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Ricardo Iznaola
PREFÁCIO ................................................................................................................................. 2
I - BASE DE BOAS PRÁTICAS ................................................................................................. 3
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 3
2. EQUILÍBRIO INTERIOR .................................................................................................... 3
3.EQUILÍBRIO EXTERIOR .................................................................................................... 4
II - FATORES NEGATIVOS QUE AFETAM A PRÁTICA ......................................................... 5
1. FATOR MATERIAL OU TANGÍVEL .................................................................................. 5
2. FATORES INTANGÍVEIS OU PSICOLÓGICOS............................................................... 6
IV - PRÁTICA DE LIMPEZA: O SISTEMA DE PRÁTICA ......................................................... 9
1. MATERIAIS ........................................................................................................................ 9
2. ATRIBUIÇÃO DE TEMPO DO MATERIAL ....................................................................... 9
V - A ESSÊNCIA DA BOA PRÁTICA: RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS ............................... 11
VI - MEMÓRIA E LEITURA CORRETA: A QUESTÃO DA PRECISÃO NA PRÁTICA E O
PAPEL DA VISUALIZAÇÃO .................................................................................................... 13
EXPERIMENTO NO.1.......................................................................................................... 14
EXPERIMENTO NO.2.......................................................................................................... 15
EXPERIMENTO NO.3.......................................................................................................... 16
VII - O COMBUSTÍVEL PARA A BOA PRÁTICA: A INTERAÇÃO ENTRE A MOTIVAÇÃO
INTERNA E A MOTIVAÇÃO EXTERNA ................................................................................. 18
1. MOTIVAÇÃO INTERNA: DISCIPLINA ............................................................................ 18
2. MOTIVAÇÃO EXTERNA: DEVER ................................................................................... 18
SUGESTÕES PARA LEITURA ADICIONAL .......................................................................... 20
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PREFÁCIO
Este breve manual responde a algumas das perguntas mais comuns sobre como praticar
com eficácia. Ele também aborda algumas questões frequentemente deixadas sem
explicação nas discussões sobre o assunto.
O leitor curioso pode querer explorar os escritos de outros autores como Matthay,
Bonpensiere, Havas, Galamian, Leimer, Stanislavski - todos os quais foram influentes na
formação da abordagem prática e da filosofia descritas neste livreto. Consulte também as
"Sugestões para leituras adicionais" no final do livreto.
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I - BASE DE BOAS PRÁTICAS
1. INTRODUÇÃO
O que acontece no palco do concerto é uma consequência direta do que acontece na sala
de prática. Não há mágica nem mistério: boas práticas resultam em bons desempenhos. A
prática ruim produzirá desempenhos ruins.
Para aprender a praticar com eficácia, o performer deve primeiro compreender a natureza
do desafio peculiar apresentado por uma apresentação pública e sua capacidade de
enfrentá-la com sucesso, mas de fato gostar de fazê-la. Amar música, e mesmo amar tocar
música [por exemplo], não são garantias de sucesso como intérprete. É preciso sentir a
necessidade de compartilhar com os outros a própria forma de fazer música para se tornar
um músico de sucesso.
A abordagem prática descrita aqui é focada no objetivo final de uma atuação pública bem-
sucedida. Praticar bem, neste contexto, significa atingir o objetivo de tocar bem em público.
2. EQUILÍBRIO INTERIOR
A base da boa prática é a obtenção e manutenção do equilíbrio interior. O equilíbrio interior
pode ser definido como um estado mental / espiritual de alerta e prontidão para a atividade
intelectual, sem tensão emocional. É caracterizada pela ausência de atitudes de julgamento
sobre nós mesmos e por um grande senso de curiosidade. O equilíbrio interior só pode ser
alcançado quando as seguintes condições são satisfeitas:
Quando nosso equilíbrio interior é perturbado, nossa prática não pode ser a ideal.
Frequentemente, isso acontece quando as coisas não vão bem e cometemos erros.
Ficamos frustrados com nossa própria incompetência e começamos a nos condenar. A
ansiedade começa a surgir. A tensão emocional aumenta e produz tensão física que torna
as coisas ainda mais difíceis, e perdemos a facilidade de ação. Como consequência desse
processo, também paramos de ouvir objetivamente, em parte porque subconscientemente
tentamos nos proteger dos sentimentos dolorosos de inadequação e frustração.
