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Quando se guarda a escrita, seu corpo mofa: quanto mais se ocupa uma página, mais
nos entregamos ao outro, sem garantia;
Escritores são aqueles que queixam essa imposição, essa igualdade: criar padrões, e
não seguir.
Qual pessoa estou construindo com meu texto? Qual a melhor versão de mim? Até
que ponto posso chegar?
Escritor possui uma antena que capta tudo, desde o invisível até o visível, desde
encarnados até desencarnados etc. (feito de memórias e segredos, ocultos)
Deixar o corpo acontecer (se precisamos respirar, que se coloque três pontinhos no
texto [e está tudo bem!! Podemos fazer isso]
Literatura é um modo de respirar, sendo construída no texto: criamos nossos
próprios limites (se não conseguimos terminar um raciocínio, que exponhamos isso no
nosso texto!)
Caos na literatura (“O Dia em que os Discos Voadores Chegaram”, de Neil Gaiman):
não segue regras específicas, nem função lógica, porém tudo ocorre de forma fluida e
convincente, sem ter confusão ou causar descrença.
“(...) Você não percebeu nada disso porque estava sentada em seu quarto,
Escritor manipula diversos discursos e escolhe quais quer (ou não) reproduzir
Construção de uma escritora mais interessante para o mundo.
Toda literatura é uma forma de se dizer “eu te amo”: todo texto propõe algo de
forma implícita
Escritor perde parte de seu tempo para se dedicar à escrita, mesmo não sabendo se
irá ser ouvido/lido
“Eu te amo” é uma entrega de si, um dom doado para o ouvinte, como a uma
oferenda.
Escrever é um ato de amor: literatura não tem uma utilidade, porém é uma entrega
do ser, da pessoa.
Menos é mais: quanto menos, mais intenso; quanto mais, mais intencionalidade
Ambiguidade da palavras: muitas vezes, uma palavra ou frase já nos basta para
entendermos determinada mensagem (como o “Bom dia” como final para o conto de
Neil Gaiman, proposto por aluna durante a aula).
Corpo relacional: literatura se relaciona de formas diferentes (um texto que agrada
a um tipo de leitor pode não agradar para outro, por exemplo).
“Poesia se faz com palavras, e não com ideias” (frase de Mallarmé para Degas)
Todo texto é um corpo, por isso nos provoca (irradiações fluídicas de determinados
corpos, atração por certos tipos de irradiações): deve-se deixar fluir (por isso nem
todos os corpos nos provocam)
➔ O que pode o corpo fazer? Que corpo é esse que eu tenho?
➔ Pode dançar [com as palavras], caminhar [com a mente], potencializar [as
ideias], questionar [o entorno, o pensamento], contagiar [alguém],
experimentar [novas ideias, novas idealizações].
Atividade de escrita (baseada no poema “Tenho uma Folha Branca”, de Ana Cristina
César):
a vontade de se ter
desenhado,
desgrenhado,
sem nexo,
nem norte.
Convide da folha vazia, em branco: vai além das palavras, podendo se expandir para
qualquer manifestação artística (dobradura, desenho, pintura etc.)
Intimidade com a página: o que ela pode receber de mim mesma? Isso já é meu
corpo
Os grifos nos livros são uma marca pessoal: ao relermos nossas próprias marcações,
podemos perceber a passagem do tempo e a mudança no nosso ser (o que antes era
importante, hoje já não é mais e vice-versa).