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Catalogação Descritiva

Mário Gouveia Júnior

Curso Técnico em
Biblioteconomia
Catalogação Descritiva
Mário Gouveia Júnior

Curso Técnico em
Biblioteconomia

Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa

Educação a Distância

Recife

1.ed. | Agosto 2022


Professor Autor Catalogação e Normalização
Mário Gouveia Júnior Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129)

Revisão Diagramação
Mário Gouveia Júnior Jailson Miranda

Coordenação de Curso Coordenação Executiva


Liliane Rodrigues de Assis George Bento Catunda
Renata Marques de Otero
Coordenação Design Educacional Manoel Vanderley dos Santos Neto
Deisiane Gomes Bazante
Coordenação Geral
Design Educacional Maria de Araújo Medeiros Souza
Ana Cristina do Amaral e Silva Jaeger Maria de Lourdes Cordeiro Marques
Helisangela Maria Andrade Ferreira
Izabela Pereira Cavalcanti Secretaria Executiva de
Jailson Miranda Educação Integral e Profissional
Roberto de Freitas Morais Sobrinho
Escola Técnica Estadual
Descrição de imagens Professor Antônio Carlos Gomes da Costa
Sunnye Rose Carlos Gomes
Gerência de Educação a distância
Sumário
Introdução .................................................................................................................................... 5

1.Competência 01 | Compreender os Conceitos e Finalidades do Controle Bibliográfico Universal e


da Catalogação .............................................................................................................................. 8

1.1 Mora na Filosofia ....................................................................................................................................... 8


1.2 Senta que Lá Vem História ........................................................................................................................ 9
1.3 Controle Bibliográfico Universal .............................................................................................................. 10
1.4 Catalogação ............................................................................................................................................. 17
1.4.1 Catalogação na Fonte ........................................................................................................................... 22
1.4.2 Catalogação Cooperativa ..................................................................................................................... 24
2.Competência 02 | Apreender Noções Básicas da Catalogação Utilizando o AACR2R ................. 26

2.1 Mora na Filosofia ..................................................................................................................................... 26


2.2 Senta que Lá Vem História ...................................................................................................................... 27
2.3 Conhecendo o AACR2.............................................................................................................................. 31
2.4 Pontos de Acesso .................................................................................................................................... 33
2.5 Área de Descrição Bibliográfica ............................................................................................................... 34
2.6 Considerações Importantes .................................................................................................................... 39
3.Competência 03 | Saber Operar Elementos Básicos da Catalogação em Ambientes Digitais...... 42

3.1 Mora na Filosofia ..................................................................................................................................... 42


3.2 Senta que Lá Vem História ...................................................................................................................... 43
3.3 MARC: Origens, Finalidades e Formas de Registro Bibliográfico............................................................. 44
3.4 RDA: Descrição e Acesso de Recursos ..................................................................................................... 47
3.5 FRBR: Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos ..................................................................... 49
3.6 O Biblivre ................................................................................................................................................. 55
Conclusão .................................................................................................................................... 59

Referências ................................................................................................................................. 60

Minicurrículo do Professor .......................................................................................................... 63


Introdução
Pra Começo de Conversa

“Frequente a escola, você que não tem casa!


Adquira conhecimento, você que sente frio!
Você que tem fome, agarre o livro: é uma arma.
Você tem que assumir o comando”.
(Bertold Brecht)
“Esperançar é se levantar, é ir atrás, é construir, é não
desistir, é levar adiante, é juntar-se com outros para fazer de
outro modo”
(Paulo Freire)
“E eu quero é que esse canto torto
Feito faca, corte a carne de vocês”.
(Belchior)

Prezad@ Estudante de Biblioteconomia, tudo bem com você?


Seja bem-vind@ à disciplina Catalogação Descritiva!
Vai começar uma nova jornada de aprendizagens. E, mais uma vez, você está sendo
chamado a assumir o comando, como diz Brecht em seu “Elogio do Aprendizado”. Mais uma vez você
está sendo chamado a aprender sempre, seja quem for, seja por onde for. Não desanime nem se
envergonhe de perguntar. Veja com os próprios olhos e saia das zonas de conforto cujas correntes,
invariavelmente, impedem a evolução.
No momento em que você assumir esse protagonismo quanto ao ato de educar-se, vai
ser construída uma real aprendizagem. Aquela que vai te transformar, que vai deixar marcas para
além da sua epiderme, “feito faca, cortando a carne…”, como diz Belchior. Mas, calma! Ninguém vai
se machucar, não! Estamos falando de uma aprendizagem profunda, que caminha ao lado do ato de
esperançar. Esperançar é movimentar-se, envolver-se, integrar-se com outros em busca de objetivos
semelhantes. Que possamos esperançar juntos, sempre!

5
Para que você tenha um melhor aproveitamento dos conteúdos que serão trabalhados, é
fundamental a leitura deste e-book. Também é importante a participação nas atividades propostas e
a audiência às videoaulas e aos podcasts. Todos os materiais foram produzidos com o objetivo de
estimular reflexões sobre as temáticas apresentadas e fazer associações com outros conhecimentos
que você já aprendeu anteriormente. Lembre-se sempre: uma mente que se abre para a
aprendizagem jamais voltará ao seu tamanho original!
Neste e-book, serão desenvolvidas três competências que vão lhe permitir: compreender
os conceitos e finalidades do Controle Bibliográfico Universal e da Catalogação; apreender noções
básicas da catalogação utilizando o AACR2R; e conhecer os elementos básicos da catalogação em
ambientes digitais. Tudo isso vai acontecer a partir de construções coletivas de aprendizagem e
muitas intertextualidades, por entre letras de músicas, poemas, vídeos, filmes e tirinhas de revistas
em quadrinhos, utilizados como poderosos recursos para ampliar curiosidades; fomentar - por que
não? - outras dúvidas; e partilhar conhecimentos, bem como disposição e alegria, que não podem
faltar.
Cada competência vai contar com duas seções introdutórias chamadas “Mora na
Filosofia”1 e “Senta que Lá Vem História”. A primeira visa lançar reflexões sobre temas contemplados
em cada competência e a segunda insere o seu contexto histórico. Uma espécie de aperitivo para te
convidar à leitura e à aprendizagem.
Aqui você vai aprender que a Catalogação Descritiva é uma das disciplinas que atuam no
tratamento da informação e que apresenta como objetivos identificar e descrever fisicamente um
objeto informacional, de modo que seja possível a sua posterior localização pelo pesquisador. Até
porque, de nada adiantaria guardar coisas e depois não conseguir encontrá-las quando você precisar,
não é mesmo?
Aqui, você será constantemente lembrado a jamais permitir que lhe matem a curiosidade
permanente diante do mundo. Isso porque é justamente essa curiosidade permanente diante do
mundo que vai fomentar em você a busca por ferramentas que lhe façam empreender a leitura desse
mundo. É com essas ferramentas que você poderá questionar sua realidade, articular-se com outras
pessoas, partilhar anseios e sonhos. Assim se pode buscar fórmulas de intervenção nesse mundo em

1
“Mora na Filosofia” é uma expressão que será usada neste e-book como sinônimo de “presta atenção (se liga) no que
vou dizer”, ou também “vamos refletir sobre o que vou dizer mais adiante”, ou ainda “viaja comigo”.

6
prol de condições mais equânimes de acesso à informação e ao conhecimento, que transformam as
pessoas, e, por conseguinte, transformam o mundo. Tenha certeza, estudante, isso é parte da missão
do bibliotecário e da bibliotecária. “Nós podemos tudo! Nós podemos mais. Vamos lá, fazer o que
será”?
Vai ser massa!
Bons estudos!

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1.Competência 01 | Compreender os Conceitos e Finalidades do Controle
Bibliográfico Universal e da Catalogação
“Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome” (Clarice
Lispector)
“Toda rosa é rosa porque assim ela é chamada”
(Marcelo Camelo)

1.1 Mora na Filosofia

Você já parou para pensar que todas as coisas que são vistas e podem ser tocadas,
inclusive as que estão à sua volta, têm nomes? A cadeira, o smartphone, a xícara de café… Também
é possível dar nome a alguns sentimentos que você tem neste momento. Alegria por estar
começando uma nova disciplina. Ansiedade para que chegue o fim de semana. Esperança por que
venham dias melhores. Mas, se o compositor Marcelo Camelo tem razão ao dizer que “toda rosa é
rosa porque assim ela é chamada”, será que podemos “desejar coisas que ainda não têm nome”,
como quis Clarice?

Para conversar com Camelo e Clarice, e te ajudar a refletir um pouco, assista a


esse vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=GPTOAYyt8BU

Agora que você já “morou” na Filosofia, estudante, fala aí: o que te deixa à flor da pele é
um sentimento, certo? Mas esse sentimento tem nome? Você sente necessidade de dar nome a esse
sentimento ou pensar sobre ele? Você sabe desde quando as pessoas sentem necessidade em dar
nome às coisas, às outras pessoas e aos sentimentos? Não?! Siga com a leitura que você já vai
descobrir.

8
1.2 Senta que Lá Vem História

A necessidade de atribuir nomes às coisas teve início há uns 10 mil anos (PINSKY, 2011),
quando muitos grupos humanos iniciaram a transição do regime de nomadismo, caracterizado pela
caça e coleta, para atividades ligadas à criação de animais e plantio. Essa revolução econômica e social
exigia a fixação dos grupos em um mesmo lugar por um intervalo de tempo que possibilitasse
acompanhar os ciclos da natureza e as estações do ano. Isso também lhes permitiu aprimorar as
capacidades de comunicação e assimilação de informações relativas ao seu cotidiano (CHOMSKY,
2018), além de observar, reconhecer, nomear e categorizar os fenômenos naturais e explicar as
origens de tudo, por meio de lendas e mitos.

Figura 1 - Revolução Neolítica


Fonte: https://imagohistoria.blogspot.com/2014/03/a-revolucao-agricola.html
Audiodescrição da Figura: Desenho em plano de fundo amarelo que representa uma figura humana segurando em uma
das mãos um chicote e em outra um instrumento de semeadura da terra ligado a duas vacas brancas, com manchas
pretas na pele e grandes chifres, que puxam o mecanismo. Há, ainda, grafismos de natureza desconhecida e algumas
plantas na parte inferior da figura. Fim da audiodescrição.

Mas uma outra revolução tão grande quanto aquela merece mais a sua atenção, por se
relacionar diretamente com seus estudos nesta disciplina. Trata-se da revolução que foi vivenciada
após o surgimento e a popularização da Prensa de Gutenberg, a partir de 1445.

A propósito, você sabe quem foi Johannes Gutenberg e por que a sua invenção
foi tão revolucionária? Não!? Relaxa. Tem problema, não! Dá uma olhada nesse
vídeo que você vai entender tudinho: https://youtu.be/MbWR3rdSuAQ.

9
Ei, estudante, antes de prosseguir, lembra de acompanhar o podcast desta
competência! Para tudo, prepara um cafezinho, pega aquele “treloso” para
acompanhar, corre lá no AVA, e vai lá curtir. É bem rapidinho. Perde, não,
visse?

1.3 Controle Bibliográfico Universal

De acordo com McLuhan (1972), e conforme você pôde ver no vídeo anterior, a palavra
impressa, como novo meio de comunicação, tornou-se o grande instrumento da civilização e da
disseminação das ideias de um novo mundo que se apresentaria a partir de fins do século XV.

SE LIGA: As Reformas Religiosas, o Iluminismo, a Revolução Industrial e a


Revolução Francesa são apenas alguns dos acontecimentos potencializados pela
circulação de informações por documentos impressos e que mudaram
consideravelmente as formas do Ocidente crer, pensar, produzir e governar. Tá
vendo, estudante, a importância de ter acesso à informação?

PARA SABER MAIS: Você sabe exatamente como funciona e como se usam as
periodizações relacionadas aos séculos? Não!? Então chegou a hora de
aprender! Dá uma olhada nesse vídeo, que você vai entender direitinho e nunca
mais vai ter dúvidas: https://www.youtube.com/watch?v=WPQOmgNSMfE.

O crescente volume de produção bibliográfica proporcionado pela prensa de Gutenberg


começou a exigir a elaboração de um controle para tudo aquilo que fosse publicado. Algo que já era
realizado na época dos pergaminhos, em 250 a.C., na Biblioteca de Alexandria2, por exemplo.

2
Poeta, gramático e bibliotecário educado em Atenas, Calímaco de Cirene, quando esteve a serviço da Biblioteca de
Alexandria, foi responsável por uma das primeiras iniciativas de organização da informação de que se tem notícia: os
pinakes. Tratavam-se de catálogos onde se registrava o número de linhas de cada obra, bem como as palavras iniciais e
os dados bibliográficos de cada autor e de suas respectivas obras. Esse sistema, embora adaptado, foi usado por

10
PARA SABER MAIS: Quer saber mais sobre a Biblioteca de Alexandria? Acesse
esse vídeo, mas não esqueça de ativar as legendas em português:
https://www.youtube.com/watch?v=jvWncVbXfJ0.