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Assim, entramos em um círculo vicioso que só piora à medida que nos tornamos mais
persistentes em nossa pseudoprática. Também perdemos gradualmente nossa motivação e
nosso desejo de praticar.
3.EQUILÍBRIO EXTERIOR
O equivalente físico do equilíbrio interior é o equilíbrio exterior. O equilíbrio externo pode ser
definido como o estado de alerta e prontidão para a ação de um membro, sem tensão
disfuncional. É caracterizada por sensações de falta de peso e sem esforço. É uma atitude
do membro aproximadamente a meio caminho entre o colapso (relaxamento total) e a
rigidez (tensão máxima).
Aprender a identificar e usar o equilíbrio como norma para a atividade física no instrumento
é a chave para alcançar a facilidade de ação. Para isso, devemos distinguir entre
sensações de peso e sensações de esforço.
Sensações de peso (queda) são produzidas quando permitimos que a gravidade atue sobre
nossos membros. Sensações de esforço (levantamento; superação de uma resistência) são
produzidas quando superamos a atração da gravidade, ou alguma outra resistência, por
meio da atividade muscular.
O membro equilibrado parece estar flutuando devido à oposição equilibrada entre a atração
da gravidade e o esforço muscular necessário apenas para superá-la. Deve ficar claro que o
equilíbrio é uma norma, uma referência que nos ajuda a controlar a quantidade de esforço
necessária para um determinado movimento. Todo um espectro de graus de esforço é
necessário para tocar o instrumento corretamente.
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II - FATORES NEGATIVOS QUE AFETAM A PRÁTICA
Existem vários fatores que, na maioria das vezes de forma inconsciente e involuntária,
podem afetar a qualidade de nossa prática.
Uma boa regra prática é a seguinte programação de estágios de aprendizagem para uma
nova peça (aplica-se igualmente a estudos, exercícios, solos, partes de conjunto, etc.):
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3) Prática métrica pré-tempo (manipulação de tempo) - tocando através da peça (ou
grandes partes dela) mantendo a sensação métrica, mas carregando tempos
conforme necessário para garantir a execução perfeita das passagens mais difíceis.
Este é o primeiro passo para a integração. A ideia é tocar sem parar e manipular seu
tempo para que tudo seja tocado sem erros e sem excesso de tensão.
4) Prática métrica lenta - tocando no tempo, mas com o tempo lento consistente. A
facilidade física é sempre uma prioridade. Alternância com estágios anteriores de
prática, para uma maior melhoria dos detalhes.
Ler à primeira vista não é praticar. Os objetivos e processos de uma boa leitura à primeira
vista são certamente complementares e indispensáveis, mas estão fora do âmbito da
prática, conforme discutido aqui. Trataremos dessa questão com mais detalhes
posteriormente.
A chamada "prática lenta" é apenas uma das etapas da prática adequada. Como nosso
plano sugere, há estágios preliminares que precisam ser assimilados antes que a prática
lenta se torne efetiva.
Além disso, lembre-se de que não importa o quão bem conheçamos uma peça, todas as
abordagens acima serão úteis para manter nosso mecanismo funcionando com facilidade
efetiva. Não hesite em empregar todas essas estratégias, mesmo com materiais que você
conhece muito bem. A recompensa será tremenda.
Em termos gerais, o problema começa quando temos uma visão não objetiva de nossas
próprias capacidades que nos faz confundir o que desejamos ou queremos com o que a
realidade é.
- "Eu tenho tocado por 3 anos eu deveria ser capaz de tocar a, b ou c.”
Nós devemos entender que o processo de aprender a tocar bem um instrumento (em geral,
treinamento de habilidades de qualquer tipo) é essencialmente um processo de crescimento
que varia individualmente.
Não podemos acelerar o crescimento de uma árvore puxando seus galhos. O realismo
honesto é uma virtude fundamental para todos os artistas.
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Respeite seu ritmo de crescimento individual.
