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ISBN 978-85-65847-95-7
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Sumário
Prefácio.............................................................................................................................. 7
Apresentação..................................................................................................................... 9
Capítulo 1
Gestão na educação infantil: creche municipal.....................21
Djanira Alves Biserra Araujo
Emillyn Rosa
Monica Roberta Devai Dias
Sandra Aparecida do Prado Pereira
Vania Cristina Selarin
Capítulo 2
Gestão na educação infantil: creches privadas
e subvencionadas.....................................................................33
Marta Juliana Jordão de Matos
Nayane Oliveira Ferreira
Sandra Rosa Almeida Souza
Wilson Agnaldo Horvath
Capítulo 3
Gestão no ensino fundamental público e privado.................47
Isabelle Augusto Zuchi
Ligia Ramo de Souza
Sandra Regina Vivanco Mirabeti
Vanderley Pereira Gomes
Maria Tereza Fonseca da Silva
Capítulo 4
Gestão no ensino fundamental II público..............................77
Eunice Ramos de Carvalho Fernandes
Fernanda Santoni Fovali
Patrícia Lilo Molina
Shirlei Aparecida Alves Tarzia
Sueli Julioti
Vânia Maciel da Silva
Capítulo 5
Escolas estaduais de ensino fundamental II
e ensino médio.........................................................................95
Alípio da Silva Leme Filho
Ana Melícia Moraes de Souza
Leandro Tenório do Nascimento
Rafael Carlos da Silva
Thiago Aparecido de Oliveira
Capítulo 6
Gestão no ensino fundamental II, EJA e ensino
médio técnico privado.............................................................125
Carolina Sierra Lopes Peraro
Carlos Alberto Costa da Silva
Elaine Aparecida Costa
Mariene do Nascimento Natal
Vitor Neves Barbosa
Capítulo 7
Escolas de educação básica da rede estadual
e federal em São Paulo.............................................................145
Antonio Carlos Rodrigues dos Santos
Aparecida Alves de Oliveira Rodrigues
Djalma Lopes Góes
Fernanda Pereira da Silva
Jefferson Serozini Almeida
Régia Vidal dos Santos
Apêndice
Roteiro para Pesquisa da Gestão de Escolas..........................193
Sobre os autores.......................................................................201
7 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Prefácio
Apresentação
Rosemary Roggero
Outono de 2016
21 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Capítulo 1
Emillyn Rosa
Introdução
Após a coleta de dados de 5 creches municipais, todas localizadas no
município de Santo André, região metropolitana de São Paulo, foi possível
observar que todos os itens do Roteiro de coleta de dados para diagnóstico
do funcionamento das escolas, indicado pelo professor Libâneo (2013), no
livro Organização e Gestão da Escola: Teoria e Prática, foram coletados sem
dificuldades. Todas as questões do roteiro estavam disponíveis nos projetos
político-pedagógicos (PPP) das creches, e também os membros das equi-
pes gestoras tinham os dados necessários de fácil acesso para disponibilizar
às pesquisadoras. Os dados coletados serão analisados por blocos baseados
no referido roteiro.
Pessoal
As creches apresentam um número suficiente de profissionais para a
atuação diária. Os professores, os funcionários administrativos e os auxilia-
res de desenvolvimento infantil (ADI), que são funcionários de apoio pe-
24 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Mas mexer com as crenças profundas das pessoas é coisa mais bem
complicada. E é justamente lá que a educação resolveu se instalar e
se fazer de difícil. Porém, já que agora estamos dizendo que o conhe-
cimento é ouro e que as pessoas são as minas onde ele se encontra,
então os primeiros passos para essa mudança já estão dados. Se há
uma coisa à qual o desejo das pessoas não resiste é o ouro. E se Freud
acertou em alguma coisa foi em nos ensinar que o desejo é a única
coisa capaz de derrubar crenças. (MONTEIRO; MOTTA, 2013, p. 80).
Na escola limpa, bem cuidada, que valoriza o trabalho das pessoas; que
cultiva a importância e a alegria de aprender sempre mais e melhor,
cujos professores oferecem bons exemplos dessa prática; que se orienta
pelo espírito da descoberta e é aberta a inovações; que continuamente
monitora e avalia suas práticas e resultados; que diariamente monitora
a aprendizagem dos alunos, reforçando-a e recuperando-a, conforme
o caso, estas são algumas das expressões da cultura escolar propícia à
formação e aprendizagem dos alunos e, portanto, atenção contínua
da liderança da escola.
28 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Considerações
Podemos concluir que, ao analisar uma instituição escolar e suas cultu-
ras, é necessário investigar algumas categorias, como: o contexto histórico e
as circunstâncias específicas da instalação das mesmas; o processo evolutivo
e a situação atual; a vida escolar; as condições das edificações e a organiza-
ção dos espaços; a comunidade atendida; os professores e os administra-
dores; o trabalho pedagógico e a organização do currículo, entre outros.
As categorias citadas acima foram analisadas e apontadas em todos os
roteiros de coleta de dados. Isso nos indica que há uma preocupação, em
cada instituição, de contextualizar todos os envolvidos no processo educati-
vo, de que forma a escola foi construída, seu histórico e seu patrono. Como
é a comunidade em que está inserida, quem são seus alunos, funcionários e
professores. Porém, mesmo com todos os dados bem organizados e à dispo-
sição de todos, foram possíveis as observações de processos contraditórios
dentro de uma instituição escolar, principalmente no que se refere às rela-
ções de trabalho, pois são vários sujeitos com funções diferenciadas dentro
de uma instituição e há, ainda, sujeitos com a mesma função e contratos
diferenciados de salários e de contratante e isso por si só já é um elemento
de conflito. Acrescenta-se a isso as relações pessoais, que influenciam di-
retamente a gestão de pessoas, que é uma função da equipe gestora da es-
cola. Com esses elementos observados na pesquisa podemos inferir que
outra contradição muito presente nas instituições é a gestão participativa e
democrática que é apontada nos seus projetos político-pedagógicos, como
algo que fundamenta o trabalho da equipe gestora; o cotidiano escolar e as
relações entre todos os envolvidos, no entanto, desafiam a gestão a todo o
momento. Isso nos foi apontado em todas as entrevistas com as equipes
gestoras, pois vivem diariamente o conflito entre dialogar, ouvir a todos,
tomar decisões coletivamente com a tomada de ações de forma autoritária
e que, por vezes, é o que alguns sujeitos esperam e cobram de quem está à
31 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
frente de uma instituição. Faz-se necessário uma reflexão diária das con-
tradições enfrentadas no cotidiano escolar para a construção de um traba-
lho efetivamente coletivo.
33 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Capítulo 2
Gestão na educação
infantil: creches privadas e
subvencionadas
Introdução
Com o objetivo de refletir sobre as dinâmicas que se dão dentro do am-
biente escolar, especificamente do ponto de vista da equipe de gestão, rea-
lizamos nossa pesquisa de campo em quatro escolas de Educação Infantil,
sendo que três se localizam na cidade de São Paulo e uma no município de
Campo Limpo Paulista.
Pelo caráter de pesquisa, optamos por não utilizar os nomes originais
das escolas; sendo assim, adotamos os nomes fictícios: Gérbera, Lótus, Rosa
e Orquídea. A escolha dos nomes se deu em virtude de nossas observações,
em que pudemos constatar que, embora haja diferenças entre as institui-
ções, a Educação Infantil é marcada pelo encanto, pela beleza, pelas cores,
conforme se revela em uma flor.
Durante a pesquisa nos baseamos no Roteiro de coleta de dados para
diagnóstico do funcionamento das escolas, elaborado por José Carlos Libâneo
(2013). Esse roteiro mostra-se bastante detalhado e contém questões que
nos permitem refletir objetivamente sobre as diversas instâncias articula-
das no ambiente escolar.
Para a análise das informações levantadas, além do roteiro elaborado por
Libâneo, nos baseamos nas reflexões propostas por Nosella e Buffa (2009),
González (2007), Lück (2010), Monteiro e Motta (2013) e Paquay, Wouters
e Nieuwenhoven (2012). Estes autores nos auxiliaram a voltar o nosso olhar
para os aspectos referentes à gestão escolar, mas respeitando a subjetividade
das instituições, considerando os contextos nos quais estão inseridas.
Vale ressaltar que as primeiras cinco escolas que procuramos para a
realização da pesquisa de campo se mostraram resistentes, alegando que a
equipe de gestão não dispunha de tempo livre para responder o questioná-
rio, devido à sua extensão ou ao tipo de questionamentos que eles traziam.
O que nos obrigou a buscar uma ou mais instituição de ensino até que es-
sas aceitassem e se dispusessem a participar da pesquisa.
Nas escolas Gérbera e Lótus, as informações foram coletadas sem di-
ficuldades e tivemos uma boa receptividade por parte da equipe de Gestão,
que se dispôs não apenas a responder às questões que já trazíamos pron-
tas, como também a todas as outras que surgiram durante os diálogos.
Entretanto, nas escolas Orquídea e Rosa, houve resistências dos gestores
em revelar todas as informações; dificuldade para marcar as entrevistas e
algumas restrições quanto à observação in loco.
35 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
A gestão escolar
Quando pensamos nessa diferença entre as escolas de ciclo II e mé-
dio e as de educação infantil, remetemo-nos às discussões propostas por
Monteiro e Motta (2013, p. 57), relacionando a gestão educacional e as for-
mas de organização social:
tas escolas ainda não conseguiram escapar da gestão autoritária, já que esta
é determinada muito mais pela figura do gestor do que pelas legislações.
Gutierrez e Catani (2013, p. 89) levantaram algumas razões para esta pos-
tura autoritária (história de vida, supervalorização ideológica das formas
tradicionais de gestão, demandas difíceis de conciliar etc.), porém ressaltam
que “[...] a participação se funda no exercício do diálogo entre as partes”.
