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Curso Técnico em
Biblioteconomia
Catalogação Descritiva
Mário Gouveia Júnior
Curso Técnico em
Biblioteconomia
Educação a Distância
Recife
Revisão Diagramação
Mário Gouveia Júnior Jailson Miranda
Referências ................................................................................................................................. 60
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Para que você tenha um melhor aproveitamento dos conteúdos que serão trabalhados, é
fundamental a leitura deste e-book. Também é importante a participação nas atividades propostas e
a audiência às videoaulas e aos podcasts. Todos os materiais foram produzidos com o objetivo de
estimular reflexões sobre as temáticas apresentadas e fazer associações com outros conhecimentos
que você já aprendeu anteriormente. Lembre-se sempre: uma mente que se abre para a
aprendizagem jamais voltará ao seu tamanho original!
Neste e-book, serão desenvolvidas três competências que vão lhe permitir: compreender
os conceitos e finalidades do Controle Bibliográfico Universal e da Catalogação; apreender noções
básicas da catalogação utilizando o AACR2R; e conhecer os elementos básicos da catalogação em
ambientes digitais. Tudo isso vai acontecer a partir de construções coletivas de aprendizagem e
muitas intertextualidades, por entre letras de músicas, poemas, vídeos, filmes e tirinhas de revistas
em quadrinhos, utilizados como poderosos recursos para ampliar curiosidades; fomentar - por que
não? - outras dúvidas; e partilhar conhecimentos, bem como disposição e alegria, que não podem
faltar.
Cada competência vai contar com duas seções introdutórias chamadas “Mora na
Filosofia”1 e “Senta que Lá Vem História”. A primeira visa lançar reflexões sobre temas contemplados
em cada competência e a segunda insere o seu contexto histórico. Uma espécie de aperitivo para te
convidar à leitura e à aprendizagem.
Aqui você vai aprender que a Catalogação Descritiva é uma das disciplinas que atuam no
tratamento da informação e que apresenta como objetivos identificar e descrever fisicamente um
objeto informacional, de modo que seja possível a sua posterior localização pelo pesquisador. Até
porque, de nada adiantaria guardar coisas e depois não conseguir encontrá-las quando você precisar,
não é mesmo?
Aqui, você será constantemente lembrado a jamais permitir que lhe matem a curiosidade
permanente diante do mundo. Isso porque é justamente essa curiosidade permanente diante do
mundo que vai fomentar em você a busca por ferramentas que lhe façam empreender a leitura desse
mundo. É com essas ferramentas que você poderá questionar sua realidade, articular-se com outras
pessoas, partilhar anseios e sonhos. Assim se pode buscar fórmulas de intervenção nesse mundo em
1
“Mora na Filosofia” é uma expressão que será usada neste e-book como sinônimo de “presta atenção (se liga) no que
vou dizer”, ou também “vamos refletir sobre o que vou dizer mais adiante”, ou ainda “viaja comigo”.
6
prol de condições mais equânimes de acesso à informação e ao conhecimento, que transformam as
pessoas, e, por conseguinte, transformam o mundo. Tenha certeza, estudante, isso é parte da missão
do bibliotecário e da bibliotecária. “Nós podemos tudo! Nós podemos mais. Vamos lá, fazer o que
será”?
Vai ser massa!
Bons estudos!
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1.Competência 01 | Compreender os Conceitos e Finalidades do Controle
Bibliográfico Universal e da Catalogação
“Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome” (Clarice
Lispector)
“Toda rosa é rosa porque assim ela é chamada”
(Marcelo Camelo)
Você já parou para pensar que todas as coisas que são vistas e podem ser tocadas,
inclusive as que estão à sua volta, têm nomes? A cadeira, o smartphone, a xícara de café… Também
é possível dar nome a alguns sentimentos que você tem neste momento. Alegria por estar
começando uma nova disciplina. Ansiedade para que chegue o fim de semana. Esperança por que
venham dias melhores. Mas, se o compositor Marcelo Camelo tem razão ao dizer que “toda rosa é
rosa porque assim ela é chamada”, será que podemos “desejar coisas que ainda não têm nome”,
como quis Clarice?
