birras), e em qualquer outra situação, deve SIM dar
colo. O colo é uma necessidade vital!

O toque físico (colo e abraço) liberta ocitocina (a hormona


associada ao bem-estar) e reduz o cortisol (a hormona do stress):
ajuda a restabelecer a sensação de calma, conforto e segurança.

DÊ COLO SEMPRE E EM TODAS AS CIRCUNSTÂNCIAS.


O COLO NÃO MIMA, NÃO ESTRAGA. A FALTA DELE SIM!

Sê Amor, Be Love.
dia #7
dia #7

alerta birras

vez

de cada

um passo
entenda o desenvolvimento infantil
dia #7

ideias a reter
CHECKLIST

os pais têm expectativas irrealistas em


relação à capacidade e compreensão dos
seus filhos

é fundamental entender o desenvolvimento


infantil e o que esperar em cada etapa

ter consciência disto coloca-nos numa


perspectiva completamente diferente
quando estamos perante momentos de
intensa explosão emocional (birras)
reflexão #7
Normalmente, os pais têm expectativas irrealistas em relação à
capacidade e compreensão dos seus filhos!

É irreal pensar que as crianças:


1. são sempre racionais;
2. controlam as suas emoções;
3. tomam boas decisões;
4. pensam antes de agir;
5. são empáticas.

Estas cinco qualidades só são possíveis quando o cérebro


racional está desenvolvido.

E, mesmo assim, todos nós adultos (com o nosso cérebro racional


completamente maduro) não somos sempre consistentes. Por
vezes, também, não somos racionais, não controlamos as nossas
emoções, não tomamos boas decisões, não pensamos antes de
agir e não somos empáticos.

Mesmo assim, as crianças podem demonstrar algumas dessas


qualidades em diferentes graus em grande parte do tempo,
dependendo da idade, e com a ajuda (MUITA AJUDA) do adulto.
Mas, para isso, o adulto precisa de se auto-regular (regular as
suas próprias emoções), estar calmo e ser paciente.

Contudo, na maioria dos casos, as crianças


simplesmente não têm o conjunto de
habilidades biológicas necessárias
para demonstrar aquelas cinco
qualidades o tempo todo.
reflexão #7
Às vezes, conseguem usar o cérebro racional, e, às vezes, não.

Saber de tudo isto ajuda-nos a:


ajustar as nossas expectativas;
ver que as crianças fazem, frequentemente, o melhor possível
com o cérebro que têm;
olhar para a criança como um ser em desenvolvimento, que
precisa da nossa ajuda;
entender o desenvolvimento infantil e o que esperar em cada
etapa (“um passo de cada vez”).

E mais (e fundamental)... saber de tudo isto coloca-nos numa


perspectiva completamente diferente quando estamos perante
momentos de intensa explosão emocional (birras): quando olho
para uma criança e a vejo como um ser em desenvolvimento e a
pedir ajuda, eu vou ajudar. O mesmo não acontece quando olho
para uma criança e penso que ela me está a desafiar ou a
manipular. Neste caso, a tendência do adulto é para castigar e não
para ajudar.

Este e-book é exactamente um convite para que façam esse


questionamento: "a partir de qual perspectiva olho para o meu
filho (ou qualquer outra criança)?".

"Olho para o meu filho como alguém que precisa de


ajuda ou como alguém que me está a desafiar
e manipular?".

Sê Amor, Be Love.
dia #8
dia #8

alerta birras

sugestões de
3 LIVROS QUE TODOS OS

pais deviam ler


reflexão #8
3 LIVROS QUE TODOS OS PAIS DEVIAM LER

1. Por que o amor é importante: como o afeto molda o cérebro do


bebé
Autor: Sue Gerhardt | Editora: Artmed

Os momentos em que os pais dão colo aos bebés, acalmam,


abraçam, dão carinho, brincam ou fazem cócegas estimulam o
cérebro e constroem conexões que são a base da inteligência, das
habilidades e do desenvolvimento humano. Este livro apresenta
ESTUDOS CIENTÍFICOS DAS ÁREAS DA NEUROCIÊNCIA,
NEUROBIOLOGIA E PSICOLOGIA que explicam por que o afeto é
essencial para o desenvolvimento do cérebro nos primeiros anos
de vida e como essas interações iniciais podem ter consequências
duradouras para a saúde física e emocional futura.

2. O cérebro da criança: 12 estratégias revolucionárias para


nutrir a mente em desenvolvimento do seu filho e ajudar a
família a prosperar
Autores: Daniel Siegel e Tina Bryson | Editora: nVersos

Este livro contempla 12 estratégias-chave, adaptadas a cada idade


dos 0-3, dos 3-6, dos 6-9 e dos 9-12 anos, que fomentam o
desenvolvimento saudável do cérebro. Os autores explicam
e tornam acessíveis os novos CONHECIMENTOS
CIENTÍFICOS que aplicados ao quotidiano da vida
familiar podem transformar os "momentos
desafiantes" em oportunidades de
desenvolvimento do cérebro da criança.
reflexão #8
3. Disciplina Positiva para crianças de 0 a 3 anos
Autores: Jane Nelsen, Cheryl Erwin, Roslyn Ann Duffy | Editora:
Manole

PESQUISAS CIENTÍFICAS demonstram que os primeiros três anos


na vida do bebé constituem um período fundamental para o seu
desenvolvimento e que as convicções formadas durante esse
período podem ter implicações profundas no resto da vida da
criança. Este livro ajuda os pais a entender o mundo dos seus
pequenos e a resolver problemas de disciplina com respeito numa
atmosfera amorosa e encorajadora.

