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APRESENTAÇÃO

Prezados (as) professores (as),

Sejam muito bem-vindos (as) ao curso “Letramento digital e a produção de


ambientes criativos para uma aprendizagem significativa”. Este material tem como objetivo
ampliar e aprofundar as questões que envolvem o letramento digital, procurando apresentar
sugestões de materiais, em diversas linguagens, que podem possibilitar a vocês maior
sistematização das reflexões que possam servir de orientações para ações futuras (em
termos de estratégias didáticas, uso de metodologias, etc.).
Apresentaremos uma curadoria de materiais disponíveis em plataformas
reconhecidas e que oferecem um valioso suporte para o trabalho dos educadores (seja
para o momento pandêmico ou pós-pandemia). Pensamos que a curadoria, isto é, uma
seleção cuidadosa de sugestões didáticas é fundamental, entretanto, procuramos também
ter o cuidado (e a responsabilidade) de elaborar nosso próprio material, pois a noção de
autoria (e seu empoderamento) é um requisito indispensável para o amadurecimento de
ideias.
Nos três circuitos de aprendizagem (E isso não inclui a ambientação), teremos a
oportunidade de refletir sobre os impactos da vida digital no comportamento da sociedade;
compreender como é importante desenvolver habilidades de leitura e escrita nos ambientes
virtuais – E isso envolve o letramento digital; e como pensar em estratégias didáticas, a
partir de metodologias que integrem e mobilizem conceitos, habilidades, atitudes e,
sobretudo, valores para uma educação que opere com a resolução de problemas reais, do
nosso cotidiano.
Mas, para esta jornada de estudos comece a render os frutos esperados, é
fundamental compreender como o curso está estruturado e como os conhecimentos
oferecidos ao longo do curso serão apresentados. Assim, nesta jornada de aprendizagem
serão abordados desde conceitos básicos, iniciais e marcos de referência, dessa forma
estruturados:

ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO CURSO

O curso Letramento digital para Educadores foi elaborado para ser ofertado por
um tutor, com carga horária de 40h, e tem como objetivo mostrar como empregar recursos
digitais de forma efetiva em situações didáticas para atividades retomas. Hoje, dispomos
de uma diversificada lista de recursos, mas como empregar a melhor estratégia a depender
da situação? Encontrar possíveis caminhos para responder a esse questionamento (ou
propor novos) é o nosso maior objetivo.

Este percurso de aprendizagem foi estruturado em 4 circuitos, divididos da seguinte forma:

Ambientação do curso (4h) - Conhecendo o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA)


Circuito I (9h) - Um novo contexto, uma nova perspectiva;

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Circuito II (9h) - Elaboração de materiais e o uso de ferramentas digitais em aulas
remotas;
Circuito III (9h) - Formas de Avaliação em atividades remotas;
Circuito IV (9h) - Metodologias ativas no ensino híbrido.

O período de Duração do curso será de 5 semanas, com uma carga horária


de 40h (9h aproximadamente para cada semana). O cursista precisará dispor de 9 horas
semanais para se dedicar ao curso; compreender como funciona a ferramenta ou sala de
aula virtual da plataforma Moodle, além de outros recursos necessários, como a habilidade
em navegar na internet; Realizar atividades nos prazos determinados; Saber conviver,
respeitar e acolher a opinião dos colegas (Exercício da escuta ativa). Para mais
informações a respeito das estratégias empregadas no curso, o cronograma de atividades
do curso (as datas dos encontros com professores convidados, para você se organizar),
consulte nosso “Percurso de Aprendizagem”, situado no módulo de ambientação.
Vivemos um momento delicado, de incertezas e anseios, mas se soubermos fazer o
exercício da solidariedade, podemos manifestar uma rede de conhecimentos, que é
continuamente alimentada pelo entusiasmo e a esperança. Desejamos a todos um
excelente momento de partilha e troca de experiências!

Contem conosco!

GTEAD.Lab.I.EGPA

Grupo de trabalho em Educação a distância e laboratório de inovação.

