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PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR

Unidade II
5 ELABORAÇÃO DE PROJETO SOCIAL: ALGUNS APONTAMENTOS

Projetos são ferramentas de ação que delimitam uma intervenção quanto aos objetivos, metas,
formas de atuação, prazos, responsabilidades e avaliação.

Já os projetos sociais, além dessas características, também são uma forma de organizar ações para
transformar determinada realidade social ou alguma instituição.

Nesse sentido, o projeto social é um conjunto de atividades temporárias, realizadas em grupo,


destinadas a produzir um produto, serviço ou resultado únicos.

É temporário no sentido de que tem um início e fim definidos no tempo, e, por isso, um escopo e
recursos definidos. É único no sentido de que não se trata de uma operação de rotina, mas um conjunto
específico de operações destinadas a atingir um objetivo em particular.

Um projeto social existe para provocar mudanças, ou seja, trazer uma contribuição real para uma
determinada comunidade, público alvo ou causa social. Dessa forma, na elaboração de um projeto social
é fundamental estabelecer os objetivos que se quer alcançar com o projeto. Essa definição de objetivos e
importante para não se desperdiçar tempo e recursos valiosos, itens raros na atual conjuntura econômica.

Dessa forma, o projeto é uma iniciativa com início e fim, necessitando de recursos próprios para
alcançar resultados específicos. No caso de projetos sociais, eles nascem para dar respostas aos
problemas e são responsáveis por alterar a realidade da organização, estruturando-a e promovendo
seu desenvolvimento.

Os projetos sociais também são utilizados para captação de recursos, uma vez que projetos bem
elaborados servem para que os financiadores possam visualizar melhor as intenções da organização.
Além disso, a partir da análise do projeto os avaliadores têm como saber em que os recursos serão
aplicados, que tipo de atividades serão realizadas e, principalmente, quais serão os impactos que surtirão
dentro da comunidade-alvo.

A seguir, elencamos algumas informações que são imprescindíveis em qualquer projeto e,


principalmente, num projeto social:

• Apresentação da organização: dados e histórico da entidade proponente, descrição dos projetos


já realizados e/ou em andamento, lista de parceiros e apoiadores.

• Resumo: feito depois do projeto finalizado. Deve conter as principais ideias da proposta.
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• Contextualização: análise da situação, histórico e situação socioeconômica da comunidade-alvo.


Utilização de dados estatísticos ou referenciais.

• Justificativa: o porquê de o projeto existir e deve ser aprovado, o nível de importância do projeto.

• Objetivos: geral e específicos; que estão ligados à justificativa e aos resultados desejados.

• Descrição do público-alvo: caracterização de quem será atendido pelo projeto direta e


indiretamente. Quantidade direta e indireta de beneficiários.

• Quadro de metas: relacionadas aos objetivos específicos, são as ações e os resultados que definirão
o impacto do projeto. Devem ser acompanhadas dos indicadores quantitativos e qualitativos.

• Metodologia: como o projeto será executado, quais modelos ou tecnologias sociais serão utilizados.
Como será monitorado e avaliado.

• Equipe Executora: (quem) a equipe profissional responsável pela execução e acompanhamento do


projeto e como essa equipe irá trabalhar.

• Parceiros: quem apoiará o projeto ou apoia a instituição.

• Cronograma de execução: ações dispostas em prazos numa linha do tempo.

• Orçamento: deve ser objetivo e claro, de acordo à disponibilidade do financiador.

• Anexos: relatórios, cartas de apoio, currículo dos profissionais e o que a organização achar
necessário para reforçar o projeto.

5.1 Ciclo de vida de um projeto

Como os projetos são empreendimentos únicos com data para início e término, durante sua execução
acontece o chamado ciclo de vida, que é formado por diversas fases que podem se repetir inúmeras
vezes durante cada etapa.

Assim, podemos descrever o ciclo de vida de um projeto da seguinte forma:

• Iniciação: é a fase na qual se define e autoriza um projeto ou uma fase de um projeto.

• Planejamento: fase onde ser define e/ou se refina os objetivos do projeto, e planeja os cursos de
ação necessários para atingir os objetivos e escopos previstos.

• Execução: integra recursos, à luz das restrições de tempo, escopo e recursos, para o cumprimento
do que foi planejado.

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• Monitoramento e controle: mede e monitora o progresso do projeto de forma a identificar


variações em relação ao planejado e proceder a correções, bem como para ajustar o planejado.

• Encerramento: formaliza a aceitação de um produto, serviço ou resultado, e conclui o projeto de


forma ordenada.

Para cada fase que compõe o ciclo são esperadas situações e acontecimentos. É por essa razão que
devemos dividir o projeto em fases que são devidamente separadas. Com essa divisão, torna-se mais
fácil obter uma gestão eficiente das ações. A divisão em fases também permite medir os esforços e
melhorar as condições para que o projeto atinja a sua finalidade inicial.

Lembrete

O Ciclo de Vida de um Projeto (Project Life Cycle) é o conjunto de fases


pelas quais um projeto passa, do início ao término.

5.2 Características de um projeto

Um projeto surge em resposta a um problema concreto. Portanto, elaborar um projeto é, antes


de mais nada, contribuir para a solução de problemas, transformando ideias em ações. Dessa forma,
podemos dizer que o projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou
resultado exclusivo.

Assim, podemos definir como principais características dos projetos as seguintes:

• São temporários, possuindo um início e um fim definidos.

• São planejados, executados e controlados.

• Entregam produtos, serviços ou resultados exclusivos.

• São desenvolvidos em etapas e continuam por incremento com uma elaboração progressiva.

• São realizados por pessoas.

• Contam com recursos limitados.

Nesse sentido, um bom projeto social deve ter:

• Mérito: importância para a sociedade.

• Impacto: provoca mudanças na sociedade.

• Ressonância: pode ser replicado.


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5.3 Construindo um projeto

Segundo uma definição das Organizações das Nações Unidas:

Projeto é um empreendimento planejado que consiste num conjunto de atividades inter-relacionadas


e coordenadas, com o fim de alcançar objetivos específicos dentro dos limites de tempo e de orçamento
dados (ELABORAÇÃO... 2009 apud ONU, 1984).

Saiba mais

Para aprofundar seus conhecimentos sobre o tema da elaboração de


projetos, leia:

ELABORAÇÃO de projetos: o que é e por que realizar? Instituto de


Desenvolvimento do Investimento Social. 2009. Disponível em: https://
www.idis.org.br/elaboracao-de-projetos-o-que-e-e-por-que-realizar/.
Acesso em: 30 jan. 2020.

Assim, para que possamos alcançar os pontos elencados nessa definição, a construção do projeto
social supõe dois grandes momentos: elaboração da realidade social em evidência e redação da proposta
construída a partir da elaboração.

Dessa forma, a construção de um projeto deve ter como fundamento as seguintes propostas:

• Caracterização da situação.

• Definição de objetivos.

• Construção de um plano de ação.

• Formação de uma equipe.

• Desenho de um plano de avaliação.

• Elaboração de um orçamento.

• Produção de um documento.

O processo de elaboração do projeto social deve ser conter muitas reflexões e análises, sendo
fundamental avaliar a conjuntura e a realidade em que o projeto está inserido. Nesse processo, devem
ser identificadas as ameaças e oportunidades para a implementação da proposta.

