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EIRELI e o seu fim: por que foi extinta e

substituída pela SLU

Até agosto de 2021, os empreendedores que desejavam começar o seu


negócio sem a companhia de outros sócios tinham alguns modelos para optar.
Mas desde então, a EIRELI foi extinta e substituída de vez pela Sociedade
Limitada Unipessoal (SLU).

O movimento pegou alguns donos de surpresa e também gerou dúvidas sobre a


continuidade das suas empresas. Por exemplo, o que acontece agora que o
modelo escolhido deixou de existir? Se esse é o seu caso, leia o artigo até o fim
para entender os impactos dessa decisão!

O que é o EIRELI

A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) foi criada em


2011 e trouxe um grande avanço para o mundo empresarial: a possibilidade de
ter um CNPJ sem a necessidade de outros sócios, além da diferenciação entre
os bens da pessoa física e jurídica.

Anteriormente, o empreendedor só tinha duas opções para abrir o seu


negócio sozinho: como Microempreendedor Individual (MEI) ou Empresário
Individual (EI). O problema é que os dois obrigavam a inscrição como pessoa
física. Então a EIRELI chegou para solucionar esse problema.

Em resumo, a principal característica da EIRELI era a necessidade de


integralizar cem salários mínimos para constituir o capital social, com 100% de
participação para o seu dono. Também não havia chance de ter o patrimônio
pessoal bloqueado, porque a lei previa uma segregação entre os bens.
Diferenças para outros tipos de empresa

Cada tipo de empresa tem as suas próprias particularidades. Então, na hora de


abrir uma empresa, você deve avaliar qual é o que se encaixa melhor nas suas
necessidades. Por exemplo, se o seu faturamento fica acima de R$81 mil no
ano, você não pode ser MEI. Essa é uma das diferenças em relação à EIRELI.

Veja as principais distinções entre os tipos de empresa com apenas um sócio!

 MEI: Microempreendedor Individual, com limite de faturamento até R$81


mil anual e direcionado para a formalização de pequenos negócios.
 EI: Empresário Individual, em que a pessoa física exerce a atividade no
seu nome.
 EIRELI: Empresa Individual de Responsabilidade Limitada, em que há
segregação de bens entre PF e PJ e integralização de capital social de
100 salários mínimos.
 SLU: Sociedade Limitada Unipessoal, que tem regras parecidas com a
EIRELI, mas sem a obrigação do capital social (mais à frente vamos
explicar melhor o seu funcionamento).

Motivos para o fim do EIRELI

Inicialmente, a criação da EIRELI serviu para aumentar a segurança jurídica do


sistema, o que explicava a obrigação de investir um valor relativamente alto na
constituição. Porém, essa exigência se tornou um problema, já que nem todos
estão dispostos ou têm condições de integralizar um capital social tão relevante.

Por outro lado, abrir empresa como Empreendedor Individual (EI) tem a barreira
de misturar o patrimônio de PF e PJ. Assim, o mais comum era que
empreendedores buscassem sócios na empreitada para constituir uma
Sociedade Limitada (LTDA), que não tinha essa obrigação do capital social.

A Lei de Liberdade Econômica (Lei 13.874//2019) mudou completamente o


cenário ao criar a Sociedade Unipessoal Limitada (SLU). Suas características
são simples: não precisa de sócios, não tem obrigação de integralizar o capital
social e o patrimônio do empreendedor é protegido. Como é um avanço em
relação à EIRELI, ter outra opção deixou de fazer sentido.

Como a SLU influenciou na decisão

A SLU não foi criada especificamente para substituir a EIRELI, mas a troca se
transformou em algo natural. Como falamos anteriormente, esse é um modelo
mais generoso para os empreendedores, porque as suas exigências financeiras
na hora da constituição são menores.

A grande vantagem da EIRELI era a possibilidade de criar o seu próprio negócio


sem precisar de um sócio e não misturar o patrimônio como pessoa física. Por
isso, muitos empreendedores optavam por fazer esse investimento inicial e não
correr o risco de ter problemas com o seu patrimônio pessoal.

Porém, com a criação da SLU, essa diferença deixou de existir. Além disso, as
regras da EIRELI eram mais restritas, porque não permitiam que o empresário
tivesse dois CNPJs dentro desse mesmo modelo. Isso não é um problema na
norma atual, já que é possível ter mais de uma SLU.

Nesse sentido, havia um movimento natural dos novos empresários em optar


por esse modelo. Como a EIRELI deixou de ser viável, o caminho natural foi
simplificar as coisas e transformar todas as empresas existentes em SLU, o que
amplia as possibilidades para os empreendedores.

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