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A melhor estratégia para a birra infantil

Um passo a passo para você


Passo 1 - Esqueça a grande maioria das informações
sobre birras que você vê por ai...
• Abandone a ideia de que você deve ficar parado, esperando a birra
passar, acreditando que isso é um conforto emocional, conforme pode
ter sido visto em diversos conteúdos sobre parentalidade. Também
tentar orientar a criança a agir de outra maneira pode, na verdade,
apenas aumentar sua irritação. Provavelmente, você já recebeu a
sugestão de que não é produtivo "distrair" a criança, pois isso a ensina a
evitar suas emoções. Esses conteúdos normalmente sugerem
estratégias como abaixar-se, identificar e nomear as emoções, e
expressar compreensão à criança. No entanto, na prática, essas
abordagens costumam funcionar apenas em situações de birras leves, o
que pode levá-lo a pensar que está lidando com a situação de maneira
errada. Apesar de muitos desses especialistas prestarem uma atenção
valiosa, suas informações frequentemente são baseadas em livros que
leram e em suas próprias experiências educando seus filhos, faltando o
verdadeiro contato com uma grande diversidade de crianças. Como
psicóloga que já realizou mais de 23 mil atendimentos ao longo da
minha carreira de 20 anos como psicóloga e especialista em psicologia
clínica, eu trago uma nova perspectiva nesse e-book.
Passo 2 – Lembre-se que a birra é como
um carro desgovernado
A birra não deve ser vista como falta de educação, mas sim
como um processo natural de desenvolvimento. Cerca de 80%
das crianças até os 2 anos passarão por episódios de birra, e
esse número aumenta para 90% até os 3 anos. A birra é um
indicativo de que o cérebro da criança foi inundado com
hormônios de estresse, desencadeando uma reação de luta ou
fuga em seu corpo. Nesse momento, a parte emocional do
cérebro assume o controle sobre a parte racional, resultando
em um estado comparável a um carro desgovernado sem
freios. Analogamente, assim como você não repreenderia um
carro por estar sem controle, também não é produtivo esperar
que a situação piore antes de tomar alguma medida. Ação é
fundamental.
Passo 3 – Aceite que sentirá vergonha da birra
É natural que você sinta incômodo diante das birras, e é
importante reconhecer que isso não representa um problema.
Na perspectiva evolucionista, fomos projetados para nos
importarmos com o que os outros pensam, pois historicamente
isso estava ligado à nossa sobrevivência em grupos sociais. Esse
instinto de pertencimento e harmonia social, embora possa
amplificar o desconforto perante situações como birras em
público, também é um reflexo do cuidado e amor que você tem
pelo seu filho. Portanto, não se culpe por sentir incômodo, mas
lembre-se de que é uma resposta natural que pode ser
gerenciada e transformada em oportunidades de crescimento
emocional e conexão com seu filho.
Passo 4 – Entenda que o cérebro humano
aprende através de criação de processos
O cerebro humano aprende por meio da criação de processos, seguidos por
repetições. As crianças desenvolvem processos imaginários de sequências de
eventos, como planejar dirigir um carrinho de brinquedo, e posteriormente
enfrentam a frustração quando não conseguem executá-lo. Dessa forma, o
cérebro cria e refina processos cognitivos que são fundamentais para o
desenvolvimento infantil.
Por isso, Maria Montessori afirmou que a criança busca a ordem. No entanto,
esse conceito frequentemente é mal interpretado como a necessidade de ser
"ordenada". Na realidade, a perspectiva de Montessori sugere que a criança
busca a previsibilidade das ações. Dado que as funções executivas de alta
performance ainda estão pouco desenvolvidas nas crianças, elas planejam por
meio do imaginário, antecipando que os eventos ocorrerão como imaginado.
Esse processo reflete a maneira pela qual o cérebro infantil cria e utiliza
processos mentais para entender e interagir com o mundo ao seu redor.
As birras representam rupturas na previsibilidade. Ao longo do
desenvolvimento, a criança aprimora esses processos, resultando na redução
das birras. E como você pode extrair benefícios dessa compreensão? Você
pode evitar birras ao fomentar processos que permitam à criança identificar
padrões de previsibilidade. Estabelecer horários constantes para acordar e
dormir, bem como organizar seus brinquedos em categorias distintas
(carrinhos, pecinhas, bonecas, lápis, etc.), são maneiras eficazes de criar um
ambiente que oferece a tão desejada sensação de previsibilidade.