Estes 3 livros assentam em conhecimento científico válido e


actual para entender o comportamento das crianças e o seu
desenvolvimento. Todos preconizam a utilização de métodos não
punitivos (não usar o castigo, humilhação, palmadas, gritar) e
reforçam a importância do amor, afeto e do apego, demonstrando
cientificamente os seus efeitos no desenvolvimento físico,
psicológico, emocional e cerebral da criança e as consequências
para a sua saúde física e mental no futuro.

Espero que gostem das sugestões, que leiam e tentem colocar em


prática os ensinamentos presentes em cada um deles.

Boas leituras!

Sê Amor, Be Love.
dia #9
dia #9

alerta birras

5
PEDIDOS DE AJUDA
DA CRIANÇA PARA O
adulto na birra

Criança: Mãe, durante a birra, quando eu fico perturbado(a),


o meu comportamento significa que eu preciso de ti.
Mãe, eu preciso que tu:

2
assumas

1 o controlo

estejas
calma
4
3 fiques
comigo
sejas
calorosa

5
ajudes Já pensou em
a retornar
fazer diferente?
estes são 5 pedidos de ajuda para
você atender quando o seu filho
está num momento de intensa
explosão emocional (birra)

Imagem do Círculo de Reparação que demonstra os


5 pedidos de ajuda (necessidades) da criança
dia #9

ideias a reter
CHECKLIST

quando uma criança está num momento de


intensa explosão emocional (birra), ela está a
fazer 5 pedidos de ajuda

o adulto tem a função de organizar e de


ajudar à regulação emocional (co-regulação)

a criança não sabe o que fazer com o que


está a sentir
reflexão #9
Sabias que, quando o teu filho está num momento de intensa
explosão emocional (birra), ele, na verdade, está a fazer-te 5
pedidos de ajuda? É verdade...!

Criança: Mãe, quando eu fico perturbado(a), o meu


comportamento significa que eu preciso de ti.

Mãe, EU PRECISO QUE TU (faças estas 5 coisas):


ESTEJAS CALMA;
ASSUMAS O CONTROLO;
SEJAS CALOROSA;
FIQUES COMIGO até que ambos compreendamos o que estou
a sentir e que é demais para mim sozinho;
AJUDES A RETORNAR ao que eu estava a fazer ou coloca-me
uma nova opção.

O adulto tem a função de organizar e de ajudar à regulação


emocional (através co-regulação emocional) porque a criança não
sabe o que fazer com o que está a sentir.

A criança está a dizer aos pais: O MEU COMPORTAMENTO


SIGNIFICA QUE EU PRECISO DE TI!

A forma como se olha para o comportamento da criança


faz toda a diferença em termos da disponibilidade e
da forma como os adultos vão intervir, nesse
momento, com a criança (mesmo nos
comportamentos das crianças que,
muitas pessoas, tendem a
classificar como não
sendo aceitáveis).
reflexão #9
Quando olhamos para o comportamento da criança e vemos um
pedido de ajuda, vamos ajudar. Quando olhamos e vemos um acto
de manipulação ou de desafio, vamos punir. Todos funcionamos
assim!

Nos momentos de intensa explosão emocional, o comportamento


da criança:
tem uma função (comunica um pedido de ajuda);
significa um descontrolo, há uma exigência e uma
incapacidade da criança para lidar com as emoções, que
requer a intervenção de alguém que organize (a criança não
sabe o que fazer com o que está a sentir e precisa do adulto);
significa uma necessidade que precisa de ser atendida.

A repetição deste Círculo de Reparação (as 5 pedidos de ajuda


da criança) ajuda a criança a ter a expectativa positiva de poder
confiar em alguém que a ajuda a sentir-se melhor. E isto é
estruturante em termos da sua capacidade para lidar com os
problemas, de se envolver na sua resolução e de desenvolver um
sentido positivo de autoeficácia.

Responder positivamente aos 5 pedidos de ajuda da criança é


fundamental para lidar de forma eficiente com os momentos de
intensa explosão emocional (birras). Na próxima vez que
vir uma criança num momento desses, lembre-se dos
5 pedidos de ajuda e tente responder imediata e
positivamente. Sim?

Sê Amor, Be Love.
dia #10
dia #10

alerta birras

refeição
de

nt
sa

es
ca

&
de

chic
sair

hi
saiba como
PREVENIR AS BIRRAS
pequ

nestes momentos
en

r
it a
o-

de
al


m

o
v e stir

refeição
Queres este ou aquele prato (copo, talheres)?

Queres provar primeiro a comida ou provo eu primeiro?

Quantas colheres de sopa queres, 5 ou 6? E 2 ou 3 brócolos, cenouras, (...).

Queres esta ou aquela fruta?

Quem vai ser o primeiro a terminar de comer, tu ou eu?


dentes &
chichi
O que queres fazer primeiro: chichi e depois lavar os dentes ou lavar os dentes e
depois chichi?

Queres que escovemos os dentes ao mesmo tempo ou queres escovar sozinho?

Queres escovar os meus dentes e eu escovo os teus?

Queres a pasta com este ou aquele sabor?

Queres colocar tu a pasta na escova ou coloco eu?

deitar
Queres este ou aquele pijama?

Queres que leia esta ou aquela história?

Queres dormir com a luz de presença ou não? (porta aberta ou mais encostada)

Queres um beijinho de boa noite ou um abraço? Ou os dois?

Queres que seja eu a deitar-te ou o pai?


vestir
Queres vestir este ou aquele casaco (calças, camisola, saia, sapatos, tenis)?

Que perna/braço vestimos primeiro: este ou aquele?

Queres ajuda para calçar ou calças sozinho(a)?

Queres o cabelo solto ou apanhado?

Queres meias altas, baixas, collants ou sem meias collants?

pequeno-almoço
Queres esta ou aquela taça?

Queres estes ou aqueles cereais?

Queres colocar tu o leite ou coloco eu?

sair de casa
Queres este casaco ou aquele? E quem coloca o casaco primeiro, eu ou tu?
Queres ajuda para vestir?

Queres despedir-te dos teus companheiros (peluches)?E queres levar


algum na mochila?

Quem chega primero ao carro, eu ou tu?

Queres ser tu a abrir a porta do carro ou abro eu?

Queres ir dar um beijinho de até logo ao pai ou


dar só um hi5?
dia #10

ideias a reter
CHECKLIST

exercitar o cérebro racional ajuda a


prevenir os momentos de intensa explosão
emocional (birras)

permita que a criança tome decisões por ela


mesma

ao mesmo tempo, ajuda a criança a ter a


noção das consequências naturais
reflexão #10
Sabes como prevenir os momentos de intensa explosão emocional
(birras)?

Uma estratégia que ajuda a prevenir é deixar (o mais


frquentemente possível) a criança usar o cérebro racional. E
como? Quando permites que ela tome decisões por si mesma.

Oferecer oportunidades para a criança escolher entre duas opções


e tomar uma decisão fá-la-á sentir-se valorizada (ouvida e vista),
respeitada e com algum controlo e autonomia no que respeita à
sua vida.

E, ao fazermos isto, estamos a exercitar o seu cérebro racional e


a evitar respostas como “Não, não...! Não quero...!”.

Nas imagens anteriores estão alguns exemplos de perguntas que


ajudam a prevenir os momentos de intensa explosão emocional
(birras). Estas perguntas podem ser incluídas na vossa rotina:
refeição, dentes & chichi, deitar, vestir, pequeno-almoço e sair de
casa.

Como podes ver pelos exemplos, o adulto consegue que a criança


faça o que ele pretende, mas oferece à criança o poder de
escolher e decidir, aumentando o seu envolvimento nas
tarefas e, como consequência, diminui a oportunidade
para surgir um momento de intensa explosão
emocional (birras).

Escolhe as perguntas que te fazem sentido,


adapta-as à vossa realidade e dinâmica
familiar e utilize-as sempre que consideres
possível e necessário.
reflexão #10
E mais... Ao fazeres isto, estás também a ajudar a criança a ter
noção das consequências naturais. Imagina o momento de sair de
casa. Tu dizes à criança: “Lá fora está frio. Queres vestir este ou
aquele casaco?”, ao que a criança responde: “Não quero nenhum,
não quero vestir casaco”.

Sabes por que a criança respondeu "não"? Porque dentro de casa


não está frio e, portanto, naquele momento ela não está a sentir
frio. A criança vive "no aqui e no agora".

Está frio e a criança não quer levar casaco? E agora?

Agora, respira, e, em vez de iniciares uma batalha com a criança


para a obrigar a vestir o casaco, leva o casaco contigo. E,
naturalmente, a criança irá sentir (na pele, literalmente) a
consequência de não ter vestido o casaco, pois estará frio e ela
sentirá o frio. Por iniciativa própria, quando a criança sentir frio, ela
virá ter contigo pedir o casaco. E é, nesse momento, que a
aprendizagem se dá. Nesse momento, legenda a situação, orienta
e recorda a criança de tudo o que aconteceu e está a acontecer
no momento (o que se passou em casa, a decisão dela não vestir o
casaco, a consequência de não ter vestido e como ela pode no
futuro fazer diferente).

Vamos tentar oferecer oportunidades para a criança


escolher e ser confrontada com as consequências
naturais das suas escolhas?

Sê Amor, Be Love.
dia #11
dia #11

alerta birras

a mento é ca
ns medo humil
e

st ação cantin h
tinh cas o pe

igo o
h
,
a nto é tigo

, medo e
od
n
e h
umo do pensam c
ilhação o
n to
ensame
c a n ti n ho do p o c io n a l.
o
o c é r e bro em
a tu a n

De onde surgiu a
ideia absurda
de que, para que uma criança se
comporte "melhor", é preciso
fazê-la sentir medo, humilhação
e vergonha (ou até dor física)?

Crianças agem
melhor quando
se sentem melhor.
(tal como os adultos)

Crianças estão mais motivadas a


cooperar, aprender e respeitar
quando se sentem encorajadas,
conectadas e amadas.
(tal como os adultos)
has
tin

pensado nisto?
á
j
dia #11

ideias a reter
CHECKLIST

o cantinho do pensamento (ou cadeirinha) é


um castigo

as crianças mais pequenas são incapazes


de pensar acerca do seu comportamento

duas razões desenvolvimentais explicam


esta incapacidade das crianças
reflexão #11
Já disseste alguma vez ao teu filho para ir para o quarto (ou para a
cadeira ou para o canto) pensar no seu comportamento?

Esta reacção é, muitas vezes, a resposta do adulto aos momentos


de intensa explosão emocional da criança (birras), aparentemente
por não parecer algo violento ou agressivo. Mas, na verdade, isto
é um castigo e ainda é muito usado actualmente.

E mais... nem sequer cumpre a função que os adultos acham que


tem... Sim! As crianças mais pequenas são incapazes de pensar
acerca do seu comportamento.

E porquê? Por duas razões desenvolvimentais:

DESENVOLVIMENTO CEREBRAL
Porque o córtex pré-frontal (aquela parte do cérebro que permite
ter a capaciadade de pensar e reflectir acerca do comportamento)
ainda não está desenvolvido.

DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
O pensamento organizado, lógico, racional só começa a surgir por
volta dos sete anos de idade. Mesmo assim, a criança ainda não
consegue pensar de forma hipotética ou abstracta (só consegue
pensar sobre eventos concretos, focalizados "no aqui e no
agora"). Este é o terceiro estádio de desenvolvimento
cognitivo de Piaget (estádio das Operações
Concretas).
reflexão #11
Só por volta dos doze anos surge o pensamento abstracto e o
raciocínio inferencial. É só nesta altura (o último estádio de
desenvolvimento cognitivo de Piaget: estádio das Operações
Formais) que as crianças começam a conseguir pensar em
hipóteses, manipular ideias e pensar sobre possibilidades.
Portanto, só por volta dos doze anos as crianças começam a
conseguir pensar e reflectir acerca do seu comportamento.

E mais... a criança quando está no cantinho (ou cadeirinha) do


pensamento está a sentir o mesmo que sentiria se lhe desses
uma(s) palmada(s) ou gritasses com ela. É uma punição (castigo)
e vai actuar no cérebro emocional, criando sensações de medo, de
vergonha e de humilhação.

E estas emoções fazem disparar no cérebro da criança o sistema


de luta-fuga: a (nossa já amiga e famosa) amígdala. E, como já
sabes, a amígdala vai “desligar” a conexão com o cérebro
racional e aumentar os níveis de adrenalina e cortisol.

O cantinho (ou cadeirinha) do pensamento é um castigo (punição,


medo, vergonha e humilhação). E o castigo não ensina! Sabes por
quê? Porque as crianças só aprendem quando se sentem
ancorajadas, conectadas e amadas.

Tal como os adultos, as crianças agem melhor quando


se sentem melhor!

Sê Amor, Be Love.
dia #12
dia #12

alerta birras

birras & limites


firmes e gentis
estás em qual temperatura?

Valorizar a reacção da criança

Validar a reacção da criança

Aceitar a reacção da criança

Compreender que a criança tem o direito de reagir

mas o que é ser...

firme
o que não é

Muitos adultos acreditam que quanto mais


firmes são, mais a criança vai “obedecer”:
vêem o ser firme como ter firmeza (ser
bravo) no tom de voz, na expressão facial e
na linguagem corporal

o que é

Mas colocar limites tem a ver com ser firme e


gentil AO MESMO TEMPO. Mas esta firmeza
diz respeito à INTENÇÃO (e não à bravura)
na relação

adulto-criança
o adulto deve

ser sempre o mais forte, o mais sábio e o que


transmite mais afeto

sempre que possível ir ao encontro da


necessidade da criança

sempre que necessário assumir o controlo,


especialmente nos casos em que a criança é
confrontada com situações para as quais não
tem recursos suficientes

o adulto tem a maturidade, o conhecimento


e o desenvolvimento cerebral e cognitivo
que a criança não tem

o adulto deve ser sempe esta referência para a


criança: isto dará à criança segurança, conforto,
proximidade da figura de vinculação e previsibilidade

o adulto deve

ser sempre o mais forte, o mais sábio e o que


transmite mais afeto

sempre que possível ir ao encontro da


necessidade da criança

sempre que necessário assumir o controlo,


especialmente nos casos em que a criança é
confrontada com situações para as quais não
tem recursos suficientes
limites firmes e gentis

quando o adulto coloca um limite está


nesta dimensão: a assumir o controlo
para dar segurança à criança
na relação

adulto-criança

o adulto deve

proteger a criança

confortar a criança

sintonizar-se com a criança


(perceber o que a criança está a sentir)

organizar os sentimentos da criança


(contenção, co-regulação, fazer baixar
a tensão emocional e devolver o sentido
de segurança)
dia #12

ideias a reter
CHECKLIST

o adulto assume o controlo nos casos em


que a criança é confrontada com situações
para as quais não tem recursos suficientes

em algumas situações, a criança não tem


recursos cognitivos e socioemocionais
para saber se as suas escolhas são
adequadas ou não

nestas situações, o adulto coloca limites


com a finalidade de ensinar (colocar um
limite nas situações em que a criança não
tem recursos é respeitar a criança e as suas
necessidades)
reflexão #12
Quando o adulto coloca um limite à criança está nesta dimensão:
“sempre que necessário assumir o controlo, especialmente nos
casos em que a criança é confrontada com situações para as
quais não tem recursos suficientes” (ver imagens anteriores).

Em algumas situações, a criança não tem recursos cognitivos e


socioemocionais (conhecimento, maturidade e desenvolvimento)
para saber se as escolhas dela são adequadas ou não. Então, o
adulto coloca limites com a finalidade de ensinar.

Mas estes limites têm de ser colocados com gentileza. Somos os


adultos na relação. O cérebro da criança ainda está em
desenvolvimento, mas o córtex pré-frontal do adulto já está
maduro.

O grande problema do colocar limtes é que os adultos não lidam


bem com a reacção da criança aos limites colocados.

O adulto quer que a criança aceite sem reclamar o limte colocado.


Mas isso não acontece... E é normal (e desejável) a criança não
aceitar, pois a criança tem vontades próprias. E está tudo bem...!

[os adultos precisam compreender que a criança tem o direito de


reagir e devem aceitar, validar e valorizar essa reacção]
reflexão #12
A forma da criança comunicar a sua vontade é através da "birra"
(chorar é comunicação), devido à sua incapacidade de
argumentar, consequência do desenvolvimento cerebral,
cognitivo, socioemocional e da linguagem ainda em curso.

E, se reflectirmos bem, nós nem queremos que a criança se cale


e aceite sem reclamar. Isso não é sequer saudável nem
desejável...

Se queremos ter crianças resilientes, corajosas e capazes de


enfrentar os desafios da vida adulta, queremos que elas sejam
capazes de dizer “Não” e fazerem valer a sua opinião e vontade.

