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Perspectivismo – Viveiros de Castro

Introdução
definição do perspectivismo -
concepção, comum a muitos povos do continente, segundo a qual o mundo é habitado por
diferentes espécies humanas e inumanas, que o apreendem segundo pontos de vista distintos.
Binarismo natureza cultura será adotado como metodologia
multinaturalismo ao invés de multiculturalismo
não é sobre identidade, é sobre relação

Perspectivismo
Visão --- como cada um percebe o mundo; não é conceito, é uma forma de percepção de
mundo

Tipicamente, os humanos em condições normais veem os humanos como humanos e os animais


como animais; quanto aos espíritos, ver estes seres usualmente invisíveis é um signo seguro de
que as “condições” não são normais. Os animais predadores e os espíritos, entretanto, veem os
humanos como animaisde presa, ao passo que os animais de presa veem os humanos como
espíritos ou como animais predadores. Vendo-nos como não humanos, é a si mesmo que os
animais veem como humanos.
Roupa --- como se mostra. Há uma forma humana debaixo de uma roupa. Essências
distintas/Aparências cambiáveis.
Em suma os animais são gente, ou se vêem como pessoas. A forma manifesta de cada espécie é
um envoltório, uma roupa a esconder uma forma interna humana. Essa forma interna é o
espírito do animal: uma intencionalidade ou subjetividade formalmente idêntica a consciência
humana, materializável, digamos assim, em um esquema corporal humano sob a máscara
animal.

Estado originário de indiferenciação entre humanos e animais: a condição original comum aos
humanos e animais não é a animalidade, mas a humanidade. Os humanos são os que
continuam iguais a si mesmos, enquanto os animais são ex-humanos. Oposto a nós.
Caça (predador e presa) --- sistema de relações

Iara Rennó – Arco (Corpo selvagem)

Xamanismo
valorização simbólica da caça, e a importância do xamanismo – caça: ressonância simbólica, não
de uma dependência ecológica.
definição de xamanismo (310) – cruzar deliberadamente as barreiras corporais e adotar a
perspectova de subjetividades aloespecíficas
conhecer: objetificar x subjetivizar. Para o Ocidente, a forma do Outro é a coisa. Para o
xamanismo, a forma do Outro é a pessoa. Conhecer é personificar, tomar o ponto de vista
daquilo que deve ser conhecido.
Ver os eventos como ação; ver a intencionalidade atrás de cada evento. Interpretar o mundo
dessa forma.
Artefatos tem uma ontologia que aponta para um sujeito: Objetos também mudam conforme a
perspectiva; o que é a natureza de um pode ser a cultura de outro (313). Talvez lincar com a
Sarah Ahmed.

Animismo
Descola – totemismo, animismo e naturalismo
animismo – o intervalo entre natureza e sociedade é social
O que significa dizer que os animais são pessoas? Seria isso antropocentrismo?

Etnocentrismo
Levi-Strauss – a humanidade termina na periferia do grupo; linguagem para falar sobre
humanos distingue quem é de fora do grupo; europeus queriam saber se tem alma, índios se
tem corpo. Os estrangeiros não são humanos.
Visão dos pós modernos sobre os índios --- subjetivação dos objetos.
Bate nos dois pontos de vista:

Levi-Strauss argumentava a “plena humanidade” dos selvagens; a prova de que eles eram
verdadeiros humanos é que consideravam que só eles eram humanos verdadeiros

Linguagem: palavras para humano – menos substantivo e mais pronomes.


etnónimos ameríndios não são autodesignações, mas nomes conferidos por outros povos.
(povos que não nomeiam a si mesmos, nomeiam os outros)
os nomes não são pronunciados na presença do seu portador; nomear é externalizar, separar
do sujeito.
ser pronome: significa que indica quem está falando. Indica a perspectiva.

É sujeito quem tem alma, e tem alma quem é capaz de um ponto de vista. (...) Todo ser (323)

Quem diz “gente” denomina; se são pessoas que dizem, falam de pessoas; se são queixadas,
falam de queixadas.

