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16ª Promotoria de Justiça da Comarca de Ponta Grossa/PR

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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUIZA DE DIREITO DO JUIZADO DE


VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER E VARA DE CRIMES
CONTRA CRIANÇAS, ADOLESCENTES E IDOSOS E VARA DE EXECUÇÃO DE
PENAS E DE MEDIDAS ALTERNATIVAS DA COMARCA DE PONTA
GROSSA/PR.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, pelo


Promotor de Justiça que esta subscreve, no uso de suas atribuições legais, vem,
respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, expor e requerer o quanto
segue:

O Ministério Público requereu nos autos nº .... que tramitam por


este Juízo a prisão preventiva de ....., denunciado pela prática, em tese, do delito
descrito no art. 217-A cc. art. 226, II cc. art. 61, II, “f”, todos do Código Penal, na
forma do art. 69, do mesmo Diploma, por diversas vezes, que vitimou seu enteado
L.C.B, menor de 14 anos de idade, conforme denúncia objeto dos autos da ação
penal nº ........ que também tramitam por este Juízo.

A decisão de mov. 28.1 dos autos nº ..... acolheu o pleito


ministerial e decretou a segregação cautelar do requerido, sendo expedido o
mandado de prisão de mov. 29.1 dos citados autos.

Embora o mandado de prisão até o momento não tenha sido


cumprido, o requerido, por intermédio de advogado constituído, informou naqueles
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autos seu atual endereço, qual seja: República Federal da Alemanha, no endereço
Engerstrasse, 183, cidade de Herford (mov. 50.2).

Foi determinada a expedição de ofício ao Ministério da Justiça


solicitando informações quanto à entrada/saída/permanência do requerido no país,
bem como foi expedido ofício ao Departamento da Polícia Federal comunicando a
proibição de o requerido sair do país e a determinação de retenção de seu
passaporte (mov. 70.1 e 71.1).

Em resposta, a Chefe da Divisão de Controle de Imigração,


informou que o último registro constante do sistema aponta a entrada do requerido
no Brasil aos 22 de outubro de 2014 (mov. 77.1 e 78.1).

No mov. 83.1 dos citados autos nº .... foi certificado que a


genitora da vítima compareceu à serventia e informou que recebeu um pacote dos
Correios endereçado à sua filha Isabel, onde o requerido figura como remetente e
consta seu endereço na Alemanha, conforme foto do pacote de mov. 83.2.

A genitora da vítima teria informado também que o requerido


trabalha na empresa Wemhöner Surface Technologies GmbH & Co. KG, localizada
também na Alemanha, endereço: PlanckstraBe 7,32052 Herford, Deutschland, site:
<http://www.wemhoener.de>, local onde pode ser encontrado.

Também foi certificado que a genitora da vítima entregou


fotografia recente do requerido mov. 83.3.

Eis o breve relatório.

Ao compulsar os autos, Excelência, verifica-se que o requerido


está a se furtar do cumprimento do mandado de prisão expedido em seu desfavor.

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Observa-se que, a despeito das informações da polícia federal


darem conta de que o último registro constante de seu sistema aponta que o
requerido entrou no país aos 22 de outubro de 2014 (mov. 77.1 e 78.1), o próprio
requerido, por intermédio de advogado constituído, compareceu aos autos nº ......
(portanto, tem ciência da ordem judicial que determinou sua prisão) e informou na
procuração outorgada como sendo seu atual endereço o seguinte: República
Federal da Alemanha, no endereço Engerstrasse, 183, cidade de Herford (mov.
50.2), sendo certo também que a genitora da vítima informou à serventia que o
requerido trabalha na empresa Wemhöner Surface Technologies GmbH & Co. KG,
localizada também na Alemanha, endereço: PlanckstraBe 7,32052 Herford,
Deutschland, site: http://www.wemhoener.de, local onde pode ser encontrado.

Logo, Excelência, forçoso concluir que o requerido teria, em


tese, saído do país de forma não usual e visando a evitar que as autoridades
tivessem conhecimento de sua saída.