Contato: ead.suporte@egpa.pa.gov.br / lab.inova@egpa.pa.gov.br

Caso você identifique algum erro neste material, por favor, avise-nos. Contamos com sua
colaboração para o aprimoramento contínuo do nosso trabalho. Envie seu comentário para
ead.suporte@egpa.pa.gov.br / lab.inova@egpa.pa.gov.br

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Prezados (as) educadores (as),

Vida longa e próspera a todos!


Vamos iniciar o I Circuito de aprendizagem (9h) – Um novo contexto, uma nova
perspectiva. É o início de um produtivo diálogo sobre as vivências do mundo digital no
mundo contemporâneo. É importante, antes, apresentar a vocês nossos objetivos, o que
pretendemos com essas atividades e quais conceitos serão mobilizados durante o
percurso de aprendizagem.

Objetivos do Circuito

• Refletir sobre os impactos das tecnologias digitais da informação e comunicação (TDICS)


no comportamento da sociedade;
• Apresentar os conceitos de letramento e letramento digital;
• Refletir acerca dos usos de metodologias ativas aplicadas ao ensino híbrido;

Quais conceitos vamos mobilizar?

Circuito I (9h) – Um novo contexto, uma nova perspectiva

• O impacto das TDICs em nosso cotidiano e as habilidades necessárias para o


século XXI;
• O que significa letramento e os desdobramentos desse conceito. A diferença entre
alfabetização, letramento e alfabetismo;
• Letramento digital e a formação de professores.

Vamos começar?

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PROVOCAÇÃO – VAMOS INICIAR O NOSSO PERCURSO

(Extraído de: https://www.youtube.com/watch?v=J5MAc8qgkno. Acesso em 22/04/2021)

Estamos construindo um mundo no qual estarmos imersos na tecnologia. O mapeamento do nosso


comportamento permite antecipações a respeito de nossas decisões e nem sempre somos conscientes
disso. O vídeo acima procura sintetizar as conquistas da humanidade ao longo do tempo, das
representações de histórias em pinturas rupestres, passando pela revolução de Gutenberg, hoje temos
uma infinidade de recursos à nossa disposição. Como ligar com essa tecnologia, mas também, como
de fato democratizar essa tecnologia?

Vamos ler uma reportagem do portal Brasil de Fato sobre o acesso à internet no Brasil - Quem
são as pessoas que não têm acesso à internet no Brasil?

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CIRCUITO I – UM NOVO CONTEXTO, UMA NOVA PERSPECTIVA

Heryk Slawski apresenta o Google Expeditions, uma


ferramenta que te permite conhecer a Muralha da China e
as profundezas do mar a partir da realidade aumentada.
Clique para assistir.

1. Cabos entrelaçados, veias conectadas de um organismo digital

Você já sentiu a sensação de estar sendo observado? Já pesquisou algum produto


na internet e por acaso abriu o aplicativo daquela rede social e a primeira sugestão foi do
produto da sua pesquisa anterior? Já observou que, quanto mais você consome notícias
ou curte páginas com ideias similares, mais conteúdos semelhantes surgem para você,
como se o objetivo fosse conduzi-lo a uma determinada forma de pensar? Estamos vivendo
em uma era na qual o negacionismo científico ganha corpo, em parte porque as pessoas
consomem ideias que querem acreditar, desconsiderando os fatos. O controle não é
exercido por um implante de chip, que conduz o seu comportamento, mas pelo
mapeamento das suas reações ao que consome na internet; suas experiências ganham
mais força pelas reações alheias a ela, sendo que se tornam mais interessantes (ou não) à
medida que há compartilhamentos, um gostei.
Esses são alguns pontos a considerar do mundo em que vivemos, do capitalismo de
vigilância, do enfraquecimento dos vínculos (das relações líquidas); do trabalho
desconectado de um local físico (seu chefe pode estar do outro lado do mundo, sem você
sequer tê-lo visto fisicamente uma única vez); um mundo em que o volume de informação
cresce vertiginosamente e no qual você pode hackear a vida na garagem de casa (escute
o nerdcast - Hackeando a vida com biohacking). É assustador, mas também desafiador. Na
medicina, por exemplo, observamos o grande avanço científico na produção de vacinas
contra o novo coronavírus. Em um ano já havia possibilidades de enfrentamento da
pandemia. Algo notável e um fato a se comemorar. São muitas mudanças e aprendemos a
nos acostumar a elas, pois todo dia temos novidades; todo dia é dia de repensar

