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NÍVEL GRADUAÇÃO
Mia Couto constrói em seu romance uma narrativa que desafia as noções
convencionais de realidade. O enredo se passa em uma vila fictícia em
Moçambique, pós-guerra civil onde a presença de uma equipe de observadores
estrangeiros agita a rotina local. A história é impulsionada pela investigação de
um possível massacre de flamingos, mas à medida que os personagens se
envolvem na busca pela verdade, as fronteiras entre realidade e imaginação se
tornam cada vez mais frágeis.
Identidade em Perspectiva:
"A guerra o que havia feito de nós? O estranho era eu não ter sido morto em
quinze anos de tiroteios e sucumbir agora em meio da paz. Não falecera da
doença, morria do remédio?"
O livro, mesmo sendo leve, não foge a uma discussão 'pós-colonial'. No plano
teórico, a colonização acabou, mas na prática, Tizangara é uma cidade coberta
de pó colonial; nas relações sociais, nas estruturas, na política, nos espaços, em
tudo resta o pó do período de dominação. A reorganização parece nunca estar
completa, de forma que se conclui que a guerra nunca partiu. Uma guerra literal
e simbólica, que coloca as personagens e os espaços numa corda bamba
sustentada pelo passado que não foi vivido e pelo futuro que ninguém sabe se
virá.
Exploração de temas:
Identidade e Pós-Colonialismo:
Corrupção e Poder:
A corrupção é uma questão subjacente na obra, especialmente quando se
considera a presença de observadores estrangeiros na vila. A dinâmica de poder,
tanto local quanto global, é examinada através das interações entre os
personagens e a influência externa.
Violência e Trauma:
Desconstrução da Realidade:
A complexidade das questões abordadas por Mia Couto em "O Último Voo do
Flamingo" continua a ressoar na literatura contemporânea e em outras formas
de mídia. Um exemplo notável é a série de televisão "The Leftovers", que
também explora temas de identidade, trauma e desconstrução da realidade em
um contexto pós-evento catastrófico. A série começa três anos após um evento
global que resulta no desaparecimento de 2% da população mundial. As vidas
do chefe de polícia Kevin Garvey (Justin Theroux) e da sua família, assim como
de Nora Durst (Carrie Coon) e do seu irmão, o Reverendo Matt Jamison
(Christopher Eccleston) são os pontos focais da série, enquanto eles lutam para
se adaptar à vida depois deste acontecimento. Desafia as noções convencionais
de verdade e realidade, oferecendo paralelos interessantes com a obra de
Couto. A série e a obra literária da qual estamos estudando têm origens culturais
e geográficas distintas. Ambas as obras exploram, de maneira profunda e
complexa, as consequências emocionais e sociais de eventos extraordinários
que desafiam as normas da realidade. Podemos notar alguns aspectos
semelhantes entre as duas obras, como por exemplo:
Desconstrução da Realidade
Exploração da Identidade
Trauma e Perda
Desde o momento em que me entendo por gente, isso desde os meus quatorze
para quinze anos, me vejo apaixonada por livros de romance. O livro de Mia
Couto não é nem de perto algo que meu eu de alguns anos atrás pensaria em
ler e, se é que posso ser sincera, também não acho que meu eu de agora se viu
satisfeita com o que foi lido. Talvez eu deva essa expectativa não alcançada ao
nome do livro porque realmente esperava um romance ardente, que me fizesse
querer mais e mais páginas. No entanto, fica comigo a lição de não ir com tanta
sede ao pote na próxima vez que algum título me chamar a atenção. De modo
algum acho que seja uma obra ruim pois creio que tenha uma linguagem de fácil
compreensão se formos comparar com a obra de Aristóteles que tivemos que ler
um pouco antes, a compreensão é feita sem nenhuma interrupção e por mais
que definitivamente não seja meu tipo de livro, ainda acho que deveria ter mais
visibilidade por ser sim uma obra importante e interessante já que o autor
conseguiu intercalar o romance com guerras e relações políticas.
Referências: