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COLÉGIO ESTADUAL BENEDICTO JOÃO CORDEIRO

CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO INTEGRADO

TRÁFICO DE ÓRGÃOS

Trabalho de filosofia solicitado pelo professor


Christian. Realizado por Ana Julia n°4,
Isabelly n° 19 e Kaylane n° 25.
Turma: 2 Ano E Administração

CURITIBA
2022
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO
2. DEFINIÇÃO
3. ASPECTOS CONSTITUCIONAIS
4. TRÁFICO DE PESSOAS
5. TURISMO DE ÓRGÃOS
6. TRÁFICO HUMANO E ECONOMIA GLOBAL
7. DECLARAÇÃO DE ISTAMBUL
8. DIA MUNDIAL E NACIONAL DE ENFRENTAMENTO AO TRÁFICO DE
PESSOAS.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho ter por objetivo apresentar os principais aspectos


relacionados ao tráfico de órgãos e suas implicações nos âmbitos nacional e
internacional, e quais ações do governo vêm sendo tomadas para seu
enfrentamento.

DEFINIÇÃO

O trafico de órgaos trata-se da compra e venda de orgaos enquanto


modalidade ilegal. esse mercado surge da demanda de pessoas que precisam de
transplantes, mas não são amparadas o suficiente pelo serviço estatal prestado. o
desequilibrio existente entre doadores e receptores propicia o ambiente para que
emerjam as atividades de contrabando, comercialização e o trafico de orgaos.
Em 2008, foi realizada um Reunião de Cúpula em Istambul com a
participação de mais de 150 representantes de entidades médicas e científicas de
diversos países, destinada a debater as questões jurídicas envolvendo o tráfico de
órgãos no cenário mundial, dando origem a declaração de istambul, com o
estabelecimento de estratégias voltadas a evitar o tráfico de órgãos e aumentar o
número de doadores legais para transplantes.
Entretanto, o ambiente de subdesenvolvimento de uma localidade propicia a
insurgência do tráfico de órgãos, mas que as falhas no ordenamento jurídico e a
carência nos programas com ações de combate a prática e que incentivem a doação
para o sistema de transplantes estatal, também são responsáveis pela existência de
tal atitude criminosa.
Essa atividade ilícita é considerada a terceira mais lucrativa da atualidade,
perdendo apenas para os tráficos de armas e de drogas, atingindo 20 milhões de
pessoas, segundo ROMANO (2016). de acordo com a OMS (Organização Mundial
da Saúde), estima-se que os valores pagos aos intermediários das transações
percebiam de de U$ 100.000,00 a U$ 200.000,00, incluindo os custos
procedimentais envolvidos, enquantos os doadores recebiam, em média, U$
3.000,00 por um rim, valores que variam muito de um país para outro.

ASPECTOS CONSTITUCIONAIS

A Carta Magna de 1988 apresenta a permissão para a disposição gratuita e


limitada à manutenção da própria vida com o propósito terapêutico ou humanitário. A
comercialização de órgãos e tecidos é expressamente vedada conforme o § 4º, do
art. 199, da CF/88. Nesse sentido, o corpo e suas partes, separadas acidental ou
voluntariamente, são assimiladas como "coisas", sendo propriedade da pessoa de
quem foram destacadas, porém, por serem coisas "fora de comércio", não podem
ser cedidas a título oneroso.
O apresentado pela constituição é consolidado pelo Código Civil de 2002, que
proíbe a disposição do próprio corpo em razão de diminuição permanente da
integridade física, ressalvando a possibilidade de transplantes regidos por legislação
especial, e autoriza a disposição do próprio corpo no post mortem, desde que com
fim altruístico. Nesta esteira, destaca-se a preocupação do legislador com os direitos
da personalidade, que são direitos inerentes à pessoa humana, classificados como
intransmissíveis, imprescritíveis, impenhoráveis, irrenunciáveis e oponíveis erga
omnes, ou seja, devem ser respeitados por todos.
A Lei nº 9.434/97, que dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do
corpo humano para fins de transplante e tratamento, acompanha a redação
constitucional, ressaltando o caráter inegociável do processo de doação e
transplantes de órgãos, e, ainda, apresenta as tipificações penais e suas respectivas
sanções. Nesse diapasão, é notória a proteção que se busca no ordenamento
jurídico de forma a respeitar o princípio fundamental da dignidade da pessoa
humana, sendo a dignidade corporal o bem jurídico a ser tutelado, uma vez que a
defloração corporal se perfaz com o tráfico de órgãos.

