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Como transformar nossas escolas


Novas formas de ensinar a
alunos sempre conectados
José Moran*

Pagamos um alto preço social pela educação deficiente


Pagamos um preço muito alto como sociedade por uma educação deficiente:
milhões de pessoas não desenvolvem suas competências básicas, sua autonomia,
vivem vidas pouco produtivas e realizadoras. A educação demorou a chegar aos
mais pobres e ainda é frágil para a maioria nas questões mais importantes: poucos
sabem interpretar textos complexos, fazer contas, pensar pela pr cabeça, ir além do
que veem na televisão. Temos uma dívida social de séculos de pouca preocupação
com a aprendizagem de qualidade da maior parte da população.
A educação de qualidade, além de ensinar a pensar, pode ensinar a viver. Em
muitos casos, a escola não está conseguindo ajudar a pensar críti-

* Doutor em Comunicação pela USP, professor de Novas Tecnologias na mesma universidade e um dos
fundadores do Projeto Escola do Futuro. É mentor de cursos e projetos híbridos e online sobre novas
metodologias com tecnologias digitais. Publicado no livro Educação 3.0: Novas perspectivas para o
Ensino. CARVALHO, M. (Org). Porto Alegre, Sinepe/RS/Unisinos, 2017
Publicado em Educação 3.0 - Novas perspectivas para o ensino. Porto Alegre: Unisinos-Sinepe-RS,
2017.

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ca e autonomamente; muito menos a preparar pessoas criativas, empreendedoras e


livres. Ela precisa mudar para encantar e abrir os horizontes de crianças e jovens, a
fim de que evoluam sempre, transformem suas vidas e a sociedade em que vivem.
Trata-se de um trabalho complexo, demorado em um país imenso. É urgente
mudar nosso modelo de ensino, muito focado em conteúdos prontos, separados,
memorizados, e centrar-nos mais no projeto de vida dos alunos, em seu
desenvolvimento cognitivo e socioemocional, na vivência de valores importantes:
saber conviver com as diferenças, aprender sozinhos e em grupos, e mostrar com
projetos, pesquisas e atividades o quanto estão conseguindo aprender em cada
momento.
Muitas escolas conseguem fazer um trabalho digno: valorizam os estudantes,
acolhem-nos, não os deixam para trás. Boas escolas estabelecem patamares altos de
exigência de resultados e cuidam de que todos aprendam, mesmo que em ritmos
diferentes. Muitas outras escolas, no entanto, com recursos e condições
semelhantes, falham no essencial: ensinam de forma burocrática, desestimulante,
ultrapassada.
Sabe-se que temos problemas estruturais graves de formação, remuneração,
infraestrutura, base comum, gestão; mas o problema essencial é humano: carência
de gestores e docentes competentes que conversem entre si, ajudem-se, apoiem e
façam o possível para motivar os alunos e ajudá-los a crescer e evoluir em todos os
momentos.
Escolas medíocres comprometem o futuro de milhares de crianças, jovens e
adultos. Crianças que aprendem de forma autônoma e colaborativa têm muito mais
chance de enfrentar os desafios de cada etapa da vida, de aprender por sua própria
conta, de empreender. Estamos vivendo um período muito complexo e desafiador,
que exigirá realizar mudanças profundas na forma de ensinar, de aprender e de
empreender de todas as organizações e pessoas.
Professores, gestores e pais precisamos sentar-nos mais juntos, chegar a
acordos nos nossos papéis educativos, compartilhar nossas responsabilidades
mútuas e dar-nos apoio incondicional para conseguir o objetivo principal: que
nossos estudantes aprendam de verdade e se transformem em pessoas interessantes,
produtivas e realizadas.

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O cenário mudou profundamente


Nos últimos anos, o cenário se transformou profundamente. O smartphone é
onde tudo acontece. O tempo todo olhamos para sua tela, teclamos, pesquisamos,
compartilhamos, jogamos, compramos, rimos, nos relacionamos e aprendemos. É
o aparelho que carregamos para todos os lugares, nosso companheiro inseparável,
a pequena tela que aumenta, que integra milhares de aplicativos e soluções antes
soltas. Os assistentes pessoais dialogam com as pessoas, aprendem com elas,
propõem soluções cada vez mais personalizadas e produtivas.
O mundo mudou, e está mudando de forma bastante imprevisível. A
inteligência artificial avança em todos os dispositivos, os objetos do cotidiano se
conectam à rede, a realidade aumentada invade o dia a dia, os robôs começam a ter
inteligência para trabalhar em áreas criativas, antes próprias só dos humanos. Há
robôs ou aplicativos que escrevem histórias, que desenham novos edifícios, que se
adaptam a cada aluno e lhes ensinam línguas.
O mundo da co-criação, do coworking, da economia criativa, do design
colaborativo, da cultura maker, comprova a força da colaboração, do
compartilhamento, da sinergia para descobrir novas soluções, processos, produtos,
organizações. As sociedades mais dinâmicas são as que incentivam a colaboração,
o empreendedorismo e a criatividade.1
No Brasil estamos ainda bastante fechados, guardando uma atitude defensiva
em relação às consequências de um mundo de aprendizagem sem fronteiras.
Exigimos revalidar qualquer certificado feito no exterior por uma universidade
brasileira que, em geral, está mais atrasada na pesquisa de ponta. Apesar do
desemprego alto, ainda temos mão de obra intensiva em muitas atividades
econômicas do cotidiano que outros países enxugaram drasticamente. Nossos
postos de abastecimento de cobustível possuem dezenas de funcionários, em
contraponto aos postos automatizados, com um só funcionário ou mesmo nenhum,
adotados em muitos países. Nossos supermercados possuem nos seus caixas
dezenas de funcionários para pagar e embalar nossas compras, contra um ou dois
nas lojas mais automatizadas fora. E assim poderíamos seguir dando exemplos em
toda a cadeia produtiva. Apesar do desemprego assustador, ainda temos milhões de
empregos formais e subempregos em muitas atividades em que outros países já os
eliminaram.

1
Núcleo Estudos do Futuro – PUC-SP: http://www.nef.org.br/.
Projeto Millennium – http://www.millennium-project.org/index.html.