A vontade de acumular todo o conhecimento em um só lugar atravessou os séculos e as


fronteiras e fez nascer o Controle Bibliográfico Universal. Consistia no registro e no controle de todos
os documentos publicados no mundo, com o objetivo de torná-los disponíveis aos usuários, de acordo
com suas demandas.
No final do século XIX, Paul Otlet aprimorou essa ideia com o Repertório Bibliográfico
Universal; um catálogo de fichas criado para “conectar documentos aparentemente desconectados”
e reunir a bibliografia de toda a produção intelectual humana, representando um primeiro
instrumento para o acesso universal ao conhecimento registrado (MOURA; LARA, 2012).
Agora vem um desafio para você estudante: qual a diferença entre Catálogos e
Bibliografias? Observa a figura a seguir:

Figura 2 - Diferença entre Catálogos e Bibliografias


Fonte: o autor, 2022
Audiodescrição da Figura: Dois balões de diálogo, em fundo branco; um na cor azul, com uma seta indicando para o
termo “catálogos”, e outro em cor de rosa, com seta indicando para o termo “bibliografias”. Fim da audiodescrição.

bibliotecários por séculos, configurando-se como um modelo de organização do conhecimento por toda a região
mediterrânea até fins do século XIX, quando Dewey propôs abordagens mais compartilhadas e padronizadas.

11
À medida que surgiram novas tipologias documentais3, e foi ficando cada vez mais difícil
fazer um controle bibliográfico em contexto global, a Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e a Federação Internacional de Associações e Instituições
Bibliográficas (IFLA), desde 1970, começaram a desenvolver em conjunto o Controle Bibliográfico
Universal (CBU).
Na atualidade, pode-se considerar que o principal objetivo do CBU é promover um
sistema mundial de controle e permuta de informações. O que facilita a disseminação de dados
bibliográficos de todas as publicações editadas em níveis nacional e internacional.
A efetividade do CBU depende da adoção de uma política internacional elaborada pela
UNESCO e pela IFLA. Por meio dessa política, é estabelecida a adoção de padrões de descrição dos
objetos informacionais4, objetivando a cooperação bibliográfica, bem como o intercâmbio de dados
e informações.
Nesse processo, é fundamental a colaboração de cada país, que deve se responsabilizar
tanto pela padronização da descrição bibliográfica quanto pela divulgação das publicações por meio
da bibliografia nacional. Do mesmo modo, o uso de novas tecnologias da informação e comunicação
é fundamental para o aperfeiçoamento deste controle bibliográfico.
Mas você deve estar se perguntando: “quais são as diretrizes que cada país deve seguir?”.
Vamos ver isso agora mesmo na tabela disposta a seguir:
Funcionamento de uma Agência Bibliográfica Nacional
(ABN) – controle e divulgação dos dados bibliográficos
de cada publicação editada no país;
Realização do Depósito Legal;
International Standard Book Number (ISBN) e
International Standard Serial Number (ISSN);
Catalogação na publicação (regras aceitas

3
Tipologias documentais são os variados tipos de documentos de acordo com sua estrutura (suporte físico ou digital),
espécie e função. Por exemplo: abaixo assinado (documento elaborado coletivamente com o objetivo de solicitar algo);
anais (coleção organizada de todos os trabalhos, palestras, mesas-redondas ou qualquer outro tipo de conhecimento
produzido em um evento científico); artigo científico (produção textual com os principais resultados de uma pesquisa
acadêmica); contrato (documento redigido e assinado por duas ou mais parte para estabelecer acordo), entre outros.
4
Objetos informacionais são as informações registradas nos mais variados suportes, incluindo textos, imagens, registros
sonoros, representações cartográficas e páginas web, entre outros (BRASCHER; CAFÉ, 2008).

12
internacionalmente);
Padronização da catalogação descritiva (parâmetros
internacionais; intercâmbio automatizado de dados
bibliográficos e digitais; interpretação independente do
idioma do registro.

Quadro 1 - Diretrizes da Política Internacional do CBU


Fonte: o autor, 2022

Em nosso país, o órgão que é responsável pelo CBU é a Biblioteca Nacional, que fica no
Rio de Janeiro. Quanto ao Depósito Legal, de acordo com Campello (2006), trata-se da exigência de
efetuar a entrega à Biblioteca Nacional de um ou mais exemplares de qualquer publicação editada
no Brasil. Esta, por sinal, é uma das formas mais frequentes de captação de material para elaboração
da bibliografia nacional e formação da coleção que compõe a preservação da memória cultural de
um país.

PARA SABER MAIS: Que tal fazer um passeio pela história da Biblioteca
Nacional para conhecer mais sobre a sua importância? É só clicar nesse link:
https://www.youtube.com/watch?v=YjJ7Lrhj1-o.

Após a realização do Depósito Legal, é gerado um número internacional padronizado que


garante a propriedade intelectual; o Internacional Standard Book Number (ISBN). O ISBN é definido
pela Biblioteca Nacional. Ele é único para cada publicação e edição, não se repetindo em outra edição;
e identifica numericamente os livros de acordo com o título, o autor, o país e a editora. Convertido
em código de barras, o ISBN elimina as barreiras linguísticas; facilita a circulação das obras; contribui
para a interconexão de arquivos e a recuperação e transmissão de dados; e simplifica a busca e a
atualização bibliográfica, sendo utilizado também para identificar softwares e livros eletrônicos.

13
SE LIGA: Cada volume com título independente; cada um dos volumes que
compõem uma obra com mais de um volume; e todas as reedições de um
mesmo livro possuem ISBNs distintos. Existe até uma lei (a Lei nº 10.753, de 30
de outubro de 2003, que "Institui a Política Nacional do Livro"), que, em seu
artigo sexto, torna obrigatória a adoção do número internacional padronizado,
devendo ser inserido na porção inferior da “quarta capa ” do livro impresso e
no verso da folha de rosto. Para livros publicados em formato de CD-ROM, o
ISBN deve constar nas etiquetas do produto. Para publicações na Internet, deve
vir junto com o título; e em filmes e vídeos, o ISBN deve vir nos créditos.

Observe na figura disposta a seguir, onde deve ficar o número do ISBN:

Figura 3 - Capa, Quarta Capa ou Contracapa, Lombada e Orelhas de um Livro


Fonte: o autor, 2022
Audiodescrição da Figura: Imagem da capa e contracapa do livro Pedagogia da Autonomia, onde predomina a cor
pastel em plano de fundo. À direita da imagem, há uma fotografia em branco e preto do seu autor, Paulo Freire, que
usa óculos e uma roupa preta. Além de seu nome escrito em letra cursiva em cor de rosa, há descrições do título da
obra. Também consta uma breve sinopse da obra à esquerda da imagem. Há ainda as identificações da capa, lombada,
quarta capa ou contracapa e orelhas de um livro, além do ISBN, destacado por um círculo vermelho na porção inferior
esquerda da imagem. Fim da audiodescrição.

14
O ISBN é composto por 13 dígitos5, e, sempre que for escrito ou impresso, deve ser
precedido pela sigla “ISBN, e cada um dos segmentos deste número precisa ser separado por hífen,
assim como você pode verificar na figura a seguir:

Figura 4 - ISBN do Livro Pedagogia da Autonomia com a Segmentação dos Códigos Identificadores
Fonte: o autor, 2022
Audiodescrição da Figura: Sequência de números que compõem o ISBN do livro Pedagogia da Autonomia, destacados
nas cores verde (prefixo EAN); roxo (identificador de grupo, país ou área idiomática); laranja (identificador de editor);
vermelho (identificador de título); e azul (dígito de verificação). Fim da audiodescrição.

PARA SABER MAIS: Dá uma olhada neste vídeo sobre ISBN


https://www.youtube.com/watch?v=CqkxrwcSCDI.

Segundo Campello (2006), o International Standard Serial Number (ISSN), também


chamado de Número Internacional Normalizado para Publicações Seriadas, é a numeração
padronizada para a identificação de periódicos6. No Brasil, a instituição responsável pela atribuição
do ISSN é o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT).
A cada publicação seriada é atribuído um único ISSN, que identifica o título desta
publicação durante todo o seu ciclo de existência, mesmo que haja mudanças de editora, lugar de
publicação, periodicidade e política editorial. No caso de um periódico encerrar suas atividades de
publicação, o seu número serial se manterá a ele vinculado, sem ser reutilizado este número. Se
houver mudança de título, contudo, será atribuído um novo ISSN ao periódico.

5
Desde janeiro de 2007, o ISBN passou a ter 13 dígitos, tendo sido acrescentado o código 978, que identifica o produto
“livro”.
6
Periódicos são publicações em papel, ou em meio eletrônico, que costumam ser publicadas em intervalos de tempo
regulares, podendo tratar de um assunto específico ou de variados assuntos. Sua principal característica é a continuidade.
Quanto à sua periodicidade, esta pode ser diária; bissemanal (duas vezes por semana); semanal (uma vez por semana);
quinzenal (a cada 15 dias); mensal; bimestral (a cada dois meses); trimestral (quatro publicações por ano); quadrimestral
(três publicações por ano); semestral (duas publicações por ano); anual; ou quinquenal (a cada cinco anos).

15
O ISSN também é atribuído a Anais de Congressos, Seminários, Encontros e demais
eventos científicos. E, neste caso, todas as edições de um mesmo evento terão um mesmo ISSN,
desde que não haja alteração no título ou no suporte em que aquele periódico foi registrado. Vale
acrescentar que um evento que seja registrado em dois suportes distintos (físico e digital), terá dois
ISSNs distintos entre si.
O ISSN é composto por oito dígitos distribuídos em dois grupos de quatro dígitos cada um,
ligados por hífen e sempre precedidos pela sigla ISSN, conforme consta na figura disposta a seguir:

Figura 5 - Exemplo de ISSN


Fonte: o autor, 2022
Audiodescrição da Figura: Sequência de números que compõem o modelo de um ISSN de um periódico. Há destaques
em vermelho (Título ISSN); roxo (dígito de verificação); azul claro (número de emissão); azul escuro (tipo de publicação);
cor de rosa (ISSN sem dígito verificador); verde (variante de edição); e laranja (dígito de verificação). Fim da
audiodescrição.

Para sistematizar as diferenças entre ISBN e ISSN, observe o quadro disposto a seguir:

ISSN ISBN
International Standard Serial International Standard Book
Number Number
Composto por 8 dígitos Composto por 13 dígitos
Exige periodicidade de Não exige periodicidade de
publicações publicações
Atribuído um único número para Cada nova edição recebe um novo
todas as edições número
Quadro 2 - Diferenças entre ISBN e ISSN
Fonte: o autor, 2022

16
Estudante, antes de seguirmos com os conceitos e finalidades da Catalogação, observe
esse QR Code7, onde consta a lista dos materiais que recebem e que não recebem ISBN e ISSN,
organizados por Araújo (2020)8:

Figura 6 - QR CODE - Lista de Materiais que Recebem e Não Recebem ISBN e ISSN
Fonte: ARAÚJO, 2020

1.4 Catalogação

O que vem à sua mente quando ouve o termo “catálogo”? Lista de músicas ou de filmes
e séries disponíveis em suas plataformas de streaming9? Se você pensou assim, está correto!

Figura 7 - Catálogo de Filmes da Netflix


Fonte: https://multiversonoticias.com.br/confira-os-principais-lancamentos-da-netflix-fevereiro-2022/
Audiodescrição da Figura: A imagem é composta por um plano de fundo com imagens de diversos títulos de filmes e
séries. À frente dessas imagens, pode-se ler, em vermelho, o termo Netflix. Fim da audiodescrição.

7
O QR Code foi criado em 1994 pela empresa japonesa Denso-Wave. Trata-se de um código de barras bidimensional, isto
é, possui informações tanto no plano vertical como no plano horizontal. Pode ser lido facilmente por qualquer dispositivo
móvel com câmera e um leitor de QR Code. Com o QR Code é possível transmitir mensagens ou informações; ele pode
conter um texto, um link, uma localização GPS, um contato, um e-mail, um número de telefone ou um SMS.
8
Para realizar a leitura e extrair as informações de um QR Code pelo celular é muito simples. Basta abrir o aplicativo
nativo da câmera, aquele que já vem instalado em seu celular, como se fosse tirar uma foto. Depois é só apontar a câmera
do celular para o código e aguardar.
9
Segundo Moschetta e Vieira (2018), streaming é uma forma de distribuição digital que dá acesso online a um catálogo
“ilimitado” de itens gravados, instantaneamente, em qualquer hora e local, não exigindo o download antecipado destes
itens, que são armazenados em um servidor remoto e acessados sob demanda a partir de qualquer dispositivo ligado à
rede.

