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REVISÃO DE ANTROPOLOGIA -- P2

MARCEL MAUSS
A noção de Pessoa, de Eu

- Escola Francesa
- Questiona a ideia natural de “eu”.
- Através do comparativismo, busca explicar as regras gerais para os fenômenos
humanos.
- Traz a ideia de “Eu” como algo recente, incluindo esse “Eu” enquanto ideia filosófica,
categoria e até mesmo o “culto do Eu”
- Suspende aspectos linguísticos e psicológicos para construir uma pesquisa de direito e
moral

“ É um assunto de história social. De que maneira, ao longo dos séculos, através de


numerosas sociedades, se elaborou lentamente, não o senso do "eu", mas a noção, o
conceito que os homens das diversas épocas criaram a seu respeito?” Pg. 367

- Mesmo que não busque reconstruir a história geral, faz um “passeio” pela história antiga
de diferentes povos por meio de diferentes exemplos:

1. pueblos mexicanos 2.noroeste americano: Ziñus e Kwakiutl


- há uma fusão entre o conceito de Eu e - Seguindo seu “passeio”, Mauss cita algumas
de Clã, o que é marcado pelo título, ou “tribos” dessa região e destaca os Ziñus, onde
máscara. o “Eu” é concebido pela religiosidade, o que
- A escolha do nome de cada indivíduo inclui questão cósmicas, mitológicas, sociais e
não é arbitrária, segue uma linhagem pessoais.
determinada pelos antepassados -cada indivíduo tem um, ou dois, nomes que
- o nome indica a posição da pessoa são divididos entre sociedades secretas e clãs
dentro do seu clã -A distribuição desses nomes vem antes da
- É a reencarnação de um membro que autoridade dos chefes, são orientados pelo
define o “Eu”. passado.
-Os antepassados se reencarnam no nome que
é dado ao membro.
Se apossando dos pertences particulares de um - Podemos falar de uma noção de “Eu”
antepassado, é ´possível , também, apossar do mais “fluida”
seu nome
- No caso dos Kwakiutl, os nomes são 3.australianos
escolhidos por meio de rituais. - Em determinados povos australianos,
- Esses nomes são constantemente Mauss ressalta a relação entre os
alterados ao longo das diferentes fases nomes e os ancestrais eternos.
da vida. A pessoa recebe um nome - o estabelecimento dos nomes segue
diferente quando criança, adolescente, uma linha complexa que não envolve
adulto e idoso. apenas a religião, mas define os direitos
- Os homens também possuem um nome e a posição do indivíduo
de acordo com os eventos que - A máscara, nesses locais, aparece como
participam, recebendo nomes de algo não permanente.
guerreiros, por exemplo. - o homem fabrica uma personalidade
sobreposta.

- Nos romanos, a persona não é só uma base de organização social, mas um fato
fundamental do direito.

HERTZ
A proeminência da mão direita: um estudo sobre a polaridade religiosa

- Escola Francesa
- Utiliza a polaridade entre as mãos direita e esquerda como material e direção de seu
estudo, relacionando essa oposição aos conceitos de profano e sagrado.
- Traz o corpo como demonstração da imposição do espiritual ou coletivo ao
individual, considerando que essa oposição entre as mãos não é natural, mas orientada
por significados culturais.

“O modo diferente pelo qual a consciência coletiva concebe e avalia a direita e


esquerda aparece claramente na linguagem. Existe um contraste impressionante entre
as palavras que designam os dois lados na maioria das línguas indo-européias.” pg. 109

- Em Hertz, temos a polaridade social como consequência da polaridade religiosa

“o universo inteiro está dividido em duas esferas contrastantes: coisas, seres e poderes
atraem ou se repelem mutuamente, incluem ou se excluem mutuamente, dependendo do ralo
de gravitarem em direção a um ou outro dos pólos.” pg. 106
MALINOWSKI

- Traz uma inovação para a antropologia, estreando a etnografia.


- Malinowski segue perspectiva funcionalista pautada em Durkheim: busca
compreender a função de cada parte da sociedade, entendendo a interação entre
essas partes.
- O trabalho de campo envolve o deslocamento e convivência com os povos que se
busca estudar, emergindo nesse novo local. Esse deslocamento pode ser entre países ,
cidades ou bairros
- não existe etnografia deita de longe, é necessário uma observação participativa.
- É necessário registrar essa imersão, descrevendo as práticas do cotidiano.
- É fundamental que se ouça o que os próprios indivíduos falem de si e da sociedade da
qual fazem parte.
- O método etnográfico envolve uma preparação prévia do pesquisador: é preciso estudar
sobre a sociedade na qual conviverá, além de verificar se existe a real possibilidade de
“imergir” no espaço estudado.
- Durante o trabalho de campo o antropólogo observa, registra em um caderno, faz
entrevistas que envolvem desde aspectos práticos do cotidiano até atributos subjetivos.
- Após a observação e registro, o pesquisador precisa analisar os dados recolhidos,
estabelecer os objetivos da pesquisa e, caso necessário, ajustar direcionamentos.
- Por último, é produzido um material a partir do registro e da análise.

LÉVI-STRAUSS
O estruturalismo: Linguagem e sociedade

- Traz a ideia de uma estrutura comum entre as diferentes sociedades, não se tratando
de algo visível ou facilmente verificável, mas de uma estrutura inconsciente orientada
por processos mentais e partilhada pelos povos.
- o fato de diferentes sociedades partilhares dessa estrutura inconsciente faz com que
tenhamos respostas similares
- - Como estruturar essa estrutura? Indo além da etnografia e orientando-se pela
etnologia: estudando e comparando diferentes estudos etnográficos.
- Essa comparação não visa estabelecer uma hierarquia evolucionista, mas entender o
que as culturas têm em comum.
- Percebe que alguns comportamentos são universalmente interditados, citando o incesto
como exemplo. Investiga qual a estrutura desse tabu.
- Mesmo considerando a imensa diversidade cultural, afirma que é possível encontrar as
estruturas que fundamentam os diferentes rituais.

O feiticeiro e sua magia

- Nesse texto Lévi-Strauss se interessa pelos “mecanismos psicossociológicos


subjacentes aos casos de morte por conjuração e feitiço” a partir de um exemplo
específico:

"Um indivíduo consciente de que é objeto de um malefício fica profundamente


convencido, pelas tradições mais solenes de seu grupo, de que está condenado,
e parentes e amigos compartilham a certeza. A partir de então, a comunidade se
retrai, todos se afastam do maldito e se comportam para com ele como se, além
de já estar morto, representasse uma fonte de perigo para todos osque o cercam.
Em toda ocasião e em cada um de seus gestos, o corpo social sugere a morte
à pobre vítima, que não tenta escapar do que considera ser seu inelutável
destino”. A antropologia Estrutural, Pg 181

- Coloca em jogo a relação entre o feiticeiro e essa magia, entender de que forma
esse sistema atua nos processos dessa sociedade.

Eficácia Simbólica

- Os Cuna e a intervenção xamânica em partos difíceis.


- O autor faz descrição do “encantamento” .
- O parto é viabilizado por meio de uma batalha simbólica que inclui o Xamã, a
parturiente e os membros da comunidade. Nessa batalha, a partir do canto mágico,
cria-se uma linguagem.
- A dor do parto é “materializada” em palavras, permitindo que uma reorganização do
sofrimento da parturiente

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