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Olhando para os próximos anos, muitas profissões sofrerão mudanças


drásticas. O que será de milhões de motoristas de caminhões, ônibus e táxis quando
os carros estiverem automatizados e maduros para andar sozinhos com segurança?
Ainda vai demorar, mas sabemos que esse dia vai chegar. Quantas profissões já se
perderam, que eram importantes anos atrás? A datilógrafa era uma profissão
necessária para passar a limpo documentos e relatórios. Minha tese de doutorado
foi redigida em máquina de escrever, com a última versão realizada por uma
datilógrafa, que me pedia para não mexer no texto final: introduzir um novo
parágrafo encarecia muito o resultado, porque a obrigava a reescrever o restante de
um capítulo. Isso aconteceu não faz tanto tempo: foi em 1987. Em três décadas
passamos da máquina de escrever para programas que entendem, digitam e
traduzem o que falamos para outras línguas.
O mundo torna-se mais complexo, evolui rapidamente para soluções que não
imaginávamos e que exigem atualização constante. Antes, para viajar,
precisávamos ir a uma agência de viagens física e comprar com antecedência um
bilhete em papel e imprimi-lo. Hoje, do celular resolvemos tudo, fazemos o check-
in da ida e da volta antes de viajar, escolhemos em tempo real os assentos que que
vamos ocupar e podemos embarcar diretamente, se não temos malas grandes. Há
poucos anos viajávamos com mapas em papel, que tínhamos de consultar a cada
instante para nos locomovermos em uma cidade ou estrada. Hoje, basta ligar o
Waze ou o Google Maps e escolher as melhores opções entre várias alternativas,
em tempo real.
O Uber, o Airnb, o Netflix, entre tantos outros, são exemplos de aplicativos e
soluções inovadoras que mudam nossos hábitos e exigem novas competências.
Trazem a possibilidade de ampliar escolhas, permitem-me escolher o que quero na
hora que quero. Quebram muitas estruturas intermediárias, diminuem a
dependência de categorias consolidadas e monopolísticas (taxistas, imobiliárias,
redes tradicionais de TV), desregulam o mercado tradicional e implementam novas
visões de negócios. Em todos os campos estamos pressionados a aprender, a nos
adaptar, a evoluir.
Nesse cenário tão dinâmico, a escola parece parada no tempo. Está off-line em
um mundo on-line. O Whatsapp é o aplicativo que expressa a febre da atualização
incessante, ao vivo, em multigrupos, do fluir incessante de mensagens, vídeos,
comentários. A escola parece um museu, um outro mundo, um espaço de
confinamento, quadrado, com tempos marcados para cada área de conhecimento,

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para cada atividade, para cada avaliação. A escola parece fora do lugar em mundo
conectado on-line.
Todos os temas que o programa nos pede para explicar aos alunos estão
disponíveis on-line. Existem milhares de materiais em vídeo, textos, roteiros de
aprendizagem, animações, cursos abertos on-line, que nos oferecem todos os
conteúdos exigidos pelo currículo.
De um lado, precisamos desenvolver competências mais complexas, saber
adaptar-nos a soluções inesperadas e criar novas soluções para novos problemas.
Isso exige uma dinâmica de aprendizagem nova, constante, desafiadora, criativa,
em qualquer lugar, a qualquer hora e ao longo de uma vida cada vez mais longa. De
outro, temos uma escola do século XIX presa a seus ritos previsíveis, burocráticos,
industriais.
Como ensinar em um mundo conectado? Como a escola pode tornar-se
relevante para aprendizado em um mundo tão rápido e desafiador? O que podemos
trazer do dinamismo das transformações digitais, econômicas e sociais para o
ambiente de ensino e aprendizagem mais formal?
Os processos de aprendizagem são múltiplos, contínuos, híbridos, formais e
informais, organizados e abertos, intencionais e não intencionais. O ensino regular
é um espaço importante, pelo peso institucional, pelos anos de certificação e pelos
investimentos envolvidos, mas convive com inúmeros outros espaços e formas de
aprender mais abertos, sedutores e adaptados às necessidades de cada um.
A educação é mais complexa porque tem de preparar para a autonomia, para
podermos tomar decisões mais complexas em todos os momentos, de forma
criativa, empreendedora e realizadora. Para preparar para a autonomia, precisamos
de outra proposta de escola, muito mais leve, aberta, flexível, centrada no aluno,
com atividades significativas, metodologias ativas, intenso uso das tecnologias
digitais.
A convergência digital exige mudanças muito mais profundas que afetem a
escola em todas as suas dimensões: infraestrutura, projeto pedagógico, formação
docente, mobilidade. Nestes últimos anos, aumentaram exponencialmente as
ofertas de aprendizagem, formais e informais, gratuitas e pagas, presenciais,
híbridas e on-line. Cada vez ganha mais importância a aprendizagem aberta,
colaborativa, em redes, em comunidades de aprendizagem e de prática.
Podemos aprender formal e informalmente. Aprendemos em situações muito
diferentes: sozinhos, em contato com inúmeros materiais disponíveis; aprendemos
também com pessoas próximas e distantes (colegas, grupos presenciais e on-line).

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Aprendemos em outros momentos por meio da orientação de pessoas mais


experientes em campos que nos interessam (professores, especialistas).

A escola que os jovens desejam


Uma pesquisa feita na Plataforma Porvir2 com 132 mil alunos e ex-alunos de
13 a 21 anos, oriundos de todos os Estados do Brasil, revelou que a maior parte dos
jovens querem uma escola com maior participação, atividades práticas e tecnologia;
querem um currículo mais flexível, em que possam escolher parte sua da trajetória,
em que aprendam mais com a mão na massa do que só com aulas expositivas;
querem não ficar confinados nas salas de aula e ter espaços mais livres, acolhedores
e com menos paredes ou grades, que lhe permita interagir com o entorno (bairro,
cidade, mundo).
A grande maioria das escolas continua muito aquém desse modelo desejado
pelos jovens, mas já há um bom número delas que estão ousando, evoluindo,
propondo modelos interessantes, próximos às necessidades do mundo atual. O que
propõem essas escolas mais inovadoras?

Diferenciais das escolas inovadoras


As escolas e universidades que nos mostram novos caminhos destacam, no
seu projeto político-pedagógico e na sua implementação, alguns componentes
importantes que coincidem no essencial, embora com ênfases diferentes.
Ambientes institucionais e pessoais abertos e acolhedores

As instituições educacionais inovadoras são espontânea e acolhedoras, interna


e externamente, com gestores, docentes e estudantes interagindo de forma
espontânea e produtiva.
Os estudantes são o centro da escola. A filosofia que orienta as ações
pedagógicas é a de construir diariamente uma “grande escola para os estudantes”,
com a convicção de que estes são capazes de fazer coisas incríveis, de que são
capazes de aprender de verdade, e de que docentes e gestores utilizarão todas as
técnicas e oportunidades possíveis para consegui-lo.

2
http://porvir.org/jovens-desejam-uma-escola-participacao-atividades-praticas-tecnologia/.

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Os espaços são transparentes, flexíveis, coloridos, atraentes, diferenciados.


