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Gestão do esporte no Brasil: desafios e perspectivas

Chapter · January 2012

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2 authors:

Flavia Bastos Leandro Carlos Mazzei


University of São Paulo University of Campinas
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Gestão do
Esporte no
Brasil
Desafios e
perspectivas

Gestão do Esporte SEGUNDA PROVA.indd 1 06/10/2011 15:24:36


Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Mazzei, Leandro Carlos.


Gestão do esporte no Brasil: desafios e perspectivas / Leandro
Carlos Mazzei, Flávia da Cunha Bastos [orgs.]; coordenação editorial:
Alexandre F. Machado. – 1ª ed. – São Paulo: Ícone, 2012.

Bibliografia.
ISBN 978-85-274-1192-9

1. Administração esportiva. 2. Esportes – Brasil. 3. Esportes.


I. Bastos, Flávia da Cunha. I. Machado, Alexandre F. III. Título.

11-10736 CDD-796.069

Índices para catálogo sistemático:


1. Brasil: Esportes: Gestão 796.069
2. Brasil: Gestão esportiva 796.069

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Leandro Carlos Mazzei
Flávia da Cunha Bastos

Gestão do
Esporte no
Brasil
Desafios e
perspectivas

Coautores
Fernando Castro Maroni
José Arthur Fernandes Barros
Luís Carlos Santana
Michel Fauze Mattar
Ricardo André Ferreira da Silva

Coordenação editorial
Alexandre F. Machado

1ª edição | Brasil 2012

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1
 Gestão do esporte no Brasil:
desafios e perspectivas

Flávia da Cunha Bastos


Leandro Carlos Mazzei

 INTRODUÇÃO

A Gestão do Esporte tem sido encarada de diferentes maneiras pelo


meio acadêmico, pela mídia, pela sociedade em geral, por políticos,
gestores de entidades esportivas, dirigentes, atletas, investidores,
enfim, por todos aqueles que de alguma forma estão envolvidos com
o fenômeno esporte.
Nos capítulos deste livro serão apresentadas perspectivas rela-
cionadas ao conceito de Gestão aplicada a diferentes segmentos do
Esporte, partindo da origem histórica sobre a lógica que se apresenta
atualmente nas diferentes instituições que atuam com este fenômeno
social, passando por sua realidade e culminando nos desafios que cada
organização esportiva terá no futuro em nosso país.

1. Desafi os e perspectivas 23

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De certa forma, anda existe desinformação com relação ao con-
ceito do tema deste livro. A terminologia Gestão do Esporte pode ser
considerada uma nomenclatura mais atual, que remete à Administração
Esportiva. Administração pode ser definida como planejar, organizar,
dirigir e controlar recursos para atingir de forma eficiente e eficaz os
objetivos de uma organização. Já Gestão é lançar mão de diversas
funções e conhecimentos necessários para, através das pessoas, se
atingirem os objetivos de uma organização de forma eficiente e eficaz
(DIAS, 2002)1.
Em diferentes culturas, comunidades, nações e países, a Gestão
do Esporte está presente, por vezes com mais destaque; em outras
situações nem ao menos ela é conhecida, mas na realidade do Esporte
mundial gerir com eficiência e eficácia organizações e instituições
esportivas deixou de ser necessário, passando a ser uma obrigação.
Nos EUA, existem dois pontos de vista com relação à Gestão do
Esporte: um que gera conteúdos das diversas áreas relacionadas com
o fenômeno esportivo e outro que está relacionado com o gerencia-
mento de entidades dos diferentes segmentos da Indústria do Esporte,
principalmente a indústria ligada ao entretenimento esportivo.
Na Europa, o contexto deste campo de conhecimento está rela-
cionado com a produção de conteúdos relacionados à gestão e ao
esporte como um fato específico, além da organização do contexto de
“Esporte para Todos”, que tem grande força entre a maioria das nações
Europeias. Obviamente a Ásia, África e Oceania também possuem lógi-
cas próprias da Gestão do Esporte, que condizem com as realidades
culturais, sociais, políticas e econômicas dos diversos países de cada
continente. O panorama do desenvolvimento desta área de conheci-
mento revela que os EUA, Canadá e todo o continente europeu estão
consideravelmente um estágio à frente em relação ao restante do Globo.

1 DIAS, E. P. Conceitos de Gestão e Administração: uma visão crítica. Revista Eletrônica de Administração – FACEF.
V. 1, Edição 1, julho-dezembro, 2002. Disponível em: http://www.facef.br/rea/edicao01/ed01_art01.htm.

