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Pode parecer um desafio ambicioso de minha parte, em querer prenunciar o futuro de sistemas
metodológicos que utilizam tecnologias voláteis e que tendem a produzir mudanças em sua
organização e controle, em espaços cada vez mais curtos. Afinal, quem diria que, em 2010, o
ORKUT fosse acabar?
Então, vou tentar descrever em três grandes pilares, meu entendimento acerca das correntes
que estão movimentando o mundo, constituindo-se numa figura caleidoscópica epistemológica,
que muda a cada instante, ao sabor das tecnológicas e das metodologias educacionais
impregnadas de criatividade e inovação, e que por isso duram tão pouco:
A ideia é que a escola tradicional não sabe lidar com o conhecimento que o aluno adquire fora
dela, porque ela ignora tais conhecimentos. Na verdade, os professores não são capacitados e
habilitados em lidar com a ubiquidade, sendo portanto uma bomba prestes a estourar a
qualquer momento. É preciso uma nova relação com o Saber anterior à escola.
3) Os seres humanos estão percebendo rapidamente, como numa rede viral, que as informações
trocadas pelas redes sociais, estão se transformando em conhecimentos globais, isto é, a
informação que me falta para subir de nível, seja ele intelectual ou social, não está mais na
escola, está em algum nó da rede e por isso, fico a vagar buscando as pessoas que devem me
ajudar a subir nesta escala de valores (intelectual ou social).
Pessoas que sabem o que precisam saber, buscam na rede mundial de relacionamentos, as
informações necessárias para subir este nível. Mas aquelas que ainda não descobriram quais as
informações que lhes faltam para subir de nível, buscam ajuda nos sistemas educacionais a
distância. É para isso que os cursos virtuais existirão, é para servir as pessoas, de alguma
maneira, para que elas possam descobrir o que lhes falta e então sim, buscarem a informação
na rede. Por conta dessa procura, desvairada por informações, existem três paradoxos que
circundam nossas vidas hoje em dia: o paradoxo do tempo, o paradoxo da distância e o paradoxo
da velocidade.
O PARADOXO DO TEMPO – NÃO TENHO TEMPO PRA NADA, PORQUE FAÇO MUITAS COISAS
AO MESMO TEMPO!
O paradoxo do tempo consiste em considerar que quanto mais atividades uma pessoa realiza
por dia, mais tempo ela encontra para realizar mais atividades ainda. E quanto menos atividades
uma pessoa realiza por dia, mais ela reclama à cada nova atividade a ser feita. Dizemos
comumente que não temos tempo para nada mais porque já estamos com nosso tempo focado
em muitas atividades. Você não tem mais tempo para nada exatamente porque está com o seu
tempo todo tomado.
Um dos mais caros programas utilizados hoje em dia pelas organizações é, sem dúvida nenhuma,
a organização do tempo de seus colaboradores. Improdutivos, eles estabelecem tempos muito
grandes para dar uma resposta aos sistemas de comunicação, atendimento e pós-venda. A
resposta da melhoria poderá ocorrer através dos programas de EAD para corrigir variáveis como
tempo, distância e velocidade. Uma nova relação com o Saber Fazer, na velocidade certa, no
tempo preciso, e na distância apropriada, devem ser priorizados nestes treinamentos.
O PARADOXO DA DISTÂNCIA – MAIS DISTANTE DO QUE ESTÁ PERTO, MAIS PERTO DO QUE
ESTÁ DISTANTE!
Essa desterritorialização nos faz prisioneiros sem prisões, mas acorrentados a todo tipo de
tecnologia portátil. Damos mais atenção às pessoas que nos ligam ao celular, do que àquelas
que apertam nossas mãos no dia a dia. Damos mais atenção aos que estão distantes, e
ignoramos àqueles que estão na nossa frente. É preciso uma nova relação com o Saber Virtual
em detrimento do Saber Físico.
O mundo está inventando tantas tecnologias ao mesmo tempo que mal conseguimos saber de
todas elas. A telefonia móvel nos jogou no ineditismo da qual não conseguimos sair mais. Os
celulares são responsáveis por aumentar o número de conversações entre pessoas na ordem de
seis vezes mais do que era na época em que existia apenas o telefone fixo. Quanto mais
equipamentos novos existirem, maior será a distância entre os grupos que utilizam e os grupos
que nem sabem que ela existe.
ADAPTABILIDADE E FLEXIBILIDADE
As organizações já perceberam que para continuar no mercado ultra volátil, é necessário pensar
rápido, perceber antecipadamente, planejar para mudanças rápidas, adaptando-se
freneticamente, e buscando flexibilizar produção, matéria prima, sistema e formação de preços,
logística de compra, armazenamento e de venda. Empresas educacionais estão sempre
inovando em suas metodologias, introduzindo novas tecnologias, aumentando a capacidade de
se adaptarem ao mercado de necessidades de mão-de-obra, de capacitação e habilitação de
pessoal e de consumo.
