Você está na página 1de 2

Ponto da Esquerda:

O continente, em pouco tempo, foi como que repartido entre alguns Estados europeus, partilha
esta praticamente sancionada internacionalmente pelo Congresso de Berlim de 1885.
A colonização europeia, que não se havia afastado muito do litoral, começou a avançar em
toda parte rumo ao interior. Os ingleses bombardearam Alexandria e ocuparam o Egito em
1882.
Três anos depois, tropas italianas estabeleceram uma colônia na Eritreia, região da Abissínia, e
em seguida Somália, Marrocos, Tunísia, Argélia, Mauritânia, Mali e Gabão passaram a
pertencer à França. Desde 1885 os belgas colonizavam o que chamaram de República Livre do
Congo: em 1907 a região foi oficialmente anexada como colônia da Bélgica. Camarões e Togo
eram protetorados dos alemães e passaram à administração francesa mais tarde. Durante as
quatro primeiras décadas do século XIX, a África apresentou-se como um continente colonial
— verdadeiro quintal da Europa —, pois suas terras se encontravam repartidas praticamente
na sua totalidade por alguns Estados europeus. Ao findar a Segunda Guerra Mundial (1939-
1945),
no continente africano existiam tão-somente quatro Estados independentes: Libéria, Etiópia,
Egito e União Sul-Africana. Na prática, entretanto, todo o continente era colonial.

Ponto da Direita: Os novos Estados surgidos no continente africano constituem o fruto da


presença colonial na África. Contrariamente ao que se verifica em outras partes do globo,
especialmente na Europa, onde os Estados puderam definir-se após longo processo de
elaboração, na África, as novas unidades políticas como que surgiram de repente, dentro de
quadros elaborados a partir de estímulos estranhos ao continente e dentro de perspectivas
que, a não ser excepcionalmente, não compreendiam a criação de Estados soberanos. Daí
não se é difícil entender que os novos Estados africanos tenham surgido com uma vestimenta
que, em grande parte, é de responsabilidade da vontade e dos interesses europeus.
A partilha da África verificou-se em época em que o continente era ainda quase desconhecido.
Os territórios foram sendo abrangidos dentro deste ou daquele império colonial praticamente
sem nenhuma atenção às condições naturais do continente, assim como às condições étnicas
e às tradições de sua população. No conjunto, o quadro político da África deve ser considerado
pouco estável, sujeito não apenas a modificações resultantes do prosseguimento do processo
de emancipação de antigos territórios coloniais, mas também aos frutos dos rearranjos que
inevitavelmente
deverão ser verificados, num processo de adequação dos quadros decorrentes da presença
colonial a uma realidade ignorada. s Estados africanos vieram a ampliar consideravelmente o
quadro do Terceiro Mundo
ou do mundo subdesenvolvido. É evidente que, na condição de áreas subdesenvolvidas, essas
unidades já existiam anteriormente; entretanto, sua independência tornou o fato mais nítido, na
medida em que o
próprio processo de emancipação inclui a consciência do problema do subdesenvolvimento e
da proposição de soluções. Sob esse aspecto talvez a África conheça seu maior drama. No
momento em que se
emancipa politicamente, percebe a impossibilidade de desenvolver-se economicamente, como
seria de desejar, sem uma forma qualquer de auxílio do exterior. Isso pode significar, em
muitos
casos, outras formas de dependência.

Não tem um ponto:> A instabilidade política e os conflitos no continente africano


Os conflitos no continente africano parecem crônicos. Seus determinantes são de ordem
interna e externa.
Ordem Interna: a diversidade étnica e religiosa da composição da maioria dos países, cujas
fronteiras foram impostas pelas potências imperialistas, principalmente Inglaterra e França,
além das estruturas políticas pouco evoluídas e de suas frágeis economias, dependentes da
exportação de gêneros primários, minérios e produtos agrícolas. Ordem Externa: a herança
deixada pelo imperialismo,
ou seja, fronteiras não condizentes com a evolução histórica da região e, durante a Guerra Fria,
a ação direta ou indireta das superpotências, especialmente durante o processo de
descolonização.
O fim da Guerra Fria não significou o fim dos conflitos, ao contrário. A ação das
superpotências, que paradoxalmente levou tensão ao continente, ao mesmo tempo
proporcionava um equilíbrio de forças,
ou simplesmente sufocava as manifestações nacionais, étnicas ou religiosas, pois essas
poderiam constituir uma ameaça à sua dominação. Assim, o fim da Guerra Fria possibilitou a
eclosão de movimentos
autonomistas de ordem nacional, religiosa ou étnica, que levam muitos países à guerra civil ou
à guerra de fronteira.

Você também pode gostar