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O jovem tenta retomar o poder com ameaças: ”Que que ta olhando, hein
dona? (...) Num se move não, moça, esse bicho aqui num gosta de conversa”
(MELLO, 2001, p. 467). No entanto, para conseguir o que queria, a personagem
feminina, usa da sedução para atingir seu objetivo.
Numa relação de dominação a pessoa com mais poder no momento
aproveita-se do mais fraco e tira vantagens. Essa relação de poder pode ser, física
ou psicológica.
No caso especifico da personagem feminina, a dominação foi psicológica,
onde o dominador previamente sabia como atuar. Através de uma análise da
situação ele ataca a pessoa a quem ele domina. Para Foucault (Apud CZESZAK,
2004), “não há relação de poder sem uma constituição correlata de um campo de
conhecimento (...)”. Cada personagem sabia o que estava fazendo. Com a margem
de liberdade e o conhecimento da situação, cada um conduziu a seu modo essa
relação de poder.
Segundo Mill (2004, p 15), as relações sociais existentes entre os sexos, não
deveriam estar condicionadas a subordinação de um indivíduo ao outro, pois esta
condição é um dos principais obstáculos para o desenvolvimento humano, mesmo
porque, deveria tal subordinação ser substituída por um principio de igualdade, sem
qualquer poder ou privilégio para um lado e incapacidade para o outro.
Falaremos sobre essas duas situações de relação de poder exercida por cada
personagem, com o objetivo de traduzir as possíveis evidências que os levaram a
cometer suas ações de violência e sedução.
VIOLÊNCIA SOCIAL
Pois bem, não é possível analisar a violência de uma única maneira, tomá-la
como um fenômeno isolado. Sua própria pluralidade é a única indicação do
politeísmo de valores, da polissemia do fato social investigado. O termo violência é
uma maneira cômoda de reunir tudo o que se refere à luta, ao conflito, ao controle,
ou seja, à parte sombria que sempre atormenta o corpo individual ou social. Assim,
segundo Miranda (2006) a violência pode, ainda, ser classificada como: conflitos
sociais e políticos, exclusão, repressão, terrorismo, guerras civis e tiranias. É uma
violência que gera outra violência. Muitos governos privilegiam a autoridade em
detrimento do consenso, da busca de soluções unilaterais. Por isso, em troca, vem-
se mais violência.
CARÊNCIA AFETIVA
“Me diz seu nome, diz. Ele se espantou. Que qui há, dona? A
curiosidade começou a crescer. (...) É, o seu nome. Como você se
chama?(...)
A vantagem aumentava. Ele sem perceber cedia.(...)” (MELLO, 2001,
p. 467)
REFERÊNCIAS
DAL FARRA, Maria Lúcia. O Narrador Ensimesmado. São Paulo: Ática, 1978.
KOKKEN, Sha. Seja feliz na vida sexual. Trad. Jair Gramacho. 3.ed. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira. 1973.
MELLO, Maria Amélia. Flor de cerrado. In: MORICONI, Ítalo. Os cem Melhores
Contos Brasileiros do Século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
MILL, Stuart. A Sujeição das Mulheres. Trad. Débora Ginza. São Paulo: 2005.
ODALIA, Nilo. O que é violência. São Paulo: Nova Cultural/ Brasiliense, 1985.
PIGLIA, Ricardo. Teses sobre o conto. Caderno MAIS, Folha de São Paulo,
domingo, 30 de dezembro de 2001, p. 24.