Queremos que, no futuro, as crianças sejam capazes de dizer


(por exemplo, ao namorado(a) ou noutra relação, ou até mesmo no
seu trabalho): “Não quero fazer isto ou aquilo” ou “Não concordo
com isto ou aquilo”.

Não queremos que as crianças, no futuro enquanto adolescentes


e adultos, aceitem e façam tudo o que lhes pedem, mesmo que
seja contra a sua vontade.

Vamos tentar responder de forma diferente à reacção da criança


quando colocamos um limite?

Compreender, aceitar, validar e valorizar a reacção


da criança não quer dizer deixar de colocar limites.
Só quer dizer respeitar as suas necessidades!

Sê Amor, Be Love.
dia #13
dia #13

alerta birras
m
s fir es e
te

ge
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12
ntis sem
bi
rra
s

dicas para comunicar


limites firmes e gentis
sem birras intensas
LEIA MAIS NA LEGENDA

OK

distração e
escolhas.
“O sofá é para sentar. Pular é no chão.
Gostavas de ir brincar lá para fora ou
ajudar-me a lavar os pratos?”

envolver a
criança.
“Eu preciso da tua ajuda. Podes levar o
casaco ou a mochila até ao carro?
Tu decides!”
significa proporcionar oportunidades para a
criança ajudar e oferecer escolhas aceitáveis
criar
rotinas.
“Agora é hora de dormir. Qual a história que
queres que leia depois de vestires o pijama?”
as crianças pequenas aprendem melhor
por repetição e consistência

use o humor e a
brincadeira.
“Eu aposto que tu não consegues pegar todos os teus
carrinhos e arrumá-los no cesto antes de eu terminar de
contar até dez.”
aprendam a rir juntos e crie jogos para fazer os tarefas difíceis:
a criança responde com entusiasmo
quando um pedido se torna um convite para jogar

pergunte ao
invés de mandar.
“Parece que está frio lá fora. O que achas que
precismos fazer para não sentires frio lá fora?
O que achas que podes fazer para
te sentires quentinho lá fora?
dê avisos.
“Precisamos ir embora do parque daqui a 5 minutos. Queres ir
ao baloiço ou ao escorrega mais uma vez?”
use cronômetros para dar pistas. leve sempre um cronômetro consigo:
as crianças pequenas adoram cronômetros em forma de galinhas e
maçãs e gostam de carregá-los. deixe a criança ajudar a marcar o
tempo; pergunte o que significa quando o cronômetro disparar; quando
ele disparar, diga “hora de ir embora" e faça-o.

proporcione muita
supervisão, distração
e redireccionamento.
se a criança está a bater num cão,
em vez de dizer “Não batas no cão”,
mostre-lhe como fazer carinho no cão.
se a criança se dirige para uma porta aberta, em vez de dizer
“Não pode ir para aí", pegue-a silenciosamente pela mão e
leve-a para onde ela precisa e/ou pode ir.
a criança pequena precisa de supervisão constante e que lhe
mostrem o que ela pode fazer em vez do que ela não pode fazer

"feche a boca e aja"*.


em vez de dizer “não!” ou “não mexas nisso!”,
gritando do outro lado da sala, levante-se e vá ter
com o seu filho. faça contato visual, baixe-se à altura
do seu filho e aja com gentileza e firmeza para
afastá-lo do objeto proibido ou perigoso.
somente as palavras não são efectivas para gerir o
comportamento do seu filho – ou mantê-lo seguro.
*frase de Rudolf Dreikurs, psiquiatra e um dos “pais” da disciplina positiva
dia #13

ideias a reter
CHECKLIST

muitas vezes, a frustração da criança, que


despoleta a "birra", advém da comunicação
de um limite por parte do adulto

não limitamos as emoções e as necesidades


da criança: não há limites para o sentir

comunicamos limites firmes e gentis e


tratamos com respeito, conexão emocional
e amor
reflexão #13
A frustração (raiva) é uma das causas que despoletam os
momentos de intensa explosão emocional (birras). E, muitas vezes,
esta frustração advém da comunicação de um limite por parte do
adulto.

Ponto prévio: não devemos limitar as emoções e as necessidades


da criança (não há limites para o sentir: a criança é livre para
sentir). Só limitamos e guiamos a expressão que a criança faz
dessas emoções e necessidades. Exemplo: “Eu estou a ver que
estás chateado por não ires ao parque e está tudo bem. Hoje não
é dia de irmos ao parque. Já combinámos ir amanhã. Amanhã
vamos”.

Em todas as sugestões aqui apresentadas estamos a comunicar


limites firmes e gentis e a tratar a criança com respeito, conexão
emocional e amor.

De seguida apresento quatro sugestões para colocar limites firmes


e gentis e nas imagens anteriores estão outras oito.

1. Validar os sentimentos

A criança não “escolhe” as suas emoções e não existe a ideia de


emoção “errada”. E, por isso, é tão importante ensinar a
criança que os sentimentos dela são sempre válidos,
mas algumas acções nem sempre são correctas.

“Está tudo bem em estares chateado – eu


também teria ficado chateada. Não está tudo
bem bateres em mim ou magoares-te. O que
te ajudaria a sentir melhor?”
reflexão #13
“Estás mesmo chatedo agora – eu também ficaria. Eu sei que
queres ficar e é hora de ir embora. Posso dar-te um abraço?”

2. Conectar e redireccionar (ver dia #3)

“Estás frustrado, não é? Eu compreendo-te" (ao mesmo tempo que


dá um abraço, um toque no ombro ou na mão ou fique apenas ao
lado da criança). "Olha, ali está a tua boneca. Já não a via há muito
tempo. Vamos buscá-la?" (ao mesmo tempo que dá a mão à
criança ou caminhem apenas lado a lado).