De igual modo se conclui que atualmente se encontra no


estrangeiro, mais precisamente na Alemanha; tem conhecimento da prisão
preventiva decretada em seu desfavor, tanto que constituiu advogado nos autos; e
não tem interesse em se apresentar às autoridades brasileiras, pois nada manifestou
a respeito até o momento.

Nesse cenário, a fim de dar efetividade à decisão emanada


deste juízo e realizar a prisão do requerido, não resta alternativa senão a aplicação
do instituto da Difusão Vermelha, com observância da Instrução Normativa nº
01/2010 da Corregedoria Nacional de Justiça:

“Instrução Normativa Nº 1 de 10/02/2010

Ementa: Dispõe sobre a indicação da condição de possível foragido ou


estadia no exterior quando da expedição de mandado de prisão em fase de

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pessoa condenada, com sentença de pronúncia ou com prisão preventiva


decretada no país, e dá outras providencias.

Origem: Corregedoria

O MINISTRO GILSON DIPP, CORREGEDOR NACIONAL DE JUSTIÇA, no


uso das atribuições que lhe confere o art. 8°, X do Regimento Interno do
Conselho Nacional de Justiça,

CONSIDERANDO os termos do art. 3°, XI do Regulamento Geral da


Corregedoria Nacional de Justiça,

CONSIDERANDO a existência de processos em que réus ou condenados,


foragidos ou não localizados, estejam possivelmente no exterior;

CONSIDERANDO que o Brasil aderiu oficialmente ao sistema Interpol


desde 1986 para difusão de informações relacionadas;

CONSIDERANDO as responsabilidades do país em face de compromissos


no âmbito da cooperação policial internacional;

CONSIDERANDO que o Departamento de Policia Federal - DPF é, pelo


Brasil, a autoridade nacional encarregada de centralizar as informações e a
ligação com a Organização Internacional de Polícia Internacional - Interpol
para a difusão entre os países membros em diferentes gruas de gravidade;

CONSIDERANDO que as providências daí decorrentes se acomodam ao


disposto no art. 285 e parágrafo único do Código de Processo Penal; e

CONSIDERANDO a necessidade de uniformização e controle das


providências a cargo dos diferentes juízos encarregados,

RESOLVE:

Art. 1° Os magistrados estaduais, federais, do eleitoral ou militares, juízes


de primeiro grau, desembargadores ou juízes de segundo grau e ministros
de tribunal superior, ao expedirem ordem de prisão por mandado ou

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qualquer outra modalidade de instrumento judicial com esse efeito, tendo


ciência própria ou por suspeita, referência, indicação, ou declaração de
qualquer interessado ou agente público, que a pessoa a ser presa está fora
do país, vai sair dele ou pode se encontrar no exterior, nele indicarão
expressamente essa circunstância.

Parágrafo único: A medida referida no caput deste artigo deve ser adotada
nos casos de ordem de prisão por decisão judicial criminal definitiva, de
sentença de pronúncia ou de qualquer caso de prisão preventiva em
processo crime.

Art. 2° O mandado de prisão ou o instrumento judicial com esse efeito,


contendo a indicação referida no artigo anterior, será imediatamente
encaminhado, por cópia autenticada, ao Superintendente Regional da
Policia Federal - SR/DPF no respectivo estado, com vista à difusão
vermelha.

Art. 3° A Corregedoria-Geral da Justiça Federal, a Corregedoria-Geral


Eleitoral, as Corregedorias-Gerais nos Tribunais de Justiça dos estados, e
as Corregedorias Regionais Federais, do Eleitoral e Militares, diligenciarão
para que os diferentes juízos de segundo e de primeiro grau adotem
imediatamente essa providência e mantenham acompanhamento
correspondente, de modo que nas inspeções ou correções realizadas
ordinariamente seja ela também objeto de controle fiscalização.

Art. 4° Os juízos de primeiro e segundo grau, de qualquer dos referidos


ramos do Poder Judiciário nacional orientarão as respectivas secretarias
nesse sentido, podendo, se necessário, editar ordem de serviço ou
instrução normativa complementar.