17
De acordo com a segunda edição do Código de Catalogação Anglo Americano (AACR2),
catálogo é uma lista de materiais, podendo ser bibliográficos ou não, e que fazem parte de uma
coleção, biblioteca ou grupo de bibliotecas, ordenada de acordo com um plano definido (AACR2,
2004).
Num sentido um pouco mais amplo, para Mey e Silveira (2009), catálogo é uma forma de
comunicação que veicula mensagens sobre registros do conhecimento, de um ou de vários acervos,
reais ou ciberespaciais, reunidos a partir de semelhanças, para que os usuários ou mediadores deste
acervo consigam localizá-lo facilmente.
Vamos contextualizar essa última definição seguindo com o exemplo do catálogo de
filmes da Netflix. Caso você esteja procurando a série “Stranger Things”, mas não saiba o seu nome,
tudo o que precisará é classificá-la nas categorias “série de TV”; “suspense”; “anos 80”;
“sobrenatural”. A plataforma irá te apresentar, no máximo, três ocorrências, dentre estas,
certamente, estará a que você está procurando!
Agora que você já tem uma ideia sobre o que seja um catálogo, será que já consegue
entender os conceitos e finalidades da catalogação no contexto da Biblioteconomia?
Catalogar é uma atividade inerente ao ser humano, tendo em vista que registramos todos
os conhecimentos que identificamos como úteis para nós, e mesmo para os outros, em estruturas
passíveis de armazenamento. Seja em nossas mentes sejam em suportes mais duráveis, como
cadernos, por exemplo.
Lembra daquela aula de Biologia, quando seu professor ou sua professora te faziam
encher o caderno de desenhos de células e suas estruturas, como o da figura 8?
Então, à medida que os desenhos iam ganhando setas, nomes e definições, você estava
catalogando o núcleo, os ribossomos, as mitocôndrias, entre outros elementos. Mas também estava
construindo uma representação10, já que estava produzindo uma imagem associada a uma coisa, no
caso, a uma célula, que existe além daquele desenho produzido por você.

10
De acordo com Sales (2014), o processo de representação começa na mente do sujeito cognoscente, isto é, da pessoa
capaz de adquirir conhecimento, e depois é externalizado por meio de um suporte informacional que garanta o seu
armazenamento para posterior partilha ou reuso daquele recurso.

18
Figura 8 - Desenho de uma Célula Animal
Fonte: https://pt.wikihow.com/Desenhar-uma-C%C3%A9lula-Animal
Audiodescrição da Figura: Imagem de um caderno escolar de espiral com pautas para escrita, onde está representada a
imagem de uma célula. Uma mão de cor de pele morena segura um lápis, como se acabasse de finalizar o desenho
desta célula. Fim da audiodescrição.

Podemos pensar, inicialmente, a catalogação como a individualização de um objeto


informacional por meio da identificação de informações a ele inerentes, a partir da elaboração de
representações destes itens, de modo a simplificar as buscas, poupando o tempo do usuário que
consulta determinado acervo.
Também chamada de Representação Descritiva, a Catalogação é dividida em três partes:
Dados de Localização11; Pontos de Acesso12; e Descrição Bibliográfica13.

11
Se referem aos códigos de classificação do livro a partir da Classificação Decimal Universal ou da Classificação Decimal
de Dewey. Mas calma, estudante! Isso você irá aprender em uma outra disciplina, chamada Representação Temática.
12
De acordo com Araújo (2020), Pontos de Acesso podem ser um nome, um termo, um título ou expressão pelo qual o
usuário pode procurar ou acessar a representação bibliográfica de um item do acervo. Os principais pontos de acesso se
fazem a partir da identificação de autor, título ou assunto da obra. Os pontos de acesso se dividem em principais e
secundários. O ponto de acesso principal é também chamado de entrada ou cabeçalho. Os pontos de acesso secundários
são todos os demais pontos de acesso, além do principal.
13
Na Descrição Bibliográfica, o bibliotecário deve retirar as informações que sejam de interesse do usuário do recurso
bibliográfico, de modo a individualizá-lo, identificando as singularidades que o diferenciam dos demais.

19
SE LIGA: Para Garrido Arilla (1999), catalogar um documento significa realizar
um processo global baseado em uma série de operações, que envolvem
identificação, ordenação, localização documental e elaboração do produto, isto
é, do registro bibliográfico. Mas não pense você, estudante, que catalogar se
resume a transcrever mecanicamente os dados localizáveis no documento.
Catalogar demanda um trabalho para o qual também são necessários
conhecimentos teóricos, conhecimentos científicos e alguma experiência.

A Catalogação é responsável pela padronização da descrição física dos objetos


informacionais, sejam livros, manuscritos, sonoros, visuais ou digitais, de modo a permitir a
Recuperação da Informação14 demandada pelos usuários. A catalogação assume, portanto, a função
de intermediação no processo de circulação de informações entre o produtor e o usuário (GARRIDO
ARILLA, 1999).
Nesse sentido, cabe dizer que toda catalogação é feita para atender a uma demanda
social de localizar a informação de modo preciso, e, assim, contribuir para a construção de novos
conhecimentos e de inovação (ARAÚJO, 2020). Isso quer dizer que se, por exemplo, um usuário
precisa escrever um trabalho escolar sobre história do automobilismo esportivo no século XX, e busca
numa biblioteca as fontes de seu trabalho, é fundamental que os livros ali contidos sobre aquele
assunto tenham sido catalogados adequadamente. Assim, a bibliotecária ou o bibliotecário
conseguirão localizar com agilidade onde estão os recursos informacionais necessários para suprir
aquela demanda do usuário.
Parafraseando Ranganathan (2009), do mesmo modo que cada leitor terá seu livro, e cada
livro, o seu leitor, os livros, ou qualquer outro objeto informacional disposto em uma unidade de
informação, foram feitos para serem usados, contribuindo para a disseminação do conhecimento.

14
Sempre que se falar em Recuperação da Informação estará sendo feita uma referência à localização exata ou à capacidade
de encontrar a informação desejada.

20
Figura 9 - Cada Leitor Tem seu Livro; Cada Livro, o seu Leitor
Fonte: http://bibliotecaearte.blogspot.com/2014/07/tirinhas-de-quadrinhos-charge-imagem.html
Audiodescrição da Figura: Desenho de cinco crianças e um cachorro. Todos leem jornais e cada um revela aquilo pelo
qual mais se interessa em suas leituras. Fim da audiodescrição.

SE LIGA: Shiyali Ranganathan foi um matemático e bibliotecário da Índia,


considerado o pai da Biblioteconomia em seu país. A partir de 1931, tornou-se
mundialmente conhecido ao publicar as “Cinco Leis da Biblioteconomia ”, que
são as seguintes:
1. Os livros são para serem lidos;
2. Cada leitor tem seu livro;
3. Cada livro tem seu leitor;
4. Poupe o tempo do leitor;
5. A biblioteca é um organismo em crescimento.

De acordo com Mey e Silveira (2010), para que a catalogação atinja seus objetivos, é
indispensável atender a cinco princípios. Veja no quadro disposto a seguir quais são esses princípios,
os seus significados e exemplos:
PRINCÍPIO SIGNIFICADO EXEMPLO
Integridade Fidelidade, Caso não haja certeza quanto à data de publicação,
honestidade na cabe ao catalogador inserir um ponto de
representação, interrogação, indicando dúvida, conforme o modelo:
transmitindo Recife: SEDUC, [200?].
informações
passíveis de
verificação.
Clareza A mensagem deve Para a catalogação de obras em uma biblioteca
ser compreensível infanto-juvenil, os termos representativos dos
aos usuários. assuntos deverão adequar-se ao público, isto é, uma

21
obra sobre pássaros deve ser catalogada como
“Pássaros”, e não como “Ornitologia”.
Precisão Cada informação só Pinsky, Jaime, 1939 -
pode representar um As Primeiras Civilizações / Jaime Pinsky. - São Paulo:
único conceito, sem Contexto, 2011.
dubiedades ou
dúvidas.
Lógica As informações Numa descrição, parte-se da informação mais
devem ser importante (título e autor) para a mais detalhada
organizadas de modo (dados de publicação, paginação, etc.).
lógico.
Consistência A mesma solução Se a biblioteca gerar pontos de acesso alternativos
deve ser sempre pelo prenome, deverá fazê-lo para todos os autores:
usada para
informações Luciano Cânfora e Cânfora, Luciano
semelhantes. Noam Chomsky e Chomsky, Noam
Quadro 3 - Princípios da Catalogação
Fonte: Mey; Silveira, 2010

1.4.1 Catalogação na Fonte

Também chamada de Catalogação na Publicação, a Catalogação na Fonte é um elemento


obrigatório para a publicação de livros em nosso país desde 1970 (BRASIL, 2003). Por meio da
Catalogação na Fonte são registradas informações a respeito de cada publicação de forma
padronizada a fim de servir tanto de referência para a inclusão do livro em bases de dados
bibliográficas quanto para nortear os principais assuntos abordados em cada obra (MENDONÇA;
BARROS, 2020).
Além disso, por meio dessa ação de catalogar um livro antes de sua publicação, durante
a fase de confecção editorial do livro, são poupados recursos e esforços por parte dos catalogadores.
Isso porque, ao chegar nas bibliotecas, o livro já apresenta a ficha catalográfica, que fica no verso da
folha de rosto15, e traz todas as informações necessárias para que o livro seja propriamente
catalogado em bibliotecas e corretamente citado em trabalhos acadêmicos.

15
A folha de rosto é um dos elementos pré-textuais mais importantes de um livro. Ela contém o título do livro, o nome
do autor, o nome e o símbolo da editora. Em alguns casos, a folha de rosto ainda apresenta o local e o ano de publicação
também. Em seu verso, é inserida a ficha catalográfica.

22
PARA SABER MAIS: Para mais detalhes sobre as partes de um livro, você pode
acessar este link: https://www.youtube.com/watch?v=RaZlUyZg2ug

Veja, na figura disposta a seguir, um modelo de ficha catalográfica:

Figura 10 - Modelo de Ficha Catalográfica


Fonte: O autor, 2022.
Audiodescrição da Figura: Representação de uma ficha catalográfica. Dentro de um retângulo, pode-se ler a expressão
“Campello, Bernadete”, ligada por uma seta ao termo “Autoria”, grafado na cor vermelha, sobre um fundo cinza. Pode-
se ler, também, dentro do mesmo retângulo, e logo abaixo, a expressão “Introdução ao controle bibliográfico”, ligada
por uma seta ao termo “Título do Livro”, grafado na cor azul, sobre um fundo cinza. Ao seu lado, separado por uma
barra diagonal, pode-se ler a expressão “Bernadete Campello”, ligada ao termo “Autoria na ordem direta”, grafado em
verde sobre um fundo cinza. Ao seu lado, separado por um travessão, há o número 2; a ele se liga, por uma seta, o
termo “Número da Edição”, grafado na cor roxa, sobre um fundo cinza. Na terceira linha da figura, há as expressões
“Brasília, DF”; “Briquet de Lemos”; e “Livros 2006”, aos quais se ligam por meio de setas os seguintes termos,
respectivamente: “Local de Publicação”, grafado em azul; “Nome da Editora”, grafado em verde; e Data de Publicação”,
grafado em marrom. Abaixo, também dentro do mesmo retângulo, há a expressão “ISBN 85-85637-28-5”, ligada por
uma seta ao termo “Número do ISBN”, grafado em cor de rosa, com fundo cinza. Mais abaixo, dentro do mesmo
retângulo, há a expressão “1. Bibliografia nacional 2. Controle Bibliográfico. I. Título”, ligada por uma seta ao termo
“Assuntos (em formato de palavras-chave)”, grafado na cor vermelha com fundo cinza. E, por fim, há a expressão “CDD
025.3”, ligada por uma seta ao termo “Número de Classificação por Assunto”. Fim da audiodescrição.

Vale lembrar que a ficha catalográfica deve ter 12,5 cm de largura e 7,5 cm de altura.
De acordo com Mendonça e Barros (2020), a Catalogação na Fonte é a elaboração da ficha
catalográfica, que deve ser impressa no verso da folha de rosto de um livro, tese ou dissertação. A
ficha catalográfica contém as informações bibliográficas necessárias para a identificação do

23
documento na fonte, a sua inclusão em bases de dados bibliográficas e sua posterior recuperação. O
que também contribui para o Controle Bibliográfico Universal.
Mas você deve estar se perguntando: “quais são os dados necessários para se catalogar
um livro?”. Se liga nesse quadro disposto a seguir:

Dados Necessários para a Catalogação


Nome do Autor
Título e Subtítulo do Livro
Ano de Publicação
Quantidade de Páginas
Cidade
Assuntos (de 3 a 4)

Quadro 4 - Dados Necessários para a Catalogação


Fonte: Mey; Silveira, 2009

1.4.2 Catalogação Cooperativa

De acordo com Lourenço (2018), ainda no século XIX, a elaboração de fichas catalográficas
começou a preocupar os bibliotecários quando se começou a perceber que elas eram confeccionadas
de modos diferentes, e um mesmo livro podia apresentar fichas catalográficas distintas. Buscou-se,
então, os primeiros estudos para que fosse estabelecido um padrão mundial, tudo isso,
naturalmente, sem os recursos tecnológicos de informação e comunicação de que dispomos na
atualidade.
A proposta da Catalogação Cooperativa era para que os bibliotecários e as bibliotecárias
unissem esforços no sentido de trabalhar de forma integrada, desenvolvendo uma cultura
colaborativa entre diferentes bibliotecas com o objetivo de partilhar as fichas de catalogação de
modo que uma obra já catalogada por uma biblioteca não precisasse ser catalogada por outra (SANTA
ANNA, 2017). Formava-se, assim, um catálogo coletivo compartilhado; um processo um tanto
demorado por conta das limitações tecnológicas da época quanto à intercomunicação, todavia, muito
importante enquanto iniciativa.
Atualmente, segundo Lourenço (2018), com os catálogos coletivos de que dispomos
internacionalmente, acervos que ainda não tenham sido informatizados podem, rapidamente, por
meio dos recursos da catalogação cooperativa, informatizar os seus catálogos.