Predomina um clima de efervescência, de energia empreendedora, com estudantes
muito ativos, realizando projetos, apresentações, debates em locais que se
reconfiguram rapidamente, dependendo da necessidade. Os alunos estão ativos, em
alguns momentos sozinhos, noutras em grupo; professores circulam, não estão na
frente. Todos se sentem acolhidos e partícipes, em todos os espaços, momentos e
situações, de um projeto comum e compartilhado, em que podem manifestar-se,
interagir, contribuir, questionar. Os professores conversam muito entre si, planejam
os roteiros de aprendizagem e projetos juntos, e avaliam continuamente o processo
e os resultados.3
Os espaços arquitetônicos refletem esse grau de abertura, saindo do espaço
retangular fechado convencional. Os espaços físicos e digitais são abertos,
compartilhados (entre todos os participantes: gestores, professores, alunos – e
também com a comunidade externa). Há muitos espaços maker, de experimentação,
de programação, de trabalho com materiais simples e complexos. Divulgam-se as
melhores práticas e contribuições.4
São escolas abertas para o bairro, a cidade e o mundo. Os estudantes têm
bastantes atividades externas. Em algumas, desenvolvem seus sonhos individuais
fora da escola durante semanas e trazem as aprendizagens para compartilhá-las com
colegas e docentes posteriormente. Outro diferencial é a importância do contato
uma troca rica com o entorno, não só para conhecê-lo, mas para contribuir com
soluções reais, um contato com a vida, com a cidade, com o mundo (redes,
comunidades), com as áreas profissionais desde o começo; rico. É a escola-serviço,
onde os alunos aprendem em convívio com a comunidade e desenvolvem projetos
que beneficiam essa mesma comunidade. Não se trata de uma saída apenas para
conhecer o mundo, mas também para modificá-lo.5

3
GOUVÊA, Tathiana. Educação Fora da Caixa: conheça escolas onde o aprendizado vai muito além da
lousa e do caderno. http://www.hypeness.com.br/2015/01/como-iniciativas-de-educacao-inovadoras-
buscam-transformar-o-ensino-no-brasil/.
4
O diálogo entre arquitetura, escola e cidade. http://porvir.org/dialogo-entre-arquitetura-escola-cidade/.
Designing for Student-Centered Learning – Norma Rose Point School community in Vancouver, British
Columbia. https://www.youtube.com/watch?v=yBFc_3apnZ4.
5
Aprendizagem-Serviço –
http://www.ulacit.ac.cr/files/archivos/VSE/Libro%20Aprendizaje%20en%20Servicio%20Version%20
Digital.pdf.

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Currículo por projetos e competências amplas

O currículo é cada vez mais transdisciplinar, com uma visão humanista e


integradora. Há flexibilidade para que os alunos possam personalizar seu percurso,
total ou parcialmente. Há uma grande integração de áreas, projetos, problemas,
com menos (ou sem) disciplinas.6
O currículo é híbrido, blended, com integração de tempos, espaços e
atividades presenciais e on-line, propondo um “continuum” entre modelos mais
presenciais e modelos mais digitais (para alunos com perfis ou situações diferentes).
O currículo é o mesmo, adaptado às necessidades dos alunos, superando a
dicotomia presencial x on-line.7
Existe uma ênfase grande no desenvolvimento de competências amplas,
socioemocionais, com destaque para a autonomia intelectual, emocional
(autoestima, resiliência, criatividade). Ganha importância a formação inicial e
continuada de professores em metodologias ativas, em orientação/ mentoria e em
tecnologias presenciais e on-line. Constata-se a importância do compartilhamento
de experiências, da orientação por parte dos mais experientes, da aprendizagem por
imersão e por “clínicas” com supervisão.
As instituições mais inovadoras desenham uma política clara de
personalização da aprendizagem em torno do projeto de vida do aluno. A
personalização encontra seu sentido mais profundo quando cada estudante se
conhece melhor e amplia a percepção do próprio potencial em todas as dimensões.
O projeto de vida é um componente curricular transversal importante, que visa a
promover a convergência, de um lado, dos interesses e paixões de cada aluno e, de
outro, de seus talentos, sua história e seu contexto. Estimula-se a busca de trilhas
de uma vida com significado e proveito pessoal e social, ampliando-se, como
consequência, a motivação profunda para aprender e evoluir em todas as dimensões.

6
Redesigning the school day at Summit Public Schools using a Flex model bonita. https://
www.youtube.com/watch?v=EQKqIPi9Ubw&t=199s.
7
FUNDAÇÃO TELEFÔNICA. Inovaeduca – Práticas para quem quer inovar na educação. Disponível
em: http://fundacaotelefonica.org.br/wp-content/uploads/pdfs/INOVA-ESCOLA.pdf. Destino
Educação – Escolas Inovadoras) Disponível en: https://pt.calameo.com/ read/002899327f24def4bc47a
e www.youtube.com/playlist?list=PLNM2T4DNzmq5hxMqb1T pvSm0Qu6QgqbE. YOUNG
DIGITAL PLANET. Educação no século XXI: Tendências, ferramentas e projetos para inspirar. São
Paulo: Fundação Santillana, 2016. Disponível em: http:// new.smartlab.me/baixe-gratis-nosso-livro-
educacao-no-seculo-21/.

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Metodologias ativas com tecnologias digitais

Há uma combinação de caminhos e metodologias de ensino e aprendizagem,


que se integram. Não há um caminho único. São metodologias ativas, no sentido de
o aluno ser mais protagonista, participante, mediante situações práticas, produções
individuais e de grupo, e sistematizações progressivas. Ênfase no aprender fazendo,
na cultura “maker”: aprender a partir de projetos reais, problemas significativos,
histórias de vida, jogos. Ganham relevância os laboratórios multifuncionais, os
laboratórios “maker”, onde os alunos testam suas ideias, desenvolvem programas,
experimentam soluções reais, contam histórias, elaboram jogos, entre outras
atividades.
As escolas inovadoras combinam três processos de forma equilibrada: a
aprendizagem personalizada (em que cada um pode aprender o básico por si mesmo
– aprendizagem prévia, aula invertida); a aprendizagem com diferentes grupos
(aprendizagem entre pares, em redes); e a aprendizagem mediada por pessoas mais
experientes (professores, orientadores, mentores). A personalização (aprendizagem
adaptada aos ritmos e necessidades de cada pessoa) é cada vez mais importante e
viável. Ela se amplia, potencializa e combina com a aprendizagem colaborativa, em
grupos, em redes (presenciais e on-line). O equilíbrio entre a aprendizagem
individual, a grupal e a orientada por pessoas mais experientes propicia uma riqueza
ímpar de oportunidades, caminhos, possibilidades (principalmente em cursos de
formação e de longa duração).
Uma das técnicas utilizadas é a inversão da forma tradicional de ensinar,
(depois que o aluno adquiriu as competências básicas mínimas de ler, escrever,
contar): o básico o aluno aprende sozinho, no seu ritmo; o mais avançado, com
atividades em grupo e a supervisão de professores.
As plataformas e tecnologias digitais ganham uma importância estratégica:
ampliam as possibilidades de pesquisa, autoria, compartilhamento, publicação,
multiplicação de espaços, de tempos. Professores e alunos podem ver o progresso
individual e grupal de aprendizagem. Os materiais são atraentes, com muitos
recursos típicos dos jogos: fases, desafios, competição, colaboração, recompensas
(plataformas adaptativas, ambientes imersivos). O design educacional é cada vez
mais decisivo para contar com roteiros cognitivos inteligentes, atividades
individuais, grupais e de avaliação interessantes e desafiadoras. Há maior ênfase
em recursos abertos, compartilhados gratuitamente. Muitos materiais, aplicativos e
experiências em cursos abertos, plataformas digitais dinâmicas (redes) e em
comunidades de prática.