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paradigmas.
E estamos diante de uma mudança no modelo, uma mudança de perspectiva: as
escolas não correspondem mais aos nossos anseios, não podemos mais considerar que a
pessoa só aprende fora da escola, pois ela representa um modelo analógico de encarar o
conhecimento, a partir de uma visão tecnicista (como acreditava Freire ao falar da educação
bancária); a nossa forma de encarar a vida mudou, gostamos de expor nossa intimidade, a
fim de que a evidência se torne um meio de vida, de dar sentido a ela; a vida profissional
está sendo modificada, pode não haver um local físico, um horário definido, assinar o ponto
(e a fragilidade dos direitos, a uberização do trabalho; como se tornar relevante com novos
postos de trabalho surgindo e outros em franco desaparecimento). Compreender essas
mudanças é complexo e um mal necessário. Poderíamos enumerar outras mudanças, são
tantas, mas o nosso objetivo aqui é centrar a nossa reflexão em um fragmento das grandes
questões (mas não insignificante – um universo em uma casca de noz), estou falando da
educação.

Para saber um pouco mais sobre as mudanças no mundo do trabalho, assista ao


episódio do programa Expresso Futuro, com Ronaldo Lemos, no link abaixo:

Há hoje um consenso entre especialistas (teóricos da educação) de que o modelo


de escola atual, baseado em um esquema fabril, com ênfase na memorização, já não é
suficiente para preparar as pessoas para as complexas demandas do mundo do trabalho.
Não é só a informação que confere a você empoderamento, mas o que você faz com essa
informação, como você é capaz de empregá-la no momento adequado para a resolução de
uma questão importante. Trata-se de saber usar o conceito, aplicá-lo, e isso envolve o
desenvolvimento de habilidades (operações mentais como comparar informações, inferir).
Então, o que se debate hoje (e os documentos oficiais atuais contemplam essa questão) é
como mobilizar conceitos, a partir de procedimentos, para a resolução de problemas reais

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da vida cotidiana. Ao alinhar conceitos a procedimentos de forma ética e sustentável você
ganha o status de competente, uma pessoa que não só sabe, mas age de forma eficaz com
o que sabe.
Com o advento das novas tecnologias digitais da informação e comunicação
(TDICs), a coisa ficou ainda mais complexa. Agora, navegar na internet passou a ser uma
necessidade, mas não apenas navegar bem, realizar pesquisas, mas também fazer uma
boa leitura do material, ser um curador da informação; saber fazer um bom uso dos
dispositivos inteligentes, dos aplicativos à disposição; além de combater a infodemia (o
excesso de informações nem sempre confiáveis, o que dificulta uma orientação adequada).
Em suma, uma pessoa capaz de, segundo Dudeney, Hockly e Pegrum (2017), usar
“habilidades individuais e sociais necessárias para interpretar, administrar, compartilhar e
criar sentido eficazmente no âmbito crescente dos canais de comunicação digital”, isto é,
um letrado digital. Mas antes de falar sobre o letramento digital, vamos refletir um pouco
acerca desse conceito, que vem ganhando novos contornos ao longo do tempo e sua
relação com a alfabetização e o alfabetismo.

2. Afinal de contas, o que significa (novos/multi) letramento (s)?

Para a gente entender, de uma forma bem simples o que envolve os conceitos de
alfabetização, alfabetismo e letramento, acesse o link abaixo, ele irá direcioná-lo a um mapa
mental que apresenta uma sistematização desses conceitos.