24
Antes de finalizar a primeira parte deste e-book, assista a esse vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=Zgf_Pv3qM6Q . Ele trata da regra dos
dois minutos. Não deixe de ver, isso pode mudar a sua vida!

Agora que você já conhece a regra dos dois minutos, você já pode se animar e realizar as
atividades da semana! Mas, antes disso, não deixe de assistir à videoaula desta competência nem de
interagir nos fóruns. A gente se vê na competência 2, combinado? Até lá!

25
2.Competência 02 | Apreender Noções Básicas da Catalogação Utilizando
o AACR2R
“Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho servirá” (Lewis
Carroll)
“A ponte não se sustenta por esta ou aquela pedra, mas pela curva
do arco que todas elas ajudam a formar; sem pedras, não há arco
ou mesmo ponte”
(Ítalo Calvino)

2.1 Mora na Filosofia

Na epígrafe16 que antecede este “Mora na Filosofia”, o autor de Alice no País das
Maravilhas, um dos mais fascinantes e misteriosos livros já escritos, foi colocado para conversar com
um dos mais importantes escritores italianos do século XX.
Quando Carroll diz que qualquer caminho serve se você não sabe para onde ir, pode-se
inferir que, ainda que não exista um caminho predefinido a seguir, ele se fará por suas escolhas. E
essas escolhas precisam estar orientadas a um objetivo; do contrário, se não houver objetivos,
quaisquer escolhas podem ser feitas. É preciso, portanto, um planejamento.
Para Calvino a importância das pedras, que, juntas, formam o arco e a ponte, tem um
sentido metafórico17. A ponte (e o arco) seria a comunicação que se estabelece entre duas pessoas,
e as pedras seriam a habilidade de quem conta a história e a capacidade de entendimento de quem
escuta.

16
Epígrafe é uma frase, que, colocada no início de um texto, serve de tema ao assunto ou para resumir o sentido ou situar
a motivação da obra; mote.
17
Metáfora é uma figura de linguagem responsável por fazer comparações não explícitas, ou seja, de um sentido literal
para um sentido figurado. Por exemplo, “Ela é meu esporte radical; poderosa, viciante, mas não faz mal. Ela é meu
docinho” (FRED 04, 2000).

26
O planejamento e a comunicação estão presentes tanto na canção presente
neste vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=kIIKAigKNw8 quanto nas
rotinas dos profissionais da informação, e a apreensão das noções básicas de
catalogação com o AACR2 vão te provar isto ao fim desta competência. Plantei
a semente da curiosidade em você? Espero que sim!

Agora que você já “morou” na Filosofia e ouviu uma musiquinha em que o cantor tenta
descrever o que sente por sua “galega”, segue com a leitura, e senta, que lá vem história!

2.2 Senta que Lá Vem História

Desde quando os grupos humanos precisaram guardar informações, vêm sendo


desenvolvidas práticas de organização dos acervos formados e de localização de determinados itens
em meio a grandes coleções. Você aprendeu na competência anterior que catálogos já eram
utilizados antes de Cristo, na Biblioteca de Alexandria, e mesmo muito antes disso18.
No final do século IV d.C., após o Império Romano adotar o Cristianismo como religião
oficial, as grandes cidades começam a ser cercadas por mosteiros e conventos, que passam a ser os
únicos preservadores, copistas e catalogadores de livros (ARIÉS; DUBY, 2000). Controlar e conhecer
os assuntos de que tratavam os livros guardados em suas bibliotecas eram fundamentais à
manutenção do poder da Igreja Católica na Idade Média.

18
De acordo com Gabriela Pedrão (2019), os catálogos existem há tanto tempo quanto as próprias bibliotecas; registros
um tanto obscuros, parecem indicar que sumérios e babilônios, desde 2.000 a.C., desenvolveram listas com o objetivo de
organizar o conhecimento.

27
SE LIGA: Ao longo da Idade Média, a Igreja Católica garantiu não apenas a
unidade religiosa, mas também a unidade política e cultural. Controlando a fé e
o acesso ao conhecimento, a Igreja ditava todos os elementos da vida; desde o
nascimento, o casamento e a morte até as formas de festejar, pensar e agir das
pessoas. Para ter um pouco da dimensão da importância desse controle de
acesso ao conhecimento, dá uma olhada neste vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=2JFbBbdARls.

Desse modo, a Igreja, o Estado e as classes dominantes, ao longo de toda a história da


humanidade, criaram e mantiveram lugares que preservavam o conhecimento ao mesmo tempo que
o mantinham distante das pessoas. Pensar, e, por conseguinte, questionar a ordem das coisas e as
narrativas que as legitimam, pode ser muito perigoso!

Figura 11 - Viver sem Ler é Perigoso!


Fonte: encurtador.com.br/cyAMP
Audiodescrição da Figura: Mafalda, uma menina branca de cabelos pretos e laço na cabeça, e seu colega, de cabelos
curtos e claros, estão sentados à mesa. Eles seguram cadernos e lápis. Enquanto olha para o colega, Mafalda diz: “Viver
sem ler é perigoso porque obriga-te a acreditar no que te dizem”. Fim da audiodescrição.

Pensando por este prisma, se a catalogação visa que a informação seja localizada com
rapidez para que possa atender a uma demanda social por construção de conhecimento, conforme
você já aprendeu, não vai parecer surpresa o fato de que até o século XIV, muito poucas iniciativas
relacionadas à catalogação foram dignas de nota.
Mesmo as bibliotecas universitárias, em geral, possuíam reduzidos acervos, o que não
justificou maiores inovações.

28
Assim, tanto as bibliotecas quanto os arquivos dessa época voltavam-se
fundamentalmente para a custódia dos seus acervos, limitando-se ao desenvolvimento de técnicas
de preservação e gerenciamento, sem maiores reflexões sobre a sua função social. Até porque as
pessoas não tinham acesso à educação regular; somente alguns membros da Igreja e outros poucos
nobres sabiam ler.
Mey e Silveira (2009), no entanto, destacam, em meados do século XVI19, o surgimento
de catálogos que incluíam nos registros índices alfabéticos de autor e os nomes dos editores e
tradutores das obras. Muitos estudiosos começaram, neste período, a apresentar sugestões de
melhorias para os sistemas de catalogação das bibliotecas.
Já em fins do século XVIII, após a Revolução Francesa, as bibliotecas que pertenciam à
nobreza foram todas confiscadas e transformadas em bibliotecas públicas. O que demandou o
estabelecimento de normas para sua organização e o surgimento do primeiro código nacional de
catalogação20 (ORTEGA, 2004).
Além disso, Gabriela Pedrão (2019) acrescenta que foi durante o século XVIII que a
pesquisa científica começou a crescer e se especializar, o que aumentou o tamanho das bibliotecas,
e, por conseguinte, das necessidades por organização da informação.
A partir do século XIX a catalogação começa a receber preciosas contribuições, que
chegaram a repercutir em suas práticas atuais. Não é exagero considerar que essa época
testemunhou um salto evolutivo, que representou uma era de ouro para a catalogação.
Os maiores inovadores desta época, bem como suas principais contribuições, podem ser
vistos no quadro disposto a seguir:

91 regras de catalogação;
Antonio
Panizzi Inovações no formato de registro de obras e davam diretrizes para entrada
(1797- principal, padronização de nomes de autores, títulos de nobreza,
1879) personagens religiosos, obras anônimas, obras raras, periódicos, coleções e
até mesmo quanto ao formato físico dos livros.

19
Não perca de vista o fato de que nessa época, a prensa de Gutenberg já estava contribuindo para o aumento da produção
e circulação de livros. Lembra que vimos isso lá na competência anterior? Está tudo interligado!
20
O código francês determinava: 1) que se transcrevesse a página de rosto, sublinhando o sobrenome do autor para a
alfabetação; 2) que quando não houvesse autor, seria sublinhada a palavra mais significativa do título; 3) incluíam-se dados
físicos: número de volumes, tamanho, ilustrações, material de que o livro era feito, encadernação e indicação de falta de
páginas.

29
Charles Determinou a finalidade de um código de catalogação;
Jewett
(1816- Defendia que as regras de catalogação devem evitar ao máximo a
1868) subjetividade e o julgamento do catalogador.
Melvil Organizou algumas regras simplificadas de catalogação;
Dewey
(1851- Lembrado principalmente pela Classificação Decimal que recebeu seu
1931) nome.
Determinou os objetivos do catálogo;

Seu trabalho tornou-se um exemplo de catalogação prática adequada ao


usuário;
Charles
Regras de leitura simples e elaboração muito completa, com diretrizes para
Cutter
catalogação de assuntos, de materiais especiais e para a organização de
(1837-
catálogos auxiliares;
1903)
Famoso também por sua Tabela Cutter, utilizada ainda hoje, que consiste
em uma tabela para a organização de sobrenome de autores através da
representação das iniciais de cada sobrenome combinadas com um código
numérico.
Paul Otlet Criaram o Institut International de Bibliographie (IIB), com o objetivo de
(1868- levantar os registros de todas as obras publicadas até então no mundo
1944) todo.
e
Henri La Criaram uma nova classificação, baseada em Dewey, mas mais
Fontaine especializada, a Classificação Decimal Universal.
(1854-
1943)

Quadro 5 - Inovadores e Inovações na Catalogação do Século XIX


Fonte: o autor, 2022

No século XX, quando os catálogos já estavam amplamente difundidos e já havia códigos


nacionais de catalogação espalhados pelo mundo, grandes inovações aconteceram. Desde a
padronização de fichas catalográficas a partir de sua comercialização pela Library of Congress
(Biblioteca do Congresso Americano), passando pelo Código da Vaticana, até as Cinco Leis da
Biblioteconomia, a criação do Controle Bibliográfico Universal, e a criação do Código de Catalogação
Anglo-Americano (AACR e AACR2).
Você pode acompanhar com mais detalhes esses marcos da catalogação no século XX na
figura disposta a seguir:

30
Figura 12 - Linha do Tempo Catalogação Século XX
Fonte: O autor, 2022.
Audiodescrição da Figura: Linha do tempo em que sete datas grafadas na cor branca e dispostas em pequenos
retângulos na cor laranja, se ligam a sete imagens representativas de acontecimentos marcantes do século XX, e que,
por sua vez, se ligam a sete breves descrições grafadas na cor preta e dispostas em quadros com planos de fundo
brancos. Fim da audiodescrição.

Como você pôde observar, ao longo do século XX, a catalogação evoluiu muito no sentido
de facilitar a vida tanto do leitor quanto do profissional de biblioteca, sobretudo por conta da partilha
de boas práticas entre as instituições. Em resumo, a padronização e a cooperação ganham espaço e
importância (PEDRÃO, 2019).

Antes de prosseguir com sua leitura, deixa eu te lembrar de acompanhar o


podcast desta competência! Para tudo, faz mais café, e, sem demora, acessa o
AVA para curtir a segunda edição do nosso bate-papo. Tu vai perder, é?

2.3 Conhecendo o AACR2

Todas as vezes que você ouvir a expressão “AACR2”, a partir de agora, vai entender que
ela é sigla para Anglo-American Cataloguing Rules, ou Código de Catalogação Anglo-Americano, em
sua segunda edição. Trata-se de um compêndio de regras tanto para a criação de descrições
bibliográficas quanto para a escolha, construção e atribuição dos pontos de acesso.

31
O AACR2 está organizado em dois volumes, ou partes. A Parte I traz instruções para a
formulação da descrição de materiais de biblioteca, e está dividida em 13 capítulos. No primeiro
destes estão as Regras Gerais, que norteiam o processo de catalogação, enquanto os demais capítulos
tratam de materiais específicos a serem catalogados.
A Parte II aborda a escolha dos pontos de acesso para as entradas principais e secundárias,
da forma dos cabeçalhos, dos títulos uniformes e das remissivas.
Veja no quadro disposto a seguir a listagem de cada uma dessas duas partes e vamos ver
se você consegue observar uma particularidade nesta listagem, combinado?

Parte I

Introdução Parte I

1 Regras Gerais da Descrição


2 Livros, Folhetos e Folhas Impressas
3 Materiais Cartográficos
4 Manuscritos (incluindo Coleções Manuscritas)
5 Música
6 Gravações de Som
7 Filmes Cinematográficos e Gravações de Vídeo
8 Materiais Gráficos
9 Recursos Eletrônicos
10 Artefatos Tridimensionais e Realia
11 Microformas
12 Recursos Contínuos
13 Análise

Parte II

Pontos de Acesso, Títulos Uniformes, Remissivas


Introdução Parte II

21 Escolha dos Pontos de Acesso


22 Cabeçalhos para Pessoas
23 Nomes Geográficos
24 Cabeçalhos para Entidades
25 Títulos Uniformes
26 Remissivas

32
Quadro 6 - Listagem das Seções que Compõem as Duas Partes do AACR2
Fonte: Código de Catalogação Anglo Americano, 2004.

Então, achou a particularidade? Não!? Então vou te dizer. Não há capítulos numerados
entre 14 e 20; e esse espaço foi deixado justamente para que possa haver inclusões futuras de novos
materiais que possam surgir e ainda não façam parte da divisão de capítulos existentes na Parte I.
Nas duas seções seguintes, você irá entender mais sobre os pontos de acesso e sobre a
descrição bibliográfica. Vamos nessa?

