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INTRODUÇÃO
- o autor começa explicando a temática específica que será abordada como objeto de
reflexão ao longo do texto: a qualidade perspectiva do pensamento ameríndio, ou
relatividade perspectiva:
- aqui entra em cheque a distinção clássica entre Natureza e Cultura, que “não pode ser
utilizada para descrever dimensões ou domínios internos a cosmologias não-ocidentais
sem passar antes por um crítica etnológica rigorosa” (: 348)
{
Todos esses predicados
devem ser dissociados e NATUREZA CULTURA
redistribuídos, no que o UNIVERSAL PARTICULAR
OBJETIVO SUBJETIVO
autor denomina um FÍSICO MORAL
“reembaralhamento das FATO VALOR
cartas conceituais” para DADO CONSTRUÍDO
NECESSIDADE ESPONTANEIDADE
uma justa compreensão IMANÊNCIA TRANSCENDÊNCIA
a respeito do CORPO ESPÍRITO
ANIMALIDADE HUMANIDADE
pensamento ameríndio
- Multinaturalismo: traço contrastivo do pensamento ameríndio em relação às
cosmologias “multiculturalistas” modernas
PERSPECTIVISMO
- tais subjetividades, na concepção indígena, são vistas de modos diferentes para cada
um desses seres
- aqui o que se considera, nesse sentido, é uma distinção entre uma essência
antropomorfa de tipo espiritual, comum aos seres animados, e uma aparência corporal
variável, característica de cada espécie, mas que não seria um atributo fixo, e sim uma
roupa trocável e descartável
- economia geral da alteridade: pontos de vista não humanos e a natureza relacional das
categorias cosmológicas
- o que aparentemente seja um bicho, sob seu aspecto visível, pode ser um disfarce de
um espírito de natureza completamente diferente
“As narrativas míticas são povoadas de seres cuja forma, nome e comportamento
misturam inextricavelmente atributos humanos e não-humanos, em um contexto
comum de intercomunicabilidade idêntico ao que define o mundo intra-humano
atual. O perspectivismo ameríndio conhece então no mito um lugar, geométrico
por assim dizer, onde a diferença entre os pontos de vista é ao mesmo tempo
anulada e exacerbada. Nesse discurso absoluto, cada espécie de ser aparece aos
outros seres como aparece para si mesma – como humana -, e entretanto age
como se manifestando sua natureza distintiva e definitiva de animal, planta ou
espírito. [...] Ponto de fuga universal do perspectivismo, o mito fala de um
estado do ser onde os corpos e os nomes, as almas e as ações, o eu e o outro se
interpenetram, mergulhados em um mesmo meio pré-subjetivo e pré-objetivo.
Meio cujo fim, justamente, a mitologia se propõe a contar” (: 354-55)
- tal fim consiste na diferenciação entre cultura e natureza conforme pontuada por Lévi-
Strauss, por exemplo
XAMANISMO
OCIDENTAL AMERÍNDIO
CIÊNCIA XAMANISMO
OBJETIVAÇÃO SUBJETIVIAÇÃO
(DESSUBJETIVAÇÃO)
COISA PESSOA (PERSONIFICAR)
“Uma explicação cientifica exaustiva do mundo deve poder reduzir toda ação a
uma cadeia de eventos causais, e estes a interações materialmente densas (nada
de ‘ação’ à distância)” (: 360)
- deste modo o sangue pode ser a cerveja do jaguar; um barreiro lamacento a grande
casa cerimonial das antas, etc.
ANIMISMO
- o autor argumenta evocando Ingold quando critica a reflexão sobre o animismo que,
mesmo escapando do reducionismo naturalista cai no dualismo natureza/cultura, dada a
distinção entre uma natureza “realmente natural” e uma natureza “culturalmente
construída”
ETNOCENTRISMO
- a Cultura é a natureza do Sujeito, a forma pela qual todo agente experimenta sua
própria natureza. A humanidade é a forma geral do Sujeito
- antropomorfismo: qualquer animal pode ser humano e possui mais Ser (alma) do que
parece
- os humanos que podem ser qualquer animal, e que temos mais Ser que qualquer outra
espécie, aí está o antropocentrismo
MULTINATURALISMO
- a alma é idêntica através das espécies, enxergando a mesma coisa em toda parte
- a diferença está na especificidade dos corpos: “os animais veem da mesma forma que
nós coisas diversas do que vemos porque seus corpos são diferentes dos nossos” (: 380,
grifos do autor)
- o autor se refere ao corpo não enquanto fisiologia distintiva, mas como um conjunto de
maneiras ou modos de ser que constituem um habitus
“não há pontos de vista sobre as coisas – as coisas e os seres é que são pontos de
vista (Deleuze 1969: 203). A questão aqui, portanto, não é saber ‘como os
macacos veem o mundo’ (Cheney & Seyfarth 1990), mas que mundo se exprime
através dos macacos, de que mundo eles são o ponto de vista” (: 385)
- o perspectivismo tem uma relação estreita com a troca: trata-se de uma reciprocidade
de perspectivas
- ontologia relacional
O CORPO SELVAGEM
- a ênfase ameríndia na construção social do corpo não pode ser tomada como
culturalização de um substrato natural, e sim como produção de um corpo
distintivamente humano, entenda-se, naturalmente humano
- ativar os poderes de um corpo outro, mais do que ocultar a essência humana sob uma
aparência animal