Não permita que suas (falsas) expectativas [o futuro] atrapalhem o desenvolvimento natural
de sua prática [o presente].
Aborde sua prática seguindo os conselhos do grande diretor de teatro russo Stanislavski:
"hoje, aqui, agora".
Não permita que suas memórias (negativas) [do passado] interrompam o desenvolvimento
natural de sua prática [o presente].
Um dos segredos para uma prática bem-sucedida é aprender a controlar esses sentimentos
sem negá-los. Precisamos de um certo grau de habilidade técnica para nos tornarmos
artistas de sucesso. As pessoas esperam agilidade, volume e velocidade na apresentação
musical.
O público não vai a concertos para comparar apresentações anteriores com as atuais. Em
muitos aspectos, um concerto se assemelha a muitos aspectos de um relacionamento
amoroso: é a atratividade única de sua mensagem artística e personalidade que o tornará
bem-sucedido. O público é, neste contexto, "promíscuo"; eles têm uma capacidade ilimitada
de "se apaixonar" por todas as mensagens artísticas e personalidades únicas possíveis.
O velho truísmo ainda se aplica: você está apenas competindo consigo mesmo.
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III - OBJETIVO E MÉTODO DE BOAS PRÁTICAS
O objetivo das boas práticas é atingir objetivos específicos, com foco na melhoria contínua
da qualidade e facilidade de execução.
Normalmente, “a” e “b" trata da prática detalhada, fragmentária e seccional, enquanto “c"
atua na peça como um todo, como um evento esteticamente relevante, que não deve ser
interrompido ou interrompido.
É claro que nem todas as sessões de prática devem ser rigorosamente divididas dessa
forma. Em diferentes estágios de desenvolvimento, mais ou menos ênfase será dada a uma
ou outra etapa. No entanto, deve-se estar sempre consciente do tipo de prática em vigor.
Não se permita uma pseudoprática aleatória e cega, realizando-a para ser a verdadeira
prática.
Quando alguém quer apenas "brincar" com o instrumento, deve-se fazê-lo por todos os
meios. Esteja ciente, porém, de que isso não é prática.
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IV - PRÁTICA DE LIMPEZA: O SISTEMA DE PRÁTICA
1. MATERIAIS
A boa prática deve incorporar uma mistura equilibrada de materiais que incluirá:
A crença de que a técnica pode ser adquirida apenas pelo trabalho do repertório é uma
falácia comum. Já que a boa técnica depende de um mecanismo de tocar fisicamente
adequado e, uma vez que as obras concebidas artisticamente não têm uma finalidade
técnica formativa predefinida, o equipamento técnico construído apenas no estudo do
repertório terá sempre muitas áreas de fragilidade. A sua componente de aptidão física não
será exaustivamente treinada.
Não se pode treinar o corpo para jogar futebol profissional apenas jogando.
Ao fazê-lo, arrisca uma contusão ou, na melhor das hipóteses, fazer um jogo medíocre.
Assim fica mais fácil de controlar a quantidade de tempo dedicado a áreas específicas, o
que precisa mais ou menos trabalho, evitando ao mesmo tempo, a sensação incômoda de
que não há tempo suficiente para trabalhar em tudo. (Discutido em nossa seção anterior
sobre fatores negativos).
A semana deve consistir em apenas seis dias, com um sétimo dia de descanso da prática
(embora você possa tocar o quanto quiser nesse dia!).
Idealmente, a prática diária deve ser dividida em três sessões, com tempo de descanso
suficiente entre as sessões (certamente não menos que intervalos de 10 a 15 minutos). Se
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qualquer sessão em particular ultrapassar 60 minutos, então outras pausas devem ser
feitas, mas de duração mais breve.
Uma abordagem inteligente, flexível e consistente ao tempo alocado para prática irá evitar
um monte de possíveis problemas relacionados com lesões do mecanismo físico, sintomas
de estresse, a deterioração da técnica, condição geral de saúde, de bloqueio de motivação,
etc.
Nada de ruim acontece se alguém não pratica por alguns dias. Nos estágios iniciais de
desenvolvimento, alguma perda momentânea de habilidade pode ser notada, a qual é
rapidamente corrigida assim que os tempos de prática apropriados são retomados.