3. Descrever o que está a ver e redireccionar

“Estou a ver que estás chateado e a chorar. E querias desenhar na


parede. Que bom que gostas de desenhar. Aqui em casa
desenhamos no papel. O que achas de desenhar neste papel com
estes lápis super especiais?”

4. Legendar a situação (ver dia #4)

“Eu sei que é difícil sair do parque. Tu gostas de brincar aqui e


está a anoitecer. Temos de ir para casa. Podemos voltar noutro
dia, se quiseres. Aposto uma corrida até à saída do parque”.

Das dozes sugestões apresentadas, escolhe as que


mais sentido fazem para ti e tenta colocá-las em
prática.

Sê Amor, Be Love.
dia #14
dia #14

alerta birras

por dentro?
já se olhou

as
ua a é fundamental
u to -r e g ula ç ã o

o que é a
auto-regulação?
é a nossa capacidade de regular os
nossos estados internos.
(regular as emoções em situações de stress)
as crianças não nascem com os circuitos neuronais que
regulam a calma e precisam de os desenvolver:
este desenvolvimento cerebral dá-se na sincronia entre o
cérebro da criança e o cérebro do cuidador.

esta sincronia só é possível


quando o adulto está calmo.
(regulado emocionalmente)
o que é a
co-regulação?
é a regulação emocional da criança
através do adulto.
a criança precisa que os adultos transformem o estado de raiva
que ela está a sentir num estado de calma: a criança precisa da
co-regulação para se acalmar (regular as emoções)

esta co-regulação só é possível


quando o adulto está calmo.
(regulado emocionalmente)

quando é que a criança


consegue se auto-regular?
(regular as suas emoções sozinha)

só a partir do momento em que o prestador de cuidados


consegue regular a criança e ajudá-la a voltar ao seu estado de
calma é que o cérebro da criança vai começar a desenvolver
os circuitos neuronais de gestão do stress.

quando temos uma criança com uma birra precisamos de


confortá-la para diminuir os níveis de stress no seu cérebro.
(diminuir o efeito das hormonas de stress, como o cortisol e a
adrenalina, que são inimigas do desenvolvimento cerebral)

a auto-regulação da criança só é possível


quando o adulto está calmo.
(regulado emocionalmente)
a capacidade do adulto se regular está
relacionada com a capacidade da
criança se regular.
a capacidade do adulto co-regular a criança vai fazer com
que a criança desenvolva a sua própria capacidade de
auto-regulação, muito importante para a sua saúde mental.
a auto-regulação da criança só é possível
quando o adulto está calmo.
(regulado emocionalmente)

a capacidade de auto-regulação da
criança está relacionada com a
ansiedade e depressão.
se a criança desenvolver uma boa capacidade de auto-
regulação tenderá a ter menos probabilidade de, no
futuro, vir a sofrer de ansiedade e depressão.
a auto-regulação da criança só é possível
quando o adulto está calmo.
(regulado emocionalmente)

aos poucos a criança aprenderá a


regular as suas emoções.
mas antes de o conseguir fazer isso
sozinha, precisa de ser co-regulada.
a auto-regulação da criança só é possível
quando o adulto está calmo.
(regulado emocionalmente)
dia #14

ideias a reter
CHECKLIST

a auto-regulação emocional do adulto é


fundamental para a regulação emocional da
criança

a criança precisa do adulto para se acalmar


(co-regulação)

a co-regulação só é possível quando o


adulto está calmo
reflexão #14
Queiramos ou não, todas as crianças pequenas vivenciam
momentos de intensa explosão emocional (birras). Uns mais
intensos, duradores e frequentes que outros, mas todas as
crianças do mundo vivenciam estes momentos. E ainda bem... Faz
parte do seu saudável desenvolvimento! Queiramos ou não, é
fundamental o adulto ter calma e ser paciente nestes momentos.

E compreender por que estes momentos (birras) acontecem – e


como lidar com eles – ajuda MUITO a manter a calma.
Compreender o funcionamento cerebral que está por trás de
uma birra e, ao mesmo tempo, ter muita calma e paciência são a
chave do sucesso.

Esta calma do adulto para lidar com estes momentos de intensa


explosão emocional da criança (birras) advém da sua própria
capacidade de regulação emocional. Advém da sua própria auto-
regulação emocional.

Já te olhaste por dentro? Já tentaste perceber se tens uma


capacidade de regulação emocional bem consolidada?

As crianças têm os mesmos sentimentos que os adultos


(sentem-se tristes, animadas e frustradas) mas não têm palavras
para expressar os seus sentimentos e o controlo do
impulso para lidar com eles.

Já sabemos que a parte do cérebro responsável


pela regulação emocional e por se acalmar
(o córtex pré-frontal) não está totalmente
madura antes dos vinte a vinte e cinco
anos de idade.
reflexão #14
E, por isso, às vezes, não importa o que digas ou faças, o teu
filho vai se sentir-se sobrecarregado e vai "explodir". Mas tu
PODES aprender a não aumentar o caos. Nenhum de nós faz o seu
melhor quando estamos irritados e sem calma e paciência. O
primeiro passo para lidar com esses momentos de intensa
explosão emocional (birras) é acalmares-te!

Sabias que a raiva (e a birra) é contagiosa? E que isso se deve aos


neurônios-espelho? Todas as pessoas têm neurônios-espelho e,
por isso, a raiva é contagiosa.

Respira fundo e conta até dez. As respirações focadas e calmas


ajudam o teu cérebro a “integrar”: a pensar claramente e a
procurar por soluções reais. Quando estiveres calmo, ajuda o teu
filho a fazer o mesmo. E ele realmente precisa da sua ajuda: a
regulação emocional é uma habilidade que requer muitos anos
para ser dominada.