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Por esses motivos, a equipe envolvida no processo de elaboração do projeto deve dedicar tempo para
realizar um bom diagnóstico sobre o contexto e a problemática que pretende enfrentar, analisando o
seu potencial.

Outro ponto fundamental na elaboração dos projetos sociais é a do envolvimento de todas as pessoas
interessadas no projeto, permitindo que elas participem diretamente na fase de elaboração, com visão
ampla e criatividade na busca de viabilidade.

5.4 Objetivo geral: missão do projeto

Todo projeto precisa ter metas e objetivos a serem atingidos, ao longo do horizonte de tempo de sua
execução. Os objetivos são os propósitos ou alvos que se pretende atingir, ou seja tudo aquilo que se
deseja alcançar através de uma ação clara e explícita.

Deve uma forma geral, um objetivo deve ser:

• Verificável: a consecução do objetivo deve ser passível de comprovação.

• Alcançável: o objetivo deve indicar uma situação possível de ser concretizada.

• Realista: a avaliação das condições para realização do objetivo deve ser realista.

• Específico: o objetivo deve ser claro, bem definido e compreensível para terceiros.

• Adaptado ao tempo: o objetivo deve poder ser alcançado no tempo previsto.

Quando tratamos do objetivo geral, estamos nos referindo ao objetivo maior que o projeto pretende
alcançar. O objetivo geral é abstrato, pois está relacionado com o que se pretende mudar com o projeto
a longo prazo. Assim, o projeto contribui, mas não consegue atingi-lo integralmente.

Por esse motivo, o objetivo geral não deve conter números ou descrição de atividades, pois ele é
alcançado através dos objetivos específicos.

Na definição do objetivo geral, é importante explicitar o que a organização deseja realizar com o
projeto, que mudanças se quer alcançar, que diferença o projeto pretende fazer, pois o objetivo geral é
a afirmação capaz de demonstrar a transformação que o projeto pretende alcançar.

Como o objetivo geral expressa a intenção de atingir um determinado fim ou uma mudança
numa determinada situação social, não deve ser quantificado e nem mesmo expressar a forma
como se trabalhará.

A partir desses pressupostos, o objetivo geral surge como outra face do problema central,
apresentando-se como solução, que deve ser definido numa frase curta, que descreva, de forma clara e
precisa, a situação desejada ao finalizar o projeto.
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5.5 Objetivos específicos: estratégias que serão utilizadas pelo projeto

Já os objetivos específicos são concretos e mensuráveis. Porém, devem ser limitados ao tempo e à
região de abrangência do projeto. Eles são atingidos por meio das atividades do projeto.

Para facilitar a sua elaboração, utiliza-se de palavras chaves como: promover, apoiar, atingir,
implementar, fortalecer, conscientizar.

Podemos utilizar como um exemplo de um objetivo específico a seguinte proposta: estimular a


participação dos jovens na revitalização de espaços públicos.

Assim, podemos definir os objetivos específicos como os passos estratégicos para que o objetivo
geral possa ser alcançado, isto é, eles são capazes de mostrar as estratégias que serão utilizadas
pelo projeto.

Os objetivos específicos são as respostas desejadas e devem prever resultados quantificáveis.

Porém, deve-se tomar muito cuidado para que o projeto não apresente objetivos frágeis, confusos
e contraditórios. Por esse motivo, é importante ser claro e explicitar, também, os números que se
pretende alcançar.

5.6 Metas

As metas são os compromissos expressos em termos de um objeto a ser realizado, em certa quantidade
e em determinado período de tempo. São sempre resultados previstos e desejáveis, jamais imprevistos
e/ou indesejáveis.

Por esse motivo, podemos definir as metas como a quantificação e temporização dos objetivos do
projeto. Assim, a cada atividade ou ação definida para atingir os objetivos específicos corresponde uma
meta, que é expressa em quantidade, preferencialmente.

As metas que não puderem ser expressas quantitativamente, serão expressas qualitativamente,
indicando um estado que se pretende atingir. Devem ser precisas e claras, expressas por verbos do
infinitivo, e conter as informações necessárias.

Como a definição das metas deve ter redação clara e ser mensurável, podemos utilizar verbos como:
aumentar, diminuir, reduzir, manter, atingir, alcançar, ter e obter.

A utilização desses verbos são importantes, pois espelham os resultados quantificados que deverão
ser atingidos dentro de um período de tempo previamente estabelecido, ou seja, expressa resultado e
define prazo.

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5.7 Resultados e impacto

Em se tratando de projetos sociais, os resultados esperados são os benefícios gerados ao público-alvo


através das atividades realizadas, ou seja, são as transformações decorrentes da realização do projeto e,
por isso, devem estar associados aos objetivos específicos.

Os resultados esperados são a forma concreta em que se espera alcançar os objetivos específicos.
Portanto deve existir uma correspondência muito estreita entre eles.

Já o impacto produzido pelo projeto social, tem relação com a diferença provocada pelo projeto nos
problemas originais. O impacto social é o nível mais alto desejado, relacionado com as transformações
e a sustentabilidade. Por isso, está relacionado com o objetivo geral.

Assim, o impacto se relaciona com as mudanças em outras áreas não diretamente trabalhadas
pelo projeto (temas, aspectos, públicos, localidades, organizações etc.), em virtude de seus resultados,
demonstrando seu poder de influência e irradiação.

Já o impacto produzido pelo projeto social, tem relação com a diferença provocada pelo projeto nos
problemas originais. O impacto social é o nível mais alto desejado, relacionado com as transformações
e a sustentabilidade. Por isso, está relacionado com o objetivo geral.

Impacto diz respeito às mudanças em outras áreas não diretamente trabalhadas pelo projeto (temas,
aspectos, públicos, localidades, organizações etc.), em virtude de seus resultados, demonstrando seu
poder de influência e irradiação.

Observação

Os resultados são uma das etapas dos projetos sociais que mais requerem
atenção. Quando elaboramos e implementamos um projeto eles precisam
estar descritos, pois servem para mostrar ao financiador que o projeto é
capaz de gerar resultados.

5.8 Por que avaliar e monitorar?

Quando se trata de fazer a avaliação de resultados, ela é uma fase realizada depois que o projeto
se encerrou. O objetivo da avaliação é tentar descobrir quais mudanças o projeto provocou e também
o que é preciso alterar para fazer melhor da próxima vez, pois todo investimento social precisa ter
o foco na transformação social de uma realidade como resultado da aprendizagem proposta pelo
projeto social.

O fato de se avaliar e monitorar um projeto social, facilita no momento de prestar contas aos
financiadores e ajuda os participantes a aprender com a experiência.

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Além disso, é importante para dar destaque a situações e processos que mobilizem outros atores em
seu enfrentamento e para uma maior clareza sobre as dimensões dos propósitos anteriores.

Segundo definição das Organização das Nações Unidas, a avaliação é um processo orientado a
determinar a pertinência e impacto de todas as atividades, a luz de seus objetivos.

Nesse sentido, trata-se de um processo para melhorar as atividades ainda em marcha e ajudar os
gestores e equipes no planejamento, programação e futuras tomadas de decisões.