Art. 5° Os juízos de primeiro e segundo grau, assim como os tribunais


superiores, mencionarão em separado, nos relatórios anuais, o número de
mandados ou ordens de prisão que contenham essa indicação,
encaminhando cópia resumida à Corregedoria Nacional de Justiça.

Art. 6° Esta Instrução Normativa será encaminhada às Corregedorias


respectivas e entra em vigor na data de sua publicação.

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Ministro Gilson Dipp


Corregedor Nacional de Justiça”

Sobre o instituto da difusão vermelha, Renato Brasileiro de


Lima preleciona1:
“9.2 Difusão Vermelha (red notice)
Outro aspecto importante ao cumprimento do mandado de
prisão diz respeito à possibilidade de prisão de pessoa que se
encontra no estrangeiro, ou daqueles que se encontram no
território nacional, sendo procurado no estrangeiro.

Com o crescente caráter transnacional dos delitos, esse tema


ganha cada vez mais importância. Daí porque a Interpol
(Organização Internacional de Polícia Internacional), que é uma
polícia internacional formada por várias polícias nacionais
interligadas, formando uma rede de auxílio à persecução penal
transnacional, criou um instrumento, denominado de difusão
vermelha, que visa auxiliar as autoridades nacionais no
cumprimento desses mandados de prisão.

Na dicção da doutrina, as difusões vermelhas (red notices),


verdadeiro mandados de capturas internacionais, podem ser
conceituadas como “registros utilizados pela Organização de
Polícia Internacional (Interpol) para divulgar entre os Estados-
membros a existência de mandados de prisão em aberto,
expedidos por autoridades competentes nacionais ou por
tribunais penais internacionais, no curso de procedimentos
criminais.

1
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. Vol. Único. 2 ed. Salvador: JusPODIVM,
2014. p. 836 – 837.

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9.2.1 Difusão vermelha a ser executada no exterior

De acordo com a Instrução Normativa no n° 01, de 10 de


fevereiro de 2010, oriunda da Corregedoria Nacional de
Justiça, [órgão do Conselho Nacional de Justiça, os juízes
criminais brasileiros, ou expedirem mandados de prisão, tendo
ciência própria ou por suspeita, referencia, indicação, ou
declaração de qualquer interessado ou agente público, que a
pessoa a ser presa está fora do país, vai sair dele ou pode se
encontra no exterior, devem remeter o instrumento ao
Superintendente Regional da Polícia Federal (SR/DPF) do
respectivo Estado, a fim de que se providencie sua inclusão no
sistema informático da Interpol com um red notice. Essa
medida deve ser adotada apenas nos casos de prisão
preventiva ou prisão decorrente de sentença condenatória com
trânsito em julgado. Com o mandado em mãos, a Interpol
emitirá a notícia de sua existência para todos os 188 (cento e
oitenta e oito) países membros da organização internacional,
objetivando a localização e eventual captura da pessoa
procurada. Caso ocorra o cumprimento da difusão no
estrangeiro, caberá ao Brasil enviar a formalização do pedido
de extradição do preso.”

Sobre o tema, o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná se


manifestou recentemente:

“HABEAS CORPUS CRIME Nº 1.397.617-7, DA VARA DE


EXECUÇÕES PENAIS E CORREGEDORIA DOS PRESÍDIOS
DA COMARCA DE FOZ DO IGUAÇU.
IMPETRANTE: WILSON ANDRÉ NERES (ADVOGAD0)

