Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
IRRIGAÇÃO NA PRODUÇÃO
DE MUDAS DE HORTALIÇAS
Waldir A. Marouelli com barra irrigadora móvel, que se des-
waldir.marouelli@embrapa.br
Marcos B. Braga
loca com velocidade pré-estabelecida so-
Pesquisadores da Embrapa Hortaliças bre as bandejas de mudas.
Independente do sistema usado, as
gotas de água aplicadas sobre as mudas
O
estabelecimento de campos de devem ser sempre de pequeno calibre, o
produção a partir do transplante que evita o arranquio, a exposição de se-
de mudas tem sido uma práti- mentes e os danos mecânicos às mudas.
ca muito utilizada na produção de hor-
taliças. Para o sucesso da cultura é fun- Irrigação de sementeiras e
damental que sejam utilizadas mudas copinhos
sadias e vigorosas, as quais podem ser
adquiridas junto a produtores especiali- Embora terrenos com boa drenagem
zados – viveiristas – ou produzidas pelo natural sejam recomendados para se-
Daniela Pires
próprio agricultor. menteiras, solos de textura grossa devem
Enquanto a produção de mudas por ser evitados. Por reterem pouca água, re-
viveiristas é feita exclusivamente em ban- querem irrigações muito frequentes, o
dejas de isopor ou resina plástica com que dificulta a produção de mudas de na Tabela 1. No caso de copinhos, irri-
128, 200 e 288 células ou mais, em con- qualidade. gar até o solo começar a drenar.
dições de ambiente protegido a produ- Tais solos também não devem ser As demais irrigações devem ser le-
ção pelo próprio agricultor também pode utilizados para produção de mudas em ves e frequentes, procurando manter o
ocorrer em copinhos ou em sementei- copinhos. Para drenar o excesso de água solo próximo à capacidade de campo
ras – canteiros especialmente prepara- e manter o solo sempre bem aerado, os para não prejudicar a germinação das
dos para a produção de mudas. copinhos devem ser perfurados. sementes, a emergência de plantas e o
Atualmente, o uso de bandejas é uma Antes da semeadura, os canteiros de- desenvolvimento das mudas. Apesar de
prática comum, mesmo entre agriculto- vem ser irrigados o suficiente para elevar ser uma fase muito sensível à deficiência
res que produzem as próprias mudas. O a umidade do solo até a capacidade de de água, o excesso também é prejudicial,
uso de sementeiras e de copinhos, que campo, numa profundidade de 20 a 30 pois, dentre outros problemas, prejudica
já foi bastante praticado nas últimas dé- cm. A lâmina de água a ser aplicada nes- a troca gasosa no solo, e, consequente-
cadas, está hoje restrito a pequenos pro- sa primeira irrigação pode ser estimada mente, a respiração das raízes, além de
dutores rurais. favorecer doenças de solo.
Da semeadura até uma a duas se-
A irrigação manas após a emergência (período
inicial), irrigar, em geral, duas vezes
Independentemente de como as por dia, uma pela manhã e outra à tar-
mudas são produzidas, as irrigações
são geralmente realizadas por asper-
Para aumentar a tolerância de. Em condições de clima ameno e
solos com alta retenção de água, uma
são. Sistemas fixos por microaspersão
são bastante usados, pois molham áre-
das mudas ao estresse rega diária no final da tarde pode ser
suficiente.
as menores e geram gotas pequenas.
Na produção em pequena escala,
hídrico é indicado reduzir a Com o crescimento das raízes até
as mudas estarem formadas (período
as regas podem ser feitas usando re-
gador manual com crivo fino ou man-
quantidade de água aplicada final), irriga-se de forma mais espaça-
da – de 01 a 02 dias (Tabela 2). Copi-
gueira com difusor ou crivo fino na
ponta. Em grandes viveiros as regas
durante a última semana nhos podem requerer irrigações mais
frequentes, devido à menor quantida-
são geralmente realizadas utilizando de de solo a ser explorado pelas raí-
sistemas automatizados por aspersão zes das plantas.
44 Dezembro 2016
IRRIGAÇÃO
46 Dezembro 2016
IRRIGAÇÃO
Tabela 1. Lâmina real de água (mm) a ser aplicada por irrigação antes da semeadura na
Uniformidade e qualidade sementeira (canteiro), conforme a textura e umidade do solo
60 1,9 2,2 2,5 2,8 3,2 3,5 3,8 4,1 4,4 4,8 5,2 5,6
70 1,7 2,0 2,3 2,6 2,8 3,1 3,4 3,7 3,9 4,3 4,6 5,0
80 1,5 1,7 2,0 2,2 2,4 2,6 2,9 3,1 3,4 3,7 4,0 4,3
90 1,2 1,4 1,5 1,7 1,9 2,1 2,3 2,6 2,8 3,1 3,4 3,7
Fonte: Marouelli et al. (2016).
Dezembro 2016 47