Nas imagens anteriores encontras explicações detalhadas do que


é a auto-regulação e a co-regulação. Se não leste, volta atrás e lê
atentamente. É fundamental perceberes como é crucial a tua
calma e paciência para a regulação emocional do teu filho.

Mais Calma, Paciência e Amor, por favor!

Sê Amor, Be Love.
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ajuda profissional?
Para os adultos? A todo o momento.
Para a criança? Em algumas situações.
E de que ajuda se trata?

Para os adultos? Consulta de Psicologia de Orientação Parental.

O Psicólogo ajuda os pais a construir "pontes" que os levem às


soluções que pretendem (metáfora da relação de ajuda). Ajuda os
pais e reflectir sobre as suas crenças, valores, necessidades,
atitudes, emoções, competências e comportamentos
(autoconhecimento) com o propósito de melhorar a relação pais-
filhos. O Psicólogo oferece apoio, conhecimento científico e
ferramentas necessárias para os pais exercerem a sua
parentalidade, de acordo com a dinâmica e os sistemas da sua
família em particular e das características individuais dos membros
que a compõem.

Para as crianças? Consulta de Psicologia de Avaliação


Psicológica.

Em algumas situações é preciso avaliar e intervir directamente


com a criança de modo a perceber o que está a desencadear
a reacção de maior intensidade, duração e frequência e
ajudar a criança a lidar com (exemplo: medos,
ansiedade de separação).

Nestas situações, a raiva da criança deixou de


ser normativa e passou a prejudicar o seu
funcionamento de modo invasivo,
frequente e intenso, com efeitos
na sua saúde e bem-estar.
quando procurar
ajuda profissional?
Que situações são essas? Em que situações devo marcar uma
consulta? Deve marcar uma consulta quando:

a birra piora após os quatro anos de idade;

a birra tem a duração superior a 25 minutos (sem que sejam os


adultos a acrecentar "lenha para a fogueira": na primeira fase
da birra - fase da raiva - os adultos devem falar o menos
possível);

a birra se torna mais intensa e frequente do que era


anteriormente;

a criança se magoa ou magoa os outros;

a criança apresenta retrocessos no seu desenvolvimento ou


perturbações ao nível do desenvolvimento (nomeadamente,
competências que já tinha adquirido que deixou de exibir ou
episódios de pesadelos frequentes).

relembrando...
as principais causas das birras
Frustração (fruto de um fracasso, perda ou recusa) |
sono ou cansaço | fome | medos | ansiedade de
separação | desconexão emocional (falta de
atenção positiva por parte do adulto)

Sê Amor, Be Love.
con
t
ex eúdo

os 4 R da
t ra

punição
A punição interrompe um comportamento de forma imediata. É
este o seu efeito a curto prazo. Mas quais são os seus resultados
a longo prazo?

A longo prazo os seus efeitos são tudo menos positivos... A longo


prazo, as crianças mais velhas tendem a adoptar um (ou mais) "R"
da punição, nomeadamente:

1. RESSENTIMENTO

“Não é justo terem-me punido" (castigado, batido, gritado comigo)

2. RETALIAÇÃO

“Mais tarde vou vingar-me”

3. REBELDIA

“Da próxima vez faço pior”

4. RECUO

“Da próxima vez, não me vão apanhar. Faço pior e não vão saber”
(DISSIMULAÇÃO) | “Eu sou mesmo uma pessoa má”;
“Não mereço que gostem de mim”
(DIMINUIÇÃO DA AUTOESTIMA)

Estes são alguns exemplos dos pensamentos,


sentimentos e comportamentos que as
crianças mais velhas tendem a adoptar
quando a punição fez parte da sua
infância.
con
t
ex eúdo

os 4 R da
t ra

punição
Vamos fazer um exercício. Pensa na última vez em que te sentiste
humilhada e tratada de forma injusta:
O que sentiste em relação ti mesma, em relação à outra pessoa
e sobre o que fazer no futuro?

E por que seria diferente com a criança?


A criança sente-se motivada a comportar melhor quando a
fazemos sentir-se melhor. A culpa, a vergonha e a dor (física ou
emocional) não ajudam nenhuma criança a agir melhor.

Só mais um exercício. Responde às próximas perguntas:


Quando aplico uma punição, estou a ser gentil e firme ao
mesmo tempo? (respeitosa e encorajadora)
Quando aplico uma punição, estou a ajudar a criança a
desenvolver um sentimento de aceitação e importância?
(conexão)
Quando aplico uma punição, estou a ensinar habilidades
sociais e de vida valiosas para a formação de um bom
carácter? (respeito, preocupação com os outros, resolução
de problemas, responsabilidade e cooperação)

Se a tua resposta às perguntas foi "Não", é porque já


compreendeste que a punição não atende a nenhum
dos critérios que coloquei entre parênteses e,
portanto, não deve ser usado como resposta
a um momento de intensa explosão emocional
(birras ) ou a qualquer outro momento.
Sê Amor, Be Love.
notas
finais
nota final #1
Este e-book (e eu enquanto Psicóloga)
não dá uma “receita” nem “treinos”
aos pais de como educar nem ensina
ninguém a ser mãe (ou pai, avó...).