A escola Lótus é a que parece mais se aproximar do modelo ideal de
gestão participativa, pois além de garantir as instâncias de participação
como o conselho de escola e a associação de pais e mestres – que, como res-
saltam Gutierrez e Catani (2013), é por meio destes órgãos que se garante,
pelo menos teoricamente, a participação da comunidade na administração
da escola – também elaborou o seu projeto político-pedagógico a partir de
uma análise dos contextos nos quais os alunos e seus familiares estão en-
volvidos, levantando fatores sociais, econômicos e culturais e consideran-
do-os na elaboração de seu currículo.
Entretanto, na escola Orquídea, observamos um movimento inverso.
A gestão é autoritária, centralizadora, hierárquica, ou seja, não há partici-
pação da comunidade, dos pais dos alunos nem do corpo docente.
A mantenedora, que não participa diretamente do cotidiano da esco-
la, embora acompanhe as atividades por meio de relatórios, decide as ques-
tões basilares e as passa para a direção. A diretora decide algumas questões
secundárias do dia a dia, e transmite para a coordenadora as suas decisões
e as da mantenedora. A coordenadora as transmite para os professores e
cuida para que eles as executem. Aos professores cabe apenas a liberdade
na forma de lecionar, haja vista que a escola também trabalha com um ma-
terial didático específico. Ou seja, tudo se dá de maneira hierarquizada e
tendencialmente fragmentada.
Os pais participam da escola apenas em reuniões informativas, em que
ficam sabendo do desenvolvimento educacional de seus filhos; em festas co-
memorativas; ou são chamados quando há um problema, em geral solici-
tando que os pais tomem providências que a escola não pode tomar, como
um acompanhamento psicológico particularizado.
Na entrevista, observamos que os gestores da escola Orquídea têm a
pretensão de educar os alunos para que esses sejam uma futura elite pen-
sante do município, embora os alunos não sejam membros da classe domi-
nante, mas de uma classe trabalhadora, com alguma formação acadêmica,
comumente chamada de classe média.
43 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
que não condiz com as práticas políticas de participação são, como os au-
tores afirmam, “[...] apenas manipulações autoritárias onde se procura re-
calcar a alienação” (GUTIERREZ; CATANI, 2013, p. 90).
Considerações
As quatro escolas estudadas possuem uma boa estrutura física e mate-
rial, contando com um bom espaço de lazer e de aprendizagem; esses sem-
pre obedecendo ao determinado por lei. Os materiais didáticos e móveis
também são de boa qualidade e contribuem com o desenvolvimento dos
alunos; ambientes adaptados às necessidades dos alunos.
Em relação à equipe escolar, o número de agentes envolvidos é seme-
lhante entre as instituições, sendo ela pública, conveniada ou particular. Os
espaços administrativos também não diferem muito entre as escolas. A se-
cretaria escolar é bem organizada em todas elas e há um pequeno destaque
na escola Orquídea; sendo ela particular, é a única em que a coordenação
pedagógica ocupa o mesmo espaço da direção.
Em relação à forma de gestão, observamos as maiores divergências en-
tre as escolas. Em Gérbera e Lótus há um envolvimento da comunidade,
dos pais, do corpo docente e da direção no sentido de tomar juntos as de-
cisões, traçar metas e planos em equipe. Na escola Rosa há um germe para
a criação de uma participação democrática, entretanto existe um longo ca-
minho a ser percorrido. Já a escola Orquídea atua como se fosse uma “ter-
ceirização” da educação, os pais “entregam” os filhos à escola a fim de que
realize a educação formal e essa decide o que fazer segundo suas convicções.
É interessante ressaltarmos também que as escolas que melhor
revelaram as informações são, ao mesmo tempo, as que melhor apresentam
uma gestão democrática. E o inverso se deu em relação àquelas que têm
mais fragilidade nesse ponto em discussão.
Concluímos nossa análise com a esperança de que a escola contribua
para que haja uma sociedade mais igualitária, justa e humana. A realidade
presente nos apresenta diversos desafios. Não entendemos que a escola seja
a panaceia para todos os males atuais. Mas acreditamos que passam por ela,
se não as soluções dos problemas atuais, ao menos a criação de novas uto-
pias, essas desgastadas pela hegemonia do capital.
A gestão democrática, além de ser uma tentativa a fim de trazermos
melhores formas para revertermos as mazelas presentes na educação, pode
46 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Capítulo 3
Introdução
Este relatório é parte constituinte de uma análise crítica elaborada a
partir da comparação entre cinco escolas, de ensino fundamental e médio,
localizadas no Estado de São Paulo, quanto à:
a) estrutura física e material: que nos permitiu verificar se as es-
colas analisadas possuem ou não elementos essenciais e ade-
quações, segundo os parâmetros legais, que contribuem para a
constituição de um ambiente que favoreça a organização dos
espaços e, consequentemente, potencialize as possibilidades de
aprendizagem;
b) quadro de pessoal: que nos permitiu observar se o número de
funcionários, em termos de demanda de tarefas de cada setor e
em cada função, está adequado e de que maneira a deficiência
no número de pessoal pode afetar a realidade da escola, no que
se refere à gestão do cotidiano escolar no âmbito pedagógico e
administrativo;
c) estrutura, organização e funcionamento: que nos permitiu pen-
sar sobre toda a dinâmica do ambiente escolar, no que se refere
às atividades-meio da escola, analisando se estas são organiza-
das com o propósito de atingir o melhor resultado da ativida-
de-fim: a aprendizagem dos alunos;
d) organização geral da escola, tipo de gestão e estilo de liderança
da equipe gestora: aspectos que nos fizeram refletir se as con-
cepções subjetivas dos sujeitos, em termos políticos e culturais,
podem influenciar a maneira como é construído um clima or-
ganizacional e a cultura de um ambiente escolar;
e) avaliação: que nos permitiu entender os processos de ação-re-
flexão-ação que ocorrem na escola, perpassando todos os seg-
mentos que compõem a comunidade escolar, com foco em
todas as atividades administrativas e pedagógicas planejadas e
desenvolvidas.
A proposta da pesquisa foi concebida nas aulas da disciplina de
Fundamentos da Gestão Educacional, ministrada pela professora doutora
Rosemary Roggero, no Programa de Mestrado Profissional da Universidade
Nove de Julho.
49 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Para que haja um pleno entendimento da pesquisa, este texto está or-
ganizado em: abordagem metodológica, introdução teórica, análise de da-
dos, considerações finais e referências bibliográficas.
Abordagem metodológica
Para a constituição dos dados da pesquisa, foram realizadas entrevistas
estruturadas utilizando o Roteiro de coleta de dados para diagnóstico do fun-
cionamento das escolas, proposto por Libâneo (2013). O roteiro versa sobre
questões pertencentes ao ramo administrativo e pedagógico do ambiente
escolar, permitindo que seja traçado um panorama amplo e específico, ao
mesmo tempo possibilitando conhecer a realidade das escolas pesquisadas,
desde sua estrutura física, localização, clientela, histórico, perfil de profes-
sores, gestores e funcionários até questões referentes ao planejamento de
recursos financeiros, ações pedagógicas, integração com a comunidade e
avaliação dos trabalhos executados.
Os sujeitos entrevistados foram diretores e coordenadores pedagógi-
cos. Ressalta-se, ainda, a contribuição de professores e de funcionários das
secretarias das escolas, que possibilitaram acesso a outros dados. Os regis-
tros foram feitos por meio de uma abordagem descritiva.
Além disso, foi realizada análise documental constituída pelo projeto
político-pedagógico e pelo Regimento Escolar, a fim de ampliar as infor-
mações obtidas nas entrevistas.
O universo pesquisado é composto por duas escolas da rede privada e
três escolas da rede pública de ensino, a saber:
a) Colégio Nossa Senhora da Misericórdia, localizado em Osasco,
São Paulo;
b) Colégio Nossa Senhora da Misericórdia, localizado em Vargem
Grande, São Paulo;
c) EE Prof. Antônio Carlos Ferreira Nobre, localizada em Pirituba,
São Paulo;
d) EMEB Eva Rosa, localizada em Cajamar, São Paulo;
e) EMEF Humberto de Campos, localizada no Jardim Samara, São
Paulo, Capital.
Mediante a constituição de dados, foi realizada uma análise teórico-
-crítica, comparando todas a escolas, por meio das referências bibliográfi-
50 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Introdução teórica
Compreender a instituição escolar, sua constituição histórica e as re-
lações que estabelece com a sociedade são aspectos fundamentais para que
se faça uma reflexão que nos leve a entender de que forma são construí-
das as bases de uma gestão democrática que se preconiza hoje nas escolas.
Para que haja essa compreensão é essencial o exercício de entender que
o Brasil, que temos hoje, é fruto de um movimento político que buscou a
constituição da nação brasileira, sua gênese e sua independência, propon-
do, para isso, modelos econômicos e desenvolvimentistas diversos, através
da nossa história na linha do tempo.
O processo de industrialização conferiu ao Brasil maior soberania en-
quanto nação e contribuiu para o surgimento de sua democracia, a qual
tem se desenvolvido a partir de muitas reivindicações de grupos sociais,
religiosos, estudantes e intelectuais. É por meio da democracia que o povo
faz a história da nação, escolhendo representantes e intervindo nas políti-
cas de organização social.
Segundo Bresser-Pereira (2015, p. 305), “[...] povos, geralmente dota-
dos de razoável identidade étnica e, sobretudo, cultural [são transformados]
em nações”. Sabemos que o Brasil é rico em etnias e manifestações cultu-
rais, pois assim ele foi constituído desde o início. Essa pluralidade é o que
somos como nação e como Estado.
A escola é um segmento dentro dessa realidade heterogênea, repleta de
especificidades, conflitos de interesse e inacabamento. Dessa forma, a edu-
cação necessita ser um lugar que contribua para o fortalecimento da iden-
tidade do indivíduo, sujeito constituinte dessa nação complexa, que saiba
pensar sobre ela e nela intervir com propostas consistentes para a diminui-
ção da desigualdade, por meio do exercício da democracia.