24 Gestão do Esporte no Brasil

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No Brasil, a Gestão do Esporte também tem uma característica
particular, de acordo com a nossa história e realidade. Por um lado a
sociedade e as organizações esportivas, de uma forma geral, ainda se
conscientizam da importância da Gestão em todas as manifestações
do esporte (educacional, de participação e de rendimento). Por outro,
muitos consideram que a Gestão do Esporte está associada apenas
a gerência de clubes e academias de Fitness, ou a aspectos ligados à
“Indústria do Futebol”, dada a forte predominância da modalidade em
termos culturais.
No âmbito nacional, apenas algumas entidades de prática e de
administração de certas modalidades apresentam organizações clara-
mente mais profissionalizadas e desempenhem um papel marcante no
cenário econômico. Está claro que várias instituições e organizações
esportivas mundiais já utilizam o conceito de gerir os seus recursos em
busca de seus objetivos, mas quais conhecimentos estão envolvidos?
Seria a Gestão do Esporte uma ciência?
Nesse sentido, ao contrário do conhecimento popular, para se
produzir conhecimento científico não basta relatar um fato ou fenômeno.
É necessário relacioná-lo a possíveis causas, especificar os porquês dos
questionamentos. Por exemplo, afirmar que megaeventos esportivos
aumentam a economia de um país não é ciência. Para comprovar o
aumento é preciso buscar as causas determinantes de tal aconteci-
mento, investigar o que ocorre para o suposto aumento econômico,
compreender o que ocorre nos diferentes segmentos econômicos
envolvidos nos megaeventos, determinar a razão do aumento. Outros
questionamentos também surgem: será que tal fato acontece em todo
evento esportivo, independente de sua dimensão, localização, número
de instalações realidade sociocultural?
Em termos conceituais, alguns autores consideram a Gestão do
Esporte como uma área científica dependente das Ciências do Esporte2,

2 Como por exemplo: GAYA, A. As Ciências do Desporto nos Países de Língua Portuguesa: uma abordagem
epistemológica. Tese (Doutoramento). Porto: FCDEF, Universidade do Porto, 1994; MILLER, L. K.; STOLDT, G. C.;
COMFORT, G. Profissões relacionadas à administração esportiva. In: HOFFMAN, S. I.; HARRIS, J. C. [Org.].

1. Desafi os e perspectivas 25

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outros defendem a autonomia ou uma tendência para que a área se torne
independente3. Na primeira visão, a Gestão seria uma abordagem disci-
plinar das Ciências do Esporte pertencente ao grupo de vários campos
do conhecimento humano que apresentam conexões científicas com
os fatos esportivos, assim como a Medicina, a Psicologia, a Sociologia,
a Biomecânica, a História, a Filosofia e a Pedagogia. Já na segunda, a
Gestão do Esporte é considerada uma área de estudo composta por
um corpo de conhecimento que atualmente possui literatura, teorias e
práticas próprias, ou seja, uma área de conhecimento com autonomia,
possuindo causas e fatos, profundidade e generalidade de suas con-
clusões, finalidade teórica e prática, objeto formal de estudo, método,
controle, exatidão e aspecto social em suas pesquisas.
Os autores que defendem esta segunda abordagem entendem a
Gestão do Esporte como área de conhecimento, que, além de um corpo
de conhecimento e produção literária, é um campo de conhecimento
científico com profissionais que trabalham com pesquisa, formação e
com atividades práticas. Entendem que a afirmação e a credibilidade da
área podem ser determinadas através de organizações que defendam,
discutam e que tracem as perspectivas futuras da Gestão do Esporte
em determinado contexto.
Apesar de ser uma atividade profissional existente já há algum
tempo, fruto de uma “industrialização” do Esporte no século XX, chega
a ser curioso que a atividades relacionadas a Gestão do Esporte tenha
se transformado em uma área cujo desenvolvimento científico é extre-
mamente recente.

Cinesiologia: o estudo da atividade física. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002; Soucie, D. [Ed.]. Research in Sport
Management: implications for sport administrators. Schorndorf, Hofmannn Verlag, 1998. TUBINO, M. As Teorias da
Educação Física e do Esporte. Barueri, SP: Editora Manole, 2002.

3 Como por exemplo: BASTOS, F. C. Administração Esportiva: área de estudo, pesquisa e perspectivas no Brasil.
Motrivivência, ano XV, nº 20-21, p. 295-306, mar./dez. 2003. PIRES, G. M. V. F.; SARMENTO LOPES, J. P. R.
Conceito de Gestão do Desporto. Novos desafios, diferentes soluções. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto,
Lisboa, v. 1, nº 1, p. 88-103, 2001; PITTS, B. G. Sport Management at the Millennium: A Defining Moment. Journal
of Sport Management, 15, p. 1-9, 2001; CAPINUSSÚ, J. M. Administração desportiva moderna. São Paulo: IBRASA,
2002; DA COSTA [Org.]. Atlas do Esporte no Brasil. Rio de Janeiro: Shape, 2005.

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Essas reflexões iniciais acerca da área nos leva a considerar a
contemporaneidade da discussão do tema e a premência de posicio-
namentos no Brasil. Dessa forma, a proposta deste ensaio é fazer uma
avaliação sobre a Gestão do Esporte na realidade brasileira, a partir da
comparação com o que se vislumbra no cenário internacional da área,
utilizando fontes secundárias e a experiência acumulada em nossa
vivência acadêmica e profissional.