Este e-book (e eu enquanto Psicóloga)


tem como objectivo:

1. partilhar o conhecimento prático


(fruto da minha experiência profissional
na orientação parental);

2. partilhar o conhecimento científico


válido e actual (fruto da minha
formação académica - Licenciatura e
Mestrado em Psicologia - e
complementar);

3. ajudar os pais a compreender de


que forma podem cultivar relações
emocionalmente saudáveis com os
seus filhos;

4. ajudar os pais a compreender o


desenvolvimento infantil e o que
esperar em cada etapa de
desenvolvimento (concretamente, o
desenvolvimento cerebral e cognitivo);
notas
finais
nota final #1
(continuação)
5. ajudar os pais a respeitar as
necessidades dos seus filhos, agindo
sempre de forma gentil;

6. ajudar a capacitar os pais para a


construção de uma família mais
conectada, saudável e feliz e com
momentos de explosão emocional
menos intensos, frequentes e
duradores.

Este e-book (e eu enquanto Psicóloga)


não se substitui aos pais na decisão
do que é melhor para o seu filho. Este
e-book (e eu enquanto Psicóloga)
partilha, orienta e apoia (relação de
ajuda), não decide nada!

“Não há duas crianças iguais. Não há


duas famílias iguais”. Provavelmente,
são as duas frases que mais vezes
digo. Cada família é única!

E são os pais que:


1. decidem o que é melhor para os
seus filhos e para a sua família;
2. mais e melhor conhecem os seus
filhos.
notas
finais
nota final #2
Neste e-book estão contempladas
apenas algumas estratégias para vos
ajudar a lidar com os os momentos de
intensa explosão emocional (birras). É
apenas um breve resumo. Muito mais
há a dizer e a fazer!

No entanto, julgo constituir um bom


ponto de partida para que possam
compreender o funcionamento do
cérebro das crianças e aplicar este
conhecimento científico de forma
imediata nas interacções com os
vossos filhos (e outras crianças) no
dia-a-dia.

nota final #3
Neste e-book estão contempladas
estratégias que não têm em
consideração a compreensão da
dinâmica e dos sistemas de cada
família em particular e das
características individuais dos
membros que a compõem.

Esta compreensão só pode ser


realizada em Consulta de Psicologia
de Orientação Parental, de acordo
com uma avaliação e intervenção
ecológico-sistémica.
notas
finais
nota final #4
Lembra-te sempre que não é só o teu
filho que está a aprender. Tu também
estás! E isso significa que também
estás a aprender a gerir os seus
momentos de intensa explosão
emocional (birras).

Como em qualquer aprendizagem,


aprendemos e melhoramos por
repetição! Logo, não irás gerir
"exemplarmente" estes momentos,
nem isso é possível.

A mudança requer tempo e esforço. O


teu foco tem de estar em não desistir e
ir tentando aplicar, por repetição, as
sugestões apresentadas neste e-book
e, gradualmente, responderás de uma
forma mais positiva e conseguirás
regular as tuas próprias emoções. E,
com isso, estás a dar uma lição valiosa
a qualquer criança: também os adultos
estão a aprender e, a cada vez que
tentamos, fazemos melhor!

Tenta, tenta e volta a tentar!


Não desistas! E, na dúvida, Sê Amor!
Quando não souberes que caminho
seguir, escolhe sempre o caminho com
mais Amor!
obrigada,
por te unires a mim

Obrigada por te unires a mim nesta jornada rumo a um conhecimento


mais completo sobre os momentos de intensa explosão emocional
(birras), que integra, necessariamente, uma melhor compreensão sobre
o funcionamento do cérebro da criança. Ao compreenderes o cérebro
da criança terás um propósito ao ensinar, pois saberás como responder
à criança e por quê.

Este e-book é apenas o início desta jornada.


Vamos (continuar) a caminhar juntos?

Com carinho,

Cláudia Ferreira Gomes


Sê Amor, Be Love.
conta comigo
nesta jornada.

+351 910091267
@belovepsicologia_claudiagomes

No Instagram partilho conteúdos que ajudam a


compreender o desenvolvimento infantil para uma
parentalidade com mais amor, apego e conexão.
Gostava muito de receber uma mensagem ou um
comentário teu no Instagram com teu feedback
acerca deste e-book. Vemo-nos por lá!
referências
bibliográficas
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Belo Horizonte: Artesã.

Ainsworth, MDS, Blehar, MC, Waters, E., & Wall, SN (2015). Patterns of attachment: a
psychological study of the strange situation (1ª ed.). Psychology Press.
https://doi.org/10.4324/9780203758045

Bee, Helen & Boyd, D. (2011). A criança em desenvolvimento (12ª ed.). Porto Alegre:
Artmed.

Beetmann, J. & Friedman, D. (2013). Attachment-based clinical work with children and
adolescents. New York: Springer.

Bowlby, J. (1969) Attachment. London: Pelican.

Crittenden, P. M. (2005). Attachment theory, psychopathology and psychotherapy: the


dynamic-maturational approach. Psicoterapia, 30 , 171 - 182.

Gerhardt, S. (2017). Por que o amor é importante: como o afeto molda o cérebro do bebé
(2ª ed.). Porto Alegre: Artmed.

Nelsen, J. (2006). Disciplina positiva. (3ª ed.). São Paulo: Manole.

Nelsen, J., Erwin, C. & Duffy R. (2006). Positive discipline for preschooler (3ª ed.) New
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Papalia, D. & Feldman, R. (2013). Desenvolvimento humano (12ª ed.). Porto Alegre: AMGH.

Siegel, D. & Bryson, T. (2011). The whole-brain child: 12 revolutionary strategies to nurture
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Soares, I. (2007) (coord.) Relações de vinculação ao longo do


desenvolvimento: teoria e avaliação. Braga: Psiquilibrios.

Fontes adicionais
Circle of Security. www.circleofsecurityinternational.com
e-book
birras

E S T E E - B O O K F O I Ú T I L ?

V A M O S A J U D A R M A I S A D U L T O S ?
P A R T I L H A O P E R F I L D E I N S T A G R A M
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