Esses princípios e objetivos devem permear a gestão escolar, que ne-
cessita ser construída da forma mais humana possível. Segundo Gutierrez e
Catani (2013), os pressupostos teóricos tayloristas, que levavam à coisifica-
ção do homem, hoje estão sendo substituídos por valores contemporâneos
como flexibilidade, tolerância com as diferenças, relações mais igualitárias,
justiça e cidadania. Dessa forma, os autores ponderam que a participação
51 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Na administração, encontramos:
Salas Quantidade
Administração 01
Coordenadora de eventos 01
Coordenadores pedagógicos 02
Diretoria administrativa 01
Diretoria executiva 01
Diretoria pedagógica 01
Recursos humanos 01
Sala para professores 02
Secretaria 01
Tesouraria 01
Salas Quantidade
Almoxarifado 01
Anfiteatro 01
Auditório 01
Biblioteca 01
Cantina 01
Cozinha 01
Espaço com mesas e cadeiras em frente à cantina 01
Laboratório de ciências (física, química e biologia) 01
Laboratórios de informática 03
Refeitório (para os alunos que ficam o dia inteiro na
escola). 01
Sala de dança 01
Sala de ensino religioso 01
Sala de inglês e espanhol 01
Sala de jogos de raciocínio 01
Sala para judô 01
Salão nobre 01
58 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Equipamentos Quantidade
Aparelhos de som com amplificadores 01
Aparelhos de som comum 07
DVDs 08
Filmadora 01
Impressoras 11
Lousa digital 01
Mapas fotográficos 03
Mapas históricos e geográficos 20
Projetores de slides 03
Rádios 08
Telas de projeção 05
TVs 08
Videokê 02
Videocassetes 04
Salas Quantidade
Secretaria 01
Coordenação pedagógica 01
Diretoria 01
Sala para professores 01
Sala de recuperação paralela 01
Sala para arquivo de documentos 01
Sala de informática (com 21 computadores) 01
Sala de leitura 01
Equipamento Quantidade
Computadores 21
Copiadora 02
Data show 01
DVD 01
Impressora 02
Mimeógrafos 05
Notebooks 02
Projetores multimídia 02
Rádios 06
Tablets 13
TVs 02
sociação de pais e mestres da escola, não há o repasse das verbas PTRF (do
governo municipal) e PDDE (do governo federal). O plano de gastos é feito
de forma coletiva, sendo apontadas pelo grupo de funcionários as prioridades
em termos de consumo e bens duráveis. A lista é controlada pelo diretor de
escola, que gerencia a verba disponível em torno das necessidades da escola.
Analisemos, na sequência, a EMEB Eva Rosa. A escola foi construída
há três anos. O prédio é de alvenaria e possui um tamanho compatível com
a demanda de alunos que recebe (480 alunos).
Quanto às salas de aulas, são amplas, com cerca de 56 m², são bem ven-
tiladas, possuem boa iluminação, porém não estão conservadas quanto à
pintura e em algumas salas faltam maçanetas nas portas.
Em termos de salas da administração, a escola conta com:
• Uma sala que é dividida entre a diretora e o assistente de direção;
• Uma sala para o assessor pedagógico;
• Uma sala para a secretaria escolar;
• Uma sala de professores;
• Uma sala de informática;
• Uma sala para o atendimento educacional especializado.
A sala dos professores é pequena para comportar todos os professores.
A sala de informática é utilizada também como sala de vídeo.
Existe ainda uma cozinha e um refeitório.
Quanto ao número de sanitários, existem na escola:
• Quatro banheiros: dois no primeiro piso (adaptados para pesso-
as com deficiência física) e dois no piso superior; a quantidade de
sanitários atende ao público da escola;
• Um banheiro para uso dos funcionários.
• No pátio, constam bebedouros com água tratada, “tipo tanque”,
cada um com quatro torneiras.
As áreas de lazer se resumem a uma quadra coberta e a um pátio coberto.
Quanto ao mobiliário:
• As carteiras e cadeiras seguem o modelo padrão. A quantidade é
insuficiente. Os alunos as remanejam de uma sala a outra;
• As salas de aula possuem armários ou prateleiras e uma escriva-
ninha para uso dos professores.
64 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Equipamentos Quantidade
Computadores 15
Retroprojetores 02
Televisão 01
DVD 01
Copiadoras 2
Equipamentos Quantidade
Computadores 09
Data show 01
Caixa de som 01
Máquina fotográfica 01
Pessoal
Iniciaremos a discussão acerca do item referente ao pessoal da escola,
expondo a quantidade de alunos atendidos, de acordo com o ano e série.
No Colégio Nossa Senhora da Misericórdia, temos:
Educação infantil
• Maternal: 50
• Pré I: 47
• Pré II: 72
Ensino fundamental
• 1º ano: 134
• 2º ano: 142
• 3º ano: 142
• 4º ano: 126
• 5º ano: 132
• 6º ano: 108
• 7º ano: 138
• 8º ano: 109
• 9º ano: 118
Ensino médio
• 1º ano: 92
• 2º ano: 63
• 3º ano: 54
Perfazendo um total geral de 1.582 alunos, assim distribuídos:
• 53 crianças em período integral;
• 303 crianças matriculadas na educação infantil, até o 1º ano;
• 542 crianças, do 2º ano ao 5º do ensino fundamental;
• 473 alunos, do 6º ao 9º;
• 211 alunos, no ensino médio.
O corpo docente é constituído por 95 professores, todos com forma-
ção em nível superior, no mínimo.
Para a organização do trabalho pedagógico, a escola possui cinco co-
ordenadores, com pelo menos uma pós-graduação.
67 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
ficiente que a administração seja composta apenas pela diretora e pela co-
ordenadora pedagógica.
Partimos para análise da EMEF Humberto de Campos, observando o
quadro em que há o número de alunos por série:
1º ano A 23
1º ano B 23
1º ano C 22
2º ano A 30
2º ano B 26
2º ano C 30
3º ano A 31
3º ano B 32
3º ano C 31
4º ano A 25
4º ano B 22
4º ano C 29
5º ano A 29
5º ano B 29
5º ano C 28
6º ano A 32
6º ano B 32
6º ano C 32
8º ano A 27
8º ano B 30
8º ano C 28
8º ano D 26
9º ano A 31
9º ano B 29
9º ano C 28
9º ano D 26
Total 731
A escola, no atual ano letivo, não possui 7º ano, devido à transição de
ensino fundamental de oito para nove anos.
O corpo docente é composto por 65 professores, sendo que 90% do qua-
dro é efetivo e os demais contratados, em regime de edital aberto ao público,
69 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Considerações
A análise realizada nas cinco escolas elencadas para esta pesquisa foi
enriquecedora no sentido de mostrar-nos a complexidade de uma insti-
tuição de ensino, suas particularidades, seus pontos fortes e de fragilidade.
Verificamos que a cultura escolar é constituída em torno das con-
cepções que os sujeitos constituintes da comunidade escolar têm a respei-
to da função social da escola, sua influência na formação da consciência
crítica e cidadã do aluno e o que isso repercute na comunidade de forma
mais abrangente.
76 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Capítulo 4
Sueli Julioti
Introdução
Toda instituição escolar possui uma história e não podemos des-
considerá-la. Segundo Nosella e Buffa (2009), em seu livro Instituições
Escolares, faz-se necessário o estudo desse ambiente e algumas das cate-
gorias de análise são o contexto histórico e circunstâncias da criação da
escola. A data de fundação, as pessoas que suaram ao estruturar tijolo por
tijolo, levantando as paredes para abrigar as lousas, as carteiras, os alunos
ávidos por aprender. Trazer a memória daqueles que deram seus nomes
para eternizarem-se nas fachadas das instituições, como a do estudan-
te Alexandre Vanucchi Leme, morto aos vinte e dois anos pela Ditadura
Militar, que nomeia uma das escolas estudadas, permite entender, de acor-
do com Nosella e Buffa (2009, p. 20), que “[...] é oportuno e necessário
efetuar um balanço crítico com objetivo em que medidas tais estudos têm
contribuído para uma objetiva compreensão da escolarização brasileira
visando a sua transformação”.
Uma retomada do passado pode contribuir para a construção de uma
nova história. Colabora para a formação da identidade das escolas que acom-
panham a passagem dos anos e hoje se apresentam em seu tempo e espaço
e permitirá que, no decorrer deste capítulo, possamos trazer à luz a realida-
de vivenciada por um grupo de escolas.
especial, mais ativa for sua comunicação – porque isso significa maior
liberdade de expressão e confronto de posições.... Quanto mais as
estruturas forem burocratizadas e conservadoras, mais esse tipo de
gestão encontrará obstáculos.
Porém, espera-se que essa criatividade deva estar aliada à ação de todos
os sujeitos que compõem a instituição escolar, cada qual contribuindo para
o desenvolvimento do ensino e da aprendizagem do educando. Gestores,
professores, alunos, comunidade, secretários, agentes escolares, pessoal da
limpeza e merendeiras. Estes dois últimos atores, conforme constatamos
ao analisarmos os roteiros todos, são terceirizados, o que se mostra favorá-
vel ao Estado, pelo olhar financeiro; contudo o lado humano fica prejudica-
81 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
do, pois não possibilita vínculos com os demais atores, pois há um rodízio
constante dos sujeitos, os quais acabam permanecendo por curtos períodos.
O fator humano, na escola, deve predominar e, quando falamos de re-
lacionamentos, o gestor deve estar ciente de quem são seus pares. Segundo
Lück (2010, p. 96), “[...] a gestão é indicada como um processo pelo qual se
mobiliza e coordena o talento humano, coletivamente organizado, de modo
que as pessoas, em equipe, possam promover resultados desejados”.