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Professores orientadores e mentores competentes

O papel dos professores nos projetos inovadores é muito mais amplo e


avançado: São desenhadores de roteiros pessoais e grupais de aprendizagem,
interlocutores avançados e orientadores/mentor de projetos profissionais e de vida
dos alunos.
Ganha importância a formação inicial e continuada de professores em
metodologias ativas, em orientação/mentoria e em tecnologias presenciais e on-
line. Há um acompanhamento direto dos docentes novos por mentores mais
experientes. Constata-se a importância do compartilhamento de experiências, da
orientação pelos mais experientes, da aprendizagem por imersão e por “clínicas”
com supervisão.
O processo de avaliação é contínuo, flexível, com feedback permanente de
várias formas: avaliação por pares, autoavaliação e avaliação da produção
(portfólios digitais).
As instituições inovadoras evoluem e reavaliam continuamente suas
propostas. Estamos em uma fase de intensa experimentação, de aprendizagem entre
todos, validando o que funciona melhor.
Esses modelos inovadores estão em construção e aperfeiçoamento contínuos;
mostram especificidades muito diferentes, mas, no essencial, trazem componentes
comuns que podem inspirar-nos a evoluir para projetos educacionais mais
avançados, estimulantes e importantes para os alunos, os profissionais e a
sociedade como um todo.

Como ensinar em um mundo conectado?


A maior parte das escolas está ainda muito distante desses modelos
inovadores, presa a currículos disciplinares, a tempos muito definidos, a privilegiar
o conhecimento intelectual, o conteúdo, a prova. Como podemos ensinar de forma
inovadora mesmo em escolas convencionais? E como ir preparando as mudanças
de forma mais profunda, envolvendo currículo, metodologias, avaliação? Por onde
começar?
Primeiro passo é engajar muitos professores e gestores na promoção de
mudanças significativas nas suas práticas pedagógicas, no relacionamento com os
alunos, nas metodologias utilizadas, na avaliação, no diálogo constante com as
tecnologias digitais.

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Os professores podem desenvolver práticas muito estimulantes para envolver


os alunos, torná-los muito mais participativos, mesmo no sistema convencional.
Podemos explicar a alunos, pais e colegas por que faz sentido mudar a cultura
tradicional da escola, as formas convencionais de ensinar. Explicar as razões e o
que vamos implementar em um primeiro momento: metodologias ativas, aula
invertida, trabalho com projetos, criação de portfólios digitais pelos alunos,
avaliação no processo, e não só no final. Explicar o modelo proposto é fundamental
para que todos saibamos onde estamos e possamos avaliar cada passo dado.
Algumas propostas continuam valendo, com ênfase diferente: temos que
mostrar ao aluno que o que estamos querendo que aprenda faz sentido para ele, tem
a ver com a vida dele, vai ser muito interessante para ele. Motivar, mostrar cenários,
inspirar, descobrir possibilidades que o aluno ainda não percebe é fundamental para
que ele se engaje em uma aprendizagem significativa.
Continua também importante conhecer os alunos, sua realidade fora da escola,
suas expectativas, seus sonhos, para poder aproximar as atividades previstas com
os interesses deles. Conhecê-los e acolhê-los, olhá-los nos olhos, mostrar-lhes
simpatia, valorizar o que fazem bem. A combinação de roteiros semiestruturados e
abertos, relacionando sempre o que consideramos socialmente importante
(currículo) com a vida, os interesses, as necessidades de cada estudante, é decisiva
para o sucesso na educação, para sermos relevantes como docentes e como escolas.
Podemos, mesmo no modelo disciplinar, passar daquela mesma aula igual
para todos a aulas com várias atividades propostas, vários ritmos de execução
possíveis, com integração entre tempos de conhecimento prévio (aula invertida) e
tempos de aprofundamento diferenciado em sala.
Podemos sair do modelo babá, em que damos tudo pronto, resumido em
tópicos em um PowerPoint, para propor atividades mais problematizadoras, fazer
perguntas mais relevantes, a fim de que os alunos se tornem pesquisadores.

Metodologias ativas, modelos híbridos e competências digitais


Três conceitos são especialmente poderosos para a aprendizagem hoje:
metodologias ativas, modelos híbridos e competências digitais. As metodologias
ativas dão ênfase ao papel protagonista do aluno, ao seu envolvimento direto,
participativo e reflexivo em todas as etapas do processo de aprendizagem,
experimentando, desenhando, criando, com orientação do professor; o modelo

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híbrido destaca a flexibilidade, a mistura e o compartilhamento de espaços, tempos,


atividades, materiais, técnicas e tecnologias que compõem esse processo ativo. A
aprendizagem híbrida hoje tem uma mediação tecnológica forte: físico-digital,
móvel, ubíqua, realidade física e aumentada, elementos que trazem inúmeras
possibilidades de combinações, arranjos, itinerários, atividades. 8
As aprendizagens por experimentação, por design, a aprendizagem maker são
expressões atuais da aprendizagem ativa, personalizada, compartilhada. A ênfase
na palavra ativa precisa sempre estar associada à aprendizagem reflexiva, para
tornar visíveis os processos, os conhecimentos e as competências do que estamos
aprendendo com cada atividade. Aí é que o bom professor, orientador, mentor se
mostra decisivo.
Metodologias ativas são estratégias de ensino centradas na participação
efetiva dos estudantes na construção do processo de aprendizagem, processo que se
dá de forma flexível, interligada, híbrida. As metodologias ativas em um mundo
conectado e digital se expressam por modelos de ensino híbridos, com muitas
possíveis combinações. A junção de metodologias ativas com modelos flexíveis,
híbridos, traz contribuições importantes ao desenho de soluções atuais para os
aprendizes de hoje.9
O professor é um gestor de diferentes espaços, tempos e etapas de
aprendizagem dos seus alunos. E de especial importância a atuação do documento
no início e no fim do processo: no início, para mostrar o sentido profundo, a relação
com a vida, para abrir horizontes, mostrar cenários. No fim, para ajudar a entender
o contexto, a coordenar as apresentações dos estudantes, a problematizar as
certezas, a contribuir para sínteses provisórias.
Ganha importância na educação formal o contato com entornos reais, com
problemas concretos da comunidade, não só para conhecê-los, mas para procurar
contribuir com soluções reais, a partir de processos de empatia, de aproximação, de
escuta e de compartilhamento. É a aprendizagem-serviço, em que professores,
alunos e a instituição aprendem interagindo com diversos contextos reais, abrindo-
se para o mundo e ajudando a modificá-lo.