NÃO DESENVOLVA NENHUMA METODOLOGIA EDUCACIONAL PARA MAIS DE DOIS ANOS, POIS
SÃO RAPIDAMENTE SUCATEADAS!
Metodologias e tecnologias precisam estar afinadas, uma com a outra, e a perda desse
entrosamento poderá acarretar prejuízos rápidos, às vezes até para o mesmo ano fiscal. A
melhor maneira de trabalhar com EAD é supor que as mídias empregadas são somadas àquelas
que estão todos os anos se integrando ao mercado educacional. Muitos já mataram o MOODLE
mas ele continua como sendo a ferramenta mais importante de gestão institucional. Podem não
ser mais úteis ao modelo de comunicação, colaboração e interação necessários para alguns
cursos EAD, mas ainda se prestam para a administração e controle das matrículas, das atividades
propostas, do acompanhamento, aluno a aluno, e para o sistema de avaliação vigente. Viver fora
da zona de conforto deve ser o seu conforto daqui pra frente.
A mais poderosa ferramenta já construída pelo homem para colocar bilhões de pessoas em
comunicação rápida, direta, oportuna, relevante e importante para os propósitos de uma
sociedade do conhecimento. A troca de informações é vital para manter esta velocidade
crescente. Quanto mais pessoas produzirem informações, mais pessoas trocam essas
informações, e estabelecem novos paradigmas sociais. Por exemplo, não saber o que está
acontecendo é um descaso perigoso hoje em dia para algumas corporações. Os sujeitos
precisam estar antenados , ligados , conectados na notícia .
No projeto de educação escolar, no Brasil, ainda é muito insipiente, sendo proibido na maioria
das escolas o uso de redes sociais, celulares e tablets em sala de aula. Na contramão da
modernidade, professores solicitam que os alunos desliguem suas máquinas e estabeleçam
conexões à moda antiga, com lousas verdes, giz e muita saliva, somente do professor, é claro,
porque o forte deste sistema são as aulas expositivas e improdutivas para um aluno que anseia
em fazer e aprender observando, refletindo, contextualizando e produzindo áudios e vídeos
para tornar a aprendizagem significativa. É preciso um longo caminho até que os sistemas de
EAD consigam propor mudanças significativas. Até porque estes cursos EAD ainda se utilizam de
velhas ferramentas como MOODLE, entrega de trabalhos e avaliação pelo professor.
Existem hoje em dia cerca de 2,5 milhões de redes sociais em todo o mundo. E em todas essas
redes sociais, há um contingente de pessoas ensinando e aprendendo, uma com as outras. E a
escola, longe dessas aprendizagens, não percebe que sua hegemonia está sendo dividida com
as novas tecnologias de comunicação e interação. Escolas, coordenações pedagógicas,
professores e alunos, experimentam no plano físico as mudanças tecnológicas, mas no plano
pedagógico e institucional, ainda estão vivenciando um momento que já ficou para trás e que
não possui nenhuma condição de se conectar com o presente, completamente desvinculado
com os desejos e anseios da população mundial.
Desta forma, é preciso uma nova relação entre PROFESSOR e ALUNO, onde não haja mais a
figura tão onipotente do professor, que só ensina, e sim de alguém que facilita em muitos casos,
o andar pela estrada do conhecimento, mas que também aprende com os alunos; e que também
não haja mais a figura do aluno , já que este ser, não é mais sem luz , mas alguém que traz
consigo uma experiência e aprendizagem oportunizada pela pedagogia social do meio em que
vive.
CLÁUDIO DE MUSACCHIO
Doutorando em Informática na Educação pelo
PGIE - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
- Porto Alegre – RS, em andamento. Mestrado em
Educação pela Universidade Luterana do Brasil -
Canoas - RS (2005). Pós-graduação em Engenharia
de Software pela Universidade Estácio de Sá - Rio
de Janeiro - RJ, 1996. Graduação em Ciência da Computação pela Universidade
UniCarioca (1995), Rio de Janeiro - RJ.
Experiência na área de Educação Corporativa, com ênfase em Aprendizagem
Organizacional, atuando principalmente nos seguintes temas: grupos de
trabalho, trabalhos em grupo pela web, comunicação pela web, construção
coletiva de subjetividades, ambiente de aprendizagem organizacional,
groupware, interatividade e colaboração. Expertise em desenvolvimento de
aplicações educacionais em redes sociais corporativas.
CEO e FOUNDER do PORTAL EAD BRASIL, empresa voltada para pesquisas e
aplicações tecnológicas nas áreas educacionais e corporativas, com expertise em
ambientes virtuais de aprendizagem, EAD, programas educacionais e
treinamento corporativo, tendo desenvolvido projetos para empresas como
Chase Manhattan Bank e Sulzer do Brasil (Empresa Suíça), FIERGS e IBM.