 GESTÃO DO ESPORTE NO BRASIL: FATORES CRÍTICOS

No Brasil, uma análise da área foi feita em 20034 em termos da formação


profissional, da produção de conhecimento, dos campos de atuação do
profissional e da pesquisa, considerando então o desenvolvimento da
Administração Esportiva. Na ocasião, apesar dos avanços em termos
de publicações e de formação profissional relatados, foram apontadas
carências, especificamente em relação à pesquisa. As perspectivas
sugeridas para a área se referiam à criação de grupos de estudos e
pesquisa, ao aprimoramento da formação profissional e à realização
de eventos científicos.
Em outros países, este tipo de avaliação da área também foi feita
no início do século XXI. Exemplos são a caracterização da área em
Portugal, por Pires e Sarmento Lopes5 e, no contexto norte-americano,
por Pitts6, sistematizadas na Tabela 1.

4 BASTOS, F. C. Administração Esportiva: área de estudo, pesquisa e perspectivas no Brasil. Motrivivência, ano
XV, nº 20-21, p. 295-306, mar./dez. 2003.

5 PIRES, G. M. V. F.; SARMENTO LOPES, J. P. R. Conceito de Gestão do Desporto. Novos desafios, diferentes
soluções. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, Lisboa, v. 1, nº 1, p. 88-103, 2001.

6 PITTS, B. G. Sport Management at the Millennium: A Defining Moment. Journal of Sport Management, 15,
p. 1-9, 2001.

1. Desafi os e perspectivas 27

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Tabela 1: Fatores críticos para o desenvolvimento
da Gestão do Esporte (Portugal e EUA).
Portugal (2001) EUA (2001)
Crise do desporto moderno
Complexificação da gestão
Organizações Organizações
Investigação Pesquisa
Oportunidades profissionais Atuação profissional
Forma da graduação Preparação profissional
Literatura
Credibilidade

Em Portugal, a argumentação dos autores parte do princípio de que


existe uma crise do desporto moderno, que tem como consequência
o aumento da complexidade da gestão de organizações esportivas.
Logo, segundo os autores portugueses, existe a necessidade de
investigação e formação profissional na área da Gestão do Esporte em
razão não só da carência de bons gestores esportivos, mas também
das oportunidades profissionais que começam a surgir.
No contexto norte-americano, a autora encara a possibilidade da
Gestão do Esporte ter mais autonomia e credibilidade com relação
aos estudos e a atuação profissional, o que supomos se assemelhe
ao momento que o Brasil se encontre, após praticamente uma década
da publicação do artigo da autora americana.
Como fica evidenciado na Figura 1, o foco das observações quanto
a fatores críticos em termos internacionais se deu, coincidentemente, em
quatro pontos: na pesquisa, na formação, na intervenção/áreas de atua-
ção do gestor e nas organizações voltadas ao desenvolvimento da área.
Apesar de nossas particularidades culturais, sociais, políticas e
econômicas, podemos considerar que os pontos citados também
podem ser fatores críticos para o desenvolvimento e a consolidação da
área no Brasil, portanto serão tratados de forma prioritária neste livro.

28 Gestão do Esporte no Brasil

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 A PESQUISA NA ÁREA

O desenvolvimento científico de uma área envolve diferentes aspectos


que estão fortemente interligados entre si. Pode-se considerar indica-
dores desse desenvolvimento: o fomento público ao desenvolvimento
de pesquisas, a expressão da produção, sua conexão em termos
internacionais, o número e a qualidade dos veículos de difusão cientí-
fica, a consistência da produção de livros e a relação que todos esses
aspectos possuem com a formação de profissionais que lecionam e
que atuam profissionalmente na área.
No contexto internacional, o fato de existirem publicações científicas
exclusivamente voltadas à Gestão do Esporte permite concluir que o
trabalho de formadores ou professores também se relaciona com a pes-
quisa. A difusão da produção científica na área se deu a partir de 1987
na América do Norte, de 1994 na Europa e de 1998 na Oceania, com a
publicação de revistas científicas especializadas7. Entretanto, supõe-se
que a pesquisa na área da Gestão do Esporte em âmbito internacional
aconteça bem antes da publicação destes veículos de difusão, já que
a preocupação com a área se desenvolveu consideravelmente após os
anos 1950, tanto na Europa como na América do Norte. O cenário da
difusão da produção científica no Brasil retrata uma defasagem de pelo
menos 12 anos, com a inexistência de veículo especializado, tornando
limitada a difusão da produção nacional.
No que se refere à produção de pesquisas no Brasil, o número
de professores e pesquisadores é considerável em comparação a um
passado não muito distante. Já existem doutores, mestres e pesqui-
sadores que se dedicam exclusivamente à pesquisa e ao ensino na
área. No entanto, não existem dados concretos sobre a quantidade
destes profissionais.