Nesse aspecto, todas as escolas apontaram ter uma gestão participativa.
Há a formação de conselhos de escola, associação de pais e mestres, indi-
cativos desse tipo de gestão. Entretanto, por ser uma prática ainda recente,
parece haver certa resistência na plena participação.
Por esse motivo, são pertinentes as considerações de Catani e Gutierrez
(2013) sobre o tema da participação cidadã, enquanto prática social voltada
para a substantivação da democracia nas instituições públicas. Para os au-
tores, participação é transferir a autoridade e a responsabilidade pela gestão
de um bem público para o grupo diretamente envolvido no trabalho, sendo
uma prática democrática e socialmente justa, desde que não se escondam
por trás o incentivo a ações de natureza corporativa e tampouco a intenção
por parte do Estado de se desfazer de suas obrigações para com a popula-
ção. Importante lembrar que os atores escolares representam o Estado jun-
to às comunidades.
Referente ao apontado pelos autores acima citados, destacamos relato
de boa participação dos pais nas reuniões que são oferecidas pelas escolas
para acompanhamento pedagógico dos filhos, com exceção da escola FC
que aponta um baixo índice de presença dos responsáveis, apesar dos con-
vites constantes para que participem efetivamente. Quanto à postura dos
pais, no tocante ao uso de uniforme, por exemplo, as escolas estaduais não
exigem o seu uso, porém sinalizam a importância em adotá-lo, inclusive na
escola ES os próprios pais optaram pela adoção. No entanto, na escola mu-
nicipal AV, onde os uniformes são fornecidos pela prefeitura gratuitamente
para os estudantes, estes não são utilizados pelos mesmos.
A gestão da escola afirma que o uniforme é fornecido pela prefeitura;
o vice-diretor controla a entrada dos alunos. A maioria dos pais apoia a de-
cisão da escola, porém alguns ainda não entendem a importância do uso
do uniforme, isso fica subentendido na postura de alguns (poucos) pais que
insistem em mandar os filhos para escola sem uniforme com alegações tais
como: “não deu tempo de lavar”, “o uniforme ficou muito grande”, as mes-
82 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
mas desculpas dadas pelos filhos, porém, como dito acima, é uma parcela
muito pequena que tem essa postura; a maioria dos pais concordam com a
exigência do uso do uniforme. As medidas tomadas pela direção para con-
tornar o problema é a convocação dos pais para conversar na tentativa de
conscientizá-los da importância de seus filhos virem uniformizados para a
escola; outra estratégia utilizada é uma reunião na qual os pais levam os uni-
formes que vieram fora do tamanho para assim trocarem com outros pais.
Se ainda assim há alunos negligentes, a direção empresta camisetas, que fa-
zem parte do uniforme, para usarem apenas durante o período de aula, de-
volvendo-as ao final do período.
Em relação a isso, Gutierrez e Catani (2010, p. 69) analisam a gestão
participativa nas instituições educativas:
tica avaliativa que conduz apenas para a verificação dos conhecimentos dos
alunos, impedindo que ela seja dinâmica, interativa e contínua, podendo
suas reflexões negativas recair sobre as pessoas.
Todos os gestores afirmam que há um efetivo acompanhamento das
atividades, porém o gestor da escola AV diz que esse acompanhamento é
parcial, pois só acontece em reuniões pedagógicas e encontros da DRE, e
parece demonstrar a insatisfação do uso da avaliação e/ou a falta dela. Já os
gestores das escolas GS e ES demonstram que o efetivo acompanhamento é
importante para resolverem pontos negativos e avançarem na busca da me-
lhoria de qualidade, utilizando as análises dos dados obtidos, tanto das ava-
liações externas quanto das internas e autoavaliações, tendo a concepção de
que esses instrumentos (autoavaliação, questionários e sugestões) não são
tão somente para medir os resultados e sim vê-los como oportunidades de
retomar os pontos frágeis e reconstruir ações para a melhora.
O gestor da escola FC não diz quem realiza, mas analisa nas reuniões
de replanejamento e no dia do Saresp (reunião para análise dos dados) as
fragilidades nos resultados das avaliações externas. Os gestores das escolas
LR e AV não observam a reflexão sobre a prática desenvolvida para detec-
tar desvios, dificuldades e reorientar os trabalhos.
Segundo Paquay, Wouters e Nieuwenhoven (2012), a avaliação pode
ser vista como uma alavanca do desenvolvimento profissional, ou como um
freio, ou até, no limite, como a ruptura no desenvolvimento profissional. Os
gestores das escolas BSQ, GS e ES afirmam que realizam e também faz parte
da rotina das escolas refletir sobre a prática e reorganizar as ações quando
necessário, levando-nos a acreditar que veem a avaliação como uma alavan-
ca no desenvolvimento dos profissionais das escolas.
Ainda, quanto à elaboração de instrumentos para a avaliação, cinco ges-
tores afirmam que os professores recebem orientações sobre os instrumen-
tos de avaliação (avaliações externas, avaliações internas e autoavaliações);
somente o gestor da escola ES não responde, mas deixa subentendido em
suas respostas. O gestor da escola GS utiliza o termo “são desveladas ações”,
que chama a atenção, pois a palavra desvelada tem o significado de: claro,
límpido, sereno, vigilante, dedicado, cuidadoso, portanto parece haver uma
atenção em relação a como e o que os professores avaliam.
Todos os gestores afirmam que há momentos previstos para discussão
dos resultados das avaliações da aprendizagem dos alunos. Os gestores das
escolas GS, FC e ES declaram utilizarem a síntese dos resultados para apre-
89 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
A figura do líder é vista como aquele que é seguido, mesmo não dis-
pondo de qualquer autoridade estatutária, não imposta por artifícios legais,
porque ele consegue ser aceito e principalmente respeitado, unindo e repre-
sentando o grupo na realização dos anseios comuns e metas da escola. O
líder não é o chefe institucional, ele é mais do que uma representação fixa
e central no organograma da instituição. Ele descentraliza a sua liderança
como ato de uma gestão democrática em que a tomada de decisão é disse-
minada e compartilhada por todos os participantes da comunidade esco-
lar, segundo Lück (2010).
Em relação aos aspectos organizacionais, quanto ao organograma, que-
sito pesquisado, apenas as escolas BSQ e GS o apresentaram. As escolas FC
e ES apresentaram as informações por meio de tópicos e as escolas AV e LR
não trouxeram essa informação. Interessante observar que somente a escola
GS traz o aluno no centro de seu organograma, a escola BSQ traz o diretor
no centro e as demais informam uma hierarquia sendo que o diretor ocupa
sempre o primeiro lugar na indicação. Portanto podemos inferir que a es-
cola GS revela aqui a busca de uma gestão sistêmica, em rede, pois se tudo
gira em torno do aluno, as práticas pedagógicas e de gestão priorizam seu
pleno desenvolvimento.
Considerando o aspecto sobre a gestão escolar como prática de lideran-
ça, as escolas pesquisadas relatam que há liderança efetiva da direção. No
que se refere ao relacionamento pessoal, os gestores das escolas apontam:
• Escola ES – “há uma relação de confiança e diálogo com o
grupo”;
• Escola FC – “a relação com todos é boa”;
• Escola AV – “o relacionamento pessoal é pautado no diálogo”;
• Escola GS – “sem liderança não há gestão democrática”;
• Escola LR – “o relacionamento da equipe escolar é bom”;
• Escola BSQ – “todos os funcionários da escola são tratados com
respeito”.
Entretanto, percebemos que as práticas de liderança devem difundir-se
entre todos os que participam do processo educacional, desde alunos, pais,
funcionários e professores; práticas a serem orientadas pelos gestores esco-
lares. Partindo deste pressuposto, Lück (2010, p. 124) destaca que,
91 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
A pesquisa sinalizou uma escola ainda presa a uma forma, tempo e es-
paço, que se configurou desde a concepção da instituição escola. Mas reve-
lou certo avanço quanto à tomada de consciência para a conquista de uma
educação de qualidade baseada na participação; porém não percebemos ali-
cerces seguros quanto a essa prática. Aponta também que a gestão escolar é
94 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
um meio que pode colaborar de forma significativa para a melhoria dos re-
sultados da aprendizagem dos alunos, implicados no dia a dia com as con-
dições de trabalho, atuação dos professores. Segundo Libâneo (2013, p. 10),
“[...] o modo como a escola funciona – suas práticas de organização e ges-
tão – faz diferença em relação aos resultados escolares”.
A educação, bem como a sociedade, passa por grandes transformações;
é preciso adaptar-se a essas mudanças. E, para isso, é necessário rever a ges-
tão integralmente, em especial a das escolas, já que, hoje, recai na formação
humana uma visão mais completa desse mundo atual. O ser humano pre-
cisa ser conhecedor dos seus direitos e deveres e contribuir para a solução
dos problemas que afligem o mundo. E o gestor, por sua vez, é o ilustre ar-
ticulador dessa mudança.