O ponto de vista já está lá, ele é ocupado, mas ele já existe. (sistema de predador e presa).

Para nós, o ponto de vista cria o objeto – o sujeito é fixo, de onde emana o ponto de vista.
Para eles, o ponto de vista que é fixo; ele vai ser ativado por aquele que, ao ocupar essa
posição, portanto, torna-se sujeito. Ou seja, o ponto de vista cria o sujeito.

sujeito fixo no ocidente (ponto de vista cria o objeto)


ponto de vista fixo no pensamento ameríndico (ponto de vista cria o sujeito)
nada é fixo na sarah ahmed

transcrever parágrafo final 324-25 até


(..)
Por seu turno turno (...) balela.

treta com o Marx: universalidade do Homem em dois sentidos completamente opostos:


antropocêntrica no caso do Marx e antropomórfica no caso do pensamento ameríndio.

Citação 326 (diferença de animismo e perspectivismo)

Portanto, se os salmões parecem aos salmões o que os humanos parecem aos humanos – e isto
é o animismo – o salmões não parecem humanos aos humanos, nem os humanos aos salmões –
e isto é o perspectivismo.

Multinaturalismo

Não é relativismo: o relativismo seria que todas as perspectivas são verdadeiras; o


perspectivismo diz que só uma delas é verdadeira para cada ponto de vista. (ex.: vermes e
urubus).
O perspectivismo não é um relativismo, mas um multinaturalismo.
(vale copiar todo esse parágrafo e o próximo (329) )

a perspectiva está no corpo, não na alma. ( a alma é a mesma, o corpo que difere)

pg. 320: O que estou chamando de corpo, portanto, não e sinonimo de fisiologia distintiva ou
de anamotia característica: é um conjunto de maneiras ou modos de ser que constituem um
habitus. Entre a subjetividade formal das almas e a materialidade substancial dos organismos,
há esse plano central que é o corpo como feixe de afecções e capacidades, e que é a origem das
perspecitvas.

O corpo, no entanto, só é percebido de fora, porque através do ponto de vista do sujeito, o


corpo dele é humano; os corpos são o modo pelo qual a alteridade é apreendida como tal.

O corpo como lugar da diferença.

o encontro entre índios e europeus (página 330)


pensar em corpo e espírito nessas duas culturas

X é peixe para alguém


não há ponto de vista sobras as coisas – as coisas e os seres é que são pontos de vista. A
questão aqui, portanto, não é saber “como os macacos veem o mundo”, mas que mundo se
exprime através dos macacos, de que mundo eles são o ponto de vista.

O corpo selvagem
o corpo como grande diferenciador nas cosmologias amazônicas
identidade --- alimentação (canibalismo, cru e cozido e caça simbólico) e decoração corporal

produção do corpo (ver citação 336-37) – o corpo como lugar da perspectiva diferenciante,
deve ser diferenciado; cada perspectiva é completamente única.

Decoração corporal e da animalização ao fazê-lo (ritual) x essência humana de cada animal:


a primeira revela a dimensão “natural” do corpo (que varia de natureza ao variar de corpo); a
outra revela a dimensão “essencial” do espírito.

Todos os corpos, humano inclusive, são concebidos como vestimentas ou envoltórios; mas
jamais se veem animais assumindo a veste humana.

O que se acha são (...) 338corpo como roupa

não há mudança espiritual que não passe por uma transformação do corpo, por uma
redefinição de suas afecções e capacidades.

A metamorfose corporal é a contrapartida ameríndia do tema europeu da conversão espiritual.

340 ---
solipsismo x canibalismo

341 (copiar) – Trata-se menos de o corpo ser uma roupa que de uma roupa ser um corpo.

mortos não são humanos – espíritos ão definidos por sua disjunção com um corpo humano, um
morto é então atraído logicamente pelos corpos animais; por isso, morrer é se transformar em
animal, como é se transformar em outras figuridade, notamente os afins e os inimigos.

Eu e Ele + Tu
história do índio na floresta que encontra um fantasma.

Nota final

Krenak e Viveiros conversando na rede

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