8
Recomendo o aprofundamento desse conceito híbrido em SCHLEMMER, E. Gamificação em espaços
de convivência híbridos e multimodais: design e cognição em discussão. Revista da FAEEBA –
Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 23, n. 42, p. 73-89, jul./dez. 2014.
9
Blended Learning Models. https://www.youtube.com/watch?v=woN80GiYsEM. Blended Learning: 4
Blended Learning Models. https://www.youtube.com/watch?v=QF8ODHN6Os8.

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Na aprendizagem por projetos, os alunos se envolvem com tarefas e desafios


para resolver um problema ou desenvolver um projeto que também tenha ligação
com sua vida fora da sala de aula. Nesse processo, eles lidam com questões
interdisciplinares, tomam decisões e agem sozinhos e em equipe. Por meio dos
projetos, são trabalhadas também suas habilidades de pensamento crítico, criativo,
e a percepção de que existem várias maneiras para a realização de uma tarefa,
aspectos esses tidos como competências necessárias para o século XXI. Os alunos
são avaliados de acordo com seu desempenho durante e na entrega dos projetos.
Os projetos de aprendizagem também preveem paradas para reflexão,
feedback, autoavaliação e avaliação de pares, discussão com outros grupos e
atividades para “melhoria de ideias”. Diferentemente de uma sequência didática,
em um projeto de aprendizagem há preocupação em gerar um produto. Porém, esse
produto não precisa ser um objeto concreto. Pode ser uma ideia, uma campanha,
uma teoria, etc. A grande vantagem de gerar esse produto é criar oportunidades para
o aluno aplicar o que está aprendendo e também desenvolver algumas habilidades
e competências.10

Aprendizagem por histórias, jogos e programação


Uma das formas mais eficientes de aprendizagem desde sempre se dá por
meio de histórias contadas (narrativas) e histórias em ação (histórias vividas e
compartilhadas).
Contar, criar e compartilhar histórias é muito fácil hoje. Podemos fazê-lo a
partir de livros, da internet, de qualquer dispositivo móvel. Crianças e jovens
gostam e são capazes de produzir vídeos e animações e postá-los imediatamente na
rede. Existem aplicativos fáceis de edição nos smartphones. As narrativas são
elementos poderosos de motivação e produção de conhecimento.
Os jogos e as aulas roteirizadas com a linguagem de jogos (gameficação)
estão cada vez mais presentes na escola e são estratégias importantes de
encantamento e motivação para uma aprendizagem mais rápida e próxima da vida
real. Os jogos mais interessantes para a educação ajudam os estudantes a enfrentar
desafios, fases, dificuldades, fracassos, bem como a correr riscos com segurança.

10
Metodologia de projetos. SME de SP. Disponível em:
http://maiseducacaosaopaulo.prefeitura.sp.gov.br/secretaria-divulga-passo-a-passo-para-que-professor-
trabalhe-com-projetos-interdisciplinares/.

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Jogos de construção aberta como o Minecraft são excelentes para despertar a


criatividade, a fantasia e a curiosidade. 11
Plataformas adaptativas como o Duolingo são atraentes porque utilizam todos
os recursos de atratividade para quem quer aprender: cada um escolhe o ritmo de
aprendizagem, vê o avanço dos seus colegas, ganha recompensas. Na versão
educacional, os docentes podem acompanhar o desempenho dos seus alunos e
propor atividades para as diversas fases da aprendizagem, incluindo a avaliação 12.
A Plataforma Khan segue a mesma lógica do ensino personalizado no ensino de
Matemática ou Ciências13.
Para gerações acostumadas a jogar, a linguagem de desafios, recompensas,
competição e cooperação é atraente e fácil de perceber. Os jogos colaborativos e
individuais, de competição e colaboração, de estratégia, com etapas e habilidades
bem definidas, tornam-se cada vez mais presentes nas diversas áreas de
conhecimento e níveis de ensino.
É importante utilizar narrativas, histórias, simulações, imersões e contos de
fantasia sempre que possível, com ou sem recursos tecnológicos (ex: tribunal de
júri).
Um dos programas mais utilizados para aprender por meio de programão
lúdica é o Scratch. Foi desenvolvido por Michel Resnick no MIT, com o objetivo
de incentivar a aprendizagem da programação de forma intuitiva, por meio da
montagem de blocos de comandos. Permite a busca de soluções de problemas
mediante a criação de jogos, animações e também histórias interativas (Bressan &
Amaral, 2015). Aprender a programar é uma das novas habilidades importantes
para crianças e jovens em um mundo digital móvel, que lhes permite executar os
projetos que planejam, torna-los visíveis e desenvolver novas formas de produção.
As competências digitais mais importantes hoje, além de programar, são: saber
pesquisar, avaliar as múltiplas informações, comunicar-se, fazer sínteses,
compartilhar on-line.14

11
Ver MURTA e outros. Possibilidades pedagógicas do Minecraft: incorporando jogos comerciais na
educação. XII EVIDOSOL e IX CILTEC-Online – junho/2015. Disponível em:
www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/anais_linguagem_tecnologia/article/viewFile/8523/7478.
12
school.duolingo.com.
13
https://pt.khanacademy.org/.
14
http://porvir.org/especiais/maonamassa/.

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Inverter a forma de ensinar


No ensino convencional, os professores procuram garantir que todos os alunos
aprendam o mínimo esperado. Para isso, explicam os conceitos básicos e pedem-
lhes que depois os estudem e aprofundem mediante leituras e atividades. Por que
inverter esse processo? Porque as informações básicas o aluno pode acessar no seu
ritmo, o que permite ao professor desenhar atividades de aprofundamento mais
específicas, sob sua supervisão presencial.
Hoje, depois que os estudantes tenham desenvolvido o domínio básico de
leitura e escrita, nos primeiros anos do ensino fundamental, podemos inverter o
processo: as informações básicas sobre um tema ou problema podem ser
pesquisadas pelo aluno para iniciar-se no assunto, partindo dos seus conhecimentos
prévios e ampliando-os com as referências dadas pelo professor (curadoria) e as
que ele próprio descobre nas inúmeras oportunidades informativas de que dispõe,
para depois compartilhar seu nível de compreensão desse tema com colegas e
professor, em níveis de interação e ampliação progressivos e mais profundos, com
participações em dinâmicas grupais, projetos, discussões e sínteses, em momentos
posteriores que podem ser híbridos, presenciais e on-line, combinados.
A aula invertida é uma estratégia ativa e um modelo híbrido, que otimiza o
tempo da aprendizagem e docente. O conhecimento básico fica a cargo do aluno –
com curadoria do professor –, e os estágios mais avançados sofrem interferência do
professor, com forte componente grupal também. Bergmann & Sams (2016) foram
os primeiros divulgadores de algumas técnicas da aula invertida, principalmente
utilizando o vídeo como material inicial para estudo prévio, com a vantagem de que
cada aluno pode assistir a ele no seu ritmo, quantas vezes precisar e solicitando, se
necessário, a colaboração dos pais ou colegas. Depois, o professor pode orientar
atividades de acordo com a situação de cada aluno, com suas necessidades
específicas.
A aula invertida tem sido vista, de uma forma reducionista, como assistir a
vídeos antes e a atividades presenciais depois. Essa é apenas uma das formas de
inversão. O aluno também pode partir de pesquisas, projetos, produções, para
iniciar-se em um assunto, e aprofundar seu conhecimento e competências, a seguir,
em diversas atividades supervisionadas.15

