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Antropologia e Interculturalidade: A escolarização de crianças indígenas inseridas em escola

não indígena. Trabalho apresentado na 31ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada


entre os dias 09 e 12 de Dezembro de 2018, Brasília/ DF.

Clotildes Martins Morais – UFGD/MS

Antônio Dari Ramos - UFGD/MS

Obonyo Meireles Guerra - UFGD/MS

Diversidade cultural

Desafios da interculturalidade

A identidade brasileira não pode ser tratada como algo homogêneo, já que ela foi “estruturada
a partir de uma multiplicidade de culturas”: 2

As heranças da “colonialidade” (Maldonado, 2007) ainda persistem nos dias de hoje, quando
muitos dos estereótipos continuam a ser atribuídos sobre aqueles grupos vulneráveis,
fragilizados, marginalizados por esse processo de exclusão social que visa a dominação e
exercício de poder, preservando assim a desigualdade social que marcou o surgimento e
formação de nosso país.

“Colonialidade é um termo que se refere aos padrões de poderes resultantes do colonialismo


(Maldonado-Torres 2007)” nota 1 : 3

Assumir um diálogo entre dois tipos de ética: uma contextual e outra universal, concebendo as
especificidades de cada cultura a partir de uma perspectiva universalista, já que grupos
divergentes acabam entrando em contato com a globalização.

Como reduzir ou conviver apesar das contradições de valores, ética e moral entre os diversos
grupos? (Ramos & Knapp, 2013)

Acredito que a alternativa seja buscar os pontos em comum, e tornar invisíveis essas
divergências

Os espaços e instituições sociais reproduzem os estereótipos construídos historicamente sobre


grupos

A necessária abertura para a alteridade, a diferença, através do incentivo à socialização em


suas múltiplas dimensões, seja do ponto de vista afetivo, lúdico etc.

Por que os estereótipos são criados? Quais os obstáculos que está se buscando desviar para
que os estereótipos sejam reproduzidos?

[CONTEXTUALIZAÇÃO]

As dificuldades em se adequar e se adaptar a um padrão estabelecido leva à desvalorização e


desqualificação do “outro”, da alteridade

O clássico aforismo kantiano, “age como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, através
da tua vontade, uma lei universal”, representa muito bem essas questões, já que o europeu
reproduz essa tendência de universalizar a sua cultura amplamente

A identidade coletiva
Sobre a etnografia, busca-se uma simetria entre o pesquisador com os membros do grupo
pesquisado, para que possa haver um diálogo entre “iguais”, a partir da abertura para a
escuta, o “ouvir”, segundo Cardoso de Oliveira (1996)

Uma das estratégias de investigação pode ser a “pesquisa documental”, com base em Oliveira
(2010), que concebe os documentos como algo atravessado por relações e interesses contidos
nas entrelinhas daquilo que se percebe à primeira vista.

Contextualizar os documentos investigados é de fundamental importância

Setores da população que são discriminados, colocados em situações de vulnerabilidade social,


devido às desigualdades e injustiças perpetuadas desde o colonialismo. É a “colonialidade”.

Esses setores são desumanizados, mediante uma série de estereótipos preconceituoso que se
enraízam no imaginário social, o que acaba exercendo um papel de legitimação e conformação
de sua não inclusão social.

O silenciamento leva ao apagamento das particularidades e especificidades culturais, para que


o padrão possa ser estabelecido e perpetuado como aquele “tipo ideal” em direção ao qual se
pretende chegar.

O desrespeito à diversidade, às diferenças culturais, o que gera violência, e outras formas de


conter os desvios que fogem da regra

A necessidade de integração social se faz presente a partir do momento em que a valorização


do “melhor” passa a ser aceita como uma verdade, já que as condições materiais para a
própria sobrevivência da alteridade, do “outro”, são cada vez mais exclusas, exigindo assim
como único caminho possível para a sobrevivência ou mesmo melhorar as condições de vida é
atravessado por obstáculos super expressivos e difíceis de se superar.

É de fundamental importância levar-se em conta a realidade na qual ocorre cada encontro


intercultural, ou seja, contextualizar localmente a sua dinâmica de trocas e negociações entre
os valores e costumes de cada grupo que se encontra em relação dentro de uma determinada
conjuntura

É construir pontes onde os pontos não se tocam, estabelecer continuidades entre as fronteiras
do inter-dito, ou seja, aquilo que não é dito, os tabus que garantem a não homogeneidade que
os limites culturais delineiam às diferentes cosmovisões. Fazer falar o silêncio, para que a
comunicação possa de fato acontecer.

Há de se olhar para as condições reais que permitem o desabrochar de novas possibilidades, o


que permite de fato a nossa transformação, a partir do momento em que aceitamos sair da
chamada “zona de conforto”, ou “lugar comum” que impede a nossa real evolução. Na
dialética da existência.

“um ato de reflexão eticamente voltada para a dignidade humana”

A colonialidade eurocêntrica se confundiu, pois se sustentou sobre um ideal de evolução que


camufla e homogeneíza a diversidade, ao tentar impor forçosamente os seus costumes e
valores sobre toda a humanidade. Não percebeu, então, que a evolução se dá somente com
esse movimento intenso e ininterrupto entre afirmação e negação.

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