7 Journal of Sport Management, 1983, European Journal for Sport Management, 1994 e Sport Management
Review, 1998.

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Uma análise da produção científica das Ciências do Esporte no Bra-
sil e em Portugal foi feita por Gaya (1994). O autor considerou a Gestão
do Esporte como uma subárea das Ciências do Esporte e constatou
os menores índices na produção analisada. Em termos qualitativos, a
área se caracterizou por investigações e ensaios voltados a questões
inerentes ao desenvolvimento do esporte e de suas múltiplas práticas,
com a maioria dos estudos utilizando metodologia empirista e objetivista,
limitando as conclusões, por se tratarem de simples coletas de dados
e análises superficiais de realidades concretas desta área.
Na América do Norte, estudo apresentado na NAASM8 indica,
considerando-se apenas os cinco últimos anos, que a produção em
“marketing” embora majoritária tende ligeiramente a diminuir e tem
produção irregular. “Ensino e preparação profissional” também mostra
uma tendência idêntica para diminuir. Por outro lado, “liderança e ges-
tão” e “aspectos sócio-culturais” têm demonstrado tendência oposta,
alcançando respectivamente o segundo e o terceiro posto nas temáti-
cas mais pesquisadas. No estudo são evidenciados dois aspectos: em
relação aos anos anteriores, mais áreas temáticas com base na teoria
de negócios se tornam mais visíveis e são necessários esforços para
fomentar áreas temáticas menos pesquisadas, como “comunicação”,
“ética” e “financiamento”, a fim de contribuir para a disciplina saudável
e equilibrada gestão do esporte e se repensar o currículo da gestão
do esporte nos EUA9.
No Brasil, temos poucas informações sobre as temáticas estuda-
das ou publicadas. Análise da produção de monografias de conclusão
de curso de Bacharelado em Esporte (EEFEUSP) de 1995 a 2008,
segundo áreas adotadas pela NASSM, revela que o tema “marketing”

8 HAN, J. Y.; KANE, G. M. NASSM Presentations: An Analysis of Conference Abstracts by Diverse Research Topics
2002-2006. In: Anais… 2007 North American Society for Sport Management Conference (NASSM 2007), p. 305.
Disponível em: http://www.nassm.com/files/conf_abstracts/2007_1629.pdf.

9 BASTOS, F. C.; BARTOLETTI, C. T. Monografias em gestão do esporte nos cursos de graduação da EEFEUSP
(1995-2008). Revista Digital EF Deportes. Buenos Aires – Año 14 – nº 142 – Marzo de 2010. Disponível em:
http://www.efdeportes.com/efd142/monografias-em-gestao-do-esporte.htm.

30 Gestão do Esporte no Brasil

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é predominante, assim como acontece nos EUA. A comparação das
temáticas de trabalhos apresentados nos três Congressos realizados
no Brasil aponta tendências de crescimento de estudos relacionados
à formação do gestor, à gestão e políticas públicas e à gestão de ins-
talações esportivas.
Em relação ao contexto em que as pesquisas são desenvolvidas,
nos EUA a predominância recai sobre os campos Escolar, do Esporte
Profissional e Amador. Menor ênfase tem sido dada à gestão de Cen-
tros de Saúde e Fitness, ao Esporte Olímpico e ao Turismo. Este último
tem sido tendência de pesquisa principalmente na Europa. No Brasil
não temos dados para comparar as tendências internacionais atuais.
Um indicador da tendência de evolução em termos de pesquisa
no Brasil é a implantação de cinco Grupos ou Centros de Pesquisa
específicos da área, cadastrados no CNPq, a partir de 200310, nos esta-
dos de São Paulo, Pará, Santa Catarina e Distrito Federal. Entretanto,
diferentes linhas de pesquisa11 são desenvolvidas em outros grupos
ou centros de pesquisa, ou ainda através de iniciativas individuais de
professores e pesquisadores de diferentes áreas de formação, e não
há até o momento um levantamento do número de pesquisadores e
de sua produção.
Algumas iniciativas têm sido tomadas e apontam importantes
avanços na área: a realização de Congressos Brasileiros, seminários,
fóruns e reuniões regionais e locais. Em termos nacionais, aconteceram
nos últimos cinco anos três Congressos: em 2005 e 2009 em São Paulo
e em 2008 em Florianópolis.

10 Em 2003, na EEFEUSP (Grupo de Estudos e Pesquisa em Administração Esportiva); em 2005 na UnB (Gestão
e Marketing da Educação Física, Saúde, Esporte e Lazer); em 2009, na UNESP (Grupo de Pesquisa em Gestão
Esportiva) e na UF do Pará (Centro de Estudos em Gestão Desportiva) e em 2010 na UNISUL (Núcleo de Pesquisa
em Gestão do Esporte).

11 Gestão Desportiva e Eventos; Gestão Desportiva e Instalações; Gestão Desportiva e Intervenção Profissional;
Gestão Desportiva e Negócios do Esporte; Gestão Desportiva e Políticas Públicas; Gestão Desportiva e Respon-
sabilidade Social; Esporte e Sociedade; Estratégias de Gestão; Legislação Esportiva; Gestão de Organizações de
Saúde; Gestão pública e privada da Educação Física, Esporte e Lazer; Gestão Profissional do Esporte; Marketing
Esportivo; Perfil do Administrador Esportivo; Políticas Públicas e Sociais de Esporte; Governança no Esporte; Trei-
namento Esportivo e Rendimento.

