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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ª VARA CIVEL

DA COMARCA DE BELO HORIZONTE/MG

GIOVANNA RITA LIMA GONÇALVES, brasileira, solteira,


estudante, portador da cédula de identidade de número MG 17634352, inscrita no
CPF sob o número 158.052.056-10, residente e domiciliada na Rua Torre Molinos,
nº 99, Bairro Europa, Cidade Belo Horizonte - MG, CEP: 31620-500, por suas
procuradoras infra-assinada (instrumento procuratório em anexo), com escritório
na Rua Albita, nº 250, Bairro Cruzeiro, CEP 30310-160, vem, respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 528 e seguintes do CPC, propor
a presente:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E


ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

em face de FACEBOOK SERVIÇOS ONLINE DO BRASIL LTDA., sociedade


limitada inscrita no CNPJ/MF sob nº 13.347.016/0001-17, com sede na Cidade de
São Paulo/SP, na Rua Leopoldo Couto de Magalhães Junior, nº 700, 5º andar,
Itaim Bibi, CEP 04542-000, nos seguintes termos:

[1]
I-  DOS FATOS

A Autora é usuária dos serviços da Ré, para os serviços do


Instagram, onde possui uma página virtual particular há alguns anos. Nessa rede
social, a Autora posta fotos e conteúdos para seus amigos e seguidores.

Entretanto, em agosto do ano de 2021, um amigo da Autora


encontrou uma foto particular dela em uma página da rede social da Ré,
chamadas de: “@errejota_eventos_2021”.

(Ressalta-se, desde já que, para assegurar a privacidade dos


demais, as todas as imagens colacionadas abaixo estão alteradas com tarja pretas
nos rostos das pessoas: )

Vejamos as imagens da Autora na respectiva página:


@errejota_eventos_2021

[2]
O amigo da Autora, impressionado com o conteúdo sugestivo da
página, entrou em contato com uma amiga da Autora por um aplicativo de
mensagem para averiguar se a amiga ou até mesmo a Autora tinha ciência de que
sua imagem fotográfica encontrava na página da rede social já referida acima.

Surpresa, pois não sabia da situação, e impressionada com o


conteúdo da página, amiga da Autora questiona: “A PAGINA DE PUTA????”, e o
amigo confirma: “AHAM”, conforme comprova-se abaixo:

[3]
Ainda nas mensagens trocadas pelos amigos da Autora, pode-se
ver que seu amigo afirma estar “bravo” com a Autora, por ela ser uma pessoa
bacana (Giovana mó pela orde – gíria) e não precisar o usar serviços sexuais para
ganhar a vida, conforme se colaciona abaixo:

Imediatamente, após tomar ciência dos fatos a amiga da Autora


enviou mensagem para ela, também através de um aplicativo de mensagens, para
questionar e informar sobre o uso indevido de sua imagem. Como se demonstra:

[4]
[5]
Assim que tomou conhecimento da situação, a Autora entrou na
página referida e ficou ATERRORIZADA ao ver que suas imagens encontrava-
se INDEVIDAMENTE e SEM A SUA AUTORIZAÇÃO em UMA PAGINA SOCIAL
divulgando CONTEÚDO SEXUAL, ao lado de diversas mulheres seminuas e
em situação expositiva sexualmente, o que dá a entender que essa página
possivelmente se trata de páginas de prostituição. Vejamos:
PÁGINA : @errejota_eventos_2021

[6]
Observa-se, ainda, que a foto da Autora, publicadas nas
páginas no dia 05 de agosto de 2021, em ambas as páginas tem escrito na
legenda “#ménage” e “#swingrj”, e marca como local da realização da
imagem um estabelecimento de exercício funcional sugestivo chamado
@quatroporquatrowhiskeria, dando a entender que estas seriam práticas
habituais da Autora.