Agora que você já “morou” na Filosofia, estudante, fala aí: o que te deixa à flor da pele é
um sentimento, certo? Mas esse sentimento tem nome? Você sente necessidade de dar nome a esse
sentimento ou pensar sobre ele? Você sabe desde quando as pessoas sentem necessidade em dar
nome às coisas, às outras pessoas e aos sentimentos? Não?! Siga com a leitura que você já vai
descobrir.
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1.2 Senta que Lá Vem História
A necessidade de atribuir nomes às coisas teve início há uns 10 mil anos (PINSKY, 2011),
quando muitos grupos humanos iniciaram a transição do regime de nomadismo, caracterizado pela
caça e coleta, para atividades ligadas à criação de animais e plantio. Essa revolução econômica e social
exigia a fixação dos grupos em um mesmo lugar por um intervalo de tempo que possibilitasse
acompanhar os ciclos da natureza e as estações do ano. Isso também lhes permitiu aprimorar as
capacidades de comunicação e assimilação de informações relativas ao seu cotidiano (CHOMSKY,
2018), além de observar, reconhecer, nomear e categorizar os fenômenos naturais e explicar as
origens de tudo, por meio de lendas e mitos.
Mas uma outra revolução tão grande quanto aquela merece mais a sua atenção, por se
relacionar diretamente com seus estudos nesta disciplina. Trata-se da revolução que foi vivenciada
após o surgimento e a popularização da Prensa de Gutenberg, a partir de 1445.
A propósito, você sabe quem foi Johannes Gutenberg e por que a sua invenção
foi tão revolucionária? Não!? Relaxa. Tem problema, não! Dá uma olhada nesse
vídeo que você vai entender tudinho: https://youtu.be/MbWR3rdSuAQ.
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Ei, estudante, antes de prosseguir, lembra de acompanhar o podcast desta
competência! Para tudo, prepara um cafezinho, pega aquele “treloso” para
acompanhar, corre lá no AVA, e vai lá curtir. É bem rapidinho. Perde, não,
visse?
De acordo com McLuhan (1972), e conforme você pôde ver no vídeo anterior, a palavra
impressa, como novo meio de comunicação, tornou-se o grande instrumento da civilização e da
disseminação das ideias de um novo mundo que se apresentaria a partir de fins do século XV.
PARA SABER MAIS: Você sabe exatamente como funciona e como se usam as
periodizações relacionadas aos séculos? Não!? Então chegou a hora de
aprender! Dá uma olhada nesse vídeo, que você vai entender direitinho e nunca
mais vai ter dúvidas: https://www.youtube.com/watch?v=WPQOmgNSMfE.
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Poeta, gramático e bibliotecário educado em Atenas, Calímaco de Cirene, quando esteve a serviço da Biblioteca de
Alexandria, foi responsável por uma das primeiras iniciativas de organização da informação de que se tem notícia: os
pinakes. Tratavam-se de catálogos onde se registrava o número de linhas de cada obra, bem como as palavras iniciais e
os dados bibliográficos de cada autor e de suas respectivas obras. Esse sistema, embora adaptado, foi usado por
10
PARA SABER MAIS: Quer saber mais sobre a Biblioteca de Alexandria? Acesse
esse vídeo, mas não esqueça de ativar as legendas em português:
https://www.youtube.com/watch?v=jvWncVbXfJ0.
bibliotecários por séculos, configurando-se como um modelo de organização do conhecimento por toda a região
mediterrânea até fins do século XIX, quando Dewey propôs abordagens mais compartilhadas e padronizadas.
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À medida que surgiram novas tipologias documentais3, e foi ficando cada vez mais difícil
fazer um controle bibliográfico em contexto global, a Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e a Federação Internacional de Associações e Instituições
Bibliográficas (IFLA), desde 1970, começaram a desenvolver em conjunto o Controle Bibliográfico
Universal (CBU).
Na atualidade, pode-se considerar que o principal objetivo do CBU é promover um
sistema mundial de controle e permuta de informações. O que facilita a disseminação de dados
bibliográficos de todas as publicações editadas em níveis nacional e internacional.
A efetividade do CBU depende da adoção de uma política internacional elaborada pela
UNESCO e pela IFLA. Por meio dessa política, é estabelecida a adoção de padrões de descrição dos
objetos informacionais4, objetivando a cooperação bibliográfica, bem como o intercâmbio de dados
e informações.