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Outro aspecto a ser considerado é a literatura produzida, par-
tindo-se do pressuposto de que uma área de estudo não pode existir
sem uma literatura específica que retrate o seu desenvolvimento teórico
e prático. A mensuração desse tipo de produção é baseada na existên-
cia de obras relacionadas com a teoria e a prática, na relação direta e
indireta desta produção com a área, em conteúdos com credibilidade
que possuam profundidade e amplitude nos temas desenvolvidos.
Nesse sentido, a Gestão do Esporte no Brasil está em fase inicial
de desenvolvimento. Ainda são raras as publicações que teriam credi-
bilidade, profundidade e amplitude quanto ao conceito de Gestão do
Esporte e sua inter-relação com os diferentes aspectos do fenômeno
esportivo. Existem obras que abordam aspectos relacionados a Indústria
do Futebol, Indústria do Fitness e um número menor de obras voltadas
à Gestão do Esporte de uma forma ampla e profunda. Um indicativo
da importância da literatura da área é a crescente publicação de obras
estrangeiras traduzidas para o português e publicadas no País nos
últimos anos.

 FORMAÇÃO E PREPARAÇÃO PROFISSIONAL

Diversos profissionais e organizações relacionam-se das mais diversas


maneiras com a Gestão do Esporte, o que permite a institucionalização
não só da área do conhecimento como, também, das áreas disciplinares
e das supostas oportunidades de intervenção profissional.
Com relação à formação, profissionais responsáveis por formar
gestores esportivos na América do Norte iniciaram seus trabalhos em
meados da década de 1950. Em 1968 foi estabelecido o primeiro curso
regular em “Administração Esportiva”. A partir de então, nos EUA e no
Canadá, foram criados diversos cursos de graduação específicos em
Gestão do Esporte, que exigiram cada vez mais docentes especializados
para atuar na formação acadêmica desta área.

32 Gestão do Esporte no Brasil

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Na Europa, os movimentos para a formação em Gestão do Esporte
acompanharam as tendências relacionadas com as Políticas Públicas
da Educação Física e Esporte, também a partir da metade do séc. XX.
Diversos profissionais que se dedicaram à gestão de suas funções como
educadores físicos ou profissionais do esporte passaram a trabalhar na
transmissão de conhecimento e formação de outros graduados inte-
ressados na melhora da organização de suas atividades profissionais.
Com o tempo, programas concretos que proporcionassem melhores
condições para gestores esportivos foram estabelecidos.
A expansão de cursos de graduação em Gestão do Esporte nos
EUA e em países europeus também se dá em países da Ásia e princi-
palmente da Oceania. Da mesma forma cresce o número de programas
de pós-graduação (mestrado e doutorado) da área no contexto interna-
cional. Não por acaso diversos profissionais que atuam com a formação
e pesquisa em Gestão do Esporte no Brasil buscaram conhecimentos
em países da Europa e da América do Norte.
A formação de profissionais no Brasil se dá geralmente em cursos
de graduação em Educação Física ou Esporte, que possuem disciplinas
relacionadas com a Administração em suas respectivas grades curricu-
lares. Alternativas têm surgido na realidade brasileira nos últimos anos:
 Um curso de graduação em Gestão do Esporte no Brasil – Bacha-
relado em Gestão Desportiva e de Lazer, extremamente recente
(2009)12;
 Um curso de Bacharelado em Educação Física com ênfase em
Gestão do Esporte e Lazer;
 Cursos técnicos e profissionalizantes voltados à formação de
Tecnólogo em Gestão do Esporte (cursos superiores de curta
duração – 2 anos).

12 Curso de Bacharelado em Gestão Desportiva e do Lazer. Universidade Federal do Paraná, Campus do Litoral.
Matinhos – PR.

1. Desafi os e perspectivas 33

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Quanto a programas e cursos de pós-graduação em Gestão do
Esporte, são oferecidos diferentes cursos de especialização ou cur-
sos profissionalizantes lato sensu. Não existem ainda cursos de pós-
-graduação stricto sensu específicos em Gestão do Esporte no País
(existem algumas opções de linha de pesquisa na área em programas
de mestrado em educação física).
Nessa última década alguns estudos foram realizados no sentido
de avaliar a formação do Gestor do Esporte na perspectiva dos cursos
de Graduação em Educação Física e Esporte. Os resultados ainda não
são concludentes, pois a própria perspectiva da análise varia de autor
para autor13. Como a Gestão do Esporte é uma área de conhecimento
em pleno desenvolvimento e por ter um caráter multidisciplinar, exis-
tem diferenças entre as abordagens das disciplinas e metodologias
presentes nos diversos cursos, assim como diferenças nos enfoques
de produções acadêmicas na área.
De certa forma, uma das grandes dificuldades dos cursos de
formação em Gestão do Esporte no Brasil é que não existe um con-
senso ou padrão sobre quais seriam as disciplinas comuns nesta área.
Especialistas têm levantado questões acerca do tema: Qual modelo
de currículo a ser abordado nos cursos de Gestão do Esporte? Quais
disciplinas e quais estruturas a serem aplicadas nos cursos de gradua-
ção em Educação Física, Esporte e Administração?
O gestor esportivo deve dominar grande parte das disciplinas admi-
nistrativas, mas deve aplicá-las no contexto esportivo. Gerir um clube,
uma federação, uma secretaria esportiva é particular e característico,
provavelmente seria semelhante em alguns aspectos de uma gestão de
um hospital, de uma escola ou qualquer organização, mas o contexto
e a razão de sua existência são inerentes ao fenômeno esportivo.