15
BERGMANN, J. & SAMS, A. A Sala de Aula Invertida: Uma metodologia ativa de aprendizagem.
Rio: LTC, 2016.

77
José morAn

Pesquisas sobre formas diferentes de aula invertida mostraram que, quando se


começa com atividades, projetos, experimentação, o avanço é maior do que aquele
obtido com materiais prontos (textos, vídeos).16
As regras básicas para inverter a sala de aula, segundo o relatório Flipped
Classroom Field Guide, são: 1) as atividades em sala de aula envolvem uma
quantidade significativa de questionamento, resolução de problemas e outras
atividades de aprendizagem ativa, obrigando o aluno a recuperar, aplicar e ampliar
o material aprendido on-line; 2) os alunos recebem feedback imediatamente após a
realização das atividades presenciais; 3) os alunos são incentivados a participar das
atividades on-line e das presenciais, as quais são computadas na avaliação formal
do aluno, ou seja, valem nota; 4) tanto o material a ser utilizado on-line quanto os
ambientes de aprendizagem em sala de aula são altamente estruturados e bem
planejados.19
Há muitas formas de inverter esse processo. Pode-se começar por projetos,
pesquisa, leituras prévias, produções dos alunos, e depois passar a aprofundamentos
em classe, com a orientação do professor. O curso Ensino Híbrido, Personalização
e Tecnologia oferece vídeos e materiais produzidos por professores brasileiros e
norte-americanos sobre os diversos aspectos do ensino híbrido, na visão do
professor, do aluno, do currículo, da tecnologia, da avaliação, da gestão, da
mudança de cultura. Vale a pena ler o livro sobre o mesmo tema (Bacich, Tanzi &
Trevisani, 2015).
Há algumas condições para o sucesso da aula invertida: a mudança cultural
de professores, alunos e pais para aceitar a nova proposta; a escolha de bons
materiais, vídeos para uma aprendizagem básica importante e a gestão de todo o
processo, dos alunos que não fazem a análise antes de ir para o encontro presencial.
A personalização, do ponto de vista do educador e da escola, é o movimento
de ir ao encontro das necessidades e interesses dos estudantes e de ajudá-los a
desenvolver todo o seu potencial, a motivá-los, a engajá-los em projetos
significativos, na construção de conhecimentos mais profundos e no
desenvolvimento de competências mais amplas.

16
Paulo Blinsktein. Invertendo a sala de aula invertida. Pesquisa de Stanford mostra que apresentar um
assunto de forma prática é mais efetivo do que começar com aula expositiva. Resumo disponível em
http://porvir.org/porfazer/invertendo-sala-de-aula-invertida/20130814. 19 Texto completo disponível
em inglês em http://www.cvm.umn.edu/facstaff/prod/groups/
cvm/@pub/@cvm/@facstaff/documents/content/cvm_content_454476.pdf.

78
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Há diversas formas e modelos de personalização. Um primeiro modelo de


personalização consiste em planejar atividades diferentes para que os alunos
aprendam de várias formas (rotação por estações, por exemplo). Outro modelo
envolve desenhar um mesmo roteiro básico para todos os alunos e permitir que eles
possam executá-lo no seu próprio ritmo, realizando a avaliação quando se sentirem
prontos e podendo refazer o percurso sempre que necessário. 17 Outra forma de
personalização é colocar os alunos em uma plataforma adaptativa (p. ex.: a Khan,
em Matemática) e acompanhar suas atividades on-line, percebendo o grau de
domínio de alguns temas em relação a outros, e organizando algumas atividades de
apoio de acordo com as necessidades observadas na visualização on-line. 18 Há
modelos de personalização mais avançados, nos quais os estudantes podem
escolher parcial (algumas disciplinas ou temas) ou totalmente seu percurso. Essa
última opção acontece em alguns projetos educacionais mais inovadores. (Barrera
Gouveia, 2016).19
A combinação de metodologias ativas com tecnologias digitais móveis hoje é
estratégica para a inovação pedagógica. As tecnologias ampliam as possibilidades
de pesquisa, autoria, comunicação e compartilhamento em rede, publicação,
multiplicação de espaços, de tempos; monitoram cada etapa do processo,
visibilizam os resultados, os avanços e dificuldades. As tecnologias digitais diluem,
ampliam e redefinem a troca entre os espaços formais e informais através de redes
sociais e ambientes abertos de compartilhamento e coautoria
A convergência digital exige mudanças muito mais profundas que afetam a
escola em todas as suas dimensões: infraestrutura, projeto pedagógico, formação
docente, mobilidade. A chegada das tecnologias móveis à sala de aula traz tensões,
novas possibilidades e grandes desafios. São cada vez mais fáceis de usar, permitem
a colaboração entre pessoas próximas e distantes, ampliam a noção de espaço
escolar, integrando alunos e professores de países, línguas e culturas diferentes. E
todos, para além da aprendizagem formal, têm a oportunidade de se engajar,
aprender e desenvolver relações duradouras para suas vidas.

17
Para aprofundar esse tema: BACICH, L.; TANZI NETO, A. e TREVISANI, F. de M. Ensino Híbrido:
personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso, 2015.
18
Para o leitor que não experimentou plataforma adaptativa, é possível acessar o endereço
https://pt.khanacademy.org e inscrever-se como aluno e realizar os exercícios que achar conveniente.
Logo visualizará seu progresso, por meio de pontos e medalhas. Se você for professor, entre como
professor e cadastre alguns alunos para ver o percurso de cada um, onde tem mais domínio e mais
dificuldades em Matemática.
19
BARRERA, Tathyana Gouvêa. O Movimento Brasileiro de Renovação Educacional no início do
Século XX. SP: FE-USP, 2016. Tese de Doutorado.