Nesse processo, é fundamental a colaboração de cada país, que deve se responsabilizar
tanto pela padronização da descrição bibliográfica quanto pela divulgação das publicações por meio
da bibliografia nacional. Do mesmo modo, o uso de novas tecnologias da informação e comunicação
é fundamental para o aperfeiçoamento deste controle bibliográfico.
Mas você deve estar se perguntando: “quais são as diretrizes que cada país deve seguir?”.
Vamos ver isso agora mesmo na tabela disposta a seguir:
Funcionamento de uma Agência Bibliográfica Nacional
(ABN) – controle e divulgação dos dados bibliográficos
de cada publicação editada no país;
Realização do Depósito Legal;
International Standard Book Number (ISBN) e
International Standard Serial Number (ISSN);
Catalogação na publicação (regras aceitas
3
Tipologias documentais são os variados tipos de documentos de acordo com sua estrutura (suporte físico ou digital),
espécie e função. Por exemplo: abaixo assinado (documento elaborado coletivamente com o objetivo de solicitar algo);
anais (coleção organizada de todos os trabalhos, palestras, mesas-redondas ou qualquer outro tipo de conhecimento
produzido em um evento científico); artigo científico (produção textual com os principais resultados de uma pesquisa
acadêmica); contrato (documento redigido e assinado por duas ou mais parte para estabelecer acordo), entre outros.
4
Objetos informacionais são as informações registradas nos mais variados suportes, incluindo textos, imagens, registros
sonoros, representações cartográficas e páginas web, entre outros (BRASCHER; CAFÉ, 2008).
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internacionalmente);
Padronização da catalogação descritiva (parâmetros
internacionais; intercâmbio automatizado de dados
bibliográficos e digitais; interpretação independente do
idioma do registro.
Em nosso país, o órgão que é responsável pelo CBU é a Biblioteca Nacional, que fica no
Rio de Janeiro. Quanto ao Depósito Legal, de acordo com Campello (2006), trata-se da exigência de
efetuar a entrega à Biblioteca Nacional de um ou mais exemplares de qualquer publicação editada
no Brasil. Esta, por sinal, é uma das formas mais frequentes de captação de material para elaboração
da bibliografia nacional e formação da coleção que compõe a preservação da memória cultural de
um país.
PARA SABER MAIS: Que tal fazer um passeio pela história da Biblioteca
Nacional para conhecer mais sobre a sua importância? É só clicar nesse link:
https://www.youtube.com/watch?v=YjJ7Lrhj1-o.
13
SE LIGA: Cada volume com título independente; cada um dos volumes que
compõem uma obra com mais de um volume; e todas as reedições de um
mesmo livro possuem ISBNs distintos. Existe até uma lei (a Lei nº 10.753, de 30
de outubro de 2003, que "Institui a Política Nacional do Livro"), que, em seu
artigo sexto, torna obrigatória a adoção do número internacional padronizado,
devendo ser inserido na porção inferior da “quarta capa ” do livro impresso e
no verso da folha de rosto. Para livros publicados em formato de CD-ROM, o
ISBN deve constar nas etiquetas do produto. Para publicações na Internet, deve
vir junto com o título; e em filmes e vídeos, o ISBN deve vir nos créditos.
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O ISBN é composto por 13 dígitos5, e, sempre que for escrito ou impresso, deve ser
precedido pela sigla “ISBN, e cada um dos segmentos deste número precisa ser separado por hífen,
assim como você pode verificar na figura a seguir:
Figura 4 - ISBN do Livro Pedagogia da Autonomia com a Segmentação dos Códigos Identificadores
Fonte: o autor, 2022
Audiodescrição da Figura: Sequência de números que compõem o ISBN do livro Pedagogia da Autonomia, destacados
nas cores verde (prefixo EAN); roxo (identificador de grupo, país ou área idiomática); laranja (identificador de editor);
vermelho (identificador de título); e azul (dígito de verificação). Fim da audiodescrição.
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Desde janeiro de 2007, o ISBN passou a ter 13 dígitos, tendo sido acrescentado o código 978, que identifica o produto
“livro”.
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Periódicos são publicações em papel, ou em meio eletrônico, que costumam ser publicadas em intervalos de tempo
regulares, podendo tratar de um assunto específico ou de variados assuntos. Sua principal característica é a continuidade.