Então, pelo mapeamento apresentado, podemos afirmar que a alfabetização é o


domínio ou a apropriação do sistema alfabético, da escrita das palavras, conforme o acordo
ortográfico; já o alfabetismo é o desenvolvimento das capacidades em leitura (que são os
procedimentos, habilidades – Como as que são apresentadas nas matrizes de avaliação

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em larga escala); por fim, o letramento é entendido como o uso e práticas da linguagem
escrita, as quais podem ser valorizadas ou não, sendo que a escola precisa adotar em suas
reflexões práticas que não são ainda de domínio dos alunos, levando-os a interagir com
formas de uso da linguagem que eles não conhecem. Com as novas Tecnologias Digitais
da Informação e Comunicação (TDICs) e devido à multiculturalidade e à diversidade (em
todos os sentidos), passou a haver maior integração entre linguagens cada vez mais
diversificadas.
Logo, o conceito de letramento passou por revisões ao longo e devido às mudanças
ocorridas na sociedade com o maior uso da internet, que modificou profundamente nossas
práticas de letramento, houve a necessidade de uma nova definição, a de novos
multiletramentos. A internet fez emergir um novo espaço e uma nova maneira de lidar com
a informação, o conhecimento. Levy (2010) afirma que As tecnologias surgiram, então,
como a infraestrutura do ciberespaço, novo espaço e comunicação, sociabilidade, de
organização e de transação, mas também novo mercado da informação e do conhecimento”
(p.32). Ao mesmo tempo que a internet fez emergir um novo espaço, ficamos imersos nas
novas possibilidades digitais que a cada dia procuram novas formas de manifestação. Os
letramentos são legião, como diria Rojo (2019) e há uma necessidade, cada vez mais
urgente, de ampliar a capacidade de leitura e escrita nessas novas mídias.

Para a gente expandir e sensibilizar um pouco o nosso olhar sobre os novos multiletramentos,
vamos conhecer um pouco do trabalho da artista visual e designer Roberta Carvalho, que
procura, em seu trabalho, uma interação entre a tecnologia e a arte.

(Extraído de: https://www.youtube.com/watch?v=3x9Pi5nF6sI. Acesso em 22/04/2021)

3. Letramento digital e a formação de educadores?

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O ano de 1995 foi um marco para difusão das tecnologias digitais no país. Pessoas
(poucas) passaram a ter um computador em casa, com possibilidade de navegar na internet
(ainda discada; usando um modem, com uma conexão na qual a transferência de dados
era muito limitada), de conversar com pessoas por outros meios (chats e softwares de bate-
papo), que já traziam uma mudança significativa em nossa forma de construir (ou descartar)
relações; Desde o momento em que passamos a navegar em sites limitados até os dias
de hoje, com a nossa excessiva dependência de redes sociais e internet, estamos
mergulhados (algumas vezes a contragosto) no ubíquo e fascinante universo das
tecnologias digitais. A educação também foi impactada, a partir do surgimento de novas
ferramentas e plataformas de ensino a distância.
Este é o momento de ampliarmos nossa visão sobre o letramento. Isto significa não
apenas ter acesso ao mundo digital, mas fazer um uso responsável e ético de sua
potencialidade. As redes sociais e as novas ferramentas midiáticas já estão entranhadas
em nosso cotidiano e são uma extensão do que somos (alteram profundamente nossos
hábitos); é uma nova forma de se relacionar com a informação, deixamos a posição de
consumidores passivos para uma maior interação com dispositivos inteligentes e que
apresentam como característica mais facilidade em seu
uso.
Com um smartphone e um app, você pode produzir
Dimensões do
conteúdo em formatos variados (histórias animadas, Letramento Digital
games, podcasts; gifs artísticos). Mas para que a
participação seja real - e a internet deixe de ser
potencialmente democrática, para de fato ser um exercício Leia o Artigo de
Richard Romancini
de cidadania - é fundamental desenvolver habilidades publicado
midiáticas e a escola, mais uma vez, foi convidada a operar originalmente em
com essas novas práticas de letramento. A Base Nacional 2014 na Plataforma
Comum Curricular, em suas competências gerais, afirma do Letramento, que
apresenta
que os sujeitos precisam informações da
importância do
Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação letramento digital
e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas escolas e na
nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se vida dos
comunicar, acessar e disseminar informações, produzir educadores.
conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e
autoria na vida pessoal e coletiva.