Um processo de avaliação produz resultados dentro da organização, pois pode alcançar os


seguintes objetivos:

• Alinha a equipe em termo de concepções, objetivos e foco.

• Provoca novas descobertas.

• Suscita reflexões e aprendizagens.

• Aprimora a prática educativa.

• Gera clareza dos resultados.

• Motiva os educadores/as e demais envolvidos.

• Organiza os resultados.

Em se tratando de aspectos externos da organização, a avaliação pode atingir os seguintes propósitos:

• Suscita a disseminação dos resultados.

• Gera reconhecimento do trabalho da organização.

• Inspira outras organizações.

• Facilita a articulação e mobilização de recursos.

• Fortalece a área social.

• Contribui para influenciar políticas públicas.

5.9 Passos da avaliação

Para que se possa fazer uma avaliação do projeto social é necessária a identificação dos atores para
formulação de indicadores.
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Indicadores são instrumentos de mensuração, que podem estar associados a metas ou não. Dessa
forma, uma maneira de avaliar se os objetivos estabelecidos estão sendo ou foram alcançados é por
meio da construção de indicadores.

Um indicador é uma informação concreta que nos permite avaliar “onde chegamos”, com relação
aos objetivos estabelecidos. Porém, para avaliar “onde chegamos” é necessário conhecer bem “de onde
partimos”, ou seja, precisamos ter o diagnóstico inicial (marco zero do projeto).

Para o indicador fornecer uma informação concreta, ele deve estar profundamente relacionado
ao objetivo que está medindo, ou seja, precisa ser coerente. Seguindo essa regra, os indicadores
nos permitem medir desde os objetivos específicos de um projeto social até objetivos mais amplos
relacionados a políticas públicas.

Além disso, é necessário:

• Definir propósitos e focos.

• Definir as informações necessárias.

• Eleger o grau de precisão das informações.

• Escolher o tipo de indicador.

• Escolher fontes.

Exemplo da aplicação dos indicadores na avaliação de um objetivo específico: “Estimular a


participação dos jovens na revitalização de espaços públicos”. Indicadores que poderão ser utilizados:

• Número de jovens presentes no projeto.

• Grau de participação dos jovens.

• Grau de apropriação dos espaços públicos pelos jovens.

• Número de espaços públicos revitalizados.

• Estágio de revitalização das áreas.

Os indicadores podem ser quantitativos ou qualitativos. Nos indicadores quantitativos os números


falam por si, por exemplo: Qual a porcentagem de jovens aprendizes contratados pelas empresas no
final do período de aprendizagem?

Já os indicadores qualitativos são fundamentais nos projetos sociais, uma vez que os objetivos são
abrangentes e difíceis de serem medidos só pelos indicadores quantitativos, por exemplo: Como medir
também autoestima, autonomia e mudança de hábito, tão citadas nos objetivos dos projetos sociais?
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Assim, uma forma de construir indicadores qualitativos é por meio da identificação de pistas.

Pista é tudo aquilo que conseguimos perceber no dia a dia e que permite visualizar o alcance dos
objetivos. Portanto, uma forma de saber em que medida os jovens estão participando da revitalização
de espaços públicos é por meio do levantamento de pistas.

É importante observar que as escalas numéricas dos indicadores quantitativos são compreendidas
por todos. Já as escalas construídas por meio de pistas só serão compreendidas por todos se forem
definidas em conjunto e realinhadas sempre. É importante que as pistas sejam claras e não deem
margem a dupla interpretação.

5.10 A importância da gestão no desenvolvimento do projeto social no


Terceiro Setor

Como analisamos no item anterior, o Terceiro Setor sofreu consideráveis alterações, principalmente
a partir da década de 1990. Com a entrada mais enfática das empresas nesse contexto, surgiu a
necessidade de uma melhor gestão que atenda as exigências tanto do setor público, como do privado.

Sendo assim, apresentaremos a seguir alguns aspectos fundamentais para a elaboração e


desenvolvimento de um projeto social a partir das contribuições de Kisil (2001). No entanto, longe de
se constituir um manual de como elaborar um projeto social, visamos apresentar alguns elementos
importantes para a concretização de um projeto social de qualidade.

Kisil (2001) apresenta as etapas básicas da elaboração de projetos:

Etapa I – A definição do projeto: o que queremos fazer?

A escolha do público alvo, seus problemas e necessidades e a definição da missão do projeto.


Definição dos objetivos de resultados e de alguns princípios de trabalho.

Público-alvo: conjunto de problemas afetando determinado grupo de pessoas em determinado


lugar e em determinado tempo. Uma conjuntura a ser descrita: esse é o coração do projeto.

É o momento oportuno para olhar os problemas do público que se quer atingir, selecionar as melhores
informações que dão contexto para o serviço que sua organização quer prestar à sociedade.

Questões que podem nortear a elaboração deste item:

Que problemas são identificados? Quem sofre esses problemas? Onde moram essas pessoas?

• Que necessidades se originam desses problemas?

• Quais são aquelas necessidades que a instituição pode satisfazer? De todos os envolvidos nos
problemas, quais são as pessoas que serão tidas como alvo?
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Dica importante: use fatos para apoiar seus argumentos. Estatísticas, histórias verídicas, depoimentos,
dados comparativos, fotos ou documentários da imprensa. Não se baseie em impressões, opiniões ou
premissas não documentadas.

Missão: deve responder às seguintes perguntas: qual é o impacto do projeto no público‑alvo escolhido?
Que efeito se quer ver sobre as necessidades das pessoas que se escolheu como alvo dos trabalhos?

Kisil (2001) pontua que alguns chamam o que seria missão de objetivo geral, aquele que é alcançado
apenas em longo prazo e muitas vezes não é mensurável. Americanos também costumam chamá‑la de
goal (meta); no entanto, o importante mesmo é ter clara a essência: a declaração consciente sobre a
escolha de público e sobre o resultado último do projeto nele.

Outro aspecto destacado pela autora é que uma declaração de missão bem‑feita contribui muito na
definição do projeto inteiro. Alguns autores defendem que a missão se declara ao final da elaboração
do projeto. Porém, da maneira como se constrói a missão, é impossível não começar por ela, dado
que é nela que se elege o foco das necessidades a ser atendidas, além da abrangência geográfica e
populacional. Saber qual é a missão do projeto ajuda a fazer escolhas futuras.

Mapa do contexto: analisar o conjunto de coisas e pessoas que cercam e influenciam o alvo a ser
tratado ajuda muito. Analisar cada agente relacionado ao problema central e descobrir seu grau de
envolvimento com ele, planejando estratégias que incluam este ou aquele seguimento.

Horizonte do projeto: é o seu tempo de duração total. Dentro do horizonte do projeto podem ser
fixadas datas chaves, que marcam ciclos de funcionamento, como fases da evolução dos trabalhos e
resultados alcançados.

As mudanças que o projeto desencadeia estão descritas nos objetivos, são resultados concretos que
surgem como consequência, após certo ciclo de funcionamento. Para bem formular objetivos, há que se
conseguir responder às seguintes perguntas:

• Quais as mudanças espero ver nas pessoas‑alvo?

• Quando será essa mudança?