2.4 Pontos de Acesso

Para que consiga localizar determinado item em um acervo é preciso que o usuário ou o
profissional que atua naquele acervo tenha alguma informação sobre este item, tais como o seu
nome, o seu título ou pelo menos um dos assuntos abordados. Do contrário, situações como a da
figura a seguir seriam ainda mais constantes do que alguns testemunhos podem revelar.

Figura 13 - Como Localizar o Livro Solicitado por este Usuário?


Fonte: https://br.pinterest.com/pin/385831893070593206/.
Audiodescrição da Figura: Desenho de uma personagem que representa uma bibliotecária. Sua pele é verde, ela usa
óculos de grau com correntinha e uma blusa na cor vinho. Atrás dela há uma série de pastas em cima de armários e
arquivos. Ela não parece estar de bom humor diante da pergunta que lhe é feita: “Pode me emprestar o livro grande
que meu colega pegou ontem?”. Mentalmente, ela responde: “Ai, meu Deus do Céu…”. Fim da audiodescrição.

O nome, o título ou o assunto de determinado recurso informacional21 fazem parte do


seu ponto de acesso. É a partir deles que conseguimos identificar um item específico para poder
recuperá-lo. Os pontos de acesso são divididos em principais22 (também chamados de entrada ou

21
Recurso informacional é qualquer material que contenha ou conserve informação seja impresso ou digital.
22
O ponto de acesso principal de uma obra será: o nome do autor, quando houver apenas um autor responsável pela
obra; o nome do primeiro autor citado quando houver até três autores; o nome autor indicado como principal, quando
houver quatro ou mais autores; o título da obra quando houver quatro ou mais autores e nenhum desses for indicado

33
cabeçalho) e secundários23 (todos os demais pontos de acesso, excetuando-se o principal). Vamos ver
um exemplo desses pontos de acesso?

Figura 14 - Pontos de Acesso Principal e Secundário


Fonte: https://normas-abnt.espm.br/index.php?title=Ficha_catalogr%C3%A1fica_(obrigat%C3%B3rio)
Audiodescrição da Figura: Representação de uma ficha catalográfica. Destacado em vermelho, na parte superior
esquerda da imagem, pode-se ler a expressão “Vivian, Ariane”, de onde parte uma seta vermelha que se liga à sua
definição, onde está escrito, também em vermelho: “Ponto de Acesso Principal”. Na parte inferior da imagem,
destacado em azul, pode-se ler o seguinte texto: “1. Marketing de Serviços. 2. Comportamento do consumidor. 3.
Condutores do sexo feminino. 4. Serviços de táxi – Percepção dos usuários. I. Ugalde, Marise Mainieri de. II. Escola
Superior de Propaganda e Marketing. III. Título.”. Deste texto parte uma seta azul, que o liga à expressão “Pontos de
Acesso Secundários”. Fim da audiodescrição.

2.5 Área de Descrição Bibliográfica

Além dos pontos de acesso primário e secundário, é possível identificar um recurso


informacional a partir de um conjunto de descrições mais específicas do que “aquele livro grande,
que meu colega pegou emprestado ontem”, como você viu na figura 14.
A Área de Descrição Bibliográfica propostas pelo ISBD24 são: Título da Obra; Identificação
de Responsabilidade; Edição; Especificidade do Material ou Tipo de Publicação; Dados de Publicação
(local, editora, data); Descrição Física; Série; Notas; e Número Normalizado (ISBN para o caso de livros
e ISSN para o caso de periódicos).
Veja na figura a seguir o espaço que compreende a área de descrição bibliográfica:

como principal; o título da obra quando ela for anônima; o título da obra, quando esta contiver várias obras
independentes, de autores diversos, reunidas em um título geral, ou coletivo (ARAÚJO, 2020).
23
Os pontos de acesso secundário de uma obra serão: título, desde que este não seja ponto de acesso principal; outros
autores quando houver até três; primeiro autor citado, quando houver quatro ou mais autores e nenhum indicado como
principal; coordenadores, organizadores ou editores responsáveis por uma coletânea de obras com título coletivo; série,
quando o livro pertencer a uma série; assuntos (ARAÚJO, 2020).
24
International Standard Bibliographic Description (Descrição Bibliográfica Internacional Normalizada), conhecida como
ISBD, é um padrão desenvolvido pela International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA) para a criação
de descrições bibliográficas.

34
Figura 15 - Áreas de Descrição Bibliográfica
Fonte: https://shre.ink/H4h
Audiodescrição da Figura: Representação de uma ficha catalográfica. Destacado em um retângulo vermelho, podem-se
ler as seguintes informações: “Saberes ambientais: reflexões sobre a relação sociedade-natureza / Cláudio Jorge Moura
de Castilho... et al, organizado por Antônio Hélton Santos, Manuela do Nascimento, Bruno Pontes, Ananindeua, PA:
Itacaiúnas, 2020. 204 p. il, PDF, 4,23 MB. Inclui índice e bibliografia. ISBN: 978-65-990164-3-1.”. Deste retângulo
vermelho, parte uma seta vermelha, que se liga à expressão: “Área de descrição bibliográfica”. Fim da audiodescrição.

Vamos entender cada uma dessas áreas?


Título: nome do recurso informacional. Quando houver subtítulo, este deverá ser
antecedido de espaço e dois pontos. Verifique o modelo da figura 15, onde aparece um título com
subtítulo.
Indicação de Responsabilidade: o nome da pessoa que é a responsável intelectual pelo
conteúdo da obra, ou seja, o seu autor ou autora. A indicação de responsabilidade é precedida de
espaço, barra diagonal e espaço. Quando houver mais de um autor, os coautores devem ter seus
nomes inseridos na área de indicação de responsabilidade se forem até três coautores, devendo seus
nomes ser separados por vírgulas. Havendo quatro ou mais coautores, registra-se o primeiro citado,
seguido de espaço, reticências, espaço e da expressão latina et al. entre colchetes (... [et al.]).
Verifique o modelo da figura 15, onde aparece a expressão “et al”.
Ainda na área de responsabilidade, podem ser inseridos os nomes de organizadores,
tradutores, ilustradores, revisores, prefaciadores, entre outros. Para cada uma dessas especificações,
o termo deve ser antecedido de ponto e vírgula [ ; ]. Verifique o modelo da figura 16, onde aparecem
os nomes de organizadores.
Edição: são todas as cópias de um livro, por exemplo, que foram produzidas pela mesma
matriz e publicadas pela mesma editora. A indicação de edição deve ser feita com um número seguido

35
do termo [2. ed.] ou seu equivalente em outras línguas. A área de edição é precedida de ponto,
espaço, travessão e espaço [. — ]. Quando a obra catalogada se tratar de uma primeira edição, essa
informação pode ser suprimida, mas a partir da segunda edição, deve ser grafada conforme o
exemplo a seguir:

Figura 17 - Detalhe da Área de Edição de uma Ficha Catalográfica


Fonte: o autor, 2022.
Audiodescrição da Figura: Representação de uma ficha catalográfica, onde aparecem as seguintes informações:
“Lispector, Clarisse. Perto do Coração Selvagem / Clarice Lispector. 9.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980”.
Destacado por um pequeno retângulo vermelho, está a expressão: “ – 9.ed. –“. Fim da audiodescrição.

Especificidade do Material ou Tipo de Publicação: Este campo é utilizado apenas para a


descrição de materiais cartográficos; música; recursos eletrônicos; recursos contínuos e microformas.
Dados de Publicação (local, editor, data): Quando é registrado o nome da cidade onde
está localizada a editora ou o responsável pela publicação ou produção do recurso informacional.
Caso não seja identificado o local, deve ser utilizado o termo sine loco (sem local), representado da
seguinte forma: [S.l.], que significa sine loco (sem local). Antes do local de publicação deve ser
inserido ponto, espaço, travessão e espaço [. — ]. Veja o modelo na figura a seguir:

Figura 18 - Detalhe da Área de Dados de Publicação de uma Ficha Catalográfica


Fonte: o autor, 2022
Audiodescrição da Figura: Representação de uma ficha catalográfica, onde aparecem as seguintes informações:
“Lispector, Clarisse. Perto do Coração Selvagem / Clarice Lispector. 9.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980”.
Destacado por um pequeno círculo azul, está o sinal gráfico do travessão. Está sublinhado em vermelho a seguinte
expressão: “ – Rio de Janeiro”. Fim da audiodescrição.

O segundo dado de publicação é o editor. É o responsável pela publicação ou produção


da obra, e deve ser transcrito da forma mais breve possível, desde que com tal abreviatura, possa ser
reconhecido. No caso de não ser identificado o nome do editor, deve ser utilizada a expressão: [S.n.]

36
sine nomine (sem nome de editora). O nome do editor é precedido de espaço, dois pontos e espaço
[: ]. Veja novamente a figura 18, logo na sequência ao local de publicação, é inserido o nome da
editora.
O terceiro dado de publicação é a data de produção, ou seja, a data em que a obra foi
editada. Veja mais uma vez, na figura 18, a data de publicação antecedida pelo nome da editora.
Vale lembrar que é indispensável inserir a data na catalogação, ainda que ela seja provável
ou presumida. Neste caso, quando nenhuma data puder ser determinada com precisão, deve ser
fornecida uma data aproximada de publicação, que pode variar conforme o modelo do quadro
disposto a seguir:
[1985 ou 1986] - quando houver dúvida entre um ano e outro
[1999] - data provável, mas não há certeza
[entre 1809 e 1827] - use apenas para datas com menos de 20 anos de diferença
[ca. 1950] - data aproximada
[196-] - quando houver certeza quanto à década
[197-?] - década provável, mas não há certeza
[18--] - quando houver certeza quanto ao século
[18--/] - século provável, mas não há certeza

Quadro 7 - Modelo para Casos de Dúvidas quanto a Datas de Publicação


Fonte: o autor, 2022

Descrição Física: Neste campo é onde se registra a extensão do item, ou seja, o número
de páginas ou volumes, e também informações sobre a presença de ilustrações, o tipo de material, a
cor, o tipo de gravação, ou a velocidade de projeção, de acordo com a natureza do recurso
informacional (livro, LP, CD, DVD, entre outros). Ainda podem ser inseridas as dimensões, que variam
de acordo com o suporte físico, como, por exemplo, a altura do livro, ou o diâmetro de um disco, ou
ainda as dimensões de um jogo de tabuleiro. As dimensões, quando mencionadas25, devem ser
expressas em centímetros, abreviadas da seguinte forma: [cm].
Observe na figura disposta a seguir as informações destacadas em vermelho relacionadas
à descrição física do recurso informacional:

25
De acordo com Araújo (2020), o registro das dimensões dependerá da utilidade desta informação. Inúmeras bibliotecas
não mais registram a dimensão do livro, por ser de nenhuma utilidade prática, exceto para acervos organizados por
tamanho.

37
Figura 19 - Ficha Catalográfica com Destaque para a Descrição Física
Fonte: encurtador.com.br/twAJ2
Audiodescrição da Figura: Representação de uma ficha catalográfica, onde aparecem destacadas as seguintes
informações: “122 p. : il.fot.; 22cm”, circulada em vermelho. Circulado em azul, pode-se ler a seguinte expressão: “ISBN
978-85-63824-25-7”. Fim da audiodescrição.

Série: É onde são registrados o título da série e o número do livro da série. Um livro pode
pertencer a uma série ou coleção quando o seu organizador, ou editor, reúne um conjunto de obras
tendo como base o seu valor ou o interesse que esse conjunto pode suscitar para determinada área
do conhecimento. Veja, na figura a seguir, um exemplo de ficha catalográfica que indica que
determinada obra faz parte de uma coleção:

Figura 20 - Ficha Catalográfica com Destaque para Série ou Coleção


Fonte: https://papodeautor.com.br/registro-de-livro-e-de-autor/
Audiodescrição da Figura: Representação de uma ficha catalográfica, onde aparece destacada, em verde, a seguinte
informação: “(Coleção Clássicos de Ouro)”. Fim da audiodescrição.

Notas: Nesta seção é onde são registradas todas as informações relevantes, mas que não
ocupam um lugar específico. As notas devem ser concisas para não sobrecarregar o leitor com
excesso de informações. Veja um exemplo na figura disposta a seguir:

38
Figura 21 - Nota Referente à Presença de Índice e Bibliografia na Obra
Fonte: o autor, 2022.
Audiodescrição da Figura: Representação de uma ficha catalográfica, onde aparece destacada, em vermelho, a seguinte
informação: “Inclui índice e bibliografia”. Desta expressão destacada, parte uma seta vermelha, que se liga à expressão:
“Nota referente à presença de índice e bibliografia na obra”, também escrita em vermelho. Fim da audiodescrição.

Número Normalizado (ISBN para o caso de livros e ISSN para o caso de periódicos). Veja,
na figura 19, o destaque em azul, onde deve ser inserido o ISBN (para o caso de livro).