[7]
PÁGINA: @quatroporquatrowhiskeria

[8]
Sabe-se que a expressão francesa ménage se refere a uma
relação erótica e afetiva que envolve três pessoas ou mais e, em casas de swing,
dois casais ou mais decidem praticar atos libidinosos entre si em um espaço em
comum a outros casais, a vista, conhecimento e participação de todos.
Assim, é inegável o constrangimento da Autora a ter sua imagem
impropriamente usada com determinados fins, que, ressalta-se, não fazem parte
da sua conduta.
Ainda, para total desespero da Autora, é possível constatar que
tais fotos atingiram um número inimaginável de pessoas, pois, como se demonstra
abaixo, a página @errejota_eventos_2021 tem quase QUINHENTOS
SEGUIDORES e a página @quatroporquatrowhiskeria TEM MAIS DE VINTE E
DOIS MIL SEGUIDORES.

@errejota_eventos_2021 @quatroporquatrowhiskeria

[9]
Vale-se ressaltar que, além dos seguidores das páginas,
QUALQUER OUTRA pessoa que entrar nas páginas @errejota_eventos_2021 e
@quatroporquatrowhiskeria tem acesso as fotos da Autora em situação
desonrosa, sendo que, demonstrou-se acima, na somatória das páginas, que
VINTE TRÊS MIL PESSOAS TIVERAM ACESSO A FOTO, mas na realidade, É
INCONTÁVEL o número real de pessoas que tiveram acesso a foto.

A autora, atordoada com sua imagem vinculada a tais páginas,


enviou e-mail e fez, juntamente com seus amigos, inúmeras denúncias
diretamente na página do Instagram para tentar retirar as fotos do site, mas os
esforços foram em vão, pois a Ré quedou-se inerte. Segue exemplos das
reclamações:

E-MAIL:

[10]
RECLAMAÇÃO NA PÁGINA:

[11]
[12]
Ante ao silêncio da Ré sobre as reclamações feitas
administrativamente, a Autora dirigiu-se a um batalhão da polícia militar e registrou
um Boletim de Ocorrência relatando os fatos. Vejamos:

Por oportuno, destaca-se que a fatídica fotografia presente nas


páginas acima descritas de conteúdo duvidoso, foi tirada quando a Autora tinha
APENAS QUINZE ANOS e em nenhum momento passou ou autorizou que outra
pessoa utilizasse a sua imagem.

Tendo em vista que as formas administrativas de solução de


conflito se tornaram ineficazes, a Autora não viu alternativa a não sem propor a
presente demanda judicial.

Ante ao exposto, visa a Autora a concessão dos benefícios da


justiça gratuita, a imediata remoção de sua imagem que constam na rede
social “Instagram” (responsabilidade da Ré) na página chamada

[13]
“@errejota_eventos_2021”, tendo em vista que não autorizou o uso de sua
imagem, além do constrangimento que é estar atrelada sua imagem ao conteúdo
ofensivo das páginas, bem como que a Ré seja compelida a identificar e
informar quem é o ofensor anônimo responsável por administrar e postar as
imagens da Autora nas páginas, as quais vêm causando imensuráveis danos à
Autora, a fim de que sejam adotadas contra tal ofensor as pertinentes medidas de
ordem cível e criminal e, ao final, indenização por danos morais no importe de R$
20.000,00 (vinte mil reais).

II. DA NECESSIDADE DA TUTELA PROVISÓRIA EM CARÁTER


LIMINAR.

Diante da criticidade da situação acima narrada, faz-se necessária


a concessão de medida liminar de antecipação dos efeitos da tutela pleiteada, na
forma “inaudita altera pars”, nos termos do artigo 19, parágrafo 4º da Lei nº
12.965/2014 (Marco Civil da Internet), pois, verifica-se que a imagem pessoal da
Autora está injustamente sendo utilizada pelos donos da página
“@errejota_eventos_2021” para divulgar imoralidades e obscenidades,
colocando sugestivamente sexual nas fotos.

Dessa forma, a Autora está sendo taxada como “prostituta” nas


páginas acima descritas, e, a demora na retirada das postagens agrava o
indiscutível dano à imagem e integridade psíquica da Autora.