• Quando posso esperar que ocorram?

Objetivo do projeto: dever ser mensurável, atingível num tempo ilimitado e relacionado às
necessidades do público‑alvo. Os objetivos descrevem resultados concretos, mensuráveis, e não serviços
e atividades.

Princípios de trabalho: também chamado de “ideário do projeto”, reúne os valores de referência


para o grupo de trabalho. São critérios que o grupo vai descobrindo a partir das discussões que ocorrem
no processo de elaboração do projeto. Coletando esses valores à medida que vão aparecendo, o grupo
constrói uma lista de acordos, que expressam a maneira de trabalhar daquele projeto de questão.
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Etapa II – O plano de trabalho: como vamos agir?

O plano de trabalho, com linhas de ação e atividades dispostas no tempo, inclui a definição de papéis
e responsabilidades das pessoas envolvidas.

Serviços: servem a um determinado fim, público‑alvo e necessidades sociais. Nele descreve‑se como
atuar diretamente no ambiente em questão: métodos de trabalho, atividades, etapas de realização e
técnicas utilizadas.

Dever responder a duas simples perguntas:

• Isso descreve realmente o que fazer?

• A que objetivo de resultado está relacionado o serviço que estou propondo?

Procedimentos: são os passos que serão dados e que, no conjunto, mostram o caminho escolhido
para alcançar os resultados. Para cada serviço que se propõe realizar, deve‑se ter um conjunto de
procedimentos de trabalho.

Um procedimento é composto de ações no tempo e no espaço, e atividades detalhadas para cada


ação e pessoas.

Em outras palavras:

• Como?

• Onde?

• Quando?

• Quem?

Métodos de trabalho: é importante descrever como será feito o trabalho. Não é só o quê vai ser
feito, mas como será feito.

Cronograma de atividades: distribuir as atividades no tempo, ao longo do horizonte do projeto, é


fazer uma previsão. Ainda que previsões guardem uma margem de erro, certa flexibilidade para mais ou
para menos, um cronograma feito com seriedade nos traz muitos benefícios concretos.

Abrangência social e geográfica: nesse conceito de abrangência entram dois elementos:

• o espaço físico, que indica onde estarão sendo desenvolvidas as atividades, com a descrição das bases
operacionais do projeto (unidades de atendimento, escritórios), seu tamanho e localização geográfica.

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• a abrangência populacional, que indica o número e a localização das pessoas que estão sendo
atingidas pelo serviço.

Etapa III – O andamento do projeto: como vamos avaliar, tirar conclusões e disseminar resultados?

Aborda o acompanhamento constante do projeto, a busca de conclusões parciais e finais e a


disseminação para a sociedade.

Kisil (2001) pontua que todos os projetos devem acompanhar o desenvolvimento de suas atividades
por meio de um sistema de acompanhamento e avaliação. Esse acompanhamento é também chamado
de “monitoramento”, sendo comum a utilização deste termo no contexto da avaliação.

Monitoramento e a avaliação: são componentes do plano de trabalho, pois envolvem gasto de


tempo e dinheiro, cuja previsão deve constar no orçamento.

Avaliar significa estar consciente de que o plano de trabalho é um


planejamento que não garante, por si, a eficácia do projeto. Tem de ser
acompanhado de perto, visto sob diversos ângulos, melhorado enquanto
é executado. Conduz‑nos a prestar atenção se os objetivos estão sendo
alcançados e, principalmente, compreender a evolução dos trabalhos:
conhecer riscos que antes não apareciam, apreciar pontos fortes, corrigir
erros, compreender ciclos de funcionamento (KISIL, 2001, p. 43).

Ou seja, o monitoramento e a avaliação são fundamentais para o êxito do projeto, evitando que o
resultado negativo de determinadas ações só apareçam no final de sua execução.

Tipos de avaliação

Avaliação permanente ou de processo ou monitoramento: é o acompanhamento constante dos


trabalhos em períodos curtos (mensalmente, por exemplo) a tempo de propor soluções alternativas aos
problemas que vão surgindo.

Avaliação periódica de resultados: é aquela que se realiza na conclusão de determinadas


fases. Mede as consequências previstas nos objetivos e também aponta para os resultados que
não haviam sido previstos, mas que acontecem durante o projeto. São resultados parciais, não finais.

Avaliação final ou de impacto: é aquela que acontece algum tempo após o término do
projeto, quando as atividades foram concluídas. Mede os resultados de longo prazo que atingiram a
população‑alvo e a sociedade.

Quem avalia? Depende de uma decisão interna ao projeto, mas podem‑se ver várias alternativas:

Avaliação interna: ocorre quando se encarrega o pessoal da própria equipe do projeto de fazer a
função de avaliadores.
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Avaliação externa: ocorre quando se encarrega o pessoal externo à equipe do projeto de exercer o
papel de avaliadores especializados (geralmente consultoria contratada).

Avaliação mista: ocorre quando há uma conjugação das duas primeiras, em que as duas equipes
(interna e externa) trabalham juntas para alcançar um produto de melhor qualidade.

Indicadores e medidas de resultados: para poder medir resultados, antes de tudo, é preciso
estabelecer, para cada objetivo, um ou mais indicadores, uma medida que indique se o objetivo foi total
ou parcialmente alcançado. São sintomas, sinais que mostram se houve sucesso ou fracasso.

Indicadores objetivos e quantitativos: são aqueles que podem objetivamente medir um resultado:
número de alunos, números de ocorrências policiais, número de crianças desnutridas, renda anual dos
agricultores etc.

Kisil (2001) destaca que em algumas situações os indicadores não são objetivos, mas sim subjetivos. Isso
quer dizer que, mesmo se não for possível medir em números, pode‑se medir a qualidade do resultado.

Indicadores subjetivos e qualitativos: são aqueles que expressam resultados subjetivos, ou seja,
que são sentidos por julgamentos individuais, e variam de pessoa para pessoa.

Métodos quantitativos e métodos qualitativos: como decidir entre um e outro?

Há alguns sinais que apontam para o uso de quantificação: resultados numéricos expressos nos
objetivos do projeto; a possibilidade de haver relações numéricas entre causa dos problemas e efeitos
dos serviços.

Há também sinais que apontam para o uso de medidas qualitativas: a necessidade de haver contato
direto com os envolvidos nas ações para captar os efeitos do projeto: entrevistas, observações de campo
etc; a constatação de aspectos intangíveis: a compreensão do público, a satisfação, as opiniões, o stress,
o empenho, a responsabilidade e iniciativa individual.

Marco zero: é o registro dos números iniciais do projeto. É como uma fotografia tirada no momento
em que se começa um projeto, para depois ser comparada com o momento final e ver o que mudou ou
não mudou.

Os dados coletados na avaliação de processo ou na avaliação final (impacto) não fazem


nenhum sentido se não forem classificados dentro de parâmetros de julgamento, que são os
padrões desejados. Então, é necessário referências do que seria o ideal, para ter como posicionar
os resultados parciais e finais.