Quanto à sua periodicidade, esta pode ser diária; bissemanal (duas vezes por semana); semanal (uma vez por semana);
quinzenal (a cada 15 dias); mensal; bimestral (a cada dois meses); trimestral (quatro publicações por ano); quadrimestral
(três publicações por ano); semestral (duas publicações por ano); anual; ou quinquenal (a cada cinco anos).
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O ISSN também é atribuído a Anais de Congressos, Seminários, Encontros e demais
eventos científicos. E, neste caso, todas as edições de um mesmo evento terão um mesmo ISSN,
desde que não haja alteração no título ou no suporte em que aquele periódico foi registrado. Vale
acrescentar que um evento que seja registrado em dois suportes distintos (físico e digital), terá dois
ISSNs distintos entre si.
O ISSN é composto por oito dígitos distribuídos em dois grupos de quatro dígitos cada um,
ligados por hífen e sempre precedidos pela sigla ISSN, conforme consta na figura disposta a seguir:
Para sistematizar as diferenças entre ISBN e ISSN, observe o quadro disposto a seguir:
ISSN ISBN
International Standard Serial International Standard Book
Number Number
Composto por 8 dígitos Composto por 13 dígitos
Exige periodicidade de Não exige periodicidade de
publicações publicações
Atribuído um único número para Cada nova edição recebe um novo
todas as edições número
Quadro 2 - Diferenças entre ISBN e ISSN
Fonte: o autor, 2022
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Estudante, antes de seguirmos com os conceitos e finalidades da Catalogação, observe
esse QR Code7, onde consta a lista dos materiais que recebem e que não recebem ISBN e ISSN,
organizados por Araújo (2020)8:
Figura 6 - QR CODE - Lista de Materiais que Recebem e Não Recebem ISBN e ISSN
Fonte: ARAÚJO, 2020
1.4 Catalogação
O que vem à sua mente quando ouve o termo “catálogo”? Lista de músicas ou de filmes
e séries disponíveis em suas plataformas de streaming9? Se você pensou assim, está correto!
7
O QR Code foi criado em 1994 pela empresa japonesa Denso-Wave. Trata-se de um código de barras bidimensional, isto
é, possui informações tanto no plano vertical como no plano horizontal. Pode ser lido facilmente por qualquer dispositivo
móvel com câmera e um leitor de QR Code. Com o QR Code é possível transmitir mensagens ou informações; ele pode
conter um texto, um link, uma localização GPS, um contato, um e-mail, um número de telefone ou um SMS.
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Para realizar a leitura e extrair as informações de um QR Code pelo celular é muito simples. Basta abrir o aplicativo
nativo da câmera, aquele que já vem instalado em seu celular, como se fosse tirar uma foto. Depois é só apontar a câmera
do celular para o código e aguardar.
9
Segundo Moschetta e Vieira (2018), streaming é uma forma de distribuição digital que dá acesso online a um catálogo
“ilimitado” de itens gravados, instantaneamente, em qualquer hora e local, não exigindo o download antecipado destes
itens, que são armazenados em um servidor remoto e acessados sob demanda a partir de qualquer dispositivo ligado à
rede.
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De acordo com a segunda edição do Código de Catalogação Anglo Americano (AACR2),
catálogo é uma lista de materiais, podendo ser bibliográficos ou não, e que fazem parte de uma
coleção, biblioteca ou grupo de bibliotecas, ordenada de acordo com um plano definido (AACR2,
2004).
Num sentido um pouco mais amplo, para Mey e Silveira (2009), catálogo é uma forma de
comunicação que veicula mensagens sobre registros do conhecimento, de um ou de vários acervos,
reais ou ciberespaciais, reunidos a partir de semelhanças, para que os usuários ou mediadores deste
acervo consigam localizá-lo facilmente.
Vamos contextualizar essa última definição seguindo com o exemplo do catálogo de
filmes da Netflix. Caso você esteja procurando a série “Stranger Things”, mas não saiba o seu nome,
tudo o que precisará é classificá-la nas categorias “série de TV”; “suspense”; “anos 80”;
“sobrenatural”. A plataforma irá te apresentar, no máximo, três ocorrências, dentre estas,
certamente, estará a que você está procurando!
Agora que você já tem uma ideia sobre o que seja um catálogo, será que já consegue
entender os conceitos e finalidades da catalogação no contexto da Biblioteconomia?