95 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Capítulo 5
Ambientes e
Escola R Escola L Escola T Escola M Escola A
/áreas livres
Sala de
leitura e
biblioteca
Sala de vídeo
e projeção
Laboratório
de
Informática
Sala de
multimídia
Laboratório
de ciências
Cozinha
Refeitório
Despensa
Cantina
Almoxa-
rifado
Pátio coberto
Pátio aberto
Quadra
coberta
Quadra
aberta
Estaciona-
-mento
Área verde
Horta
orgânica
Jardim
ornamental
Sala de
materiais de
educação
física
102 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
1 aparelho 2 compu-
de som, 1 tadores
3 caixas de som notebook, 2 para os
amplificadoras, microfones, 2 professores,
impressoras tabela
1 Xbox, 1 multifun-
mesa de som, periódica,
cionais, cartazes e
4 microfones, cartazes
2 datashow, 2 mapas de
(tabela geografia,
microsystems, periódica,
5 impressoras, Compu- história e
corpo 10 computa- biologia,
1 máquina para humano, tadores,
projetor, dores, 5 dicionário
xerox, 1 antena mapas copiadoras, de inglês e
parabólica,1 copiadoras,
geográficos mapas e português,
câmera televisores,
e históricos), cartazes esqueleto
Materiais filmadora, DVD,
esqueleto variados, humano,
didáticos 1 máquina cartazes e
humano, manequim
fotográfica mapas de 35
microscópio de tórax e
profissional, fax, e tubos geografia, notebooks,
2 mesas de ping- de ensaio, história, projetor, 2 abdome,
pong, 4 bolas de dicionários biologia e televisores, 3 televisores,
futebol, 4 bolas artes.
de inglês e 2 aparelhos
de voleibol, português, 2 de DVD, 1
2 televisores, televisores, projetor,
1 DVD, 1 2 aparelhos
notebook, 30 de DVD, 11 computa-
computadores 1 projetor, dores com
com acesso à 24 compu- acesso à
internet. tadores com internet e
acesso à um parque
internet. infantil.
1 Projeto político-pedagógico: é projeto porque reúne propostas de ação concreta a executar durante
determinado período de tempo. É político por considerar a escola como um espaço de formação de
cidadãos conscientes, responsáveis e críticos, que atuarão individual e coletivamente na sociedade,
modificando os rumos que ela vai seguir. É pedagógico porque define e organiza as atividades e os
projetos educativos necessários ao processo de ensino e aprendizagem. Ao juntar as três dimensões,
o PPP ganha a força de um guia - aquele que indica a direção a seguir não apenas para gestores e
professores mas também funcionários, alunos e famílias. (Disponível em: <http://gestaoescolar.abril.
com.br/aprendizagem/projeto-politico-pedagogico-ppp-pratica-610995.shtml>).
103 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Pessoal
Neste quesito, devido à organização do sistema público estadual, o corpo
docente, administrativo e da gestão é constituído conforme o módulo estabe-
lecido por seu número de alunos matriculados. Uma característica apresenta-
da na escola A destoa das demais. Pelas diretrizes da Secretaria de Educação
do Estado de São Paulo, para uma escola ter na sua equipe gestora o diretor,
o vice-diretor e o professor coordenador, deverá ter um número mínimo de
alunos, e nesta escola não há um cargo de diretor, sendo que esta função é
exercida pelo vice-diretor – designado pelo dirigente regional de ensino –
como o responsável pela gestão em todas as dimensões. Esta escola também
não conta com um professor coordenador, haja vista que, com o número de
classes reduzido, esta função passa a ser de responsabilidade do vice-diretor2.
O corpo docente apresenta a mesma caracterização em todas as escolas
pesquisadas, sendo este composto por professores titulares de cargo (con-
cursados), professores considerados categoria F e professores contratados,
considerados categoria O (sem vínculo). Apresentam ainda, mesmo que
com defasagem nos seus quadros, equipes de apoio administrativo, distri-
buídos na secretaria da escola e na inspeção de alunos.
Segundo Lück (2010, p. 103),
2 Conforme módulo da SEE, é preciso contar com 8 salas de aulas e a escola A conta com apenas
7 salas de aulas (Resolução SE-75/2014, alterada pela Resolução SE-3/2015).
106 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Os diretores das escolas analisadas ocupam seu tempo com questões re-
lacionadas sobre administração, supervisão pedagógica, contatos com pro-
fessores, funcionários e alunos, contatos com a comunidade, Diretoria de
Ensino e políticos, reuniões, acompanhamento e avaliação do trabalho de
cada setor. A equipe gestora dá suporte e auxilia nesse processo, embora a
escola R, onde o gestor afirma realizar uma gestão participativa, não existe
contato direto do gestor com alunos, este é feito pelos vice-diretores, me-
diadores e coordenadores da escola. Podemos concluir que essa escola não
possui uma gestão participativa, pois, segundo Lück (2010), estabelecer elos
significativos entre gestor e aluno deve ser ação desenvolvido por um ges-
tor, e ter contato direto com esses alunos garante um sentido de direção e
de significados das ações realizadas.
A comunicação nessas escolas é feita através de murais, nas reuniões
pedagógicas e em conversas diárias; ou seja, em todas elas, os gestores dis-
seram que existe uma democratização das informações e uma difusão am-
pla, o que, segundo Lück (2010, p. 116) é o ideal: “Dinamizar um processo
de comunicação e relacionamento interpessoal aberto, dialógico e reflexivo”.
Nessas escolas, as vagas são fixadas de acordo com a capacidade da uni-
dade escolar, organizado pelo sistema da Diretoria de Ensino. São prioriza-
dos alunos já matriculados na unidade. A distribuição dos turnos varia de
acordo com a idade e a necessidade, porém, na escola A, a restrição é para
alunos maiores de 18 anos que estão fora da escola; estes são orientados a
procurar o ensino supletivo em outra cidade, já que a cidade onde fica essa
única unidade escolar não possui curso supletivo.
As propostas de horários partem, inicialmente, das necessidades de
atendimento da clientela, atendendo as horas semanais das disciplinas cons-
tantes nas matrizes curriculares. A equipe gestora, junto com professores,
funcionários e comunidade, discute e planeja os horários, pensando em
primeiro lugar no pedagógico, embora na escola R a prioridade seja a ade-
quação dos dias de trabalho para os professores; o horário é feito por um
sistema computadorizado chamado Urânea, onde se busca atender o me-
lhor dia e horário principalmente para os professores que acumulam car-
gos em outras instituições.
Nessas escolas, a distribuição de alunos por classe é feita pelos profes-
sores e equipe gestora, segundo o rendimento e, em alguns casos, a indisci-
plina dos alunos; somente a escola R destacou a importância de se observar
111 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
No que diz Sim. De forma Sim, cordial, Sim, cordial, Sim, a direção
respeito à gestão democrática e de respeito e de respeito e tem liderança, e
adminis-trativa e participativa, em equipe. em equipe. a equipe gestora
de RH, a direção a maioria é participativa.
da escola é muito das ações são
competente, discutidas
porém deixa a e refletidas
desejar na parte sistemati-
pedagógica camente com
relacionado à toda a equipe
questão sobre na perspectiva
material didático. de melhoria
na qualidade
de educação
oferecida.
As responsabilidades estão claramente definidas?
Sim, tão claras Sim, todos da Sim. Sim. Sim.
que às vezes unidade escolar
outros setores entendem e
escolares não sabem de suas
querem ajudar a responsa-
equipe gestora, bilidades e
pois dizem que deveres. Para
não faz parte de oferecer um
suas atribuições. ensino de
qualidade
essas responsa-
bilidades
devem estar
muito bem
definidas, sendo
executadas em
colaboração e
entendimento
de todos.
Há uma sistemática de acompanhamento, controle e avaliação das decisões tomadas?
Sim, tudo é Sim, continua- Sim. Sim, com Sim.
registrado na mente. registros em
secretaria digital ata.
e em documentos
enviados à
Diretoria
de Ensino e
arquivados na
escola.
115 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Quem realiza a avaliação? Há uma reflexão sobre a prática desenvolvida, para detectar
desvios, dificuldades e reorientar os trabalhos?
Os próprios A equipe O gestor. A direção e Sim, as aulas são
professores das gestora avalia coordenação em observadas e
disciplinas. Os sistematicamente conjunto. acompanhadas
diagnósticos o trabalho pela coordenação
geralmente são desenvolvido e direção da
feitos pelos na unidade e escola.
professores de anualmente
língua portuguesa a análise do
e matemática, e projeto político-
estes orientam os pedagógico.
outros em como
ajudar o aluno Sim, os professores
a melhorar seu trabalham
desempenho. articulados
entre si, com os
coordenadores e
vices, com diálogo
constante, e depois
de detectadas as
dificuldades os
coordenadores e
vices dão suporte
necessário.
Os professores são orientados para a elaboração de instrumentos de avaliação?
Não, são Sim, nas reuniões Sim. Sim. Sim, é feito pela
autônomos para semanais (ATPC). coordenação e
escolher o que direção.
julgam ser a
melhor forma de
avaliar seu aluno.
Há momentos previstos, na rotina organizativa, de discussão entre os professores sobre os
resultados da avaliação da aprendizagem dos alunos?
Sim, em horários Sim, no Sim, nas ATPC, Sim, nas ATPC, Sim, nas reuniões
de ATPC. planejamento conselhos conselhos pedagógicas.
inicial, no final de de classe e de classe e
cada bimestre e se autoavaliação autoavaliação
for necessário nas institucional. institucional.
reuniões semanais
(ATPC).
Considerações
Devemos considerar nas análises e reflexões feitas acima que os dados
obtidos na presente pesquisa são colhidos em escolas públicas de ensino
fundamental e médio, patrocinadas pelo governo estadual e que têm como
função possibilitar acesso à emancipação humana e transformação social
através da transmissão de saberes.
A pesquisa foi proposta através de um roteiro para entrevista, estrutura-
do por Libâneo (2013), com a coleta de dados em documentos oficiais dispo-
nibilizados pelas escolas, como o projeto político-pedagógico. Conseguiu-se
analisar a função social da escola, considerando as seguintes concepções:
o histórico da escola, sua estrutura física e material, a realidade da escola
123 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Capítulo 6
Introdução
Este texto é resultado da análise de cinco escolas que oferecem ensi-
no fundamental II e também ensino médio nas modalidades regular, edu-
cação de jovens e adultos ou técnico, e teve como orientação metodológica
o Roteiro de coleta de dados para diagnóstico do funcionamento das escolas,
proposto por Libâneo (2013). Apenas uma das instituições pesquisadas per-
tence à rede particular de ensino, na região metropolitana de São Paulo, e
oferece cursos técnicos de ensino médio. As demais pertencem à rede pú-
blica estadual de São Paulo, sendo duas na capital e duas no interior, nas ci-
dades de Louveira e Jandira.