Ressalta-se que a Autora realizou um boletim de ocorrência


(anexo) sem a identificação do responsável pelas páginas, tendo em vista que
somente a Ré possui tais informações, o que torna ainda mais distante que haja
um possível êxito para que os usuários responsáveis pelo infame respondam por
seus atos de forma criminal e cível, razão pelo qual se requer a Ré seja

[14]
imediatamente compelida a identificar e informar quem é o ofensor anônimo
responsável por administrar e postar as imagens da Autora nas páginas .

Outrossim, a mera possibilidade de a imagem da Autora continuar


sendo exposta, a presente demanda poderá ser ineficaz quanto ao prejuízo moral
causado a Autora, pois esta poderá alcançar uma fama irreparável de “libertina”.

Certo é que, na hipótese de indeferimento do presente pedido, há


risco de que mal maior sobrevenha; ou seja, de a imagem da Autora restar para
sempre maculada como “prostituta” perante seus amigos e a sociedade. Assim,
aplica-se ao caso o “juízo do mal maior”, expressão cunhada pelo Prof. Cândido
Rangel Dinamarco (Nova era do processo civil. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 64-
65).

Isto é, com o deferimento da tutela antecipada, o que se pleiteia é


a retirada de circulação do conteúdo discutido até ulterior sentença de mérito a ser
proferida nos autos da presente demanda. Ou seja, se, posteriormente este d.
Juízo entender pela manutenção do conteúdo, o que se cogita apenas por amor ao
debate, este poderá voltar a imagem à veiculação, não havendo, portanto,
qualquer prejuízo.

Por outro lado, caso o presente pedido seja indeferido e,


posteriormente, sobrevenha sentença pela qual seja reconhecida a ilegalidade da
postagem caluniosa e difamatória contra a Autora, esta terá de suportar a
humilhação e julgamento da sociedade para o resto de sua existência.

Há de se considerar, ainda, a expressa previsão legal que a Ré


somente removerá as postagens ilícitas e prestará as informações para
identificação do autor do ilícito mediante ordem judicial expressa (§2º do artigo 10
e§3º do artigo 15 da Lei Nº 12.965/2014), in verbis:

[15]
Art. 10. A guarda e a disponibilização dos registros de conexão e
de acesso a aplicações de internet de que trata esta Lei, bem
como de dados pessoais e do conteúdo de comunicações
privadas, devem atender à preservação da intimidade, da vida
privada, da honra e da imagem das partes direta ou indiretamente
envolvidas
(...)
§ 2º O conteúdo das comunicações privadas somente poderá ser
disponibilizado mediante ordem judicial, nas hipóteses e na forma
que a lei estabelecer, respeitado o disposto nos incisos II e III do
art. 7º.

Art. 15. O provedor de aplicações de internet constituído na forma


de pessoa jurídica e que exerça essa atividade de forma
organizada, profissionalmente e com fins econômicos deverá
manter os respectivos registros de acesso a aplicações de
internet, sob sigilo, em ambiente controlado e de segurança, pelo
prazo de 6 (seis) meses, nos termos do regulamento.
(...)
§ 3º Em qualquer hipótese, a disponibilização ao requerente dos
registros de que trata este artigo deverá ser precedida de
autorização judicial, conforme disposto na Seção IV deste
Capítulo.

Assim, liminarmente, a Autora requer que V. Exa. determine à


imediata remoção de sua imagem que constam na rede social “Instagram”
(responsabilidade da Ré) na página chamada “@errejota_eventos_2021”,
tendo em vista que não autorizou o uso de sua imagem, além do constrangimento
que é estar atrelada sua imagem ao conteúdo ofensivo das páginas, bem como
que a Ré seja compelida a identificar e informar quem é o ofensor anônimo
responsável por administrar e postar a imagem na página , as quais vêm
causando imensuráveis danos à Autora, a fim de que sejam adotadas contra tal
ofensor as pertinentes medidas de ordem cível e criminal a fim de que:

(i) a Ré efetue a remoção e/ou bloqueio integral do perfil


“@errejota_eventos_2021” existente na rede social Instagram,
ou, alternativamente, a imediatamente remoção da imagem

[16]
ofensiva da Autora divulgadas na página acima descrita, a fim de
que cesse a utilização da imagem de forma difamante realizada
por tal usuário;

(ii) a Ré forneça todas as informações atinentes aos usuários do


Instagram donos das páginas “@errejota_eventos_2021”
constantes nos seus registros, a fim de que sejam tomadas todas
as medidas cíveis e criminais cabíveis em face do responsável
pelo conteúdo ofensivo a Autora.