TRÁFICO DE PESSOAS

O tráfico de pessoas é uma exploradora que atenta contra a humanidade


desde os tempos mais antigos, e segundo a ONU, movimenta anualmente 32
bilhões de dólares em todo o mundo.
O Brasil se tornou signatário do Protocolo de Palermo, através do decreto nº
5.017 de 2004, assinado por 117 países, assumindo o compromisso junto à
comunidade internacional para a implementação de políticas públicas visando à
prevenção e o combate ao tráfico de pessoas. essa norma serve de instrumento
universal a fim de proteger as vítimas, punir os agentes e prevenir a exploração de
pessoas, apresentando a primeira definição do tráfico de pessoas para fins de
remoção de órgãos.
Uma vez que órgãos passam a ser considerados como mercadoria na
prateleira do comércio global, emerge o transporte de pessoas para localidades
diversas com o fim de remoção de órgãos.
Após a ratificação do Protocolo de Palermo, no intuito de implementar no país as
ações neles estabelecidas, no ano de 2006 o Brasil promulgou o Decreto nº 5.948,
que aprovou a Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de pessoas, que
estabelece princípios e diretrizes e as áreas de atuação no enfrentamento ao tráfico
de pessoas. Em 2008, aprovou-se, por meio do decreto nº 6.347, o I Plano Nacional
de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, que instituiu ações a serem tomadas em
combate ao tráfico de pessoas, dentre elas a garantia de atenção às vítimas, a
inibição dos grupos de aliciadores, o aumento da repressão e o fomento da
interação com outros governos para desestruturar as organizações criminosas. O
Código Penal Brasileiro apresenta a tipificação do ilícito penal quanto ao tráfico de
pessoas com fim exploratório no artigo 149-A

TURISMO DE ÓRGÃOS

Com a insurgência do mercado do tráfico de órgãos, devido às enormes filas


de espera nos sistemas de transplantes de órgãos, novos personagens foram
surgindo no fenômeno do tráfico de órgãos mundial. Dessa forma, a declaração de
Istambul em sua redação diferenciou os termos “viagens para fins de transplantes” e
“turismo de transplantes para a comunidade internacional:

"As viagens para fins de transplante são a circulação de órgãos,


doadores, receptores ou profissionais do setor do transplante através de
fronteiras jurisdicionais para fins de transplante. As viagens para fins de
transplante tornam-se turismo de transplante se envolverem o tráfico de
órgãos e/ou o comércio dos transplantes ou se os recursos (órgãos,
profissionais e centros de transplante) dedicados à realização de
transplantes para os pacientes de fora de um determinado país
prejudicar a capacidade de prestação de serviços de transplante para a
sua própria população. (Declaração de Istambul, 2008, grifo nosso)"

Segundo a INTERPOL, as vítimas não são informadas adequadamente sobre


os aspectos médicos da remoção de órgãos e, por vezes são enganadas sobre os
valores que receberam pelas vendas. os doadores recebem um valor muito menor
do que é pago pelos destinatários dos órgãos, recebendo a maior vantagem ilícita os
conhecidos como "corretores de órgãos", que são aqueles responsáveis por fazer as
negociações.
A demanda da busca por órgãos é tamanha que alguns países oferecem
estímulo ao turismo de transplantes, a exemplo do Irã, que é o único país do mundo
que legalizou o comércio de órgãos instituindo um modelo de mercado, e que conta
com 137 agências e 23 clínicas ilegais, apenas para os transplantes de rins segundo
a OMS.
Ante a preocupação com o aumento dessa procura, a OMS solicitou aos
países-membros para “tomarem medidas no sentido de proteger os grupos mais
pobres e vulneráveis contra o turismo de transplante e a venda de tecidos e órgãos,
prestando atenção ao problema mais vasto do tráfico internacional de tecidos e
órgãos humanos. as discussões sobre o assunto tornaram-se cada vez mais
constantes, devido aos avanços da prática, culminando na Declaração de Istambul
sobre o tráfico de órgãos e o turismo de transplante no ano de 2008, a fim de evitar
a progressão do tráfico de órgãos e o turismo de transplantes.