O documento normativo enfatiza o protagonismo por meio da autoria, para isso é


necessário que os educandos desenvolvam habilidades de leitura e escrita em ambientes
digitais, com os gêneros híbridos, de forma que possam participar efetivamente do
ambiente informacional no qual estamos imersos e possam desenhar tecnologias que
possibilitem uma sociedade inclusiva, eticamente responsável e menos desigual. Até aqui,
falamos do papel do professor para com os alunos, mas e quem garante a formação do
educador para a fluência com as tecnologias digitais e as novas ferramentas de
comunicação? Quando mencionamos a ideia de letramento, compreendemos que isso vai

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desde o uso correto de um mouse até atividades que envolvam habilidades mais complexas
(gravar, editar, selecionar estratégias adequadas, inserir elementos interativos em uma
videoaula, por exemplo).
Estamos falando de uso de ferramentas, mas não podemos esquecer também que
o uso desses dispositivos não garante inovação quando o assunto é educação. Quando há
muito entusiasmo, podemos propor formas que não agradem e, por mais que a ideias sejam
boas, se elas não comunicarem bem o seu propósito, não vai adiantar. Há modelos antigos
que podem ser inovadores, posso remodelar estratégias; assim como há formas inovadoras
que podem trazer resultados inexpressivos, sem que se aprofunde a interação. A forma de
uso dessas ferramentas também precisa ser inovadora (e isso envolve uma clareza e um
percurso de aprendizagem bem planejado).
São muitas novidades para todos nós, educadores (as), e precisamos acompanhar
o processo, mas também necessitamos de apoio, qualificação e preparo. Necessitamos
investigar e experimentar caminhos, construir pontes para integrar as Tecnologias da
Informação e da Comunicação à escola; precisamos refletir a respeito de como vamos
ajustá-las às nossas práticas pedagógicas, de que modo elas podem aliadas e não somente
ferramentas.

Conexões históricas

Você sabia que o termo mídia tem uma relação com o movimento espírita, iniciado no século
XIX? Quem relata essa história curiosa é nada mais que Conan Doyle, o criado do detetive mais
famoso da ficção, Sherlock Holmes. Diz Doyle que:

“O termo médium (no plural, media) é um termo latino que foi introduzido em inglês, no final
do século XIX, nos Estados Unidos da América, no contexto cultural específico dessa época, para
designar três inventos recentemente inventados: o telégrafo, a fotografia e a rádio. O que levava
os americanos a designar estes inventos como mídia era o fato de tornarem possível a
transmissão de mensagens entre pessoas distantes, objetivo que os médiuns também
procuravam atingir nas sessões espíritas que surgiram nessa época. Este neologismo surgiu,
por conseguinte, no contexto da associação destas técnicas com o kardecismo e a prática do
espiritismo, então muito em voga nos Estados Unidos.
O que contribuiu para a conjugação destes inventos com o espiritismo, à primeira vista tão
diferentes, foi o facto de a fotografia, a telegrafia e a telefonia serem frequentemente utilizadas,
nos primeiros tempos, pelos médiuns, para sugerir a presença dos familiares e dos amigos
falecidos. Como as fotografias da época não tinham a qualidade e a precisão das fotografias de
hoje, os retratos davam a impressão de estar rodeados por uma espécie de auréola que era
interpretada como a representação da aura ou da alma das pessoas retratadas.
Por seu lado, a batida do telégrafo e os ruídos que acompanhavam o som das primeiras
emissões radiofónicas, ainda em fase de experimentação laboratorial, que, na época, utilizavam
as ondas curtas que, como sabemos, são de difícil sintonização, eram encarados como
curiosidades semelhantes às que costumavam ser apresentadas nos circos e nas feiras. Os sons
captados eram acompanhados de ruídos semelhantes aos de passos que eram associados ao
caminhar por cima de gravilha ou de areia.”

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4. Orientações para a tarefa – Mão na massa