Relatórios: servem para disseminar e para monitorar o projeto, dependendo de seu teor e época.
Para Kisil (2001),

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[...] desenvolver um sistema de relatórios é importante para compartilhar


resultados com todos os envolvidos, pois é assim que se aprende com os erros
e se corrigem os desvios de curso. Relatórios registram informações. Devem
ser práticos e de fácil compreensão. [...] Cumprindo seu papel de ferramentas
da gestão do projeto, relatórios incluem atualizações financeiras, resultados
parciais ou finais do plano de trabalho, conclusões das avaliações e também
informações esparsas subjetivas, em que o(s) relato(s) faz(em) um apanhado
geral da situação (p. 44).

Divulgação e comunicação: para disseminar um projeto, deve‑se ter em mente uma estratégia
de comunicação. Existem técnicas apropriadas e “dicas” básicas que podem facilitar e melhorar essas
tarefas: os meios devem ser escolhidos com racionalidade e o custo, orçado com cuidado.

Etapa VI – O orçamento: quanto vai custar tudo isso?

Elaboração do orçamento do projeto, com uma análise sobre os valores financeiros.

Descrição dos recursos necessários para todo o horizonte do projeto, classificando‑se em categorias
de uso e origem. Com essas informações bem claras, podemos estimar quanto dinheiro é preciso, de
onde ele virá e como será gasto ao longo do tempo.

Recursos: são todos os bens, insumos e serviços utilizados na realização nas atividades do
projeto. Equipamento, suprimentos, aluguel, mobília e etc., enfim tudo o que o projeto vai usar no seu
desenvolvimento.

Custos diretos: são os custos dos recursos que estão diretamente relacionados às atividades do
projeto, indispensáveis e exclusivos para a realização dos trabalhos.

Custos indiretos: são custos dos recursos compartilhados entre as várias atividades ou vários projetos
da organização. Geralmente os financiadores orientam os solicitantes para estimar essas despesas como
uma porcentagem dos custos diretos.

Recursos humanos: agrega, basicamente, três tipos de gastos:

• Pessoal permanente: pessoas que estão comprometidas com a execução do projeto até o seu final.

• Treinamento e capacitação: cursos, estágios, viagens etc.

• Consultorias: ajuda externa de profissionais especializados.

Investimentos: são aquisições de bens permanentes que servirão para gerar outros bens e/ou
serviços: equipamentos, reformas ou construções de instalações etc.

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Despesas operacionais: são gastos previsíveis e contínuos que precisam acontecer para que o
trabalho funcione sem interrupções. Essas despesas estão implícitas em qualquer atividade que
pressuponha o uso de máquinas ou material de consumo ou qualquer outro que se configure como um
gasto previsível.

Orçamento: é o planejamento financeiro do seu projeto. É uma estimativa que expressa em


dinheiro o desenvolvimento das atividades. O orçamento do projeto inclui todos os recursos e seus
respectivos valores em moeda corrente. São todos os recursos, inclusive os que não foram ou não
irão ser comprados com dinheiro, como doações em espécie; funcionários voluntários também
entram no quadro orçamentário, já que pagam o custo de algum recurso necessário para o projeto
(KISIL, 2001).

Para finalizarmos essa reflexão, apresentaremos quatro elementos fundamentais para a elaboração
de projetos levantados por Kisil (2001):

• Liderança: o líder torna o processo descentralizado, deve estar atento às lacunas, tanto de prática
como de conteúdo, bem como às escolhas que o grupo faz como instituição responsável. O líder
gera outros líderes, que conduzem por si ações específicas com as quais têm afinidade.

• Competência técnica: não adianta ser altamente participativo e entusiasmado; é preciso ser
competente. Para escrever um projeto, é fundamental o envolvimento de pessoas com competência
técnica.

• Criatividade: se a idealização do projeto for pobre, o projeto ficará sempre aquém das reais
possibilidades que teria. A hora de elaborar projetos é a hora de derrubar limites de formulários
pré‑moldados, romper fronteiras, ousar, imaginar resultados audaciosos.

• Comprometimento: o grupo de criatividade para o trabalho é feito de pessoas livres e ao mesmo


tempo comprometidas com a missão coletiva. Quando se está comprometido, se aceitam riscos
e exposições.

“As organizações não lucrativas estão – é evidente – ainda dedicadas a ‘fazer o bem’. Mas já verificaram
que as boas intenções não podem substituir a gestão e a liderança, a responsabilidade, o desempenho e
os resultados” (DRUCKER, 1997 apud SILVA, 2010).

Observação

O tema gerenciamento está passando por um momento de enorme


crescimento. Em especial, em projetos inovadores e complexos para os
quais é recomendável que se adote uma metodologia formal de gestão.

84
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR

6 ELABORAÇÃO DE PROJETO A PARTIR DE EDITAIS DE PATROCÍNIOS

Um dos grandes desafios que as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) enfrentam atualmente é
a capacidade de elaborar seus projetos com qualidade, de forma a alcançar seus objetivos de serem
contemplados por editais de patrocínio financeiro e/ou institucional.

Uma elaboração eficiente garante não apenas a formação de parcerias estratégicas, mas também a
possibilidade de execução e expansão de suas ações e atividades nas comunidades.

A elaboração de bons projetos possibilita estabelecer parcerias financeiras e institucionais importantes para
a realização das atividades da sua organização. Saber como elaborar e redigir cada etapa do projeto, bem como
entender o que cada edital de patrocínio pede, é de extrema importância para se obter sucesso com a proposta.

6.1 O edital

Quem está interessado em participar de editais e concursos tem que saber as regras do jogo. E
todas elas estão descritas no edital. Por isso, é de fundamental importância que o interessado leia o
regulamento várias vezes, antes e durante a preparação do projeto, até a última etapa do processo.

O proponente deve seguir, rigorosamente, as instruções previstas no edital. A não observância de


quaisquer de suas disposições poderá levar à desclassificação do projeto.

6.2 Instruções que constam na maioria do editais

• Alinhamento às diretrizes: alinhamento aos objetivos e ao foco do investimento social do


possível financiador.
• Relevância social: apresenta diagnóstico social que justifique a sua atuação e o grau de importância
e abrangência em relação ao atendimento das necessidades e prioridades da comunidade para a
inclusão social.
• Viabilidade: dispõe de equipe técnica, capacidade operacional e institucional viáveis em relação
ao objetivo proposto, contando com outros recursos financeiros próprios ou de parceiros.
• Potencial de continuidade: contar com parcerias de outros setores/empresas ou desenvolver
alternativas para a manutenção/continuidade do projeto.
• Interação com políticas públicas: atende a uma agenda local, regional ou nacional.
• Avaliação de processos e resultados: apresenta indicadores para o monitoramento e a avaliação
do processo e dos resultados.
• Comunicação: prevê um plano de comunicação que inclui como contrapartida a divulgação da
marca da proponente.
• Oportunidades para o voluntariado: oferece oportunidades para atuação de voluntários.

85
Unidade II

6.3 Definição de projetos sociais

Como já vimos anteriormente, segundo a definição da ONU, um projeto é um empreendimento


planejado que consiste num conjunto de atividades inter-relacionadas e coordenadas, com o fim de
alcançar objetivos específicos dentro dos limites de tempo e de orçamento previamente dados.