No que diz respeito à prática técnica, como exercícios e estudos, é aconselhável alternar os
procedimentos técnicos utilizados, para que alguns elementos físicos repousem e se
reconstruam, enquanto outros são trabalhados.
Em conclusão, lembre-se de que ter seis dias por semana como unidade de tempo de
prática significa que nem tudo precisa ser trabalhado todos os dias!
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V - A ESSÊNCIA DA BOA PRÁTICA: RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
O propósito da boa prática foi definido no Capítulo III como sendo "atingir objetivos
específicos enquanto se concentra na melhoria contínua da qualidade e facilidade de
execução.”
Esses objetivos específicos podem ser tão detalhados e pequenos quanto uma única,
mudança particular de um traste, ou tão geral e grande quanto decidir sobre como abordar
dinamicamente o primeiro tema em uma seção de recapitulação de um movimento sonata-
allegro.
Este último estágio é o que mais frequentemente se entende como prática. O problema é
que a assimilação por meio da repetição ocorre independentemente de estarmos fazendo
algo certo ou errado. Se o processo anterior de identificação e compreensão ocorreu de
uma maneira menos do que cuidadosa, e nós apenas nos permitimos o que pode ser
chamado de 'repetição cega', os resultados poderiam ser piores que se não tivéssemos
praticado nada!
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Uma forma muito eficaz de resolver problemas técnicos de forma rápida e correta é a
técnica de spotting (detectar, notar), em que as três etapas de identificação, compreensão e
assimilação são claramente diferenciadas e controladas.
Lembre-se de que tudo o que dá errado, parece errado ou é difícil, não importa o quão
pequeno possa parecer, deve ser tratado como um problema isolado e melhorado, ou
corrigido, por meio da prática adequada.
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VI - MEMÓRIA E LEITURA CORRETA: A QUESTÃO DA PRECISÃO
NA PRÁTICA E O PAPEL DA VISUALIZAÇÃO
Toda a discussão anterior trata, de fato, da questão fundamental de alcançar a exatidão
perfeita em nossa prática. Só então teremos uma base sólida para construir uma
performance verdadeiramente artística.
Existem oito áreas nas quais devemos ser precisos antes que um bom desempenho possa
começar a ocorrer:
Dependendo do tipo de material que está sendo praticado, algumas dessas áreas tornam-
se mais relevantes do que outras. Além disso, seu nível relativo de importância mudará à
medida que diferentes estágios de desenvolvimento forem alcançados. As últimas três
áreas entram em cena em um estágio relativamente avançado.
A maioria dos problemas que afetam muitos alunos de execução musical são apenas
imprecisões em uma ou mais das áreas marcadas de “a” a “e” acima, ou seja, erros na
leitura / memorização do material.
Leitura à primeira vista e memorização são as duas faces da mesma moeda. A capacidade
de ler e lembrar com precisão os tons, valores de nota, ritmos, dinâmica (nuances de
volume), agógica (nuances na duração e ritmo) e dedilhado de uma peça musical, é o
objetivo principal sobre o qual todas as outras técnicas e musicais objetivos dependem.
Muitos artistas acreditam erroneamente que são maus leitores ou têm memória ruim,
porque não descobriram os princípios relativamente simples que orientam o
desenvolvimento natural e saudável dessas habilidades.
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Visualizar, neste contexto, significa tanto ver suas mãos nos movimentos de tocar
quanto ouvir a música internamente, com os olhos e ouvidos da mente.
O problema com a leitura à primeira vista é que a maioria dos jogadores tenta material além
do alcance de suas capacidades atuais. (Nota: O último ponto (d) deve ser considerado com
um grão de sal - uma precaução geral, ao invés de uma regra rígida e rápida. Expandir suas
capacidades, quando feito com um espírito saudável de 'e se', é um ótimo estímulo
motivador.)
EXPERIMENTO NO.1
a) Selecione uma pequena peça ou fragmento: não mais do que 2 pautas, não mais do
que 8 barras de comprimento, todas nas posições dos primeiros segundos.
c) Os valores das notas não devem ser menores que 1/8 de notas.
g) Tempo moderado
Passo 1 - Leia o fragmento sem o instrumento tente ver, mentalmente, onde está a sua mão
esquerda o tempo todo. Não se preocupe com os valores das notas, ritmo, tempo ou
andamento neste momento. Apenas descubra e visualize o que a mão esquerda deve fazer.