Catalogar é uma atividade inerente ao ser humano, tendo em vista que registramos todos
os conhecimentos que identificamos como úteis para nós, e mesmo para os outros, em estruturas
passíveis de armazenamento. Seja em nossas mentes sejam em suportes mais duráveis, como
cadernos, por exemplo.
Lembra daquela aula de Biologia, quando seu professor ou sua professora te faziam
encher o caderno de desenhos de células e suas estruturas, como o da figura 8?
Então, à medida que os desenhos iam ganhando setas, nomes e definições, você estava
catalogando o núcleo, os ribossomos, as mitocôndrias, entre outros elementos. Mas também estava
construindo uma representação10, já que estava produzindo uma imagem associada a uma coisa, no
caso, a uma célula, que existe além daquele desenho produzido por você.
10
De acordo com Sales (2014), o processo de representação começa na mente do sujeito cognoscente, isto é, da pessoa
capaz de adquirir conhecimento, e depois é externalizado por meio de um suporte informacional que garanta o seu
armazenamento para posterior partilha ou reuso daquele recurso.
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Figura 8 - Desenho de uma Célula Animal
Fonte: https://pt.wikihow.com/Desenhar-uma-C%C3%A9lula-Animal
Audiodescrição da Figura: Imagem de um caderno escolar de espiral com pautas para escrita, onde está representada a
imagem de uma célula. Uma mão de cor de pele morena segura um lápis, como se acabasse de finalizar o desenho
desta célula. Fim da audiodescrição.
11
Se referem aos códigos de classificação do livro a partir da Classificação Decimal Universal ou da Classificação Decimal
de Dewey. Mas calma, estudante! Isso você irá aprender em uma outra disciplina, chamada Representação Temática.
12
De acordo com Araújo (2020), Pontos de Acesso podem ser um nome, um termo, um título ou expressão pelo qual o
usuário pode procurar ou acessar a representação bibliográfica de um item do acervo. Os principais pontos de acesso se
fazem a partir da identificação de autor, título ou assunto da obra. Os pontos de acesso se dividem em principais e
secundários. O ponto de acesso principal é também chamado de entrada ou cabeçalho. Os pontos de acesso secundários
são todos os demais pontos de acesso, além do principal.
13
Na Descrição Bibliográfica, o bibliotecário deve retirar as informações que sejam de interesse do usuário do recurso
bibliográfico, de modo a individualizá-lo, identificando as singularidades que o diferenciam dos demais.
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SE LIGA: Para Garrido Arilla (1999), catalogar um documento significa realizar
um processo global baseado em uma série de operações, que envolvem
identificação, ordenação, localização documental e elaboração do produto, isto
é, do registro bibliográfico. Mas não pense você, estudante, que catalogar se
resume a transcrever mecanicamente os dados localizáveis no documento.
Catalogar demanda um trabalho para o qual também são necessários
conhecimentos teóricos, conhecimentos científicos e alguma experiência.
14
Sempre que se falar em Recuperação da Informação estará sendo feita uma referência à localização exata ou à capacidade
de encontrar a informação desejada.
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Figura 9 - Cada Leitor Tem seu Livro; Cada Livro, o seu Leitor
Fonte: http://bibliotecaearte.blogspot.com/2014/07/tirinhas-de-quadrinhos-charge-imagem.html
Audiodescrição da Figura: Desenho de cinco crianças e um cachorro. Todos leem jornais e cada um revela aquilo pelo
qual mais se interessa em suas leituras. Fim da audiodescrição.
De acordo com Mey e Silveira (2010), para que a catalogação atinja seus objetivos, é
indispensável atender a cinco princípios. Veja no quadro disposto a seguir quais são esses princípios,
os seus significados e exemplos:
PRINCÍPIO SIGNIFICADO EXEMPLO
Integridade Fidelidade, Caso não haja certeza quanto à data de publicação,
honestidade na cabe ao catalogador inserir um ponto de
representação, interrogação, indicando dúvida, conforme o modelo:
transmitindo Recife: SEDUC, [200?].
informações
passíveis de
verificação.
Clareza A mensagem deve Para a catalogação de obras em uma biblioteca
ser compreensível infanto-juvenil, os termos representativos dos
aos usuários. assuntos deverão adequar-se ao público, isto é, uma
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obra sobre pássaros deve ser catalogada como
“Pássaros”, e não como “Ornitologia”.