Assim, podemos definir um projeto social como um grupo de atividades previamente planejadas para
mudar uma situação social num determinado período de tempo e dentro do limite de um orçamento.
Sendo que um projeto social geralmente nasce do desejo de mudar a realidade de um determinado
grupo de pessoas. Para que seja um bom projeto é necessário pesquisar previamente sobre esse
contexto, fazendo o levantamento dos dados necessários para construir e justificar o projeto. Além disso, será
fundamental o empoderamento das pessoas que o projeto pretende beneficiar, contando com sua participação
e envolvimento em todas as fases do projeto, como forma de garantir a sua sustentabilidade.

No desenvolvimento dos projetos sociais são fundamentais que sejam claros os objetivos – gerais
e específicos –, também é fundamental especificar os recursos, declarar parcerias e demonstrar como
serão analisados os resultados.

Um bom projeto tem de se mostrar capaz de comunicar todas as informações necessárias num
documento escrito, e é por isso que existem elementos básicos que compõem sua apresentação. Se seu
projeto se transformar numa proposta de financiamento e esta for aprovada por algum financiador,
significa que ele compreendeu o programa de trabalho que sua organização pretende realizar, percebeu
sua importância e as possibilidades de êxito. Em outras palavras, há credibilidade quanto aos objetivos
de sua instituição e há chances de sucesso.

6.4 Dicas importante para a elaboração de um projeto social para participar


de editais

• Leia o edital: é importante adequar o seu projeto às exigências de cada edital, pois estão diretamente
alinhadas aos princípios da empresa ou órgão financiador, e, por isso, variam consideravelmente
de um edital para outro. Assim sendo, a comissão avaliadora estará atenta à identificação desses
pontos previamente esclarecidos no texto do edital. Portanto, seja estratégico e leia-o várias
vezes, para evitar que o seu projeto seja desclassificado.

• Cuide a redação: seja claro, direto, conciso. Em um projeto não há nada que não possa ser
explicado em poucos parágrafos. Evite redundâncias, ou seja, dizer a mesma coisa de modos
diferentes várias vezes. Tome cuidado para não usar termos incompreensíveis, gírias ou palavras
que nada dizem.

• Certifique-se de que a sua proposta seja realista e sustentável: lembre-se de que os recursos
para a implementação do projeto são limitados (tempo, dinheiro, pessoal etc.). Evite apresentar
o que você gostaria de mudar e mantenha-se fiel ao que é possível ser mudado. Além disso, é
fundamental que o projeto resulte em mudanças sustentáveis ao longo do tempo mesmo com a
ausência do patrocínio.
86
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR

• Assegure a participação da comunidade: envolver a comunidade no projeto significa dar voz


às pessoas que trazem a necessidade que o projeto busca atender. Nesse sentido, ela confere
legitimidade ao projeto, ao mesmo tempo em que é uma forma de apoiar o desenvolvimento
dessas pessoas.

6.5 Sugestões para a apresentação do projeto

• Nome do projeto: o título do seu projeto deve resumir, de forma original, a essência da sua
proposta. Isso não será importante somente para o possível apoiador, mas para todos os envolvidos
e a sociedade em geral.

• Nome da organização: qual o nome da organização que irá apresentar o projeto?

• Apresentação da organização proponente: neste item, estruture as informações sobre a sua


organização, de modo que o possível financiador possa conhecer sua história e compreender que
fatores o levam a escrever essa proposta. Seja breve.

Veja algumas dicas:

• Data de fundação da sua organização.

• Missão da sua organização.

• Principais objetivos.

• Parceiros.

• Experiências anteriores.

Apresentação do projeto

A apresentação é a descrição da proposta do seu projeto. Seja claro e objetivo, incluindo apenas as
informações essenciais ao entendimento do projeto. É extremamente importante que você produza um
texto que traga aspectos relacionados às perguntas que apresentamos ao longo do roteiro.

Veja algumas dicas:

• Qual é a área de atuação do projeto?

• O que está sendo solicitado para o possível financiador? Qual é o valor do investimento solicitado?

• Qual é o principal problema que o projeto pretende enfrentar?

• Quem serão as pessoas atendidas pelo projeto? É preciso quantificar.


87
Unidade II

• Qual é a área geográfica de abrangência?

• Quantas pessoas da organização proponente irão participar do projeto?

• Quais são as principais ações previstas?

• Que resultados você espera alcançar? Em quanto tempo?

Justificativa do projeto

Neste item, você deve responder às questões: por que e para que executar o projeto?

Para isso, é necessária a existência de um diagnóstico. Ou seja, é preciso mostrar a situação atual
do problema é o diagnóstico do que o projeto se propõe a solucionar. Apresentando a descrição dos
antecedentes do problema, as potencialidades e deficiências da entidade frente à situação, e os dados
sobre a realidade da comunidade onde está inserida.

Objetivo geral

O objetivo geral deve descrever o que sua organização deseja realizar com o projeto, quais mudanças
se quer alcançar, que diferença o projeto quer fazer. Lembramos que o objetivo geral é a afirmação capaz
de demonstrar as transformações sociais que o projeto pretende alcançar. Ele deve ser capaz de sinalizar
as mudanças mais profundas que poderão ser alcançadas pelo projeto a médio e longo prazos. Portanto,
deve focar no projeto, no problema ou na situação identificada que deve ser resolvida.

Objetivos específicos

Estes objetivos são as estratégias ou ações para atingir o objetivo geral. Portanto, devem estar
necessariamente vinculados ao objetivo geral. Deve conter a visão de como você gostaria que tal situação
fosse e de como você vai conseguir mudá-la. Dito de outra maneira, os objetivos específicos são as
estratégias ou ações para atingir o objetivo geral. O objetivo geral exige complementos que o tornem
mais concreto e compreendido para quem o lê. Para isso existem os objetivos específicos. Eles devem
ser capazes de demonstrar aspectos mais concretos, mostrar números e ações que estejam convergindo
para alcançar o objetivo geral. Os objetivos específicos são passos estratégicos para que o objetivo geral
possa ser alcançado, isto é, eles são capazes de mostrar as estratégias que serão utilizadas pelo projeto.

Metodologia de trabalho

Todos os objetivos que foram definidos têm que ter seus respectivos procedimentos de trabalho.
O ideal é verificar se para cada objetivo há um procedimento claro. A metodologia deve descrever as
formas e técnicas que serão utilizadas para executar as atividades previstas, devendo explicar passo a
passo a realização de cada atividade e não apenas repetir as atividades.

88
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR

A metodologia deve responder às seguintes questões:

• Como o projeto vai atingir seus objetivos?

• Como começarão as atividades?

• Como serão coordenadas e gerenciadas as atividades?

• Como e em que momentos haverá a participação e envolvimento direto do grupo social?

• Quais são as tarefas que cabem à organização?

• Como, quando e por quem serão feitas as avaliações intermediárias sobre o andamento do projeto?

• Como e em que momentos haverá a participação e o envolvimento direto do grupo social?

• Quais são as tarefas que cabem à organização e ao grupo social?

• Quais são as atividades de capacitação e treinamento? Seus conteúdos programáticos e


beneficiários?

• Na disposição dos resultados, o que será objeto de divulgação, quais serão os tipos de atividades,
a abrangência e o público alvo.