Passo 5 - Conheça as 3 fases da birra
Fase 1
As birras das crianças passam por três fases distintas. A primeira delas
surge quando a criança começa a demonstrar irritação. Nesse estágio, é
possível que ela manifeste bocejos, os quais não indicam
necessariamente sono, mas sim uma forma de aumentar a oxigenação
do corpo. Essas birras iniciais tendem a ser mais leves, e geralmente
estão relacionadas a uma busca por uma maneira de expressar suas
emoções emergentes. As crianças, muitas vezes, não têm as
habilidades linguísticas completas para expressar o que estão sentindo,
e isso pode levar a momentos de frustração, que se manifestam como
birras.
O que fazer na fase 1
Na primeira fase das birras, quando a criança começa a demonstrar irritação, existem diversas
estratégias que você pode adotar para lidar com essa situação de forma construtiva.
Inicialmente, é essencial focar na comunicação emocional. Conversar sobre emoções, validar os
sentimentos que a criança está experienciando e oferecer-lhe uma escuta atenta podem criar
um espaço seguro para que ela compreenda e expresse o que está sentindo. Além disso, propor
brincadeiras simples, como assoprar os dedos, pode ser uma maneira eficaz de ajudá-la a liberar
a tensão acumulada e a reduzir o desconforto emocional.
Dicas para a fase 1

COMUNICAÇÃO DISTRAÇÃO POSITIVA: CONTAGEM RESPIRAÇÃO TEMPO DE SILÊNCIO: VALIDAÇÃO E MÚSICA CALMA:
EMPÁTICA: ABRA UM OFEREÇA UMA REGRESSIVA: USE PROFUNDA: ENSINÁ- ÀS VEZES, OFERECER ABRAÇO: MOSTRE COLOCAR UMA
DIÁLOGO CALMO E ALTERNATIVA UMA CONTAGEM LA A FAZER UM MOMENTO DE QUE VOCÊ ESTÁ LÁ MÚSICA SUAVE E
EMPÁTICO COM A INTERESSANTE PARA REGRESSIVA LENTA E RESPIRAÇÕES TRANQUILIDADE PODE PARA ELA, TRANQUILA PODE
CRIANÇA. PERGUNTE DESVIAR O FOCO DA DIVERTIDA, DANDO À PROFUNDAS PODE AJUDAR A CRIANÇA A OFERECENDO UM AJUDAR A CRIANÇA A
COMO ELA ESTÁ SE CRIANÇA DA FONTE CRIANÇA TEMPO PARA AJUDAR A ACALMAR O SE ACALMAR E ABRAÇO CALOROSO SE ACALMAR E A SE
SENTINDO E VALIDE DE FRUSTRAÇÃO, PROCESSAR E SISTEMA NERVOSO, RECUPERAR O OU UM TOQUE DISTRAIR DA FONTE
SUAS EMOÇÕES, REDIRECIONANDO ACALMAR SUAS REDUZINDO A EQUILÍBRIO GENTIL, O QUE PODE DE FRUSTRAÇÃO.
DEMONSTRANDO SUA ATENÇÃO PARA EMOÇÕES ANTES DE INTENSIDADE DA EMOCIONAL. PROPORCIONAR
COMPREENSÃO. OUTRA ATIVIDADE. MUDAR PARA OUTRA EMOÇÃO NEGATIVA. CONFORTO E
ATIVIDADE. SEGURANÇA.
Fase 2
Na segunda fase das birras infantis, o quadro se intensifica consideravelmente. Nesse
estágio, as birras se manifestam de forma mais pronunciada, caracterizadas por choros
intensos, descontrole motor e gritos. A criança expressa suas emoções de maneira ainda
mais vigorosa, refletindo uma sensação de frustração e incapacidade de lidar com o que
está sentindo. A intensidade dos sentimentos pode se tornar avassaladora, levando a uma
reação emocional visível e marcante. Essa fase pode ser desafiadora tanto para a criança
quanto para os cuidadores, exigindo paciência, compreensão e técnicas diferentes da fase
1. É importante ressaltar que as estratégias apresentadas para a fase 1 podem não ser tão
eficazes nesse momento, uma vez que o cérebro da criança já foi grandemente tomado
pelos hormônios de cortisol, o que pode intensificar as crises.