Precisão Cada informação só Pinsky, Jaime, 1939 -
pode representar um As Primeiras Civilizações / Jaime Pinsky. - São Paulo:
único conceito, sem Contexto, 2011.
dubiedades ou
dúvidas.
Lógica As informações Numa descrição, parte-se da informação mais
devem ser importante (título e autor) para a mais detalhada
organizadas de modo (dados de publicação, paginação, etc.).
lógico.
Consistência A mesma solução Se a biblioteca gerar pontos de acesso alternativos
deve ser sempre pelo prenome, deverá fazê-lo para todos os autores:
usada para
informações Luciano Cânfora e Cânfora, Luciano
semelhantes. Noam Chomsky e Chomsky, Noam
Quadro 3 - Princípios da Catalogação
Fonte: Mey; Silveira, 2010
15
A folha de rosto é um dos elementos pré-textuais mais importantes de um livro. Ela contém o título do livro, o nome
do autor, o nome e o símbolo da editora. Em alguns casos, a folha de rosto ainda apresenta o local e o ano de publicação
também. Em seu verso, é inserida a ficha catalográfica.
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PARA SABER MAIS: Para mais detalhes sobre as partes de um livro, você pode
acessar este link: https://www.youtube.com/watch?v=RaZlUyZg2ug
Vale lembrar que a ficha catalográfica deve ter 12,5 cm de largura e 7,5 cm de altura.
De acordo com Mendonça e Barros (2020), a Catalogação na Fonte é a elaboração da ficha
catalográfica, que deve ser impressa no verso da folha de rosto de um livro, tese ou dissertação. A
ficha catalográfica contém as informações bibliográficas necessárias para a identificação do
23
documento na fonte, a sua inclusão em bases de dados bibliográficas e sua posterior recuperação. O
que também contribui para o Controle Bibliográfico Universal.
Mas você deve estar se perguntando: “quais são os dados necessários para se catalogar
um livro?”. Se liga nesse quadro disposto a seguir:
De acordo com Lourenço (2018), ainda no século XIX, a elaboração de fichas catalográficas
começou a preocupar os bibliotecários quando se começou a perceber que elas eram confeccionadas
de modos diferentes, e um mesmo livro podia apresentar fichas catalográficas distintas. Buscou-se,
então, os primeiros estudos para que fosse estabelecido um padrão mundial, tudo isso,
naturalmente, sem os recursos tecnológicos de informação e comunicação de que dispomos na
atualidade.
A proposta da Catalogação Cooperativa era para que os bibliotecários e as bibliotecárias
unissem esforços no sentido de trabalhar de forma integrada, desenvolvendo uma cultura
colaborativa entre diferentes bibliotecas com o objetivo de partilhar as fichas de catalogação de
modo que uma obra já catalogada por uma biblioteca não precisasse ser catalogada por outra (SANTA
ANNA, 2017). Formava-se, assim, um catálogo coletivo compartilhado; um processo um tanto
demorado por conta das limitações tecnológicas da época quanto à intercomunicação, todavia, muito
importante enquanto iniciativa.
Atualmente, segundo Lourenço (2018), com os catálogos coletivos de que dispomos
internacionalmente, acervos que ainda não tenham sido informatizados podem, rapidamente, por
meio dos recursos da catalogação cooperativa, informatizar os seus catálogos.
24
Antes de finalizar a primeira parte deste e-book, assista a esse vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=Zgf_Pv3qM6Q . Ele trata da regra dos
dois minutos. Não deixe de ver, isso pode mudar a sua vida!
Agora que você já conhece a regra dos dois minutos, você já pode se animar e realizar as
atividades da semana! Mas, antes disso, não deixe de assistir à videoaula desta competência nem de
interagir nos fóruns. A gente se vê na competência 2, combinado? Até lá!
25
2.Competência 02 | Apreender Noções Básicas da Catalogação Utilizando
o AACR2R
“Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho servirá” (Lewis
Carroll)
“A ponte não se sustenta por esta ou aquela pedra, mas pela curva
do arco que todas elas ajudam a formar; sem pedras, não há arco
ou mesmo ponte”
(Ítalo Calvino)
Na epígrafe16 que antecede este “Mora na Filosofia”, o autor de Alice no País das
Maravilhas, um dos mais fascinantes e misteriosos livros já escritos, foi colocado para conversar com
um dos mais importantes escritores italianos do século XX.