Ante ao exposto, e tendo em vista que a violação da imagem da


Autora seja ainda maior, requer-se a concessão da tutela provisória em caráter
liminar com estipulação de multa diária no valor de R$5.000,00 (cinco mil reais),
caso não haja o cumprimento por parte da Ré.

3. DA CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA


GRATUITA
O direito de acesso à justiça é uma das maiores conquistas do Estado
Democrático de Direito e se manifesta como direito constitucionalmente garantido,
cuja valoração sempre foi um dos pilares desta Justiça Especializada.
No caso em tela, a Autora é estudante, não tem renda pessoal, e é
dependente de sua família para a realização do sustento básico.
Assim, o pedido de gratuidade da justiça ora formulado pela Autora tem
respaldo constitucional, no artigo 98 do Código de Processo Civil, bem como, no
art. 5º (incisos XXXV e LXXIV), qual seja, o princípio constitucional da
inafastabilidade do controle jurisdicional e acesso à justiça.

[17]
4. DA LEGITIMIDADE PASSIVA DA RÉ

De antemão, faz-se oportuno esclarecer que a Ré tem


legitimidade passiva para responder a todos os pleitos objeto da presente
demanda, tendo em vista que o Facebook adquiriu o Intagram.

A política de Privacidade do Instagram estabelece o seguinte:

“Em setembro de 2012, anunciamos que o Instagram foi adquirido


pelo Facebook. Sabíamos que, ao fazer uma parceria com o
Facebook, poderíamos constituir um melhor Instagram para você.
Desde então, estamos trabalhando em colaboração com a equipe
do Facebook para fazer exatamente isso. Como parte de nossa
nova colaboração, aprendemos que ao compartilhar percepções e
informações um com o outro, podemos desenvolver experiências
melhores para nossos usuários. Estamos atualizando nossa
Política de Privacidade para destacar esta nova colaboração, mas
queremos ter certeza de que você entende que você ainda detém
o controle sobre quem vê suas fotos. Você ainda pode escolher
quem vê as suas fotos no Instagram, e também ainda pode
decidir se deseja publicá-las no Facebook. Portanto, embora
estejamos ansiosos por trabalhar em conjunto com o Facebook
para desenvolver melhores experiências, não alteraremos os
recursos principais do aplicativo que você já conhece e tanto
gosta. Nossa nova Política de Privacidade está em vigor a partir
de 19 de janeiro de 2013. Para saber como nós tratamos as
informações coletadas antes de 19 de janeiro de 2013, clique
aqui.” (g.n.).

[18]
Diante do exposto, é inequívoca a legitimidade passiva da Ré, em
razão do controle da rede social Instagram, a qual opera em português e também
é destinada ao público brasileiro.

Ocorre que, quando é instada em suas demandas judiciais a


responder pelos serviços que controla, a Ré costuma alegar equívoco quanto à
sua inclusão no polo passivo, alegando, de forma infundada que:

“a) Tratarem-se de empresas de coordenadas por empresa


estrangeira denominada Facebook, Inc. e FacebookIrelandLimited
(Operadores do Site Facebook);

b) As empresas de fato fazem parte do mesmo grupo econômico,


mas são entidades jurídicas distintas;

c) Facebook Brasil é uma sociedade brasileira e não se


responsabiliza pelos serviços que presta em nome da sua
controlada e demais empresas do grupo internacional, no Brasil;

d) Afirma que de acordo com os termos de uso do Instagram, os


usuários estão obrigados a jurisdição de um Tribunal localizado
em Santa Clara, Califórnia, Estados Unidos da América, conforme
item “Governing Law &Venue”;

e) Alega que os lesados em decorrência do uso de serviço


colocado à disposição do público brasileiro devem acionar a
empresa estrangeira Instagram, LLC situada nos Estados Unidos
da América, observando as normas de direito internacional
vigentes para dirimir o conflito, com expedição de carta rogatória
para a realização da necessária citação. ”

Contudo, tais alegações mostram-se insubsistentes diante do


artigo 8º, Parágrafo Único, II, da Lei 12.965/2014 (Marco Civil da Internet), a seguir
transcrito:

“Art. 8º A garantia do direito à privacidade e à liberdade de


expressão nas comunicações é condição para o pleno exercício
do direito de acesso à internet.