13 BARHUM, R. A. O Profissional da Educação Física e Esporte na função de Administrador: conhecimentos


básicos para o desenvolvimento da carreira. Dissertação de Mestrado. São Paulo: UNIBERO, 2001.; OLIVEIRA, R.
J. S. A disciplina Gestão Desportiva: um estudo de caso nas Instituições de ensino superior dos Cursos de Educação
Física no Estado do Espírito Santo. Porto: R. Oliveira. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Desporto da Universidade
do Porto, Portugal, 2008.

34 Gestão do Esporte no Brasil

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Em outras instituições de ensino da Gestão do Esporte, ou em áreas
afins, principalmente na Administração, tanto internacionais como brasi-
leiras14, as diferenças dos currículos de formação em Gestão do Esporte
persistem. No entanto, algumas disciplinas são comuns à maioria dos
programas: Marketing Esportivo; Finanças e Contabilidade; Recursos
Humanos (Gestão de Pessoas); Teoria Organizacional; Planejamento
Estratégico; Comunicação, Administração e Políticas Públicas; Aspectos
Legais e Direito do Esporte; Economia; Dimensões Sociais, Culturais
e Antropológicas do Esporte; Ética nas Organizações, e Liderança e
Motivação no Esporte.
Fica evidente que a forte associação das disciplinas provenientes
das ciências da Administração ao Esporte formam um objeto comum
que consolida a Gestão do Esporte como uma área do conhecimento.
Mas essas disciplinas, fora de uma contextualização com o fenômeno
Esporte, seriam classificadas como outra área do conhecimento, por
isso, verificamos a considerável incidência de disciplinas que envolvem
aspectos da Sociologia, Cultura, Antropologia, Ética do Esporte, além
de programas de atividades esportivas.
Observamos com frequência abordagens que remetem a uma
aplicação prática dos conhecimentos da Gestão do Esporte. Neste
contexto, conforme a instituição que oferece a formação, estão presen-
tes as seguintes temáticas: Gestão de Eventos, Gestão de Instalações
Esportivas, Gestão de Patrocínios e Imagens, Gestão de Clubes e
Academias, Gestão de Materiais Esportivos.
Não estaria incorreto considerar essas abordagens como discipli-
nas, mas sem esquecer que ao aplicá-las ou executá-las em ambiente
prático o gestor esportivo deverá conhecer e dominar conceitos teóri-
cos da Administração. A Gestão de um evento ou de uma Instalação
Esportiva não existe, por exemplo, sem uma correta administração de

14 EASM (European Association for Sport Management); SMAANZ (Sport Management Association of Australia
and New Zealand); CNE (Conselho Nacional de Educação – Brasil); ANPAD (Associação Nacional de Pós-Graduação
e Pesquisa em Administração); FEA-USP (Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo).

1. Desafi os e perspectivas 35

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Recursos Humanos, o bom aproveitamento de Recursos Financeiros
e também com ações de Marketing.
Em termos de educação e formação continuada surgem no Brasil,
além de cursos de graduação e pós-graduação, iniciativas específicas
relacionadas à área de Gestão do Esporte com o objetivo de capacitar
profissionais: cursos de extensão acadêmica ou de capacitação pro-
fissional para gestores, não necessariamente graduados, voltados aos
segmentos de empresas/academias de Fitness, clubes, federações e
confederações esportivas, com ênfase no desenvolvimento de temas
voltados à gestão e ao marketing. Essas capacitações são oferecidas
por entidades de classe, universidades corporativas, empresas júnior
de faculdades e por entidades da administração do esporte, como
federações, confederações e pelo Comitê Olímpico Brasileiro, em alguns
casos a partir de parcerias com Universidades do País15.

 INTERVENÇÃO E ÁREAS DE ATUAÇÃO DO GESTOR DO ESPORTE

Com relação aos gestores do esporte, é fato que eles desempenham


diferentes papéis nas organizações. Certa confusão é feita em relação
aos termos “Intervenção Profissional” e “Área de Atuação Profissional”
quando se trata da Gestão do Esporte. Entendemos que Área de Atua-
ção Profissional, a ser tratada em tópico específico, é definida por tipos
de organizações, instituições e entidades nas quais o conhecimento
adquirido pelo profissional será aplicado, com responsabilidade ética.
Já a Intervenção Profissional, diretamente relacionada com a formação
do gestor, é a aplicação prática dos conhecimentos científicos, peda-
gógicos e técnicos, adquiridos durante sua vida acadêmica.

