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Universidade Federal da Paraíba - UFPB

Centro de Comunicação, Turismo e Artes


Departamento de Música

PROFESSOR: DR. JOSÉ VIANEY DOS SANTOS


EDUCANDO: MARCONI BRASILIANO DA SILVA JÚNIOR

Artigo: Vera Janacopulos- A arte da interpretação (Anne Meyer)

Vera Janacopulos (1892-1955) brasileira, nascida em Petrópolis, logo aos 4 anos de


idade, devido à morte de sua mãe, mudou-se para Paris, junto com a sua irmã, para a casa
de seus tios. Aos 22 anos, fez seu primeiro recital, junto a premiada pianista brasileira,
Magdalena Tagliaferro. Treze anos mais tarde, já havia se tornado uma das maiores cantoras
do século XX, chegando a participar de mais de 300 concertos no espaço de dois anos. Logo
ganhou a admiração de diversos regentes e compositores como Ravel, Stravinsky, Villa
Lobos, Poulenc, Milhaud, entre outros.
Janacopulos foi aluna da grande cantora e professora alemã “Lilli Lehmann”, para ela,
antes do cantor subir ao palco, ele precisaria passar um bom tempo apenas aprimorando a
técnica, pois somente depois de 8 a 10 anos, ele conseguiria executar uma obra sem estar
preso aos padrões da técnica vocal. Para Vera, o canto é composto de 3 elementos
fundamentais: vocalize, fraseado e interpretação. Sem sombras de dúvidas, ela detía-se em
construir uma boa performance, em passar uma mensagem inteligível, sem erros de
pronúncia ou articulação, o que de fato é o referencial do seu canto. Pelo fato das canções e
lieds alemães tratarem a letra e a poesia como fator de grande peso na interpretação,
acredita-se que por isso ela tenha se tornado uma cantora muito mais camerística do que
operística.
A fluência em praticamente 13 idiomas, lhe permitia explorar as particularidades,
entendo a estrutura das frases e o ritmo. Ela defendia que o texto deveria ser
diligentemente estudado, pois uma acentuação indevida pode alterar o sentido de toda uma
frase. Para realizar um fraseado homogêneo, nítido, afinado, fazendo as flexões dos
contornos e nuances com clareza, ela sugere que o cantor tenha um “Plano de
interpretação” aonde cada frase seja pensada separadamente, e carregue uma ideia ou
emoção, com intuito de formar o “contexto geral” da obra e a mensagem que se deseja
transmitir.
Vera defendia que os cantores deveriam ser econômicos em relação a gestos, pois
entendia que competia apenas ao rosto, refletir as emoções. E se houvesse gestos, que
fossem sincronizados com o texto, pois um movimento errado, traria contradições ao
ouvinte e prejudicaria a compreensão da obra. Para ela, o pianista não é apenas um
coadjuvante do cantor, mas sim, um protagonista da mesma importância que ele (cantor).
Falando agora em relação ao seu lado professora, é interessante saber que ela fazia
uma espécie de teatro com bonecos, onde os alunos representavam alguns personagens,
chamado “Guignol chantant”. Era uma forma de trabalhar a relação dos alunos com o palco,
seus medos e anseios. Outra curiosidade descrita no artigo, é que Janacopulos mesmo tendo
feito diversos “bis” no final dos concertos, ela dizia que o bis devia ser executado, apenas
quando o cantor sentisse que deixou à desejar em algum ponto da interpretação. Caso
contrário, se tudo tivesse ocorrido bem, seria mais útil apresentar uma nova obra.

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