Avaliação de acompanhamento do processo

Este item do projeto relaciona-se ao acompanhamento das atividades do projeto ao longo do tempo,
ou seja, a ideia é colocar neste item, como a organização vai acompanhar e avaliar a forma como o
projeto está sendo executado e se está sendo executado conforme estava previsto.

Perguntas para reflexão:

• Como vamos acompanhar a evolução do nosso trabalho e as atividades previstas?

• Quando isso será feito? Por quem?

• Como saberemos se nosso projeto está fazendo a diferença na realidade?

• Como vamos medir os resultados que queremos alcançar?

• O que podemos aprender com a nossa experiência?

O que não é medido não pode ser gerenciado, logo, você só pode saber, com certeza, se atingiu
determinado resultado, a partir do momento que possui um indicador para medir esse resultado.
89
Unidade II

Monitoramento significa acompanhar os custos e conferir sistematicamente todas as atividades do


projeto, além de permitir a avaliação. Como uma ligação direta entre o planejamento e o controle,
as funções de monitoramento e avaliação fornecem informações para a equipe do projeto poder
tomar decisões.

O monitoramento deve ser elaborado para fornecer informações a todos os níveis gerenciais e
deve ser consistente com a lógica do sistema de planejamento, organização e direção do projeto. O
monitoramento possibilita fazer ajustes no projeto quando necessário.

Os indicadores são medidas numéricas para conhecer em que medida os objetivos do seu projeto estão
ou não sendo alcançados, dentro de um prazo delimitado e numa localidade específica. Devem ser de
entendimento simples e de fácil construção, e também devem guardar relação direta com os objetivos e ser
consistentes com os dados. Não adianta criar indicadores que não vamos conseguir mensurar.

Para simplificar o trabalho, vamos esclarecer os tipos de informação que devem ser utilizadas para a
avaliação do seu projeto. A dificuldade e a preocupação por “medir resultados” geralmente acontecem
porque a organização não sabe exatamente o que medir. Assim, no item avaliação de acompanhamento
do processo, defina os indicadores necessários, que se relacionem com as atividades do projeto ao longo
do tempo.

Confira alguns exemplos:

• Qualidade das atividades do projeto.

• Motivação dos participantes.

• Percepção sobre o projeto.

• Desempenho dos profissionais.

• Progresso dos participantes.

Avaliação de resultados/impactos

Para cada objetivo específico enunciado, identifique os indicadores quantitativos e qualitativos dos
resultados esperados, assim como os meios de verificação. Que transformações o projeto irá gerar na
comunidade? Quais as transformações sociais geradas pelas atividades?

É por meio da avaliação que conseguimos identificar problemas e pensar em soluções. Veja a seguir
alguns pontos importantes possibilitados por essa função:

• Identificar quando as coisas não estão andando corretamente.

• Saber se os recursos estão sendo bem utilizados e se serão suficientes para o que está sendo feito.
90
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR

• Conhecer se sua capacidade de trabalho é suficiente e apropriada.

• Saber se você está realizando aquilo que planejou fazer.

Avaliar o nosso projeto não é apenas uma exigência do edital, mas também um processo de
aprendizado e permite identificar as seguintes questões:

a) Erros no planejamento: objetivos que não existem ou não foram devidamente identificados;
atividades que não foram devidamente organizadas; pouca harmonia entre as pessoas envolvidas e o
desenrolar das atividades. Na fase conceitual ocorrem as atividades como: análise do risco, da viabilidade
e da conjunção dos diversos interesses. Um trabalho bem feito nessa fase oferecerá informações de
como definir e gerenciar o projeto mais tarde.

b) Erros de execução: os responsáveis do projeto não cumpriram as atividades ou não desenvolveram


processos segundo o que foi planejado. Por exemplo: a professora não cobrou frequência nas oficinas
(mesmo que estivesse planejado nas suas tarefas) porque o nível de assistência estava sendo baixo.
O coordenador do projeto não sabe da pouca participação e no final das contas o projeto parece
um fracasso.

c) Fatores externos: eventos adversos novos e imprevisíveis que modificam o cenário no qual o
projeto está acontecendo. Por exemplo: duas das empresas parceiras que tinham se comprometido a
comercializar os artesanatos tiveram problemas de liquidez e terminaram não assinando os contratos.
O coordenador do projeto conseguiu negociar um contrato com uma nova empresa parceira antes da
finalização do projeto, porém uma quantidade grande de artesanato permanece armazenada.

Avaliação de sustentabilidade

Neste item a organização deve avaliar como o projeto pode manter-se vivo e renovado mesmo após o
término do apoio financeiro da empresa. Sustentabilidade demonstra a relação que o projeto estabelece com
a comunidade do seu entorno, com os seus parceiros, com o poder público (em seus diferentes níveis) e como
lida com a formulação e a execução de políticas públicas. É também a excelência da sua gestão financeira.

A sustentabilidade do seu projeto está relacionada à sustentabilidade da sua organização. Neste


item descreva como as transformações decorrentes das ações implementadas poderão permanecer na
comunidade. Descreva também como será o desenvolvimento do projeto após o término da parceria.

Seguem algumas perguntas para a reflexão que podem te ajudar a elaborar e organizar o seu texto:

• De que forma acontecerá o envolvimento da comunidade nas várias fases do projeto?

• Que lideranças da comunidade irão participar? Por quê?

• Que relações existirão entre a organização que executa o projeto, o governo e as políticas públicas?

• Você pretende divulgar o projeto? Por quê? Como?


91
Unidade II

Parcerias e alianças

Nesse item a organização deve colocar os tipos de parcerias que o projeto necessita para ser
executado com sucesso. Preferencialmente, devem ser buscadas parcerias governamentais, de empresas
privadas e de outras organizações. A organização deve colocar as parcerias já firmadas e aquelas que
estão ainda em negociação. Deve ser colocado também como a organização pretende se relacionar com
cada um desses parceiros. É imprescindível a identificação e atribuição de cada parceiro no seu projeto.
Por exemplo: nome do parceiro; tipo de contribuição (financeira, técnica, recursos humanos ou outras).

Equipe técnica

Neste item a organização deve relacionar a equipe técnica que estará envolvida no projeto. Quem irá
executá-lo? É necessário relacionar a experiência do coordenador com a ideia central do projeto. Assim
como, que histórico profissional (educação formal e experiência) o coordenador reúne? Em relação à
equipe técnica valem as mesmas considerações. Além delas, importa também relatar os tipos de vínculo
profissional que as pessoas terão com a organização.

Saiba mais

Para aprofundar seus conhecimentos sobre o tema, leia:

KISIL, R. Elaboração de projetos e propostas para organizações da


sociedade civil. São Paulo: Global, 2001. (Coleção gestão e sustentabilidade).

Resumo

Aprendemos que o Terceiro Setor caracteriza‑se como resposta às


mudanças no enfrentamento da questão social. É constituído de instituições
(associações ou fundações privadas) não governamentais, de caráter distinto,
que se diferenciam segundo sua ação social e representam a sociedade civil
organizada, que realiza atendimentos de interesse público em diversos
segmentos, tais como: cultura, recreação, assistência social, saúde etc.

No debate sobre o Terceiro Setor no capitalismo, é fundamental


entendê‑lo dentro da lógica neoliberal, buscando compreender as condições
históricas em que esse fenômeno é posto em pauta, superando o senso
comum para assim compreendê‑lo em sua totalidade.