Para a fundamentação teórica deste trabalho, foi utilizada a bibliografia
estudada e discutida no curso de Fundamentos de Gestão a respeito das ins-
tituições escolares, em sua dimensão histórica e política, e das relações que
mantêm com a sociedade e a institucionalização dessas relações nas práticas
de gestão escolar, segundo categorias que pautaram uma análise comparati-
va das unidades, a saber: os conceitos de prática e de práxis (GONZÁLEZ,
2007); a metodologia dialética que identifica e analisa os avanços e recuos
das instituições escolares (NOSELLA; BUFFA, 2009); a gestão democráti-
ca (GUTIERREZ; CATANI, 2013); a subjetividade presente no fenômeno
da participação (HELOANI; PIOLLI, 2014); a liderança (LÜCK, 2011); os
desafios e a função social da gestão escolar (MONTEIRO; MOTTA, 2013);
e, por fim, a avaliação como ferramenta de desenvolvimento profissional
de educadores (JORRO, 2012).
Pessoal
A estrutura de pessoal da escola da Barra Funda apresenta um quadro
de aproximadamente 280 docentes e doze coordenadores, para atendimen-
to a um número aproximado de cinco mil alunos, dentre os quais, 3,2 mil
estão em curso regular, sendo os demais, alunos em fase de estágio.
A escola pertencente à Diretoria de Jundiaí conta com aproximada-
mente 2,4 mil alunos, sendo quarenta alunos por série nas classes de ensi-
no médio e 35 nas salas de ensino fundamental II. Não existem adequações
por idade-série. Há cerca de oitenta docentes, todos com nível superior con-
cluído e/ou em curso, além das especializações.
O quadro de funcionários da escola é composto por três inspetores de
alunos, seis serventes, duas merendeiras e cinco funcionários de secreta-
ria. A equipe gestora é composta por três coordenadoras pedagógicas, uma
orientadora educacional, uma diretora, um vice-diretor – todos com for-
mação em disciplina específica, além do curso de pedagogia.
A unidade da Diretoria Norte-1 tem 1.810 alunos. No ensino funda-
mental séries finais, no período da tarde, são dezessete turmas, com um to-
131 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
tal de 529 alunos, mais uma turma de 9º ano em Recuperação de Ciclo (RC),
com vinte alunos. Havia demanda e sala disponível para formação de mais
uma sala de RC, mas não houve permissão da Diretoria de Ensino. Não há
defasagem na relação idade-série. No ensino médio regular há dezenove tur-
mas no período da manhã, com um total de 732 alunos, e cinco turmas no
período noturno, com 208 alunos. De educação de jovens e adultos (EJA),
no período noturno, há nove turmas e um total de 321 alunos.
A escola tem 115 professores, todos eles com graduação em disciplina
específica, e 80% deles na condição de titular de cargo. Uma professora de
matemática e uma de filosofia do ensino médio regular têm título de mes-
trado. Um professor de sociologia e uma professora de história estão cur-
sando mestrado.
A equipe gestora tem diretora, dois vice-diretores (um para cada perí-
odo de trabalho de oito horas), dois coordenadores pedagógicos (um para
o ensino fundamental, outro para o médio) e um professor mediador de
conflitos. A diretora tem graduação em pedagogia, atuou em sala de aula
com alfabetização de surdos-mudos, mas há quinze anos trabalha em fun-
ção de vice-direção e direção escolar, por designação da dirigente regional
de ensino. Os vice-diretores, o coordenador pedagógico do ensino médio
e o professor mediador têm graduação e licenciatura plena em área especí-
fica. O coordenador do ensino fundamental tem doutorado em geografia.
Os serviços de merenda e limpeza são terceirizados. Há três merendei-
ros para preparar as refeições, servir e limpar o refeitório: dois deles aten-
dem os períodos da manhã e da tarde, e o terceiro, o período noturno. Para
a limpeza da escola, espaços internos e externos, há quatro funcionários
para cobrir os três períodos de aula.
Para as demais funções de suporte administrativo, o poder público con-
trata agentes de organização escolar, que a direção da escola distribui entre
as funções de inspetoria e secretaria. Pelo número de alunos, o módulo da
escola comporta treze agentes, mas há apenas sete, para atender os três pe-
ríodos de aula: três inspetores e quatro funcionários de secretaria. Há tam-
bém uma vaga para gerente de organização escolar, não preenchida.
A equipe que compõe o quadro da DES 1 segue a hierarquia básica. Uma
diretora, um vice-diretor, dois coordenadores pedagógicos (um responsá-
vel para ensino fundamental II e outro responsável pelo ensino médio), três
trabalhadores da área administrativa responsáveis pela secretaria da esco-
la e toda sua demanda burocrática, cerca de trinta professores de diferentes
132 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Prática e práxis
Nas cinco escolas pesquisadas, o que se observou foi o imperativo da
urgência, do “dar conta” do trabalho cotidiano, tanto no aspecto adminis-
trativo quanto no pedagógico. Em vez de se pensar estratégias, norteadas
por objetivos e análises sobre resultados, no sentido de novas práticas, há
uma condução da rotina escolar, por força de práticas inerciais. A respeito
desta constatação, fez-se pertinente a análise de González (2007) sobre os
conceitos de prática e práxis, aplicados à realidade escolar.
A prática guarda relação com métodos de execução, muitas vezes, ins-
titucionalizados de uma forma mecânica, de modo que os executores de
processos colocam em prática as atividades estabelecidas, não havendo uma
reflexão do que e como está sendo feito. A práxis constitui fenômeno com-
plexo, visto que o seu propósito está em uma aplicação mais coerente, mais
reflexiva, que possibilita às pessoas refletir sobre suas práticas mecânicas e
propor mudanças.
Em relação ao levantamento realizado por meio do roteiro de coleta de
dados, ficou muito evidente a necessidade de uma atitude práxica diante das
demandas administrativas e pedagógicas, mas nas cinco instituições ana-
lisadas, apesar de se manifestar a preocupação com melhores resultados, e
de se afirmar que há reflexão sobre a prática, pode-se flagrar a incoerência
do discurso com uma compreensão sobre práxis. A realidade escolar é en-
tendida como impedimento a um projeto pedagógico, quando deveria ser,
numa perspectiva dialógica, fundamento da práxis, objeto de problemati-
zação e universo de possibilidades. O desinteresse do aluno, a indisciplina e
a ausência de familiares, ou da autoridade destes, são apontados como obs-
táculos ao bom desempenho escolar, e a medida do “bom desempenho” é
externa, está nas avaliações diagnósticas e nas provas do Saresp.
140 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Gestão democrática
Pensar em gestão democrática na educação é buscar um ambiente par-
ticipativo, onde as pessoas possam expor suas opiniões e participar da cons-
trução e transformação do espaço escolar.
Para que haja uma transformação por meio de uma gestão democráti-
ca, a dialética deve ser o caminho para a reflexão, da qual a melhor prática
142 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
docente deve ser o objetivo central e a aprendizagem efetiva parte dos obje-
tivos específicos dados nas instituições escolares, buscando assim evolução
positiva e aprimoramento nos processos de ensino-aprendizagem.
Ao realizar a aplicação da participação nas cinco instituições anali-
sadas, percebeu-se que o discurso democrático institucionalizado é mui-
to rico no sentido de criação, no qual teoriza-se muito e a execução prática
não se aplica.
Em parte destes ambientes, observou-se o fato comum de contradição
entre discurso e prática, no qual a teoria emprega a democracia como meio
efetivo de gestão, em que todos possuem direito de contribuir com opini-
ões, sugestões e discussões sobre premissas educacionais. Porém, factual-
mente, não é essa a realidade. Observa-se, em determinados momentos, o
interesse pela contribuição de todos os envolvidos, mas em outros a reali-
dade é um tanto distinta; partindo de prazos reduzidos e/ou indisponibili-
dade de comunicação, as equipes gestoras optam por lidar de forma direta
com assuntos que deveriam ser discutidos com todos os envolvidos na co-
munidade escolar.
Liderança e gestão
Avaliação como ferramenta de desenvolvimento
profissional de educadores
A avaliação é um processo de relevância na gestão escolar, pois as apre-
sentações de resultados satisfatórios ou insatisfatórios servem com instru-
mento de gestão, o qual possibilita à escola nortear os caminhos e decisões
futuras a serem tomadas.
Avaliar é checar se o que foi concebido no planejamento realmente
está sendo cumprido ou se ajustes são necessários, e quais. Falar em avalia-
ção em educação é aferir aplicação de conhecimento com planos pedagó-
gicos de ensino.
Nas escolas analisadas, ficou muito claro que todas possuem um proces-
so interno de avaliação, muito bem definido, que são as avaliações aplicadas
por cada professor, avaliações institucionais e as avaliações externas (Prova
Brasil, Enem, Saresp), onde periodicamente existe o acompanhamento das
Diretorias de Ensino, visando à aplicação de procedimentos e à checagem
dos preenchimentos de todos os registros acadêmicos.
143 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Considerações
A proposta deste estudo foi realizar a análise de cinco escolas que ofe-
recem ensino fundamental II e também ensino médio nas modalidades re-
gular, educação de jovens e adultos ou técnico.
A pesquisa realizada nas instituições, para todos os integrantes do grupo,
foi uma experiência rica, pois fez com que todos pudessem perceber diferen-
tes realidades escolares, em instituições com características muito similares.
Ficou muito claro que todas as escolas, em alguns momentos, apresen-
tam muitos avanços, em outros, se mantêm regredidas. Avanço no sentido
democrático, no qual a gestão divide com todos os envolvidos a responsabi-
lidade pela evolução e resolução de problemas da unidade escolar. O regres-
so é apresentado sempre que uma equipe gestora opta por impor posições
que desagradem ou que não façam parte das metas e objetivos do grupo, ou
ainda quando não há apoio e nem estímulo para desenvolvimento de tare-
fas, trabalhos e projetos. Ficam evidentes, pelos modelos de gestão adotados,
os avanços que têm acontecido no âmbito escolar e que resultam na me-
lhoria dos processos educacionais e contribuem para todo o grupo escolar.