Passo 2 - Adicione visualização da atividade da mão direita. Se os dedos da mão direita não
estiverem indicados, marque-os antes de começar. Mais uma vez, concentre-se apenas em
ver (em sua mente) as mãos trabalhando para cada movimento, desconsiderando o ritmo,
andamento, etc.
NOTA: Se a visualização da mão direita for muito exigente, exclua esta etapa.
Passo 3 - Comece a sentir o fluxo rítmico da peça. Apenas cante, em um tom monótono, os
valores das notas enquanto bate o tempo com a mão direita. Faça isso em um ritmo muito
lento. Não visualize a atividade das mãos enquanto executa esta etapa.
Passo 4 - Tente "ver" as mãos em ação enquanto compara o tempo e canta os valores das
batidas das notas em um tom monótono. Provavelmente, você precisará subdividir o
fragmento em pedaços ainda menores para poder fazer isso corretamente. Faça isso
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devagar. Não pare até conseguir “tocar” mentalmente por meio de todos os fragmentos,
visualizando suas mãos no ato de tocar.
Passo 6 - Pegue seu instrumento e prepare-se para tocar. Agora você está tentando ler à
primeira vista todo o fragmento, do começo ao fim, sem parar. Você provavelmente perderá
muitas coisas: notas, valores, ritmos e, é claro, dedilhados e marcações de expressão. Não
se preocupe. Seu único objetivo é tocar, tentando manter a continuidade rítmica com o
mínimo de interrupção. Comece a tocar.
Passo 7 - Faça uma pausa e tente novamente. Observe o seu ritmo (não se apresse).
Passo 8 - Você pode querer tentar mais uma vez, se suas tentativas anteriores foram muito
hesitantes. Se você se sentir bastante satisfeito, prossiga para a etapa IX.
A questão é que você deve começar a internalizar a música e a técnica o mais rápido
possível.
EXPERIMENTO NO.2
Um equívoco comum é a crença de que se toca de memória apenas quando toca sem ler a
partitura. Pelo contrário, mesmo a leitura à primeira vista depende da memória para ter
sucesso. Todo bom leitor à primeira vista confirmará o fato de que está sempre lendo antes
do ponto que está sendo reproduzido, mesmo as frases inteiras à frente. O experimento a
seguir ajudará a desenvolver suas habilidades de memória de curto prazo por meio da
visualização.
Passo 2 - Pegue o instrumento e prepare-se para tocar. Feche os olhos e toque esses dois
compassos.
Passo 3 - Abra os olhos e toque as mesmas notas, olhando apenas para a mão esquerda.
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Passo 5 - Repita o processo para o resto do fragmento, trabalhando em apenas duas barras
por vez.
Passo 6 - Após percorrer todo o fragmento (8 compassos) desta maneira, comece a ler a
partir do topo novamente, mas tente olhar um ou dois compassos à frente de onde você
está tocando. Faça isso várias vezes.
Obviamente, esses procedimentos não são fáceis e levarão muito tempo para serem
dominados.
Você pode tentar aplicar algumas das técnicas de visualização a um novo material que está
apenas começando a estudar, um material que se equipara às suas verdadeiras habilidades
como jogador. As chances são de que, a menos que você já seja um visualizador
proficiente, não terá muito sucesso devido à complexidade técnica / musical deste material.
Após começar a dedicar regularmente algum tempo à prática da visualização, você notará
com bastante rapidez que o nível geral de precisão na coleta de informações da pontuação
melhorará acentuadamente e levará menos tempo.
O sétimo dia recomendado de descanso da prática regular é uma oportunidade ideal para
dedicar algum tempo (uma hora ou mais) à visualização.
Tudo é possível.
EXPERIMENTO NO.3
Após ter trabalhado por algum tempo nos experimentos 1 e 2, tente este desafio mais
avançado.