2.6 Considerações Importantes

Utilizando o AACR2 o catalogador conseguirá descrever diversos tipos de material, já que,


deve-se enfatizar que a Catalogação Descritiva não se resume a livros. Como você pôde ver, na figura
13, materiais cartográficos, manuscritos, músicas, gravações de som, filmes cinematográficos,
materiais gráficos, recursos eletrônicos, artefatos tridimensionais e realia26, entre outros, podem ser
catalogados com o auxílio do AACR2.
Para efeitos de uma aprendizagem de noções básicas de catalogação, que é o objetivo
desta competência, foram abordados apenas procedimentos relacionados a livros impressos e artigos
de periódicos. Isso porque estes dois tipos de artefatos representam o que é mais demandado na
atuação do catalogador.
Agora tem aqui um recado para você, que está pensando na quantidade de informações
que precisa dominar para fazer uma catalogação. Calma… respira! Respira de novo… Respirou?
Massa! Vê só: a maioria das coisas que você tem visto neste e-book serão aprendidas, efetivamente,
com a prática.

26
Realia é como os bibliotecários denominam os objetos desprovidos de linguagem, extraídos da natureza ou fabricados
pelo homem.

39
Além do mais, o AACR2 é um manual que está à disposição do catalogador para ser
consultado. Dúvidas sempre existirão, e por isso é tão importante ter o AACR2 sempre à mão. Por
isso também é tão importante partilhar dúvidas com seus colegas de trabalho e superiores. Lembra
da Catalogação Cooperativa e seus princípios de partilha de experiências e boas práticas? Pois é por
aí mesmo!

Antes de finalizar a segunda parte deste e-book, assista a esse vídeo:


https://www.youtube.com/watch?v=dd1bsHYYqjg. Ele trata da importância
de a pessoa buscar fazer o melhor possível nas condições que tem, enquanto
não dispõe de condições julgadas como mais adequadas. Não deixe de ver,
isso pode mudar a sua vida!

Então, estudante, depois de assistir ao vídeo, diz aí: o que é o impossível? O poeta,
romancista, cineasta, designer, dramaturgo, ator e encenador de teatro francês, Jean Cocteau, certa
vez, proferiu a seguinte frase: “não sabendo que era impossível, foi lá e fez”. É bem verdade que essa
máxima de Cocteau tenha sido atualizada num contexto de humor, conforme se pode ver na figura
disposta a seguir:

Figura 22 - Foi Lá e Mandou Fazer


Fonte: https://mentirinhas.com.br/mentirinhas-501/
Audiodescrição da Figura: Tirinha com quatro quadros. No primeiro, um homem branco e um pouco calvo, usando
camisa azul e gravata roxa, segura um livro de cor laranja, enquanto está sentado, e olha fixamente para uma pilha de
papéis que estão sobre sua mesa. Em letras brancas, pode-se ler: “Não sabendo que era impossível…”. No quadro
seguinte, ele, que está de pé, e parece caminhar, faz um grande esforço para carregar todos os papéis. Em letras
brancas, pode-se ler: “...ele foi lá…”. No terceiro quadro, o homem de camisa azul joga a pilha de papéis sobre a mesa
de outro rapaz, que está sentado, e vestindo uma camisa cor de rosa. O impacto e o barulho dos papéis sobre a mesa
assustam o rapaz de camisa cor de rosa. No quarto quadrinho, o homem de camisa azul, antes de sair de cena, deixando
o outro rapaz, com um ar de preocupação e tristeza, olhando para a pilha de papéis, lhe diz: “Pra amanhã!”. Em letras
brancas, pode-se ler: “...e mandou fazer.”. Fim da audiodescrição.

40
Mas, brincadeiras à parte, agora que você refletiu sobre como é importante não se
habituar ao possível, e começa a suspeitar que o impossível não é um fato, e pode ser apenas uma
questão de opinião, como ensinou Mário Sérgio Cortella, já pode realizar as atividades da semana!
Mas, calma!! Antes disso, não deixe de assistir à videoaula desta competência e lembra de interagir
nos fóruns. Nos vemos na competência 3, combinado? Até lá!

41
3.Competência 03 | Saber Operar Elementos Básicos da Catalogação em
Ambientes Digitais
“Nenhum problema pode ser resolvido pelo mesmo estado de
consciência que o criou”
(Albert Einstein)
“Você não pode mudar o vento, mas pode ajustar as velas do barco
para chegar onde precisa”
(Confúcio)

3.1 Mora na Filosofia

Olá, estudante! Na terceira e última edição do “Mora na Filosofia” a conversa é sobre


adaptabilidade. Separados por mais de 2 mil anos e pertencentes a civilizações diferentes, Einstein e
Confúcio se encontram no seu e-book justamente por falarem da capacidade de adaptação a novas
situações, circunstâncias e necessidades.
Tanto a mudança de um estado de consciência para resolver problemas quanto o ajuste
das velas para alcançar o lugar desejado demandam, além de tentativas e erros, partilhas de
aprendizagens e de experiências. Seja no ambiente científico em que o Prêmio Nobel de Física27
alcançou a sua notoriedade, ou nas relações sociais externalizadas pela cosmovisão de Confúcio28,
perceber a necessidade de mudança diante do surgimento de problemas ou dificuldades é
fundamental para a sobrevivência das pessoas ou mesmo de organizações.
É a partir da compreensão de que somos seres da constante mudança, e que a única
forma de não desaparecer é adaptar-se às novas condições, que emerge o conceito de inovação29,

27
O físico alemão Albert Einstein (1879-1955), em 1922, foi premiado com o Nobel de Física por seus serviços à Física
Teórica, em especial, por sua descoberta da Lei do Efeito Fotoelétrico.
28
A cosmovisão, ou visão de mundo de Confúcio enfatizava as relações políticas, éticas e educacionais, e, mesmo depois
de mais de 2.500 anos, exerce imensa influência sobre o pensamento e a mentalidade chinesa nos dias de hoje.
29
Inovação é fazer algo novo, seja uma ideia, um produto ou um serviço, a partir da busca pela superação de um problema
relacionado a algo que já existe e é conhecido, utilizando de criatividade e ousadia para seguir um caminho ainda não
escolhido por outros. A inovação é um processo de criação de valor para uma ferramenta (tecnologia) e não se trata de
uma meta ou de evento isolado, mas de um processo, de um valor a ser cultivado como fator-chave para a sobrevivência
da empresa (GOUVEIA JUNIOR, 2022).

42
amplamente abordado na disciplina Elementos da Estatística. Disciplina esta que você já estudou, ou
irá estudar, até o fim deste curso.
Mas voltando a esse conceito de inovação, é ele que vai te levar para a próxima seção.
Então, como já é de costume, escolhe uma posição confortável, e… senta que lá vem história!

3.2 Senta que Lá Vem História

Com o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Ordem Mundial se alterou e o


planeta foi dividido em duas esferas de influência: Estados Unidos (capitalistas) e União Soviética
(socialistas).

Figura 23 - Guerra Fria


Fonte: https://br.pinterest.com/pin/535998793149141043/
Audiodescrição da Figura: No desenho, uma águia, que usa uma cartola nas cores azul, vermelho e branco, e um urso
marrom, que usa um chapéu na cor cinza, com uma estrela vermelha. Cada um dos animais, que se encaram com
hostilidade, tem balões de pensamento sobre suas cabeças onde se podem ver desenhos de mísseis com cores alusivas
aos Estados Unidos e à União Soviética. As asas da águia e as patas do urso seguram um globo terrestre, o que
representa a briga pelo domínio do planeta. Fim da audiodescrição.

Iniciava-se, então, um conflito político-ideológico conhecido como Guerra Fria (1947-


1991), em que essas duas superpotências enfrentavam-se indiretamente em conflitos militares entre
países aliados30, e diretamente no contexto tecnológico. Este último é o que interessa aos nossos
estudos.
Se em 1957, os russos lançaram o Sputnik, o seu primeiro satélite, no começo dos anos
1960, os estadunidenses investiram na informática e lançaram a Agência de Projetos de Pesquisa

30
O envolvimento indireto dos Estados Unidos e da União Soviética consistia no financiamento, na disponibilização de
armas e no treinamento militar de países aliados. A Guerra da Coreia (1950-1953); a Crise dos Mísseis em Cuba (1962); a
Guerra do Vietnã (1965-1975); A Guerra do Afeganistão (1979-1989); e o financiamento de Ditaduras na América Latina
(1964-1990) pelos estadunidenses são os capítulos mais marcantes desse contexto de enfrentamentos indiretos entre as
superpotências.

43
Avançada (ARPA), cujo objetivo era a criação de um sistema interno de comunicação confiável e
eficiente para os centros de pesquisa.
Em 1969, no mesmo ano em que os primeiros humanos pisaram na Lua, a Universidade
da Califórnia conseguiu conectar computadores locais em uma rede local privada. Nascia a ARPAnet;
o protótipo da criação de uma rede mundial que interligaria computadores de qualquer parte do
mundo por meio de várias conexões simultâneas. Isso mesmo! Estamos falando das origens da
Internet que você usa hoje para informação, educação, comunicação e entretenimento.
Foi justamente neste contexto de desenvolvimento tecnológico que, de acordo com
Corrêa (2008), a Library of Congress, a partir de 1960, iniciou estudos para elaboração de um formato
que transformasse as informações escritas de um catálogo manual para um catálogo automatizado.
Destes estudos resultou o formato MARC - Machine Readable Cataloging, ou Catalogação Legível por
Computador.
Na sequência, vamos conhecer um pouco mais sobre o MARC, suas origens, finalidades e
formas de registro, combinado?

Mas… antes de prosseguir, deixa eu te lembrar de acompanhar o podcast


desta competência! Vai lá no AVA, que o novo podcast acabou de ser lançado.
Partiu?

3.3 MARC: Origens, Finalidades e Formas de Registro Bibliográfico

O MARC - Machine Readable Cataloging, ou Catalogação Legível por Computador,


desenvolvido, em 1966, pela Library of Congress com o objetivo de ler e interpretar os dados de um
registro catalográfico e convertê-los em códigos (campos) passíveis de serem interpretados pelo
computador31.

31
Como as informações que constam em uma ficha catalográfica não podem ser digitadas no computador para produzir
um catálogo automatizado, foi desenvolvido um meio para a interpretação encontrada no registro bibliográfico. Assim, o
MARC dispõe de uma espécie de guia para esses dados; tratam-se de pequenos “sinalizadores” antes de cada elemento
da informação bibliográfica. O local destinado a cada elemento da informação bibliográfica, isto é, autor; título; número
de chamada, etc., é chamado de campo (FURRIE, 2000).

44
De acordo com Lourenço (2018), o MARC é um formato padrão para um “banco de dados”
bibliográfico; ou seja, ele não é um padrão de descrição bibliográfica ou de catalogação. Ele é
semelhante a uma linguagem de programação32. Nesse sentido, tanto a entrada de dados em um
registro MARC quanto a definição dos pontos de acesso deste registro são baseadas nas normas de
catalogação do AACR2.
Até 1980, o MARC atendia perfeitamente à catalogação de arquivos de computador,
entretanto, não dispunha de recursos suficientes para catalogação em redes de bibliotecas. A
catalogação cooperativa, cujos conceitos foram trabalhados na primeira competência deste e-book,
era realizada por meio de cópias dos bancos de dados em CD-ROMs. Estes eram distribuídos às
bibliotecas participantes de uma rede.
Esta situação foi solucionada em 1995, quando um novo campo, o 85633, onde seriam
armazenadas informações para localização de recursos da rede, fez com que os registros
catalográficos em MARC pudessem ser acessados e importados via internet. Atualmente é utilizado
no Brasil o formato MARC 21, que representa uma tentativa de unificação dos padrões
estadunidenses, ingleses e canadenses (LOURENÇO, 2018).
Mas por quê MARC 21? Trata-se de um formato elaborado para um padrão bibliográfico
para o século XXI, tendo em vista que contempla acessos e importações remotas, via internet, como
já foi dito anteriormente.

Figura 24 - Marc 21
Fonte: https://santabiblioteconomia.com.br/geral/marc-21-ultima-atualizacao-em-espanhol/
Audiodescrição da Figura: Logotipo do MARC21 em formato circular nas cores azul e branco. Quatro linhas brancas na
parte superior e outras quatro linhas brancas na parte inferior do logotipo confluem para o centro da imagem, onde se

32
Linguagem de programação é uma linguagem formal que, através de uma série de instruções, permite que um
programador escreva um conjunto de ordens, ações consecutivas, dados e algoritmos para criar programas que controlam
o comportamento físico e lógico de uma máquina.
33
Mais adiante serão explicados esses campos.

45
pode ler “MARC 21” escrito em letras brancas em um fundo azul. Fim da audiodescrição.

Vale lembrar que, atualmente, o MARC 21 compreende cinco formatos: para dados
bibliográficos, de autoridade, de coleção, de classificação e para informação comunitária. Aos seus
estudos, no entanto, interessam apenas os dados bibliográficos.
Os principais objetivos do MARC 21 são:
1. Padronizar a catalogação dos registros bibliográficos em todos os sistemas virtuais;
2. Permitir que bibliotecas do mundo inteiro troquem informações bibliográficas;
3. Incentivar a catalogação cooperativa, aprimorando continuamente os registros de
cada obra.

No formato MARC 21, cada registro bibliográfico é dividido em campos; isto é, há um


campo específico para o autor, outro para informações sobre o título, e assim por diante. Esses
campos são subdivididos em um ou mais “subcampos”.
Em determinadas situações, os nomes textuais dos campos podem ser muito longos para
serem reproduzidos no MARC. Por isso mesmo eles são representados por tags34 de três dígitos.