79
José morAn

É possível e conveniente priorizar a utilização de aplicativos e recursos


gratuitos, on-line, colaborativos e sociais. Também há inúmeros materiais abertos
disponíveis para todas as áreas de conhecimento e níveis de ensino.20
Também é importante desenvolver a cultura de compartilhar melhores
práticas entre os docentes em um espaço digital, para avançar mais rapidamente. A
aprendizagem compartilhada e colaborativa é um caminho importante de
aceleração da aprendizagem institucional.

Novas formas de avaliação


A avaliação, no contexto da aprendizagem ativa, é um processo contínuo,
flexível, que acontece sob várias formas: avaliação diagnóstica, formativa,
mediadora; avaliação da produção (do percurso – portfólios digitais, narrativas,
relatórios, observação); avaliação por rubricas – competências pessoais, cognitivas,
relacionais, produtivas; avaliação dialógica; avaliação por pares; autoavaliação;
avaliação on-line; avaliação integradora; entre outras. Os alunos precisam mostrar
na prática o que aprenderam com produções criativas, socialmente relevantes, que
explicitem a evolução e o percurso realizado. É importante avaliar e dar feedback
frequente aos estudantes, acompanhando inteiramente seu progresso, tanto
individual como coletivo.
Toda avaliação deveria ser com consulta. Em um mundo em que temos as
informações sempre à mão, por que precisamos apelar tanto para nossa memória?.
Em um mundo em que temos o Waze, por que precisamos decorar os nomes das
ruas como os taxistas de Londres?. O importante não é decorar, mas saber
interpretar, avaliar e aplicar o que aprendemos.
O portfólio digital com todo o percurso do aluno é o instrumento mais forte
da avaliação, mais do que a prova tradicional, porque avalia o processo em vários
momentos, dá feedbacks quando há tempo para correção de rumo e permite que
cada aluno produza dentro do seu próprio ritmo e torna visíveis para todos o
processo e os resultados (compartilhamento em tempo real para todos). A avaliação
entre pares também tem muito importância, pois permite a ampliação dos pontos de
vista e o desenvolvimento da maturidade para exercitar um julgamento justo. Como

20
http://educacaoaberta.org/ e http://educacionabierta.org/.

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tudo fica visível, a combinação de portfólio, aprendizagem por pares e


autoavaliação é poderosa, estimulante e socialmente relevante.

A transição dos modelos convencionais para os inovadores


Como fazer essas mudanças na prática? Não há uma resposta única, mas há
alguns caminhos que fazem mais sentido, dependendo de cada instituição, de onde
se encontra, do percurso de mudança que já trilhou e da opção por mudanças mais
rápidas ou lentas, mais superficiais ou mais profundas.

Mudanças progressivas

Para a maioria das instituições educacionais que já têm uma cultura, história
e processos definidos há tempos, as mudanças mais viáveis são as progressivas.
Partem dos modelos disciplinares para níveis de interligação cada vez mais amplos.
A primeira mudança se dá dentro de cada disciplina, introduzindo
metodologias ativas, principalmente a aula invertida. Isso já permite avanços
rápidos, com o professor orientando mais atividades de aprofundamento.
O caminho para avançar na integração é organizar algumas atividades
comuns a mais de uma disciplina: projetos comuns, atividades integradoras,
ampliando as metodologias ativas e os modelos híbridos. A instituição pode
propor o projeto de vida de forma transversal, ao longo do curso. Esse eixo é
importante para o aluno desenvolver uma visão mais ampla do seu papel no
presente e no futuro.
O nível seguinte é o da integração entre as diversas disciplinas por meio de
um projeto mais amplo e outras atividades que façam sentido. Essa integração
também pode ser vertical, por áreas de conhecimento semelhantes: alunos de
semestres diferentes se juntam em algumas atividades comuns, em que os mais
veteranos podem tornar-se tutores. A hibridização também aumenta com uma maior
inserção do digital.
A partir daí, a instituição já estará mais preparada para implementar um
currículo muito mais integrador, flexível, com foco em projetos, desafios, no
aprender fazendo, e terá tido tempo de acompanhar outras instituições que já
implantaram currículos mais ousados e que terão uma avaliação mais precisa do
que vale a pena trazer para a própria instituição.

81
José morAn

Mudanças simultâneas

Uma forma de acelerar as mudanças sem pôr em risco a cultura da instituição


é começar a inovação em pequena escala, em uma área que tenha maior abertura,
com gestores e professores mais empreendedores. Esses projetos são
acompanhados por todos, avaliados para depois incorporar mais rapidamente os
demais cursos. Ir da experiência focada e avaliada para a estrutural é um caminho
que tem muitas vantagens: todos aprendem com o grupo experimental e se
preparam melhor para implementar um novo projeto mais ousado.
O importante nesse processo é que a discussão do projeto inovador seja feita
por toda a comunidade antes e seja ele acompanhado de verdade durante a sua
implantação.
Um exemplo atual está acontecendo na Catalunha, Espanha, com o Projeto
Horizonte 2020, dos jesuítas, que após uma discussão ampla de dois anos, chegaram
a um consenso sobre um novo modelo educacional, sem disciplinas, e o estão
implementando progressivamente em duas séries em cinco escolas. 21
Simultaneamente, continua o modelo convencional com o experimental no mesmo
lugar. Embora possa haver algumas tensões nessa transição, ela permite que todos
aprendam na prática ou no acompanhamento direto do que acontece ao lado.
Mudanças profundas

Alguns grupos, liderados por gestores visionários e empreendedores, propõem


mudanças mais profundas mais rapidamente. Alguns exemplos são conhecidos no
Brasil de escolas públicas que, apesar das estruturas burocráticas, conseguiram
implementar currículos mais abertos, não disciplinares, baseados em roteiros de
aprendizagem, de integração de alunos de vários anos. 22
O que impressiona nas escolas com desenhos arquitetônicos e pedagógicos
mais avançados é que os espaços são mais amplos, agradáveis. Há escolas mais em
contato com a natureza, que têm vantagens inegáveis para projetos de ecologia de
aprendizagem mais integral (como o Projeto Âncora).23 Mas também há projetos
em comunidades carentes, como o da Escola Municipal Campos Salles, em que os
alunos desenvolvem roteiros de aprendizagem personalizados, em pequenos

21
http://www.educacionjesuitas.es/noticias/248-horizonte-2020-un-nuevo-modelo-pedagogico
(resumo). O detalhamento do projeto está disponível em: http://h2020.fje.edu/es/.
22
Vale a pena conhecer doze vídeos com escolas inovadoras na série Destino Educação – Escolas
Inovadoras: Canal Futura: https://www.youtube.com/playlist?list=PLNM2T4DNzmq5hx
Mqb1TpvSm0Qu6QgqbE.
23
http://www.projetoancora.org.br/index.php?lang=port.