Passo 2 - Trabalhe nos dois primeiros compassos, ainda sem o instrumento, tentando ouvir
atentamente a música internamente. Não pare até obter uma visualização clara e precisa
dessas duas barras. Descreva em voz alta o conteúdo dessas barras. Cante a melodia em
voz alta.
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Passo 3 - Pegue um pedaço de papel pautado e anote, de memória, essas duas barras.
Tente ser preciso ao reproduzi-las.
Passo 4 - Repita o processo para todo o fragmento, trabalhando com duas barras por vez.
Passo 5 - Após ter anotado todo o fragmento da memória, sem ter tocado no instrumento
uma vez, pegue o instrumento e prepare-se para tocar. Mais uma vez, visualize o fragmento
enquanto lê seu manuscrito (sem tocar).
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VII - O COMBUSTÍVEL PARA A BOA PRÁTICA: A INTERAÇÃO
ENTRE A MOTIVAÇÃO INTERNA E A MOTIVAÇÃO EXTERNA
1. MOTIVAÇÃO INTERNA: DISCIPLINA
Nenhuma abordagem prática pode ser eficaz se não trabalhar regularmente e de forma
consistente. É preciso, antes de tudo, querer praticar de forma regular e consistente.
Portanto, como se manter motivado para a prática torna-se uma questão fundamental.
O que se chama tradicionalmente de disciplina deve ser entendido como motivação interior,
ou seja, a responsabilidade assumida de atuar de forma predeterminada para atingir
objetivos que nos são importantes espiritualmente como indivíduos.
Ter um impulso, ou ser dirigido, implica o tipo de atitude que resulta em disciplina. Pessoas
com impulso são, por definição, disciplinadas em relação àquilo para o qual são dirigidas.
Essa é a forma fundamental de motivação e aquela que acabará por levá-lo a atingir seu
maior potencial.
Você não pode aprender a adquirir impulso. Está aí como combustível natural que
desencadeia a combustão interna daquilo a que chamamos a nossa vocação ou chamado.
É o "entheos" (deus interno) dos antigos gregos - de onde deriva a palavra entusiasmo.
Nada de negativo acontecerá se interrompermos nossa rotina de prática por alguns dias.
Devemos também cuidar de nós mesmos emocionalmente e, às vezes, isso requer um
retiro momentâneo para lamber nossas feridas. Mas o perigo de cair em uma rotina sempre
existe. Devemos aprender a neutralizar a preguiça antes que ela tome o controle de nós.
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Um senso de dever difere de disciplina porque é motivado por circunstâncias externas:
respeito pela autoridade de alguém, medo de avaliação crítica negativa, medo de falha
pública ou consciência dos padrões geralmente esperados pela comunidade profissional,
etc.
Esse senso de dever nunca será uma força motivadora primária, mas é de grande
importância ajudar o estudante de desempenho a iniciar um curso de ação positivo com
relação à prática quando, por qualquer motivo, falta motivação interior.
Caracteristicamente, quando a pessoa não sente vontade de praticar, mas, mesmo assim,
começa a fazê-lo porque deve, o desejo é gradualmente despertado e não demora muito
para que a pessoa esteja genuinamente motivada a praticar. Por meio de nosso senso de
dever, podemos, assim, recuperar a disciplina.
É essa interação entre nossa motivação externa e interna que nos manterá vivos, como
praticantes da arte, durante nossas carreiras profissionais.
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SUGESTÕES PARA LEITURA ADICIONAL
A seguir está uma pequena lista de livros que podem ser úteis para o leitor interessado:
Bonpensiere, Luigi: New Pathways to Piano Technique - A study of the Relations between
Mind and Body with Special Reference to Piano Playing; (New York: Philosophical Library,
1953)
Galamian, Ivan: Principles of Violin: Playing and Teaching; (Englewood Cliffs, N.J. :
Prentice-Hall, 1 9 6 2)
Leimer, Karl (with Walter Gieseking) : Piano Technique; (New York : Dover, 1972)
Matthay, Tobias: Musical Interpretation: Its Laws and Principles, and Their Application in
Teaching and Performing; (London: Joseph Williams, c. 1913)
Moore, Sonia: The Stanislavski System; (New York: Penguin Books, 1984)
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