15 O COB realizou duas edições do CAGE (Curso Avançado de Gestão Esportiva), para diretores técnicos e profissionais
que ocupam posições de nível executivo de Confederações Esportivas Nacionais, com certificação de Gestor Avançado
de Esporte pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) e pelo Curso Fundamentos da Administração Esportiva (FAE).

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Assim como verificamos na análise da formação do gestor, exis-
tem diferentes visões formuladas por diversos pesquisadores e orga-
nizações sobre a intervenção de gestores esportivos. A comparação
do entendimento sobre os principais aspectos relativos à intervenção
profissional do gestor do esporte demonstra aspectos comuns às do
Administrador: administração financeira, recursos humanos, orçamento,
marketing e relações públicas. Evidencia-se que na Gestão do Esporte
a intervenção do profissional vai além, coerentemente com o próprio
conceito de Gestão discutido anteriormente, em especial em relação
a eventos, instalações e programas esportivos.
Uma outra visão é dada por outros autores que têm se dedicado
a analisar a intervenção profissional do Gestor Esportivo quanto ao seu
papel nas organizações. Considerando as estruturas hierarquizadas das
organizações, o profissional de Gestão do Esporte tanto pode ser o
presidente (Vértice Estratégico) como um gerente (Centro Operacional)16
de uma organização.
Com relação às Áreas de Atuação, a demanda por profissionais de
Gestão do Esporte é diversificada, de acordo com a cultura, a organiza-
ção e as políticas de cada país ou região. Podemos relacionar o processo
de diversificação nas áreas de atuação de gestores esportivos com a
própria valorização do Esporte e da atividade física pela sociedade, que
gera maior demanda de programas e profissionais específicos para
suprir o gerenciamento de organizações e das atividades.
Assim como em outros países, no Brasil já se desenvolveram
modelos teóricos com a finalidade de direcionar pesquisas, definindo as
áreas de atuação do gestor17 (Negócios de Esportes, Lazer e Recrea-
ção; Administração e Prática do Esporte; Terceiro Setor; Educação;
Administração Pública; Saúde e Estética, e outros segmentos, como
Centros de Estudos e Pesquisa).

16 Conceitos de MINTZBERG, H. Criando organizações eficazes: estruturas em cinco configurações. 2ª ed., São
Paulo: Atlas, 2003.

17 BASTOS, F. C. Sport Manager’s Fields of Practice - propose of a model for Brazil. The FIEP bulletin, v. 74,
p. 429-431, 2004.

1. Desafi os e perspectivas 37

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Também relativo a este aspecto, a comparação com outros países
demonstra que na realidade brasileira não são considerados determi-
nados segmentos bastante desenvolvidos em outras realidades como,
por exemplo, a gestão de equipamentos e instalações esportivas.
Como oportunidades futuras, emergem áreas de atuação relacio-
nadas com o Turismo, empreendimentos que aproveitem as ondas de
práticas esportivas (convencionais ou não), gestão de eventos esportivos
(que ganharam notoriedade no Brasil no início do século XXI), esporte
como negócio e outras oportunidades, onde apenas profissionais
capacitados irão atuar.

 ORGANIZAÇÕES

As organizações profissionais dedicadas à área são um fator primor-


dial para o seu desenvolvimento. Elas representam a possibilidade de
maior intercâmbio entre profissionais e são um importante foro para
a discussão de temas relevantes, através de redes sociais, sites, da
realização de congressos anuais e da publicação de revistas científicas.
A NASSM (North American Society for Sport Management), fun-
dada em 1985/86 por acadêmicos tanto dos EUA como do Canadá; a
EASM (European Association for Sport Management), desde 1993; a
SMAANZ (Sport Management Association of Australia and New Zealand)
fundada em 1995 e a AASM (Asian Association for Sport Management),
em 2005, são as mais importantes associações existentes e que cobrem
praticamente todo o planeta.
Em meados de 2001 foi formada a IASM (International Aliance
for Sport Management), rede de característica informal, que reúne
seus membros em congresso mundial de quatro em quatro anos.
Em 2011, foi fundada outra organização em nível mundial a WASM
(World Association for Sport Management).