Nessa perspectiva, podemos concluir que, na busca por compreender o


Terceiro Setor, mais do que respostas prontas, encontramos questões que
devem nortear ações que superem o senso comum.
92
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR

Procuramos apresentar as principais características do Terceiro Setor


brasileiro, com as pessoas jurídicas das Associações e das Fundações, que podem
buscar titulações que ampliam a sua capacidade de parcerias com o Estado.

Também tivemos a oportunidade de estudar a elaboração de projetos


sociais dentro das organizações do Terceiro Setor, visto que o Terceiro Setor
somente conseguirá mudar uma determinada realidade social se possuir
uma equipe técnica capacitada para desenvolver bons projetos.

Dessa forma, se torna fundamental que os profissionais que atuam


no Terceiro Setor desenvolvam a capacidade de ler e compreender os
editais e, a partir disso, elaborar projetos e planos de trabalhos que sejam
condizentes com os propósitos da organização e com as expectativas dos
possíveis financiadores, sejam eles públicos ou privados.

De um modo geral, um projeto social nada mais é do que a junção


bem articulada de ideias e propostas que visam melhorar uma realidade
ou amenizar um problema. Assim, as pessoas que trabalham com o social
precisam entender o sentido da sua ação para realizá-la com eficiência
e eficácia e a estruturação de um projeto auxilia a pensar de uma forma
racional os problemas que surgem.

Dessa forma, para se escrever um projeto social bem estruturado é


preciso ter clareza sobre o trabalho e o contexto em que a situação atual
se encontra e, principalmente, saber o que é necessário para que o futuro
possa ser melhor a partir dos resultados alcançados pelo projeto.

Podemos compreender um projeto como a interligação das entidades


sociais aos seus parceiros financiadores. Portanto, é importante entender
os princípios básicos de uma boa comunicação, pois a obrigação da
boa comunicação é responsabilidade de quem emite a informação. Da
mesma forma, a definição de objetivos antecipa os resultados esperados,
expressando a intencionalidade da ação planejada.

Exercícios

Questão 1. Leia a seguir a missão do Instituto Ethos, uma organização da sociedade civil de interesse
público (Oscip) difusora de práticas de responsabilidade social empresarial (RSE).

A missão do Instituto Ethos é mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma
socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade sustentável e justa.

INSTITUTO ETHOS. O instituto. [s.d.]. Disponível em: https://www.ethos.org.br/conteudo/sobre-o-instituto/#.XZSaNEZKjIU.


Acesso em: 4 fev. 2020.

93
Unidade II

O Instituto Ethos publica uma série de indicadores, que são uma ferramenta de autodiagnóstico para
que as empresas avaliem e melhorem suas práticas de responsabilidade social empresarial.

Entre 2010 e 2013, a OSCIP realizou uma revisão dos Indicadores Ethos de Responsabilidade Social
Empresarial. Uma das diretrizes dessa revisão era integrar os Indicadores Ethos “com as principais
ferramentas de gestão, metodologias e iniciativas em RSE e sustentabilidade desenvolvidas por outras
organizações, dando ênfase especial à Norma ISSO 26000”.

CUSTODIO, A. L. de M.; MOYA, R. Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial 2007. São Paulo: Instituto Ethos, 2007.
Disponível em: https://www3.ethos.org.br/wp-content/uploads/2013/07/IndicadoresEthos_2013_PORT.pdf. Acesso em 31 set. 2019.

Avalie as seguintes afirmativas:

I – A revisão dos indicadores Ethos era um projeto.

II – A diretriz de integrar os Indicadores Ethos com outras metodologias e ferramentas de gestão de


RSE pode ser considerada um objetivo do projeto.

III – O público-alvo do projeto são as empresas que o Instituto Ethos deseja sensibilizar para práticas
socialmente responsáveis.

É correto o que se afirma apenas em:

A) I.

B) III.

C) I e II.

D) II e III.

E) I, II e III.

Resposta correta: alternativa E.

Análise das afirmativas

I – Afirmativa correta.

Justificativa: o Project Management Institute define projeto como “é um conjunto de atividades


temporárias, realizadas em grupo, destinadas a produzir um produto, serviço ou resultado únicos. Um
projeto é temporário no sentido de que tem um início e fim definidos no tempo, e, por isso, um escopo
e recursos definidos”. A revisão dos indicadores era uma atividade como início e fim no tempo definidos
(2010 a 2013) com a finalidade de entregar um produto específico – a versão nova dos Indicadores
Ethos. Portanto, essa revisão de indicadores era um projeto.

94
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR

II – Afirmativa correta.

Justificativa: o objetivo é um resultado que o projeto deseja alcançar. Assim, a integração dos
Indicadores Ethos com outras ferramentas e metodologias é um objetivo do projeto de revisão.

III – Afirmativa correta.

Justificativa: A missão do Instituto Ethos deixa claro que ele visa difundir práticas de RSE para outras
empresas. Assim, fica implícito que o público-alvo do projeto de revisão dos indicadores são as empresas
que o Instituto busca sensibilizar.

Questão 2. Leia o excerto a seguir.

“Projeto social é um empreendimento planejado com o objetivo de contribuir para a mudança de


uma situação social, considerada desejável por um grupo, no tempo e no espaço [...]. Um projeto, porém,
tem potência limitada para alcançar toda a complexidade de uma situação social, especialmente se não
estiver inserido ou dialogar com uma política pública ou não se articular com outros projetos [...]. Se a
organização está respondendo a um edital, onde os objetivos já foram estabelecidos pelo financiador, a
análise faz a diferença entre uma postura de mero terceirizado e a de parceiro de uma política.”

INOJOSA, R. M. Desenho e elaboração de projetos sociais no Terceiro Setor.


Pensamento & Realidade, n. 29, v. 2, 2014. (Adaptado).

Considerando esse texto, avalie as afirmativas a seguir e a relação proposta entre elas.

I – Ao elaborar um projeto social para participar de um edital de financiamento, é essencial adequar


o projeto às diretrizes, instruções e objetivos da organização ou do órgão financiador.

PORQUE

II – A existência do edital torna desnecessário contemplar planejamento, justificativa e avaliação de


impactos do projeto social.

A respeito dessas afirmativas, assinale a alternativa correta.

A) As afirmativas I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.

B) As afirmativas I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.

C) A afirmativa I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.

D) A afirmativa I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.

E) As afirmativas I e II são proposições falsas.

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Unidade II

Resposta correta: alternativa C.

Análise das afirmativas

I – Afirmativa verdadeira.

Justificativa: projetos que não atendem às exigências do edital geralmente são desclassificados. Por
isso, a leitura atenta ao edital e a adequação às suas diretrizes são indispensáveis.

II – Afirmativa falsa.

Justificativa: redigir o planejamento, o diagnóstico da situação e a justificativa do projeto de maneira


realista e adequada às exigências do edital mostra que a instituição propositora do projeto compreendeu
os objetivos e necessidades do financiador. Além disso, como argumenta Inojosa (2014), não contemplar
uma avaliação do projeto é agir como um mero terceirizado, incapaz de agregar valor como parceiro.

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