TRÁFICO HUMANO E ECONOMIA MUNDIAL

A grande maioria dos países do mundo é afetada pelo tráfico de pessoas, e a


maioria do tráfico é de caráter nacional ou regional, realizada por pessoas cuja
nacionalidade é igual a de suas vítimas, a maioria acontece entre países vizinhos.
No entanto, há também tráfico de longa distância e intercontinental. A europa
é o destino de vítimas da maior variedade de origens, enquanto as vítimas da ásia
são traficadas para a maior variedade de destinos.
O tráfico humano ameaça a segurança econômica de uma nação uma vez
que se trata de uma indústria orientada para o mercado, baseada no princípio de
oferta e demanda, onde o risco é baixo e os lucros são altos.
É estimado que o crime organizado de tráfico seja a terceira maior empresa
criminal internacional, gerando uma estimativa de US $150 bilhões por ano [6]. É um
mercado que exibe graves violações dos Direitos Humanos, onde as vítimas são
tratadas como mercadorias, compradas, vendidas, comercializadas e usadas para
atender à demanda mundial por sexo, mão-de-obra barata, escravidão, órgãos
humanos e pornografia, etc..
DECLARAÇÃO DE ISTAMBUL

Antes da celebração da Declaração de Istambul, as definições acerca do


Tráfico de Órgãos eram esparsas e imprecisas. Tinha-se, por analogia, a definição
de Tráfico de Pessoas, promovida pelo Protocolo de Palermo, em 2000. O artigo
terceiro do protocolo enuncia:

a) A expressão "tráfico de pessoas" significa o recrutamento, o transporte, a


transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à
ameaça ou uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao
engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade ou à
entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o
consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de
exploração. A exploração incluirá, no mínimo, a exploração da prostituição de
outrem ou outras formas de exploração sexual, o trabalho ou serviços
forçados, escravatura ou práticas similares à escravatura, a servidão ou a
remoção de órgãos;

b) O consentimento dado pela vítima de tráfico de pessoas tendo em vista


qualquer tipo de exploração descrito na alínea a) do presente 29 Artigo será
considerado irrelevante se tiver sido utilizado qualquer um dos meios
referidos na alínea a);

c) O recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o


acolhimento de uma criança para fins de exploração serão considerados
“tráfico de pessoas” mesmo que não envolvam nenhum dos meios referidos
da alínea a) do presente Artigo;

d) O termo “criança” significa qualquer pessoa com idade inferior a dezoito


anos.

Ao analisar as definições propostas pelo Protocolo de Palermo, a teoria do


Tráfico de Órgãos era analogamente definida como o transporte de pessoas com a
única finalidade de remoção de seus órgãos, o que gerava certa imprecisão, uma
vez que não havia definição especifica sobre o tráfico de órgãos per si. A Declaração
de Istambul surge como possível solução a tais imprecisões, trazendo uma definição
mais clara acerca do Tráfico de Órgãos e Turismo de Transplante, a qual segue
abaixo transcrita:

“O tráfico de órgãos consiste no recrutamento, transporte,


transferência, refúgio ou recepção de pessoas vivas ou mortas ou dos
respectivos órgãos por intermédio de ameaça ou utilização da força ou outra
forma de coação, rapto, fraude, engano, abuso de poder ou de uma posição
de vulnerabilidade, ou da oferta ou recepção por terceiros de pagamentos ou
benefícios no sentido de conseguir a transferência de controlo sobre o
potencial doador, pra fins de exploração através da remoção de órgãos para
transplante.”

DIA MUNDIAL E NACIONAL DE ENFRENTAMENTO AO TRÁFICO DE PESSOAS.

Iniciada em 2006, a política de enfrentamento do tráfico de pessoas foi


construída a partir dos esforços conjuntos de órgãos da administração pública.
Segunda Renata Braz coordenadora-geral do senajus, o plano discutido durante a
mobilização do protocolo de palermo, no Brasil administrado pelo ministro da
segurança e justiça pública, é atualizado a cada 4 anos qual tem objetivos de
analisar as ações para combater grupos criminosos, incentivar e fortalecer as
cooperações dos órgãos públicos, reduzir as situações de vulnerabilidade da
população e outros impactos gerados.
Essa atualização serve para o estabelecimento adequado das diretrizes á redução
de ocorrências do crime no país.
Renata Braz diz sobre o avanço na legislação do crime tipificado em 2016
quando a questão do tráfico humano deixou de destacar apenas a exploração sexual
e cooptar todas as formas de exploração humana
REFERENCIAS

https://www.jusbrasil.com.br/busca?q=declara%C3%A7%C3%A3o+de+istambul

https://jus.com.br/amp/artigos/42367/declaracao-de-istambul-e-o-direito-brasileiro-an
alise-juridica-da-degradante-pratica-de-submeter-o-corpo-humano-aos-interesses-do
-capital

https://jus.com.br/artigos/82803/trafico-humano-e-o-papel-essencial-do-profissional-e
m-negocios-internacionais

https://www.justica.gov.br/news/collective-nitf-content-1564500407.99

https://www.google.com/amp/s/jus.com.br/amp/artigos/90370/o-processo-de-governa
nca-no-enfrentamento-ao-trafico-internacional-de-orgaos

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