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PACIENTE : JOSIMAR CHIQUETTI DE VILAS BOAS (RÉU


PRESO)
RELATOR : DES. JOSÉ CICHOCKI NETO
HABEAS CORPUS CRIME – TRÁFICO DE DROGAS –
DECISÃO DE INCLUSÃO DO PACIENTE NA DIFUSÃO
VERMELHA PARA FINS DE EXTRADIÇÃO – PACIENTE QUE
SE EVADIU DE ESTABELECIMENTO PRISIONAL NO
BRASIL, FOI RECAPTURADO E SE ENCONTRA PRESO NO
PARAGUAI – POSSIBILIDADE DE PEDIDO DE EXTRADIÇÃO
– PREVISÃO LEGAL NO DECRETO 4975/2004 –
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO CARACTERIZADO –
ORDEM DENEGADA.
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Habeas Corpus
Crime nº 1.397.617-7, da Comarca de Foz do Iguaçu – Vara de
Execuções Penais e Corregedoria dos Presídios, em que é
Impetrante WILSON ANDRÉ NERES e Paciente JOSIMAR
CHIQUETTI DE VILAS BOAS.
I - Wilson André Neres, advogado, impetrou o presente habeas
corpus, com pedido de liminar, em favor de Josimar Chiquetti
de Vilas Boas, em face de decisão proferida pelo MMº Juiz de
Direito da Vara de Execuções Penais de Foz do Iguaçu.
Esclarece que o paciente foi condenado por tráfico de drogas e
associação para o tráfico, consoante artigos 33 e 35 da Lei nº
11.343/06 e, após cumprir 04 anos, 08 meses e 19 dias de
pena corporal, evadiu-se da Penitenciária I de Foz de Iguaçu.
Afirma o impetrante que a Polícia Federal noticiou que o ora
paciente se encontra encarcerado na Penitenciária Regional da
Cidade Oviedo, no Paraguai, e que no último dia 27.03.2015
haveria uma audiência que poderia decidir por sua liberdade,
razão porque instou ao Juízo para expressar formalmente se

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havia interesse em publicar a “Difusão Vermelha” e solicitar a


extradição do paciente.
Sustenta que, embora tenha o paciente se evadido do
estabelecimento penal no Brasil, não merece prosperar a
pretensão para seja expedida a Difusão Vermelha porque o
mesmo possui nacionalidade paraguaia, juntando documentos
relativos à frequência escolar do paciente, cópia de
documentos de identificação dele e de seus genitores, registro
de propriedades rurais dos mesmos, que comprovam que o
paciente e sua família residem naquele País há mais de 35
anos.
Afirma que obrigar um estrangeiro a voltar a território
alienígena para cumprir pena, afastá-lo de seus familiares ou
de sua pátria é séria causa do menoscabo a inúmeros direitos
fundamentais previstos em acordos internacionais dos quais o
Brasil e o Paraguai são signatários.
Desta forma, requer a concessão da liminar para expedição de
salvo conduto ao paciente, garantindo que ele possa
permanecer em seu território pátrio, até mesmo porque o
paciente não se encontra mais preso e tampouco persiste o
processo que deu origem àquela detenção, o que demonstra
que ‘existem diligências policiais sendo realizadas sem que
haja ordem judicial legitimando possível prisão em território
alienígena’.
Pugna pela concessão liminar da ordem, a fim de que seja
expedido salvo conduto, e caso concretizada a ‘Difusão
Vermelha’ seja considerada a fungibilidade para converter a
presente ordem para a modalidade repressiva, afastando-se a
expedição de mandado de prisão, cessando-se imediatamente
o constrangimento ilegal praticado.
A liminar foi indeferida às fls. 1632/1636.

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A autoridade impetrada apresentou informações às fls. 1641.


A douta Procuradoria Geral de Justiça opinou pela denegação
da ordem (fls. 1645/1649).
É o relatório.
II – Presentes os pressupostos de admissibilidade, é de se
conhecer do habeas corpus.
No mérito, o pedido não comporta deferimento.
Cinge-se a discussão sobre a possível conduta arbitrária
realizada pela autoridade dita coatora, ensejando no apontado
constrangimento, consistente na determinação de inclusão do
mandado de prisão do paciente no sistema de Difusão
Vermelha, a fim de dar continuidade ao cumprimento de sua
pena pelos crimes de tráfico e associação para o tráfico
perpetrados no Brasil.
Extrai-se dos autos e também do sistema Projudi que o
paciente foi condenado pela prática dos delitos previstos nos
artigos 33 e 35 da Lei nº 11.343/2006 à pena privativa de
liberdade de 22 anos e 09 meses de reclusão, tendo se
evadido da Penitenciária I de Foz do Iguaçu após o
cumprimento de pouco mais de 04 anos e 08 meses da sanção
que lhe foi imposta, em 27 de março de 2015, se encontrando
atualmente segregado na Penitenciária Regional da cidade de
Coronel Oviedo, República do Paraguay.
Constata-se também a existência de dúvida acerca da
nacionalidade do réu, pois consoante Ficha Individual nº
4386350 – Guia de Recolhimento – Execução Penal Provisória
de fls. 763/765, ora se atribui que é cidadão Paraguaio, ora
Brasileiro, nascido em M’Baracayu-PY ou em Palotina- PR, em
data de 28.05.1986, portando Cédula de Identidade nº
4.253.597/PY e nº 9.281.058-5-SSP/PR.