PARA SABER MAIS: Para melhor ilustrar o formato MARC 21, dá uma olhada
neste vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=b3YRXqb2js0. São dez
minutinhos que valem muito a pena!

Então, gostou do vídeo? Bem esclarecedor, né?


Agora vamos conhecer as principais tags utilizadas no MARC 21:
013 Patente 300 Descrição Física
020 ISBN 440 Indicação de Série
022 ISSN 500 Nota Geral
080 Número da CDU 505 Nota de Conteúdo
082 Número da CDD 600 Assunto – Nome Pessoal
084 Outro Número de Classificação 610 Assunto – Entidade Coletiva

34
Tag é um termo em inglês, que significa rótulo, ou etiqueta. Assim como uma etiqueta, a tag é utilizada para identificar,
por exemplo, objetos, mercadorias, arquivos, entre outros, e, portanto, ajudam a organizar informações, agrupando
aquelas que receberam a mesma marcação, facilitando encontrar outras relacionadas.

46
090 Classificação Local 611 Assunto – Nome do Evento
100 Entrada Principal pelo Nome Pessoal 630 Assunto – Título Uniforme
110 Entrada Principal pelo Nome de uma Entidade 650 Assunto Tópico
111 Entrada Principal pelo Nome de um Evento 700 Entrada Secundária – Nome Pessoal
130 Entrada Principal pelo Título Uniforme 710 Entrada Secundária – Entidade Coletiva
240 Título Uniforme 711 Entrada Secundária – Nome do Evento
245 Indicação de Título Principal 730 Entrada Secundária – Título Uniforme
250 Edição 740 Entrada Adicional – Título Analítico
260 Área de Publicação, Distribuição

Quadro 8 - Principais Tags MARC 21


Fonte: Araújo, 2020

Como já foi dito anteriormente em relação ao AACR2, a utilização e o domínio do MARC


21 nas rotinas de um profissional de biblioteca só podem ser efetivamente aprendidas por meio da
prática cotidiana.
Por isso mesmo não haverá aqui a pretensão de apresentar um e-book denso e exaustivo,
no sentido de trazer cada um dos detalhes da operacionalização deste formato. Parece mais relevante
que você compreenda a existência, as origens e finalidades do MARC 21.

3.4 RDA: Descrição e Acesso de Recursos

Estudante, você vem aprendendo neste e-book que, com o passar do tempo, as
organizações, os sistemas e mesmo as pessoas vivenciam mudanças, atualizações, transformações.
“Nada do que foi, será de novo do jeito que já foi um dia…”, já disse o poeta! Essa regra
não seria diferente para o AACR2 nem para o formato MARC; e identificou-se a necessidade do
estabelecimento de novos padrões conceituais capazes de atender às demandas surgidas a reboque
dos avanços tecnológicos.
Em vez de realizar uma nova atualização do AACR2, constatou-se que seria mais
interessante pensar em um novo código de classificação que atendesse àquelas demandas
tecnológicas.

47
Assim, em 2010, foi apresentado o Resource Description and Access (RDA), ou a Descrição
e Acesso de Recursos, que, além de poder ser utilizado não só em bibliotecas, mas também em
arquivos, museus e centros de documentação, ainda trazia orientações sobre como catalogar
recursos digitais e auxiliar melhor os usuários para encontrar, identificar, selecionar e obter a
informação desejada (ARAÚJO, 2020).
Uma inovação do RDA é a chamada transcrição fidedigna, ou seja, não são inseridos
códigos, siglas ou abreviaturas. O que facilita o entendimento do usuário à medida que cada um dos
registros feitos em relação a um recurso informacional, ele será facilmente compreendido.
Diferente do AACR2, os capítulos do RDA não são organizados por tipo de material, mas
dizem respeito a grupos de Atributos e grupos de Relacionamentos, utilizando a estrutura do
Functional Requirements for Bibliographic Records (FRBR)35, ou Requisitos Funcionais para Registros
Bibliográficos. Observe no quadro disposto a seguir:

1. Atributos de Manifestação e Item


GRUPOS DE
ATRIBUTOS

2. Atributos da Obra e Expressão


3. Atributos de Pessoas e Entidades Coletivas

4. Atributos de Conceito, Objeto, Evento, Lugar

5. Relacionamentos Básicos: Relações entre Obra,


Expressão, Manifestação e Item
GRUPOS DE ATRIBUTOS

6. Relacionamentos para Pessoas e Entidades


Coletivas
7. Relacionamentos para Conceitos, Objetos,
Eventos e Lugares Associados com a Obra
8. Relacionamentos entre Obras, Expressões,
Manifestações e Itens
9. Relacionamentos entre Pessoas e Entidades
10. Relacionamentos entre Conceitos, Objetos,
Eventos e Lugares

Quadro 9 - As Seções do RDA: Atributos e Relacionamentos


Fonte: o autor, 2022

35
O FRBR é um modelo conceitual, resultante do estudo feito pela IFLA, entre 1992 e 1997, e publicado em 1998. Não se
trata de um código de catalogação nem de um formato, norma, padrão ou princípio de catalogação. Se apresenta como
uma base conceitual para o aperfeiçoamento dessas normas.

48
3.5 FRBR: Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos

Para que você entenda melhor o quadro anterior, é fundamental conhecer maiores
detalhes sobre o FRBR. Este define Entidades, Atributos e Relacionamentos do universo bibliográfico.
Vamos conceituar e exemplificar cada um deles a seguir.
Entidade: é um objeto, concreto ou abstrato, possível de ser identificado sem qualquer
ambiguidade em relação a quaisquer outros objetos. Representam os principais objetos de interesse
para os usuários de dados bibliográficos. Existem dez Entidades36, divididas em três grupos, conforme
você pode verificar no quadro disposto a seguir:
Produtos do Trabalho Intelectual ou Artístico
GRUPO
1 Obra / Expressão / Manifestação / Item
Responsáveis pelos Conteúdos, Produção, Disseminação, etc.
GRUPO
2 Pessoa / Entidade Coletiva

Assuntos de uma Obra


GRUPO
3 Conceito / Objeto / Evento / Lugar

Quadro 10 - Distribuição das Entidades por Grupos


Fonte: o autor, 2022

Atributos: são todas as características que um tipo de entidade possui.


Alguns dos atributos definidos pelo FRBR37 são: título, forma e data da obra; forma, data
e idioma da expressão; título, edição, local e data de publicação, publicador e suporte da
manifestação; identificador e origem do item; nome, datas e títulos de uma pessoa; nome, locais e
datas associadas a uma entidade coletiva; termos representando conceitos, objetos, eventos e
lugares (MORENO, 2009).
Relacionamentos: são as associações entre uma ou várias entidades.

36
Obra é uma criação artística ou intelectual; Expressão é a realização artística ou intelectual de uma obra; Manifestação
é a materialização da expressão de uma obra; Item é um único exemplar de uma manifestação; Pessoa é o indivíduo;
Entidade Coletiva é uma organização ou grupo de indivíduos e/ou organizações; Conceito é uma noção abstrata ou ideia;
Objeto é uma coisa material; Evento é uma ação ou ocorrência; e Lugar é sinônimo de local.
37
Vale considerar que não é possível catalogar utilizando diretamente o FRBR, mas é possível exemplificar quais são as
Entidades, os Atributos e os Relacionamentos contidos em um recurso informacional.

49
De acordo com Assumpção (2012), os relacionamentos descritos no FRBR são de três
tipos:
Relacionamentos entre as Entidades do Grupo 138;
Relacionamentos entre as Entidades dos Grupos 1 e 239;
Relacionamentos de Assuntos40.

Os Relacionamentos entre as Entidades do Grupo 1 podem ser melhor ilustrados pelo


quadro disposto a seguir:

Figura 25 - Relacionamentos entre as Entidades do Grupo 1 do FRBR


Fonte: Assumpção, 2012.
Audiodescrição da Figura: Representação de quatro retângulos que se ligam entre si por meio de setas. No primeiro
retângulo, de cor azul, pode-se ler, em letras pretas, o termo “Obra”, dele, parte uma seta segmentada para o segundo
retângulo, de cor verde, onde se pode ler, em letras pretas, o termo “Expressão”. Outra seta segmentada parte do
retângulo verde para um retângulo laranja, que contem, em letras pretas, o termo “Manifestação”. Deste retângulo
laranja parte outra seta segmentada para o retângulo na cor roxa, dentro do qual, contém o termo “Item”, em letras
pretas. Cada uma das três setas segmentadas descreve uma ação, de modo que se possa entender que uma “Obra” é
realizada por meio de uma “Expressão”, que está contida em uma “Manifestação”, que, por sua vez, é exemplificada
por um “Item”. Fim da audiodescrição.

Os Relacionamentos entre as Entidades dos Grupos 1 e 2, por sua vez, podem ser melhor
ilustrados pelo quadro disposto a seguir:

38
Uma obra pode ser realizada por meio de várias expressões, uma expressão é materializada em várias manifestações e
uma manifestação é exemplificada por vários itens.
39
Uma obra é criada por uma pessoa ou entidade coletiva, uma expressão é realizada por uma pessoa ou entidade
coletiva, uma manifestação é produzida por uma pessoa ou entidade coletiva, e um item é guardado por uma pessoa ou
entidade coletiva.
40
Uma obra pode ter como assunto outra obra, uma expressão, uma manifestação, um item, uma pessoa, uma entidade
coletiva, um conceito, um objeto, um evento ou um lugar.

50
Figura 26 - Relacionamentos entre as entidades dos Grupos 1 e 2 do FRBR
Fonte: Assumpção, 2012.
Audiodescrição da Figura: Representação de quatro retângulos que se ligam simultaneamente a outros dois retângulos
por meio de setas que indicam ações. No topo da imagem, há um retângulo, de cor azul, dentro do qual se pode ler, em
letras pretas, o termo “Obra”, dele, parte uma seta que vai se ligar a um quadrado segmentado que abriga dois outros
retângulos; um em cor de rosa, com o termo “Pessoa” e outro amarelo, com o termo “Entidade Coletiva”. De um
segundo retângulo, de cor verde, dentro do qual se pode ler, em letras pretas, o termo “Expressão”, parte uma seta que
se liga ao mesmo quadrado segmentado já descrito. De um terceiro retângulo cor de laranja, dentro do qual está escrito
o termo “Manifestação”, parte uma seta para o quadrado segmentado já descrito. E, por fim, há um quarto retângulo,
na cor roxa, onde está escrito o termo “Item”, de onde também parte uma seta para o quadrado segmentado. A figura
sugere o entendimento de que uma “Obra” é criada por uma “Pessoa” ou “Entidade Coletiva”; uma “Expressão” é
realizada por uma “Pessoa” ou “Entidade Coletiva”; uma “Manifestação” é produzida por uma “Pessoa” ou “Entidade
Coletiva”; e um “Item” é guardado por uma “Pessoa” ou “Entidade Coletiva”. Fim da audiodescrição.

Os Relacionamentos de Assuntos podem ser melhor ilustrados pelo quadro disposto a


seguir:

Figura 27 - Relacionamentos de Assunto no FRBR


Fonte: Assumpção, 2012.
Audiodescrição da Figura: Na figura, há um retângulo azul, dentro do qual está escrito o termo “Obra”; logo abaixo

51
deste retângulo há a expressão “Tem como assunto” e dessa expressão, partem linhas que se ligam a outros três
retângulos segmentados. Dentro do primeiro retângulo segmentado, que está à esquerda, constam outros quatro
triângulos na cor verde. Em cada um deles estão escritos os termos “Obra”; “Expressão”; “Manifestação”; e “Item”. No
retângulo segmentado do meio, constam outros dois retângulos em cor de rosa. Neles estão escritos os termos
“Pessoa” e “Entidade Coletiva”. Por fim, no retângulo segmentado disposto à direita da imagem, há outros quatro
retângulos na cor laranja. Em cada um deles estão escritos os termos “Conceito”; “Objeto”; “Evento”; “Lugar”. A figura
sugere o entendimento de que uma “Obra” tem como assunto ou pode ter como assunto uma Obra, uma Expressão,
uma Manifestação, um Item, uma Pessoa, uma Entidade Coletiva; um Conceito; um Objeto; um Evento; ou um Lugar.

Além das Entidades, dos Atributos e dos Relacionamentos, o FRBR também define quatro
tarefas do usuário41, bem como associam cada atributo e relacionamento com uma, ou mais, dessas
tarefas (MORENO, 2009). Mas, que tarefas são essas? Você vai conhecer cada uma delas agora.
entidades que correspondem ao critério de busca do usuário
(localizar uma única entidade ou um grupo de entidades em
1 - ENCONTRAR um arquivo ou banco de dados como o resultado de uma
busca usando um atributo ou relacionamento da entidade);

uma entidade (confirmar que a entidade descrita corresponde


à entidade procurada ou distinguir entre duas ou mais
2 - IDENTIFICAR entidades com características similares);

uma entidade que satisfaça os requisitos do usuário com


respeito ao conteúdo, forma física, etc., ou rejeitar uma
3 - SELECIONAR entidade inapropriada às necessidades do usuário);

acesso à entidade descrita (adquirir uma entidade por


comprar, empréstimo, etc., ou acessar uma entidade
4 - OBTER eletronicamente por uma conexão online com um
computador remoto).