Técnica de emoção concorrente
Uma técnica eficaz para lidar com birras envolve o uso de emoções concorrentes, que consiste em
oferecer estratégias que competem com a emoção intensa que está tomando conta da criança. Essa
abordagem é frequentemente mal compreendida devido a desinformações difundidas na internet.
Muitas vezes, é dito que "distrair" a criança durante uma birra é inadequado, mas essa afirmação não é
totalmente precisa. A verdade é que a criança, assim como muitos adultos, ainda não desenvolveu
completamente o controle emocional necessário para diminuir rapidamente uma emoção intensa.
Nesse contexto, a utilização de emoções concorrentes se mostra valiosa. Ao brincar ou fingir surpresa
com algo, o adulto pode direcionar a atenção da criança para uma emoção diferente, que concorra
com a intensidade da birra. Por exemplo, ao expressar algo como: "Nossa, parece que vi um cachorro
vermelho andando no jardim, preciso muito ver isso", o adulto cria uma curiosidade que pode capturar
o foco da criança e redirecionar sua atenção. Isso não apenas desvia a criança da fonte da frustração,
mas também auxilia na transição para um estado emocional mais controlado. Portanto, a estratégia
das emoções concorrentes não se trata de uma distração prejudicial, mas sim de uma maneira eficaz
de ajudar a criança a lidar com suas emoções intensas de forma mais saudável.
Fase 3
A fase 3 das birras é caracterizada por episódios que
lembram ataques de fúria, nos quais fatores como
cansaço, irritabilidade e frustração convergem,
culminando em crises emocionais mais intensas. Embora
a maioria das birras se concentre nas fases 1 e 2, a fase 3
é distinta, sendo um verdadeiro pico de intensidade
emocional. Nessa etapa, a criança pode vivenciar uma
explosão de cólera desenfreada, desprovida de freios
emocionais. Essas crises, marcadas por uma intensidade
prolongada, podem se estender por um período maior e
com uma força emocional significativamente maior do
que nas fases anteriores. Essa fase exige uma abordagem
especialmente sensível e adaptada, uma vez que a
criança está enfrentando um nível de descontrole
emocional que demanda cuidados e estratégias de
manejo específicas.
O que fazer na fase 3
• A crise de birra na fase 3 se apresenta como uma "situação perdida", na qual a criança mergulha em um estado de intensidade
emocional avassaladora. É nesse momento que fornecer um suporte para que o corpo possa "desligar" se torna crucial. Quando
uma emoção atinge um nível de intensidade que ultrapassa a capacidade de autorregulação do organismo, o corpo pode entrar
em um estado de sobrecarga emocional. Como mecanismo de defesa, o sistema nervoso pode optar por "desligar"
temporariamente para proteger-se do impacto avassalador.
• Esse processo de "desligamento" é uma resposta natural do corpo diante de emoções intensas que ameaçam causar um
desequilíbrio emocional insustentável. No contexto das birras da fase 3, a criança pode sentir uma avalanche de sensações que são
difíceis de processar. Nesse ponto, oferecer um ambiente seguro e reconfortante é essencial. Isso pode incluir o afastamento de
estímulos sensoriais intensos, como barulhos altos ou ambientes movimentados, para permitir que o sistema nervoso da criança
"reinicie". Um local calmo e tranquilo, juntamente com uma presença serena e amorosa do cuidador, pode ajudar a criança a se
recuperar do estado de sobrecarga emocional.
• Nesse momento, é valioso reconhecer que ajudar a criança a cochilar pode ser uma estratégia eficaz. O sono proporciona uma
oportunidade para o corpo e a mente se recuperarem do estado de sobrecarga emocional, permitindo que a criança acorde com
um equilíbrio emocional restaurado. Um ambiente tranquilo e aconchegante, acompanhado de um contato físico suave, como um
abraço reconfortante, pode facilitar o processo de adormecer. Enquanto a criança cochila, o corpo tem a chance de processar e
integrar as emoções intensas, muitas vezes resultando em um despertar mais sereno.
Passo 5- Use os termos "esfriar"
e "esquentar" para se referir
sobre a emoção de raiva.
