Você está na página 1de 3

BATALHA, Claudio H. M.

Identidade da Classe Operária no Brasil (1880-1920):


Atipicidade ou Legitimidade?
Alex Almeida de Sousa
1. Passagens mais significativas:
 O primeiro grande ponto diz respeito a consolidação de uma classe operaria no
brasil em final do século XIX e início do XX. Para tanto, o autor apresenta duas
perspectivas, sendo uma de analise da constituição racial desses operários e
outra do crescimento fabril na Primeira República.
 Para muitos, a classe operaria brasileira não se desenvolveu em decorrência da
permanência de uma mentalidade servil, uma vez que a escravidão tinha sido
abolida no final do século XIX, muito desse pensamento subserviente ainda
havia ficado nas recém nascida classe de operaria livre, que contava com a
diversificação racial brasileira e também por diversos imigrantes, sobretudo
Italianos nas grandes cidades e interior paulista.1
 A análise do debate sobre a mentalidade dos trabalhadores e os diferentes pontos
de vista com relação a entrada dos imigrantes é trabalhada no texto; alguns
membros sindicais e lideranças achavam benéfica essa entrada, já que se
tratavam de europeus supostamente inseridos nas lutas trabalhistas da Europa;
outros viam como prejudicial, defendendo que roubariam seus empregos e não
passavam de interioranos despolitizados e fora do contexto industrial.
 A indústria brasileira era de certa forma embrionária na transição dos séculos,
sendo predominante as oficinas com pouca mão de obra e pouco mecanizada.2
 A indignação das lideranças e militantes da causa operaria é destacada perante a
apatia dos trabalhadores brasileiros. O ambiente e a mentalidade são colocados
como principais causas da não formação de um proletariado genuíno aos moldes
europeus, sendo dessa forma inevitável as comparações com o Velho
Continente.
 O paradigma europeu serve antes de mais nada para justificar as ideologias das
lideranças sindicais e militantes; o mito criado em torno do proletariado europeu
é descontruído, revelando um modelo comparativo e idealizado longe da

1
Pag 112
2
Pag 113
realidade. De qualquer forma a estratégia era seguida e usada para criticar o
proletariado brasileiro em formação.3
 É importante observar que haviam diversos modelos a serem seguidos, sendo os
principais o francês, alemão e o modelo britânico de organização da classe
trabalhadora, servindo como pontos de referencia para a causa operaria
brasileira.4
 Um dos pontos mais importantes do texto trata sobre a formação da identidade
operaria e as barreiras que dificultaram essa formação. A identidade operaria é
precedida em muitos casos pela a identificação social. As condições de
existência no Brasil entre 1900 e 1910 eram extremas para as classes mais
pobres, que assim como no caso europeu (salvo as particularidades) sofreu com
o processo de urbanização e industrialização. As moradias eram precárias, as
doenças se proliferavam e o alcoolismo era um grave problema social para as
autoridades e para os sindicatos.5
 Assim como o texto mostra, houve problemas na formação dessa identidade. Era
difícil, sobretudo para os trabalhadores informais, se reconhecerem enquanto
grupo homogêneo, já que sua associação com pessoas marginalizadas era
comum.
 O trabalho era a única coisa que separava um “bom cidadão” de um
“vagabundo”. A oposição ócio e trabalho era uma forte ferramenta de distinção
social.
 O sentimento de pertencimento a uma determinada classe trabalhadora, era mais
comum aos trabalhos que exigiam qualificação. Logo, a própria profissão
legitimava o grupo perante uns aos outros, o que não ocorria facilmente com os
trabalhadores ocasionais, que eram muito mais dispersos e distantes uns dos
outros.6
 A forma como o trabalho vai legitimar ou não o sentimento de classe varia muito
conforme a profissão exercida.
2. Passagens mais difíceis:

3
Pag 117
4
Pag 118
5
Pag 18
6
Pag 120
A parte final do texto que trata sobre questões voltadas a ética do trabalho e a
formação do sentimento de classe foram as mais difíceis de se assimilar, principalmente
o primeiro paragrafo da pagina 123. Textos do próprio autor completam essas ideias.

3. Relação do texto com possíveis outros autores e textos lidos sobre o tema:
No meu ponto de vista foi possível estabelecer um dialogo com os escritos de
Thompson acerca da classe operaria inglesa. Ao lembrar, mesmo que de forma rápida,
as condições sociais que os trabalhadores viviam, o autor faz esse paralelo importante
com o historiador inglês. Para além disso, a noção da formação do proletariado
enquanto classe tem muitas semelhanças com Thompson, inclusive no emprego de
termos semelhantes como “classes perigosas”, estabelecendo uma relação hierárquica
semelhante a noção thompsiana, onde o operário representa uma espécie de “meio
termo”, estando a baixo das classes dominantes, mas acima das classes mais
marginalizadas.
Essa forma de pensar o operário e suas problemáticas para além do cenário das
fabricas, o inserindo em uma dinâmica social mais ampla, corresponde muito ao
momento que o texto é escrito, onde a historiografia, juntamente com a antropologia e
sociologia expandiram a forma de se pensar os movimentos operários. No livro O
movimento operário na primeira república Claudio Batalha expande sua análise,
inclusive dedicando um capitulo para a cultura operaria, demonstrando os avanços da
analise historiográfica.

Você também pode gostar