[19]
Parágrafo único. São nulas de pleno direito as cláusulas
contratuais que violem o disposto no caput, tais como aquelas
que:
(...)
II - em contrato de adesão, não ofereçam como alternativa ao
contratante a adoção do foro brasileiro para solução de
controvérsias decorrentes de serviços prestados no Brasil.”

Ademais, o artigo 11 do mesmo diploma legal estabelece o


seguinte:

“Art. 11. Em qualquer operação de coleta, armazenamento,


guarda e tratamento de registros, de dados pessoais ou de
comunicações por provedores de conexão e de aplicações de
internet em que pelo menos um desses atos ocorra em território
nacional, deverão ser obrigatoriamente respeitados a legislação
brasileira e os direitos à privacidade, à proteção dos dados
pessoais e ao sigilo das comunicações privadas e dos registros.
(...)
§ 2º O disposto no caput aplica-se mesmo que as atividades
sejam realizadas por pessoa jurídica sediada no exterior, desde
que oferte serviço ao público brasileiro ou pelo menos uma
integrante do mesmo grupo econômico possua estabelecimento
no Brasil.”

Nesse sentido, merece colação o seguinte julgado proferido


recentemente pela 24ª Vara Cível da Comarca de São Paulo/SP (processo nº
1043060-75.2015.8.26.0100). Vejamos:

“(...) A legitimidade se acentua ainda mais quando verificado que


a ré procedeu com o envio dos dados requeridos na presente
demanda, denotando NÍTIDO PODER DE INGERÊNCIA E
INTERCOMUNICAÇÃO ENTRE AS EMPRESAS QUE FORMAM
O GRUPO ECONÔMICO. Sobreleva notar que a pessoa jurídica
ré tem como suas únicas sócias, duas empresas estrangeiras,
ambas sediadas nos Estados Unidos da América, sendo evidente,
pois, que todas integram um mesmo e único conglomerado
empresarial, aparentando, aos olhos de seus consumidores e de
terceiros (uma vez que na composição de suas respectivas
denominações utilizam expressão comum), constituírem uma
única pessoa jurídica. Nesse sentido: AGRAVO DE

[20]
INSTRUMENTO. OBRIGAÇÃO DE FAZER C.C. INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS. FACEBOOK. Pedido de retirada de
páginas alusivas à autora Ré Facebook Serviços On-line do Brasil
Ltda. que tem legitimidade passiva, pouco importando estar sua
base de dados sediada em outros países. Inadmissibilidade da
alegação de ingerência sobre repartições da empresa Facebook,
pois sendo parte do todo, deve encontrar os meios necessários
para dar cumprimento ao quanto a ela se determine relativamente
às páginas veiculadas. Prefacial deduzida em contraminuta
afastada (...) (Agravo de Instrumento,10ª Câmara de Direito
Privado do TJSP, Rel. João Batista Vilhena, 20/05/2014). Afasto,
pois, a preliminar.”

À luz do exposto, resta suficientemente demonstrada a


legitimidade passiva da Ré para figurar no polo passivo da presente demanda.

5. DO DANO MORAL CAUSADO PELA INERCIA DA RÉ AO


NÃO REMOVER AS IMAGENS DA AUTORA USADAS
INDEVIDAMENTE APÓS DENÚNCIAS

A honra e a imagem são protegidas pela Constituição Federal de


1988, conforme segue:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

(...)

X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a


imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação;  

Mas, dentre todos os pontos aplicados na legislação, verifica-se a


responsabilidade da empresa especificada pelo Código Civil de 2002:

[21]
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz,
a requerimento do interessado, adotará as providências
necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta
norma.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

No caso em tela, a Autora fez diversas reclamações no site da


empresa e por e-mail informando a utilização de sua Imagem e o conteúdo
ofensivo, em nenhum destes contatos teve resposta ou remoção do conteúdo,
tornando-se a ação da Empresa Ré uma omissão, negligencia e imprudência
ilícita.