É necessário que a equipe gestora das escolas entenda que as relações
interpessoais são importantes e que neste segmento deve haver um esforço
coletivo para a melhoria das escolas como um todo. Todos devem cumprir
as suas funções e atribuições com comprometimento, com legalidade, com
ética e eficiência. A função social da escola encobre o acesso, a permanência
do aluno na escola e a melhoria da qualidade da aprendizagem desses alunos.
145 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Capítulo 7
Introdução
A análise a seguir trata de uma pesquisa sobre a constituição histórica
de seis unidades de ensino, as relações que as mesmas mantêm com a so-
ciedade, suas práticas de gestão e procedimentos de avaliação. Para funda-
mentação do arcabouço teórico dessa pesquisa foram consideradas obras
que possibilitam uma análise crítica sobre essas instituições escolares rela-
cionadas com elementos presentes no Roteiro de coleta de dados para diag-
nóstico do funcionamento da escola, de Libâneo (2013).
Das seis escolas, cinco pertencem à rede estadual de ensino e uma à
rede federal; sendo que a instituição federal tem como foco de seu traba-
lho o ensino médio integrado ao curso técnico, educação de jovens e adul-
tos, ensino superior e pós-graduação. As escolas da rede estadual de ensino
atendem aos anos finais do ensino fundamental e ensino médio, e apenas
uma não contempla educação de jovens e adultos.
As escolas analisadas estão denominadas como: Vênus, Terra, Marte,
Júpiter, Saturno e Plutão. A escola da rede federal de ensino, Júpiter, está si-
tuada na região central da cidade, assim como a escola Plutão da rede es-
tadual; a escola Vênus se encontra em Santo André; Terra, Saturno e Marte
estão localizadas em regiões mais periféricas do município de São Paulo.
A coleta de dados foi realizada por meio de consultas documentais aos
projetos político-pedagógicos das instituições de ensino e em entrevistas
com gestores de cada unidade.
Plutão e Júpiter; Leste, no caso das Escolas Terra e Marte; sendo que a es-
cola Saturno fica na região Noroeste.
A clientela que frequenta as escolas analisadas é diversificada. Todas
as escolas são atendidas por meio de transporte coletivo e, no caso da es-
cola Vênus, há alunos que vêm de outro município, utilizando o transpor-
te intermunicipal.
Cantina Não
1 1 1 1 1
mencionado
Banheiro
10 2 2 2 2 2
masculino
Banheiro
10 2 2 2 2 2
feminino
Quadra
4 1 1 1 1 2
esportiva
Estacionamento 1 1 1 1 1 1
Almoxarifado 1 1 1 1 1 1
Carteiras 2.600 900 1500 800 560 800
Computadores Não Não
1.300 35 3 18
mencionado mencionado
Impressoras Não Não Não Não
5 6
mencionado mencionado mencionado mencionado
Televisão Não Não
15 2 1 5
mencionado mencionado
DVD Não Não Não
1 1 3
mencionado mencionado mencionado
Aparelho de som Não Não Não Não Não
5
mencionado mencionado mencionado mencionado mencionado
Fogão 1 1 1 1 1 1
Geladeira 2 1 1 1 1 1
Frízer 1 1 1 1 1 1
Mesas Não Não Não
50 30
mencionado mencionado mencionado
Fonte: Dados extraídos dos roteiros das escolas Júpiter, Marte, Plutão,
Saturno, Terra e Vênus.
Quadro 3 – Recursos humanos
Itens Júpiter Marte Plutão Saturno Terra Vênus
Alunos 1.788 1.741 1.180 2.127 2.310 1.151
Docentes 337 110 81 105 83 75
Diretores Quantidade
1 1 1 1 1
indefinida
Vice-diretores Quantidade
2 2 2 3 1
indefinida
Professores Quantidade
coordenadores 2 2 2 2 2
indefinida
Equipe de apoio 96 12 26 23 11 8
Fonte: Dados extraídos dos roteiros das escolas Júpiter, Marte, Plutão,
Saturno, Terra e Vênus.
Quadro 4 – Recursos humanos – proporção
Itens Júpiter Marte Plutão Saturno Terra Vênus
Professor/alunos 1/5 1/15,8 1/14,5 1/20,2 1/27,8 1/15,3
Gestores/alunos Não
1/348,2 1/236 1/425,4 1/385 1/287
mencionado
Gestores/professores Não
1/22 1/16,2 1/21 1/13,8 1/18,7
mencionado
153 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Equipe de apoio/
1/18,6 1/145 1/45,3 1/92,4 1/210 1/143,8
alunos
Gestores/equipe de Não
1/2,4 1/5,2 1/4,6 1/1,8 1/2
apoio mencionado
Prática e práxis
De acordo com a acepção marxista, a práxis equivale ao fazer criativo,
reflexivo, enquanto as atividades práticas mantêm um caráter pragmático.
Vázquez (1977, p. 10) afirma que “[...] a consciência comum pensa os atos
práticos, mas não faz da práxis – compreendida como atividade social trans-
formadora – seu objeto”. Nesse sentido, Freire (1996) assevera que a tarefa dos
homens é transformar a realidade, por meio da práxis autêntica, entendida
como reflexão e ação sobre o mundo para transformá-lo. Consideraremos
essa perspectiva para analisar as práticas pedagógicas nas seis escolas.
Na escola Júpiter, em razão da política da instituição, os professores
permanecem na unidade escolar além do período em que ministram aulas,
com o objetivo de desenvolver projetos, pesquisas e dedicar mais tempo ao
trabalho educativo, assim como a própria formação.
O instituto também oferece programas de incentivo à qualificação e po-
líticas de capacitação, tanto a professores quanto aos técnicos administrati-
vos. O apoio sociopedagógico oferece programas de assistência estudantil,
154 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Quando nos voltamos para escolas como Marte, Saturno e Terra, que
estão situadas nas extremidades ou em bairros fora da área central, é possível
observar a diferença de estrutura e distribuição de materiais, visto que, no to-
cante ao atendimento da demanda, não apresentam diferenças significativas.
Outro dado verificado nesta pesquisa está relacionado com a gestão.
Um dos maiores desafios engendrado pela formação social capitalista está
no recrutamento, controle e gestão de pessoas. As instituições escolares são
compostas de corpo docente, especialistas e funcionários; estes últimos to-
talmente contratados na forma de trabalhadores terceirizados; bem assim
uma certa parte dos docentes em regime de contrato temporário. Cabe lem-
brar que, em determinadas situações, as instituições escolares ainda con-
tam com prestadores de serviços que realizam reparos e manutenções em
suas instalações.
Estar à frente de uma instituição pública exige não somente fazeres
fundamentados em lei, como uma atitude de liderança que possa mobili-
zar competências para atingir metas e obter resultados estabelecidos pelo
sistema educacional.
Nas instituições escolares pesquisadas, o corpo discente é composto
por crianças, adolescentes e jovens de classes sociais heterogêneas. Uma
pluralidade de identidades e de singularidades, ainda mais se tratando de
uma clientela em situação peculiar de desenvolvimento. Parte significativa
se empenha nas atividades propostas pelos educadores, assim como as ati-
vidades externas. Verificam-se dificuldades no processo de ensino-apren-
dizagem, como: leitura, escrita, interpretação e cálculo.
161 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Aspectos organizacionais
As formas de gestão e formas de relacionamento entre o pessoal técnico,
pessoal administrativo, pessoal docente, serviços gerais, entre outros, obede-
ce às regras e à legislação e, conforme regimento escolar, com hierarquiza-
ção das responsabilidades (diretor, vice-diretor e coordenador pedagógico).
por ATPC e por adesão aos cursos a distância oferecidos pela Escola de
Aperfeiçoamento de Professores “Paulo Renato Costa Souza” e Rede do Saber.
A execução do currículo busca dar mais unidade ao trabalho docente
em sintonia com a equipe técnica.
O trabalho do pessoal técnico funciona em termos de garantir a quali-
dade do trabalho docente com acompanhamento da sala de aula e do ren-
dimento dos alunos. Bimestralmente, é realizado o conselho de classe, com
a verificação do correto preenchimento do diário de classe e a discussão da
avaliação do rendimento da aprendizagem escolar.
Secretaria escolar
A secretaria, nessas escolas da rede estadual de ensino, é organizada a
partir do gerente executivo e demais servidores; os prontuários dos alunos
são organizados e arquivados em pastas individualizadas contendo ficha com
dados de identificação, residência, profissão dos pais; os registros e controles
do rendimento escolar são organizados e digitalizados; as pastas são arqui-
vadas de acordo com as normas técnicas; e a organização e o funcionamen-
to da secretaria escolar seguem as normativas da Secretaria da Educação.
Frequentemente, a supervisão da Diretoria de Ensino realiza visitas téc-
nicas e faz instruções e procedimentos a serem cumpridos. As instruções
obedecem às atribuições hierárquicas de diretor, vice-diretor, gerente exe-
cutivo e coordenação pedagógica.
Frequentemente, a Diretoria de Ensino, por meio de seus núcleos pe-
dagógicos, organiza atividades formativas e orientações a serem adotadas.
Dentro das suas atribuições, a escola possui relativa autonomia, desde
que não viole a hierarquia do sistema de ensino e suas diretrizes.
O que parece necessário não só nas escolas Vênus, Terra, Marte, Júpiter,
Saturno e Plutão, mas em muitas outras, é uma gestão educacional (estrutu-
rada sobre regimento democrático) que de fato permita maior participação
de seus pares na elaboração de novos parâmetros e estratégias educacionais,
que se proponha a percorrer caminhos alternativos e busque solucionar as
questões socioeducacionais que se encontram em aberto, em sua realida-
de local.