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grupos, com o acompanhamento dos Professores Tutores e o apoio dos dados da


evolução de cada aluno, fornecidos on-line por uma plataforma adaptativa. 24
Um dos muitos modelos interessantes para pensar como organizar a “sala de
aula” de forma diferente é olhar para algumas escolas inovadoras. Por exemplo, os
projetos das escolas Summit (Summit Schools) da Califórnia equilibram tempos de
atividades individuais com as de grupo, sob a supervisão de dois professores de
áreas diferentes (humanas e exatas), que se preocupam com projetos que permitam
olhares abrangentes, integradores, sem disciplinas. Acompanham o progresso de
cada aluno (toda sexta-feira conversam individualmente com os estudantes), e cada
aluno tem um Mentor que o orienta no seu projeto de vida. Os alunos fazem
avaliações, quando se sentem preparados. As competências socioemocionais são
muito enfatizadas assim como o desenvolvimento de atividades e projetos em
organizações fora das escolas.25
O ambiente físico das salas de aula e da escola como um todo também foi
redesenhado por essas escolas mais inovadoras, tomando-se mais centrado no
aluno. As salas de aula são agora mais multifuncionais, combinam facilmente
atividades de grupo, de plenário e individuais. Os ambientes estão cada vez mais
adaptados para o uso de tecnologias móveis.
Outro conjunto de escolas interessantes são as escolas públicas High Tech
High, que lembram laboratórios multiuso, onde os alunos vão da ideia à realização
e apresentação dos seus projetos, com apoio de ferramentas físicas e digitais, entre
elas as impressoras 3-D. Há uma ênfase na cultura do fazer (cultura maker) e nas
competências socioemocionais.26
No ensino superior, a área de saúde foi pioneira em trabalhar com solução de
problemas (PBL) já na década de 1960, na Universidade McMaster, no Canadá, e
na Universidade de Maastricht, na Holanda (Cyrino, E. & Toralles-Pereira, M. L,
2004). Muitos cursos de Medicina trabalham com problemas, e também muitos
cursos de Engenharia adotam a Metodologia de Projetos, como o Olin College 27 e,
no Brasil, o Insper. Instituições inovadoras como o Institute of Design de Stanford

24
Os alunos se reúnem em grupos de quatro para o desenvolvimento dos roteiros de pesquisa. Cada um
tem o seu próprio roteiro e segue um ritmo individual de execução das tarefas solicitadas. Atividades
extraclasse: aulas no cinema da escola, visitas à comunidade, pesquisas na internet na sala de
informática, aulas de arte e de educação física. http://www.escolasqueinovam.org.br/escolas/.
25
http://www.summitps.org/.
26
www.hihgtechhigh.org.
27
www.olin.edu.

83
José morAn

admitem alunos de todas as áreas de conhecimento e desenvolvem projetos


criativos por meio da metodologia do Design Thinking. 28
Outra proposta interessante é a da Uniamérica, de Foz de Iguaçu, que aboliu
em cursos como Biomedicina, Farmácia e as Engenharias a divisão por séries, e o
currículo não é organizado por projetos e aula invertida. “Ao tirar a divisão por
disciplinas, orientamos todas as competências necessárias através de projetos
semestrais temáticos. O aluno escolhe um problema real de sua comunidade ou
região para trabalhar os temas daquele período.” 29 As aulas expositivas também
foram abolidas. Agora, os alunos estudam os conteúdos em casa, ou onde
preferirem. São disponibilizados em uma plataforma on-line vídeos, textos e um
conjunto de atividades às quais os estudantes devem se dedicar antes de ir para a
aula. Essas atividades são de dois tipos: um primeiro de fixação e garantia de
compreensão do conteúdo, e outro de problematização, que estimula a pesquisa e a
transposição do conhecimento para problemas reais. Com isso, o tempo em sala de
aula é usado para que os temas sejam debatidos mais profundamente e também para
a realização dos projetos do semestre.

Conclusão
As escolas que nos mostram novos caminhos estão mudando para modelos
mais centrados em aprender ativamente com problemas reais, desafios relevantes,
jogos, atividades e leituras, valores fundamentais, combinando tempos individuais
e tempos coletivos, projetos pessoais de vida e de aprendizagem e projetos em
grupo. Isso exige uma mudança de configuração do currículo, da participação dos
professores, da organização das atividades didáticas, da coordenação dos espaços e
tempos.
Podemos combinar tempos e espaços individuais e grupais, presenciais e
digitais, com maior ou menor supervisão. Aprendemos melhor quando
conseguimos combinar três processos de forma equilibrada: a aprendizagem
personalizada (em que cada um pode aprender o básico por si mesmo –
aprendizagem prévia, aula invertida); a aprendizagem com diferentes grupos

28
http://dschool.stanford.edu/.
29
Ryon Braga, Diretor da Uniamérica. In: Universidade abole disciplinas em prol de projetos.
Disponível em: http://porvir.org/porfazer/universidade-abole-disciplinas-em-prol-de-
projetos/20140409.

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(aprendizagem entre pares, em redes); e a aprendizagem mediada por pessoas mais


experientes (professores, orientadores, mentores).
Caminhamos para uma integração maior entre diferentes áreas de
conhecimento, temas, materiais, metodologias e sua abrangência (intelectual,
emocional, comportamental). Caminhamos para modelos curriculares inter e
transdisciplinares mais flexíveis, com acompanhamento e avaliação contínua.
O papel do professor hoje é muito mais amplo e complexo: não está centrado
apenas em transmitir informações de uma área específica; ele é principalmente
designer de roteiros personalizados e grupais de aprendizagem e orientador/mentor
de projetos profissionais e de vida dos alunos. Professores e gestores competentes,
mediadores e mentores são fundamentais para a aprendizagem de crianças e jovens
neste novo mundo em profundas transformações. Quanto mais informação
disponível, tanto mais precisamos de quem ajude a escolher, avaliar, interpretar e
criar novas sínteses e possibilidades. Precisamos de professores abertos, evoluídos,
que ajudem a ampliar os horizontes e a apoiar a evolução dos seus estudantes.
É cada vez mais relevante a implementação de políticas permanentes de
valorização do magistério e de formação continuada. Educar é um processo mais
complexo, dinâmico, desafiador, que exige o desenho de espaços mais abertos, de
currículos mais personalizados e flexíveis, de docentes competentes, de famílias
participantes, de metodologias ativas e de tecnologias digitais acessíveis.
As escolas no mundo inteiro estão se reinventando; as nossas, também.
Quanto mais nos empenharmos em aprender a ensinar em um mundo conectado,
melhor será para os estudantes, para a sociedade e também para os profissionais da
educação. Vivemos um período histórico, de ruptura e de reinvenção em todas as
dimensões da vida, período que desafia também nossa educação em todos os níveis,
básico e superior, formal e informal, ao longo da existência de todos.

RefeRências
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educação. Porto Alegre: Penso, 2015.
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