38 Gestão do Esporte no Brasil

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A expansão dessas iniciativas associacionistas repercutiu mais
recentemente em outras regiões e países do mundo. Em 2009 foi fun-
dada a ALGEDE (Asociación Latinoamericana de Gerência Deportiva),
que no mesmo ano passou a fazer faz parte da IASM, e recentemente
da WASM. No Brasil, a iniciativa para a fundação de uma associação
nacional aconteceu em 2005 durante o Congresso EEFEUSP de Gestão
Esportiva, e em 2009 foi fundada a ABRAGESP (Associação Brasileira de
Gestão do Esporte). A criação de uma associação brasileira foi influen-
ciada pela APOGESD (Associação Portuguesa de Gestão do Desporto)
devido à grande quantidade docentes e pesquisadores buscarem
informação e formação em Portugal e por pioneiros da área no País18.
Com o propósito de ser um canal de interlocução entre países
que se expressam nas línguas portuguesa e espanhola, em 2010 foi
fundada a AIGD (Aliança Intercontinental de Gestão do Desporto) que
se propõe ser uma organização para aglutinar e difundir informações
e saberes que afirmem e desenvolvam a Gestão do Esporte enquanto
área científica, classe profissional e comunidade acadêmica.
Outras associações envolvidas com as temáticas da Gestão do
Esporte estão em atividade no Brasil nas áreas de Marketing, de Direito
Esportivo, de Lojistas de Equipamentos e Materiais Esportivos e da
Indústria do Esporte. Todas essas organizações têm como objetivo
principal buscar fomentar o Esporte e sua gestão, cada uma com suas
especificidades.
As associações, alianças, entidades atuam em diferentes contex-
tos, seja profissional ou acadêmico/científico. De certa forma, todas
procuram a aplicação prática das teorias da Gestão do Esporte, pois
a prática por si só não passa de mera repetição, e qualquer teoria que
não seja cruzada com a realidade prática não passa de simples ato
de contemplação.

18 Professores Lamartine Pereira da Costa (UGF), José Maurício Capinussú (Universidade Salgado de Oliveira),
Flávia da Cunha Bastos (EEFEUSP) e Paulo Henrique Azevêdo (UnB).

1. Desafi os e perspectivas 39

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Ações mais intensas no sentido da promoção de intercâmbio
entre as entidades e profissionais são desafios que se colocam para a
solidificação e credibilidade da área no País.

 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos questionamentos iniciais deste capítulo introdutório sobre


o cenário da Gestão do Esporte no Brasil, após as considerações a
respeito da evolução e da situação atual dos pontos críticos analisados –
pesquisa, formação/intervenção do gestor, áreas de atuação do gestor
e organizações voltadas ao desenvolvimento da área, vislumbramos
alguns caminhos a serem seguidos no sentido de buscar credibilidade
para a área no Brasil.
A formação do gestor é um ponto que pode aglutinar as ações
no sentido da evolução da área no Brasil. É iminente a necessidade do
aprimoramento da formação do profissional para atuar na área com
base na ciência e com fundamentação teórica. É preciso ainda que
sejam estabelecidos currículos e conteúdos para cursos de formação
de profissionais, com programas cada vez mais adequados à realidade
e às perspectivas da área no País. Para tanto, o passo inicial poderia ser
a realização de um diagnóstico a nível nacional junto a coordenadores
de curso e professores, estudantes e organizações da sociedade que
nortearia as ações futuras.
As discussões e reflexões acerca do tema têm de levar em conta
também o questionamento sobre onde se situaria em termos acadê-
micos essa formação: nos cursos de Educação Física, Esporte, Admi-
nistração, ou assim como já aconteceu em outros países, estaríamos
diante de um possível redirecionamento no sentido de uma formação
específica? Experiências recentes podem e devem, a médio prazo,
fornecer subsídios importantes em relação à realidade brasileira: cursos

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com ênfase na Gestão do Esporte, cursos de graduação de Tecnólogo
em Gestão do Esporte e de Bacharelado em Gestão do Esporte e Lazer.
Uma forte relação se estabelece, então, entre as questões rela-
tivas à formação e às organizações profissionais. Parece-nos que as
organizações, além de buscar a solidificação de seus quadros, podem
desempenhar um papel crucial como estimuladoras e protagonistas
dos encaminhamentos para a formação do gestor no País.
Além disso, é preciso que as organizações se abram para um real
intercâmbio entre elas, trabalhando em rede, e considerem em suas
metas a perspectiva de contribuir, assim como acontece nas organi-
zações estrangeiras, com o desenvolvimento profissional e científico,
com a realização de eventos e a publicação de periódicos técnicos e
científicos da área.
A multiplicação de esforços em diferentes pontos do País resultará
na consolidação dessa área do conhecimento em nosso meio. Essa
ação se dará fundamentalmente através do incentivo a novos grupos
de estudos e a pesquisa, e a consequente produção e difusão de
conhecimento, a realização de eventos científicos.
Portanto, concluímos que a credibilidade da área no País ainda
não é a ideal, mas se abrem perspectivas reais para que a área se
desenvolva com qualidade nos próximos anos.
Nos próximos capítulos, serão apresentadas perspectivas de alguns
segmentos característicos de nossa realidade brasileira, acompanhando
suas origens históricas, sua realidade atual, seus futuros desafios, além
da pesquisa, formação/intervenção, áreas de atuação e organizações
voltadas ao desenvolvimento de cada setor.

1. Desafi os e perspectivas 41

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