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É certo também que o paciente teve condenação contra si em


dois processos pelo cometimento de crimes previstos na Lei nº
11.343/2006 e, atualmente encontra-se evadido do sistema
penal brasileiro. Tal situação, contemplada na Instrução
Normativa nº 01 de 10 de fevereiro de 2010 - Corregedoria
Nacional de Justiça, do Conselho Nacional de Justiça prevê:
Art. 1º. Os magistrados estaduais, federais, do eleitoral ou
militares, juízes de primeiro grau, desembargadores ou juízes
de segundo grau e ministros de tribunal superior, ao expedirem
ordem de prisão por mandado ou qualquer modalidade de
instrumento judicial com esse efeito, tendo ciência própria ou
por suspeita, referência, indicação, ou declaração de qualquer
interessado ou agente público, que a pessoa a ser presa está
fora do país, vai sair dele ou pode se encontrar no exterior,
nele indicarão expressamente essa circunstância.
Parágrafo único. A medida referida no caput deste artigo deve
ser adotada nos casos de ordem de prisão por decisão judicial
criminal definitiva, de sentença de pronúncia ou de qualquer
caso de prisão preventiva em processo crime.
Art. 2º. O mandado de prisão ou o instrumento judicial com
esse efeito, contendo a indicação referido no artigo anterior
será imediatamente encaminhado, por cópia autenticada, ao
Superintendente Regional da Polícia Federal – SR/DPF no
respectivo estado, com vista à difusão vermelha.
Acerca da relação entre os Países Brasil e Paraguai, dentre
outros Acordos, existe o de Extradição entre os Estados Partes
do Mercosul, ou Decreto nº 4975, de 30 de janeiro de 2004.
Extrai-se do citado Decreto:
“ARTIGO 1
Da Obrigação de Conceder a Extradição

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Os Estados Partes obrigam-se a entregar, reciprocamente,


segundo as regras e as condições estabelecidas no presente
Acordo, as pessoas que se encontrem em seus respectivos
territórios e que sejam procuradas pelas autoridades
competentes de outro Estado Parte, para serem processadas
pela prática presumida de algum delito, que respondam a
processo já em curso ou para a execução de uma pena
privativa de liberdade.
ARTIGO 2
Delitos que Dão Causa à Extradição
1. Darão causa à extradição os atos tipificados como delito
segundo as leis do Estado Parte requerente e do Estado Parte
requerido, independentemente da denominação dada ao crime,
os quais sejam puníveis em ambos os Estados com pena
privativa de liberdade de duração máxima não inferior a dois
anos”.
Assim, e na mesma linha do que entende a douta Procuradoria
Geral de Justiça, diante da possibilidade de formulação do
pedido de extradição, uma vez que fundamentado em diploma
legal, bem como da inexistência de qualquer fato impeditivo de
tal procedimento, não há constrangimento ilegal a ser sanado.
Destarte, com esteio na fundamentação acima expendida, por
não estar evidenciado qualquer constrangimento ilegal, voto no
sentido de denegar a presente ordem.
III - DECISÃO:
Diante do exposto, acordam os Desembargadores integrantes
da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do
Paraná, por unanimidade de votos, em denegar a ordem, nos
termos da fundamentação.
Participaram da sessão e acompanharam o voto do Relator os
Excelentíssimos Senhores Desembargadores JOÃO