A escola Júpiter, por exemplo, oferece um formato mais amplo e diver-
sificado pelos múltiplos setores dispostos em seu organograma institucio-
nal, o que parece reforçar essa característica de valorização da participação
175 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Por fim, vale ressaltar que a educação é o caminho que estabelece toda
e qualquer mudança. Ela é necessária e imprescindível para a manutenção
da sociedade, assim como seu desenvolvimento em todos os setores ou seg-
mentos. O ambiente escolar representa a arena de batalhas cotidianas da
educação. Como explicitou Bauman (2007, p. 87) sobre as cidades:
Isso também nos parece válido para as escolas, visto que as salas de
aula e todo o espaço escolar representam nada mais do que a vivência so-
cial, moldando a sociedade que queremos e esperamos encontrar por trás
dos muros da cidade.
Escola Marte
A primeira instituição a ser investigada neste âmbito foi a escola Marte.
Nesta unidade escolar a avaliação é estabelecida, como nas demais escolas
da rede, em duas formas: externa e interna. Interna diz respeito à avalia-
ção institucional, que é aquela aplicada pelos professores da unidade esco-
lar em seu cotidiano. Comumente se apresenta como pretexto preparatório
para a avaliação externa – aquela organizada pelos órgãos governamentais,
tanto em larga escala como numa escala mais reduzida às secretarias esta-
duais. Dentro dessa ótica, a avaliação externa se subdivide, ainda, entre al-
guns instrumentos: a AAP e o Saresp. A primeira diz respeito à avaliação de
aprendizagem em processo e a segunda remete ao sistema de avaliação do
estado de São Paulo. Ambas advêm da SEE. A AAP é aplicada no início do
primeiro bimestre e no início do terceiro bimestre do ano letivo. O Saresp
é aplicado pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo para alunos
da rede estadual de ensino que estão matriculados nos 2º, 3º, 5º, 7º e 9º anos
do ensino fundamental e 3ª série do ensino médio. Ainda nesta esteira da
avaliação externa, faz-se presente a Prova Brasil e o sistema de avaliação da
educação básica (Saeb) que são avaliações para diagnóstico em larga escala
desenvolvidas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep/MEC). Na escola Marte, esta modalidade se aplica nos
quintos e nonos anos. O foco se estabelece nas disciplinas de língua por-
tuguesa e matemática. Esta avaliação apresenta também um questionário
socioeconômico no qual são filtradas informações que podem influenciar
diretamente no desempenho dos alunos.
A avaliação do Saresp é aplicada no mês de novembro nas escolas da
rede estadual de São Paulo e se configura como indicador que acompanha
o desenvolvimento da aprendizagem em forma descrita no Idesp da escola.
179 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Escola Júpiter
Nesta esteira da avaliação, investigou-se também a escola Júpiter, e esta,
como as demais, apresenta suas características próprias e outras que cul-
minam quase para o mesmo ponto. Mas o que interessa neste trabalho é o
olhar para a avaliação como um instrumento que baliza o profissional da
educação rumo ao esclarecimento de sua função no entremeio da sociedade.
O sistema de avaliação da referida escola sofre com a demanda de ati-
vidades e número de alunos e professores. Em virtude disso, os trabalhos
se tornam fragmentados. O acompanhamento dos educandos é feito ora
individual, ora coletivamente. A partir de identificação das dificuldades de
aprendizagem constatadas por meio dos registros num âmbito individual,
estabelece-se a avaliação permanente e cumulativa, bem como oferece-se a
recuperação contínua e paralela. Esta última modalidade de recuperação é
realizada em horário diverso das aulas e é oferecida aos educandos que ob-
tiverem, no componente curricular, nota inferior a 6,0 e frequência míni-
ma de 75%.
De acordo com a evidente problemática, Paquay, Wouters e
Nieuwenhoven (2012, p. 266-267) ressaltam acerca da seguinte conside-
ração: “[...] o que permite, hoje, trazer à luz a função de desenvolvimento
profissional tem a ver com o fato de que a avaliação esclarece o posiciona-
mento do ator e pode amplificar seu papel de agir”.
Ainda reiteram os autores que:
180 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Escola Plutão
A terceira instituição de ensino analisada neste item foi a escola Plutão,
cuja gestão se empenha por sua natureza democrática. Convoca a comuni-
dade para a tomada de decisões e sempre dá voz aos educandos. Há uma li-
derança efetiva por parte da direção e as responsabilidades são claramente
definidas e comunicadas. O trabalho é organizado em equipe, bem como
existe um controle efetivo das avaliações.
De acordo com entrevista feita com as professoras coordenadoras, é fei-
ta a avaliação a partir da proposta pedagógica. Os professores são orientados
para a elaboração de instrumentos de avaliação. Durante a rotina organiza-
tiva, discutem-se os resultados da avaliação da aprendizagem dos alunos.
No que pese a avaliação, há de se atentar para o perigo nas postulações de
Paquay, Wouters e Nieuwenhoven (apud UWAMARIVA; MUKAMURERA,
2005, p. 260), que advogam:
Escola Saturno
A quarta instituição escolar analisada diz respeito à escola Saturno.
Nesta unidade escolar, a avaliação é organizada tendo em vista uma ampli-
tude para além do currículo norteador, uma vez que são consideradas outras
atividades extracurriculares ao longo do ano. A escola organiza sua avalia-
ção a partir de diagnóstico das situações mais prementes entre os educan-
dos, como, por exemplo, as dificuldades recorrentes à alfabetização (escrita
e leitura), cálculo matemático, produção textual e pesquisa. Nas turmas do
ensino médio são recorrentes as dificuldades de interpretação de texto, re-
182 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
2 Prova Brasil – Avaliação Nacional de Rendimento Escolar realizada de 2 em 2 anos pelo Ministério da
Educação para medir o desenvolvimento da educação básica, considerando os anos finais de ciclo do
ensino fundamental (5º e 9º anos).
3 Ideb – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica [Fonte: <http://ideb.inep.gov.br/>.].
184 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Escola Terra
A avaliação institucional realizada na escola Terra dá-se no final do
ano por meio de formulários, questões objetivas e de múltipla escolha. No
que concerne ao acompanhamento pedagógico e administrativo, a escola
utiliza o espaço do conselho de classe, bem como registra o rendimento no
banco de dados Babica.
Notório, na análise desta escola, é que a avaliação, além de ser reali-
zada pelos docentes e coordenação pedagógica, também se organiza pelos
pais dos alunos. A participação dos pais faz valer, neste aspecto, uma ges-
tão democrático-participativa no que pese os resultados da aprendizagem.
Outro fator que merece relevância é a aproximação tocante à gestão
entre as escolas Plutão e Terra. Os professores desta escola ainda são orien-
tados para a formalização de provas processuais e trabalhos de pesquisa.
A escola Terra ainda se correlaciona à escola Plutão, visto que as duas
orientam seus docentes a produzirem instrumentos de avaliação. O rendi-
mento da aprendizagem é discutido em momentos de reflexão nas ATPC.
Ainda neste âmbito do sistema de avaliação, a escola Terra apresenta
os resultados do Idesp da seguinte forma: índice de 3,57, o que ultrapassa a
meta de 2,32 para o ensino fundamental, e índice de 1,01 no ensino médio
para a mesma meta de 1,01. Observa-se êxito no ano de 2009, com índice
de 5,0 para uma meta de 4,7. Entretanto, em 2011 e 2013 há um pequeno
decréscimo entre as metas e o Ideb da escola.
Escola Vênus
A escola Vênus foi a sexta instituição analisada, ainda nesta mesma se-
ara concernente à avaliação. Nesta unidade, a avaliação se realiza a partir
do projeto da escola e do plano organizado pela equipe de professores e a
equipe gestora, tendo por base provas escritas com questões dissertativas e
de múltipla escolha. Também se fazem observações de conclusões de proje-
tos temáticos, como saraus, peça de teatro, entre outros. O acompanhamen-
to das atividades é realizado de modo coletivo e individual. Alguns alunos
com problemas de aprendizagem recebem acompanhamento individual. A
185 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Considerações
Ao analisar o universo das unidades escolares – em particular, as es-
colas Marte, Terra, Vênus, Júpiter, Saturno e Plutão – é possível refletir so-
bre o funcionamento da gestão escolar e a dinâmica para compreender suas
práticas e sua objetivação como práxis social. Compreendemos que a escola
reflete a formação social a partir da relação dialética entre capital e traba-
lho, e que não pode ser concebida sem o estabelecimento de relações so-
ciais internas e externas.
186 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Considerações finais
É preciso ressaltar que as análises produzidas nesta obra relatam um
momento das escolas pesquisadas e, ainda que não se trabalhe os elemen-
tos sociais, políticos, econômicos e culturais do tempo e lugar em que a pes-
quisa se realiza, estes são fundamentais para a compreensão daquilo que se
encontra, o que enseja outras análises possíveis, com outros referenciais e
conceitos.
188 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
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193 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
Apêndice
Pesquisador:_______________________________________________
Escola pesquisada: __________________________________________
2.2 Mobiliário
• Carteiras: tipo, quantidade, estado de conservação.
• Mesas, escrivaninhas, armários e outros: tipo, quantidade, estado
de conservação, adequações ao uso, suficientes ou não.
• Equipamentos.
• Materiais didáticos (computador, retroprojetor, copiadora,
televisores, vídeos, cartazes, mapas etc.): tipo, quantidade,
condições de uso, como são adquiridos.
3 PESSOAL
3.1 Alunos: número por série, adequações idade/série, número por sala.
3.2 Professores: número, qualificação.
3.3 Especialistas: número, coordenadores pedagógicos, orientadores
educacionais, diretor, vice-diretor, qualificação desses profissionais.
195 - Gestão na Educação Básica – Casos de Gestão
8 AVALIAÇÃO
Os autores