No contexto das birras, ensinar à criança a noção
de que emoções podem esfriar ou esquentar é
uma abordagem valiosa. Isso pode ser feito de
maneira lúdica e educativa, ajudando-a a
reconhecer as flutuações de seus sentimentos e
compreender que essas emoções são normais e
passageiras. Utilizar informações e dicas comuns
sobre regulação emocional, que frequentemente
encontramos, pode ser uma ferramenta útil. Esses
ensinamentos podem ser adaptados e
incorporados ao momento da birra, auxiliando a
criança a se sentir mais empoderada e
compreendendo que tem o poder de influenciar
suas próprias emoções.
Passo 6 – Use a estratégia da árvore das
emoções
Desenhe sua própria árvore das emoções
e coloque na geladeira
A Árvore das Emoções é um guia de regulação emocional que oferece um caminho passo a passo para lidar com momentos de
nervosismo. Ela consiste em um conjunto de sequências de ações específicas que você segue quando se encontra em um estado de
ansiedade. Este recurso é projetado para você, como cuidador, e não para a criança, com o intuito de criar um ritual de "esfr iamento"
emocional.
Composta por quatro etapas distintas, a Árvore das Emoções ajuda a facilitar a autorregulação e a recuperação da calma. Prime iro,
quando você se encontra nervoso, reconheça essa emoção. Em seguida, afaste-se da situação, permitindo um espaço para processar
seus sentimentos. O terceiro passo envolve o processo de "esfriar", onde você intencionalmente acalma suas emoções, tal como se
fosse um resfriamento gradual. Por fim, após encontrar a serenidade interna, você pode retornar para uma conversa ou abordage m
da situação com maior clareza emocional e mental.
Apesar de ser uma abordagem simples, a Árvore das Emoções tem um impacto significativo. Ao criar um ritual para enfrentar o
nervosismo, você promove uma maneira saudável de lidar com as emoções, gerando um ambiente de aprendizado emocional
positivo tanto para você quanto para os seus filhos. É um recurso valioso para fortalecer a sua própria capacidade de autorre gulação
e, indiretamente, modelar uma abordagem construtiva para as crianças lidarem com suas próprias emoções.
Qual a nossa meta na criacão
Neurocompatível?
• Autorregulação Emocional: Aprenderão a identificar e gerenciar suas emoções, compreendendo como expressá-las de maneira saudável.
• Comunicação Efetiva: Desenvolverão habilidades linguísticas e não verbais para se expressarem de forma clara e compreensível.
• Resolução de Problemas: Adquirirão a capacidade de identificar desafios e encontrar soluções criativas e lógicas para enfrentá-los.
• Empatia: Aprenderão a compreender os sentimentos e perspectivas dos outros, construindo relacionamentos saudáveis e fortalecendo a conexão
interpessoal.
• Autonomia: Gradualmente, ganharão independência e capacidade de realizar tarefas diárias por conta própria, promovendo a autoconfiança.
• Pensamento Crítico: Desenvolverão habilidades de análise e avaliação, permitindo que avaliem informações e tomem decisões informadas.
• Colaboração e Habilidades Sociais: Aprenderão a trabalhar em equipe, compartilhar, negociar e resolver conflitos de maneira construtiva.
Essas aprendizagens fundamentais se entrelaçam ao longo do crescimento da criança, contribuindo para sua formação como indiví duo consciente,
capaz e socialmente adaptado. À medida que os pais e cuidadores fornecem apoio e orientação nesse processo, as crianças têm a oportunidade de
adquirir ferramentas valiosas para enfrentar os desafios da vida de forma positiva e saudável.
Você sabia que na ciência existem hoje
evidências de que há uma
estratégia superior à autoestima para
redução do estresse, maior resiliência
emocional, melhor regulação emocional e
maior bem-estar geral no desenvolvimento
de crianças e adolescentes?
Na Imersão de Pais 2023, eu explicarei
técnicas e estratégias orientadas por essas
evidências científicas, para criar filhos que
saibam lidar com as dificuldades, resolver
conflitos, desenvolver estratégias de
regulação emocional e ter mais inteligência
emocional. Tudo isso com menos confronto,
oposições e birras. Te ajudarei a ter um
ambiente de paz e amor dentro de casa.
Não eduque para o ontem ontem!
Desenvolva as habilidades que seu filho
realmente precisará no futuro! Aguardo
você na Imersão de Pais em setembro. As
vagas são limitadas. Fique de olho neste
grupo.
Com carinho, Márcia

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