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DOMINGOS KUSTER PUPPI e GAMALIEL SCAFF,


Presidente.
Curitiba, 23 de julho de 2015.
Des. JOSÉ CICHOCKI NETO
Relator”
Logo, Excelência, o cenário decantado nos autos nº ........
justifica a aplicação do instituto da difusão vermelha na medida em que se
encontram presentes os requisitos estampados na Instrução Normativa nº 01/2010
da Corregedoria Nacional de Justiça, pois foi decretada nos presentes autos a prisão
preventiva do requerido ao tempo em que constam dos autos inúmeros elementos a
demonstrar que ele se encontra foragido e fora do país.

Pelo exposto, o Ministério Público do Estado do Paraná, pelo


Promotor de Justiça que esta subscreve, em estrita observância ao determinado na
Instrução Normativa nº 01/2010 da Corregedoria Nacional de Justiça, pugna a Vossa
Excelência se digne:

1) indicar expressamente no mandado de prisão expedido nos


autos nº ....... que o requerido está fora do país e se encontra na Alemanha
(conforme art. 1º, da Instrução Normativa nº 01/2010 da Corregedoria Nacional de
Justiça);

2) encaminhar o mandado de prisão, contendo a indicação


referida no item “a” acima, por cópia autenticada, ao Superintendente Regional da
Polícia Federal – SR/DPF com atribuição no Estado do Paraná a fim de que
providencie sua inclusão no sistema informático da Interpol com um red notice com
vista à difusão vermelha (conforme art. 2º, da Instrução Normativa nº 01/2010 da
Corregedoria Nacional de Justiça), juntamente com os seguintes documentos que
deverão seguir anexos:

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a) Cópia da denúncia de mov. 1.1 dos autos nº ...... que


tramitam por este juízo;

b) Cópia da decisão que decretou a prisão preventiva de mov.


28.1 dos autos nº ......; e,
c) A foto recente do requerido encartada ao mov. 83.3 dos
autos nº 1121-14.2015;

3) Pugna seja informado ao Superintendente Regional da


Polícia Federal – SR/DPF com atribuição no Estado do Paraná, por intermédio de
ofício, que os crimes, em tese, praticados pelo requerido (art. 217-A cc. art. 226, II
cc. art. 61, II, “f”, todos do Código Penal, na forma do art. 69, do mesmo Diploma,
por diversas vezes, que vitimou seu enteado L.C.B, menor de 14 anos de idade)
prescrevem em 20 (vinte anos), conforme determina o art. 109, I, do Código Penal,
pois a pena cominada aos delitos varia de 08 (oito) a 15 (quinze) anos de reclusão,
sendo que os fatos teriam ocorrido ao longo dos anos de 2013 e 2014 e a denúncia
foi recebida aos 1º de junho de 2015, conforme mov. 13.1 dos autos da ação penal
nº ........ que tramitam por este juízo;

4) Pugna seja informado ao Superintendente Regional da


Polícia Federal – SR/DPF com atribuição no Estado do Paraná, por intermédio de
ofício, os possíveis endereços mencionados nos autos nos quais o requerido poderá
ser encontrado, encartando-se cópia das peças processuais respectivas, quais
sejam:

a) Engerstrasse, 183, cidade de Herford, Alemanha (mov. 50.2


dos autos nº ......);
b) empresa Wemhöner Surface Technologies GmbH & Co. KG,
localizada também na Alemanha, endereço: PlanckstraBe 7,32052 Herford,
Deutschland, site: http://www.wemhoener.de (mov. 83.1 dos autos nº ....);

1
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c) Rheda Erstr. 127, Gütersloh, Alemanha (mov. 83.2. dos


autos nº .........).

5) Após efetuada a prisão do requerido, pugna seja formalizado


por este Juízo o pedido de extradição do preso;
6) Por fim, pugna pela distribuição e autuação do presente em
apartado, decretando-se o sigilo necessário, sob pena de frustração da medida.

Ponta Grossa, 23 de setembro de 2015.

Marcelo Augusto Ribeiro


PROMOTOR DE JUSTIÇA

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