No vídeo acima, a ativista Sasha Costanza-Chock apresenta um exemplo de decisão


ruim em um design de tecnologia. Sobre os scanners corporais e a forma como excluem
pessoas, ela diz: “No livro (Design Justice Community-Led Practices to Build the Worlds We
Need) dou o exemplo dos scanners corporais, um sistema de segurança usado em
aeroportos. Nele, você entra dentro de uma máquina que gira em torno do seu corpo,
criando um scan corporal de alta resolução e depois apontando qualquer parte do seu corpo
que a máquina acredita ser anormal. Quando você entra nesse equipamento, o agente de
segurança te vê e decide se você é um homem ou uma mulher, clicando em um botão azul
para homens e rosa para mulheres. Se o seu corpo não se encaixa na norma do que é
considerado um “corpo de homem” ou “corpo de mulher”, as partes “estranhas” do corpo
são mostradas para que o agente de segurança te apalpe e tente achar o que está errado.
Como uma pessoa trans, o sistema sempre aponta que tem algo de errado comigo, não
importa como o agente me identifica. Muitas pessoas transgêneros ou sem conformação
de gênero tem esse problema [...]. Muitas pessoas negras também, pois a máquina não
reconhece o tipo de cabelo, já que os dados colocados no sistema talvez não envolviam
essas pessoas”.
Pensando nessa situação que reforça a exclusão, que tipo de atividade você
desenvolveria com os seus alunos de modo a criar possibilidades que combatessem esse
tipo de preconceito?

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5. Você quer saber mais sobre o assunto. Acompanhe nossas sugestões de vídeos e
leituras e aplicativos.

Conheça o Smartify – Ele escaneia obra de artes e fornece informações, como detalhes da
obra e a biografia do autor. Segue o link para saber mais:
https://followthecolours.com.br/cooltura/smartify-aplicativo-arte/
O Cieb (Centro de inovação para a educação brasileira) possui uma ferramenta que pode
ajudar na hora de selecionar a melhor estratégia para a sua atividade remota. Acesse
https://aprendizagem-remota.cieb.net.br/ferramenta.html e descubra qual é a mais
apropriada para sua rede de ensino.
O Cieb também apresenta uma proposta bem interessante quando o assunto é desenvolver
habilidades (Presentes na BNCC) alinhadas a eixos que envolvem a cultura, o pensamento
e a tecnologia digital. A cada conceito, há sugestões de práticas pedagógicas. Acompanhe:
https://curriculo.cieb.net.br/curriculo
A ativista Sasha Costanza-Chock e o filósofo Roberto Mangabeira Unger discutem as
questões sociais, políticas e ideológicas dos próximos tempos:
https://www.youtube.com/watch?v=iiT2HvGEPIA

6. Síntese e avaliação do módulo

2. Evitar a infodemia, as fakenews e ter


1. O mundo modificou e a gente também autonomia

As relações afetivas foram modificadas; nossa A internet trouxe um manancial de


forma de lidar com as nossas experiências informações, mas como não se afogar e
também; há uma nova forma de ocupar o espaço navegar tranquilamente? Precisamos
(digital); com tantas mudanças, como fica a desenvolver nossas habilidades em leitura e
educação? Por que fazemos o uso de ferramentas escrita nas mais variadas práticas de
digitais, mas temos resistência em empregá-las letramento. Assim vamos combater as
como recursos em nossas práticas pedagógicas? informações falsas e que desorientam (e até
matam)

3. O desenho inteligente das tecnologias


4. Uso das ferramentas
Quando falamos em criar tecnologias, elas
Precisamos ter cuidado com o entusiasmo.
precisam estar alinhadas ao bem-estar comum,
Menos pode ser mais. O bom uso das
aos aspectos éticos e autossustentáveis. Inspirar
ferramentas é o que garante o sucesso da sua
nos jovens a responsabilidade para com este
atividade. Temos uma infinidade de recursos,
mundo, a fim de que eles possam ter amor por
mas no final é como a gente garante a interação
ele e protegê-lo. Boas ideias só são úteis se nos
Referências que é o sucesso. Equilíbrio é tudo.
tornam pessoas melhores.

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DE LOURDES VINHAL, Maria. DUDENEY, Gavin; HOCKLY, Nicky; PEGRUM, Mark.
Letramentos digitais. Trad. Marcos Marcionilo. São Paulo: Parábola Editorial, 2016.

DUDENEY, Gavin; HOCLY, Nicky; PEGRUM, Mark. Letramentos Digitais. São Paulo:
Parábola Editorial, 2017.

PIERRE LEVY. Cibercultura. Editora 34, 2010.

ROJO, Roxane; MOURA, Eduardo. (Orgs.). Letramentos, mídias, linguagens. São


Paulo: Parábola, 2019.

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