Quadro 11 - Tarefas do Usuário Definidas pelo FRBR


Fonte: Assumpção, 2012.

Para melhor compreender esses processos, vamos evocar um exemplo, certo?


Vamos considerar o exemplar impresso da primeira edição do livro “De Volta Para o
Futuro: We Don´t Need Roads - Os Bastidores da Trilogia”, do autor Caseen Gaines, publicado no Brasil
pela editora Darkside, em 2015.

41
Tarefas do usuário são ações realizadas pelo usuário durante o uso de um catálogo ou de dados bibliográficos.

52
Figura 28 – Capa do Livro De Volta para o Futuro – os Bastidores da Trilogia
Fonte: https://www.amazon.com.br/Volta-Para-Futuro-Bastidores-Trilogia/dp/8566636767
Audiodescrição da Figura: Imagem da capa do livro “De Volta para o Futuro - Os Bastidores da Trilogia”, onde se pode
ver, uma parte de um automóvel prateado que parece estar em movimento enquanto deixa uma trilha de fogo feita por
seus pneus. No plano de fundo desta capa também se pode ver um céu noturno e alguns raios, que circundam o título
do livro e o nome de seu autor, grafados em letras em estilo futuristas, nas cores vermelha e prateada. Fim da
audiodescrição.

A Obra, que chamaremos de “De Volta para o Futuro - Os Bastidores da Trilogia”, é o


conteúdo intelectual e parte das ideias de uma Pessoa ou de uma Entidade Coletiva. Neste caso,
Caseen Gaines é a Pessoa responsável pela autoria da obra.
A Expressão é como esse conteúdo intelectual, esse conjunto de ideias, foi registrado,
seja em formato textual, seja em formato sonoro. A expressão original da obra que figura o nosso
exemplo seria “De Volta para o Futuro - Os Bastidores da Trilogia - texto em inglês”.
No entanto, o modelo apresentado neste exemplo trata-se da obra traduzida para o
português; por isso deve-se considerar como expressão: “De Volta para o Futuro - Os Bastidores da
Trilogia - texto em português”, realizada pelas Pessoas, ou pelos tradutores, Alexandre Matias e
Mariana Moreira Matias.
O exemplar impresso de que dispomos trata-se, como já foi dito, da primeira edição,
publicada, em português, pela editora Darkside, em 2015. Ou seja, tem-se a seguinte Manifestação:
“De Volta para o Futuro - Os Bastidores da Trilogia - texto em português - impresso, primeira edição,
Darkside, 2015”. A editora Darkside é a Entidade Coletiva que produziu essa manifestação.
Considerando que este exemplar impresso de que dispomos tem um número de
tombo 07.345/2018 atribuído por certa biblioteca. Número que diferencia esse exemplar de outros

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exemplares deste mesmo livro. Este livro específico, então, é um Item, isto é, um único exemplar da
Manifestação “De Volta para o Futuro - Os Bastidores da Trilogia - texto em português - impresso,
primeira edição, Darkside, 2015”. Esta biblioteca é a Entidade Coletiva responsável pela guarda deste
Item.
A Obra “De Volta para o Futuro - Os Bastidores da Trilogia” se apresenta como documento
mais completo capaz de narrar os bastidores e a produção do roteiro cinematográfico de uma das
mais icônicas trilogias da história do cinema e um marco da cultura pop, a partir de 1985.
Após mais de 500 horas de entrevistas com equipe técnica, elenco e fãs, o livro foi
publicado no contexto das comemorações dos 30 anos da saga que conseguiu misturar ficção
científica, aventura, humor e romance.
A obra tem como assuntos, entre outros, os Conceitos: Cinema; Roteiro; e Viagem no
Tempo. O Objeto é Bastidores Cinematográficos; o Evento pode ser considerado Gravações da
Trilogia. O Lugar que podemos considerar é onde a trilogia foi gravada, isto é, na Califórnia.
É possível exemplificar cada uma das entidades mencionadas por meio de um diagrama:

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Figura 29 - Relacionamentos do FRBR com Base na Obra “De Volta para o Futuro - Os Bastidores da Trilogia”
Fonte: o autor, 2022.
Audiodescrição da Figura: Esquema de relações representadas por círculos que se ligam por linhas. Neste esquema,
constam círculos de cores variadas, que estão associadas a legendas por cor. Na cor roxa, há quatro círculos, que
representam as seguintes Obras: “DVPF – sigla para De Volta para o Futuro – Os Bastidores da Trilogia”; “DVPF –
Filmes”; “DVPF – História em Quadrinhos”; e “DVPF – Desenho Animado”. Os círculos na cor verde, representam as
Expressões: “Texto em Inglês” e “Texto em Português”. A este último, ligam-se dois círculos na cor violeta, que
representam Pessoas, no caso, os tradutores, Alexandre Matias e Mariana Matias; e também se liga um círculo verde-
claro com a Manifestação “Impresso, Darkside, 2015”. A este círculo verde-claro, liga-se um círculo na cor violeta, que
representa a Entidade Coletiva “Darkside” e também se ligam três círculos em uma tonalidade mais clara de verde, que
representam os seguintes Itens: “ITEM 07.349/2018”; “ITEM 07.352/2018”; e “ITEM 07.345/2018”. Aquele círculo roxo
que representa a Obra “DVPF – sigla para De Volta para o Futuro – Os Bastidores da Trilogia” liga-se a um círculo na cor
violeta, que representa a Pessoa, no caso, o autor da Obra, “Caseen Gaines”. Outros círculos em tonalidades diferentes
de azul-claro, representam Conceitos: “Cinema”; “Roteiro“; “Viagem no Tempo”. Objetos: “Bastidores” e “Gravações”.
Eventos e Lugares: “Califórnia”. Fim da audiodescrição.

3.6 O Biblivre

Você já ouviu falar do “Biblivre”? Não!? Então chegou a hora de conhecer essa importante
iniciativa surgida no começo dos anos 2000. Originado de um projeto de desenvolvimento da versão
de um conjunto de programas de computador, o Biblivre tinha o objetivo de informatizar bibliotecas

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dos mais variados portes. O que propiciaria a comunicação entre cada uma dessas unidades de
informação.
O Biblivre nasceu com esse nome pois o sistema tem sido oferecido livremente a
quaisquer bibliotecas que desejem utilizar, estudar, modificar e distribuir este software de acordo
com os termos de licença que o caracterizam como software livre (ALAUZO; SILVA; FERNANDES,
2014).

Figura 30 - Biblivre: versão 5


Fonte: http://biblivremurca.dyndns.org:8080/Biblivre5/static/Manual_Biblivre
Audiodescrição da Figura: Imagem alusiva ao Biblivre. Em um plano de fundo azul claro, pode-se ver a representação de
quatro elementos humanos; dois grandes e dois pequenos, desenhados em azul com os braços abertos e as mãos para
cima. Acima destes, há uma infinidade de balões de diálogo, de variadas cores, com variados ícones. Em um desses,
escritos em letras nas cores azul e amarelo, pode-se ler: “Biblivre versão 5”. Na parte superior da imagem, pode-se ler
em letras nas cores vermelho e azul a seguinte frase: “você também é LIVRE”. Fim da audiodescrição.

Por meio do Biblivre, além de as bibliotecas conseguirem realizar a catalogação descritiva


dos seus acervos, os usuários conseguem acessar qualquer biblioteca que tenha acesso à Internet,
graças à comunicação em rede de seus acervos.
O Biblivre ainda apresenta uma interface inicial amigável e disponibiliza um uso local
independente de acesso à Internet, apesar de alguns recursos demandarem conexão ativa à web.
Em seu site são enumeradas 12 razões para usar o Biblivre. Vamos a elas:
1. Custo zero;
2. Ferramenta ágil e prática, de fácil uso;

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3. Acesso aos catálogos de qualquer biblioteca do mundo por meio do Protocolo
Z39.5042;
4. Roda no Windows, no Linux, no Unix ou compatível;
5. Interface simples: diferentes materiais podem ser catalogados nas bases
bibliográficas (livro, panfleto, tese, periódico, artigo de periódico, manuscrito,
iconográfico, cartográfico, audiovisual, música (som), partitura, legível por
computador, objeto 3D);
6. Busca por autor, título, assunto, ISBN (International Standard Book Number), ano de
publicação, todos os atributos, serial da obra e tombo patrimonial;
7. Permite a catalogação do acervo das bibliotecas e a consulta online de títulos, fichas
técnicas, trechos de livros e até de obras completas;
8. Possibilita ler e imprimir obras que estão em domínio público;
9. Promove a informatização e a modernização de sua biblioteca;
10. Programa free software: permite que o usuário personalize o programa de acordo
com a sua necessidade;
11. Utilizado por mais de 15 mil bibliotecas no Brasil e em países lusófonos;
12. Atualizações permanentes e gratuitas.

PARA SABER MAIS: dá uma olhada nesse vídeo tutorial para utilização do
software Biblivre: https://www.youtube.com/watch?v=ISsW7GTfIns.

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É um protocolo de comunicação entre computadores desenhado para permitir pesquisa e recuperação de informação
documentos com textos completos, dados bibliográficos, imagens, multimeios em redes de computadores distribuídos.
Sistemas com protocolo Z39.5 0 propiciam a realização de pesquisa em vários sistemas de informação distribuídos por
meio de única interface de busca.

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Antes de finalizar a terceira e última parte deste e-book, assista a esse vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=tlqkIxgwEUs. Ele trata da necessidade
permanente de direcionar a própria aprendizagem e as interações com as
outras pessoas em torno da mudança. Não deixe de ver, isso pode mudar a
sua vida!

Agora que você já entende a importância de saber o momento certo para agir, já pode
realizar as atividades da semana! Mas, calma!! Antes disso, não deixe de assistir à videoaula desta
competência e lembra de interagir nos fóruns. Foi massa estar com você nessa jornada de
aprendizagem! A gente se vê em breve!

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Conclusão
Neste e-book, em meio a AACR2, MARCs e RDA, você aprendeu que a catalogação
descritiva, para além de suas origens de controle e custódia de acervos e de identificação de
determinado recurso informacional, tem um importante alcance social, que se ampliou à medida que
se desenvolveram as plataformas digitais.
Você aprendeu também que, se é verdade que a Biblioteconomia é uma ciência/conjunto
de técnicas que enfatiza a organização e a guarda, mas também a recuperação e a disseminação de
informação, a biblioteca deve se apresentar como uma instituição cuja função social está atrelada à
comunicação e à educação. Uma biblioteca que não esteja atenta ao seu papel social, e que não
busque continuamente as melhores experiências de inovação quanto à acessibilidade à informação
enfrentará sério risco de desaparecimento.
Quanto ao risco, vale lembrar, a partir das palavras de Gilberto Gil, em entrevista à TV
Cultura: “Nenhum elemento da expressão humana está livre do risco, da ideia da perda, ou do
insucesso, ou da incompletude de alguma coisa; deve-se, portanto, invariavelmente, considerar o
equilíbrio dinâmico entre a possibilidade do sim e a possibilidade do não”. Estar atento aos riscos e
planejar-se, ao máximo, para evitar as perdas que se podem prever, é também papel do profissional
que lida com a informação em bibliotecas. Nunca perca isso de vista, estudante!
Por fim, restam dois verbos e muitos significados. Vamos a eles. Agradecer e abraçar. São
as duas vontades que surgem na conclusão deste material. Agradecer a sua companhia, que
esperançou, que persistiu, que se juntou a outros, que acreditou ser possível, e que completou seus
estudos nesta disciplina. Abraçar a ideia de que cada livro é uma arma, ou melhor, é uma ferramenta,
capaz de nos melhorar, desenvolver, fazer enxergar e chegar mais longe.
Ainda mais longe se pôde chegar quando você aceitou morar na Filosofia, e (re)visitar
boas histórias, em meio a podcasts, videoaulas e letras de música, entre outros artefatos.
Buscou-se também disseminar a ideia de que você até pode desejar o que ainda não tem
nome, mas precisa saber onde deseja chegar; e mais, precisa estar consciente de que irá muito mais
longe quando se dispor a seguir junto com outros em sua jornada. Até porque, “quando caminhamos
juntos, o sonho pode ser maior que o mundo… Quem sonha junto, sobe junto”, como diz Emicida.

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Referências

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Minicurrículo do Professor

Mário Gouveia Júnior


Educador adepto à pedagogia da autonomia e do afeto. Mestre em Ciência da
Informação; Licenciado em História e Bacharel em Biblioteconomia, ambos pela Universidade Federal
de Pernambuco; especialista em Cultura Pernambucana e em Metodologias Ativas. Professor
Acadêmico em níveis de graduação e pós-graduação. Professor do Curso Técnico em Biblioteconomia
da Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco pela ETEPAC (Escola Técnica Estadual Antônio
Carlos Gomes da Costa). Tem estudos, projetos e publicações nas áreas de Filosofia da Informação;
Pensamento Complexo; Memória e Informação; Mediação em Sistemas de Informação; Educação
Patrimonial; Informação, Cultura e Sociedade; Tecnologia e Comunicação.

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