Com efeito, não resta a menor dúvida de que a postagem no


Instagram é ofensiva à Autora e viola seus direitos ao contraditório (art. 5º, v,
da constituição federal), à HONRA E IMAGEM (art. 5º, x, da constituição
federal), a vedação ao anonimato (art. 5º, iv, da constituição federal),
presunção da inocência (art. 5º, lvii, da constituição federal), bem como a
INTIMIDADE (art. 5º, x, da constituição federal) da autora.

Assim requer a condenação da Empresa Ré ao pagamento de


danos morais a Autora, no importe de R$20.000,00 (vinte mil reais), dada a
gravidade dos danos causados.

6. DOS PEDIDOS

Pelo exposto, REQUER:

a) A concessão dos benefícios da justiça gratuita, nos termos da


lei, vez que a Autora é estudante e não dispõe de recursos

[22]
suficientes para suportar às custas do processo sem prejuízo
próprio, declarando-se sob as penalidades legais, pobre no
sentido legal;

b) a concessão de medida liminar de antecipação dos efeitos da


tutela pleiteada, na forma “inaudita altera pars”, nos termos do
artigo 19, parágrafo 4º da Lei nº 12.965/2014 (Marco Civil da
Internet), a fim de que, no prazo máximo de 24 (vinte quatro)
horas, seja determinado à Ré que realize remoção e/ou bloqueio
integral do perfil “@errejota_eventos_2021” existente na rede
social Instagram, a fim de que cesse a utilização da imagem de
forma difamante realizada por tal usuário; OU, alternativamente, a
remoção do conteúdo ofensivo da Autora divulgado na rede social
Instagram pelo usuário “@errejota_eventos_2021”;

c) apresentação em juízo de todas as informações atinentes ao


usuário do Instagram “@errejota_eventos_2021” constante nos
seus registros e capazes de auxiliar na identificação do usuário,
incluindo, mas não se limitando a: dados cadastrais e registros de
acessos (números de IP, com datas e horários GMT) -- referentes
aos últimos 6 (seis) meses, contados da data de propositura da
presente demanda;

d) Requer-se, ainda, que V.Exa. fixe multa cominatória no valor


de R$5.000,00 (cinco mil reais) aplicável por cada dia de
descumprimento da medida liminar ora pleiteada, consoante o
artigo 461, caput, do CPC.

e) e que ainda seja concedida a inversão do ônus da prova,


com o escopo de garantir a efetividade do processo judicial, com a

[23]
determinação de que a Empresa Ré apresente dados e imagens
referente a publicação difamatória feita por terceiro em sua rede
social;

f) Seja o Réu condenado ao pagamento de indenização por


Danos Morais a Autora, no importe de R$20.000,00 (vinte mil
reais), dada a gravidade dos danos causados;

g) Seja o Réu condenado ao pagamento de custas e


honorários advocatícios no importe de 20% sobre o valor da
causa.

Dar-se a esta causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

Ao final, requer que doravante todas as publicações, ciências


e intimações sejam feitas exclusivamente em nome das procuradoras JADE
ALMEIDA VAZ regularmente inscrita na OAB/MG sob o nº 168.375, endereço
eletrônico vazcarvalhodiligencias@gmail.com e RAFAELA ALMEIDA BORBA
regularmente inscrita na OAB/MG sob o nº 195.995, endereço eletrônico
dra.rafaela.a.borba@gmail.com, ambas com endereço profissional à Rua
Albita, nº 250, Bairro Cruzeiro, CEP 30310-160, em Belo Horizonte - Minas
Gerais, sob pena de nulidade.

Termos em que,
Pede deferimento.

Belo Horizonte, 5 de abril de 2022.

___________________________ _____________________________

[24]
JADE ALMEIDA VAZ RAFAELA ALMEIDA BORBA
OAB/MG 168.375 OAB/MG 195.995

[25]

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