Quando Carroll diz que qualquer caminho serve se você não sabe para onde ir, pode-se
inferir que, ainda que não exista um caminho predefinido a seguir, ele se fará por suas escolhas. E
essas escolhas precisam estar orientadas a um objetivo; do contrário, se não houver objetivos,
quaisquer escolhas podem ser feitas. É preciso, portanto, um planejamento.
Para Calvino a importância das pedras, que, juntas, formam o arco e a ponte, tem um
sentido metafórico17. A ponte (e o arco) seria a comunicação que se estabelece entre duas pessoas,
e as pedras seriam a habilidade de quem conta a história e a capacidade de entendimento de quem
escuta.
16
Epígrafe é uma frase, que, colocada no início de um texto, serve de tema ao assunto ou para resumir o sentido ou situar
a motivação da obra; mote.
17
Metáfora é uma figura de linguagem responsável por fazer comparações não explícitas, ou seja, de um sentido literal
para um sentido figurado. Por exemplo, “Ela é meu esporte radical; poderosa, viciante, mas não faz mal. Ela é meu
docinho” (FRED 04, 2000).
26
O planejamento e a comunicação estão presentes tanto na canção presente
neste vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=kIIKAigKNw8 quanto nas
rotinas dos profissionais da informação, e a apreensão das noções básicas de
catalogação com o AACR2 vão te provar isto ao fim desta competência. Plantei
a semente da curiosidade em você? Espero que sim!
Agora que você já “morou” na Filosofia e ouviu uma musiquinha em que o cantor tenta
descrever o que sente por sua “galega”, segue com a leitura, e senta, que lá vem história!
18
De acordo com Gabriela Pedrão (2019), os catálogos existem há tanto tempo quanto as próprias bibliotecas; registros
um tanto obscuros, parecem indicar que sumérios e babilônios, desde 2.000 a.C., desenvolveram listas com o objetivo de
organizar o conhecimento.
27
SE LIGA: Ao longo da Idade Média, a Igreja Católica garantiu não apenas a
unidade religiosa, mas também a unidade política e cultural. Controlando a fé e
o acesso ao conhecimento, a Igreja ditava todos os elementos da vida; desde o
nascimento, o casamento e a morte até as formas de festejar, pensar e agir das
pessoas. Para ter um pouco da dimensão da importância desse controle de
acesso ao conhecimento, dá uma olhada neste vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=2JFbBbdARls.
Pensando por este prisma, se a catalogação visa que a informação seja localizada com
rapidez para que possa atender a uma demanda social por construção de conhecimento, conforme
você já aprendeu, não vai parecer surpresa o fato de que até o século XIV, muito poucas iniciativas
relacionadas à catalogação foram dignas de nota.
Mesmo as bibliotecas universitárias, em geral, possuíam reduzidos acervos, o que não
justificou maiores inovações.
28
Assim, tanto as bibliotecas quanto os arquivos dessa época voltavam-se
fundamentalmente para a custódia dos seus acervos, limitando-se ao desenvolvimento de técnicas
de preservação e gerenciamento, sem maiores reflexões sobre a sua função social. Até porque as
pessoas não tinham acesso à educação regular; somente alguns membros da Igreja e outros poucos
nobres sabiam ler.
Mey e Silveira (2009), no entanto, destacam, em meados do século XVI19, o surgimento
de catálogos que incluíam nos registros índices alfabéticos de autor e os nomes dos editores e
tradutores das obras. Muitos estudiosos começaram, neste período, a apresentar sugestões de
melhorias para os sistemas de catalogação das bibliotecas.
Já em fins do século XVIII, após a Revolução Francesa, as bibliotecas que pertenciam à
nobreza foram todas confiscadas e transformadas em bibliotecas públicas. O que demandou o
estabelecimento de normas para sua organização e o surgimento do primeiro código nacional de
catalogação20 (ORTEGA, 2004).
Além disso, Gabriela Pedrão (2019) acrescenta que foi durante o século XVIII que a
pesquisa científica começou a crescer e se especializar, o que aumentou o tamanho das bibliotecas,
e, por conseguinte, das necessidades por organização da informação.
A partir do século XIX a catalogação começa a receber preciosas contribuições, que
chegaram a repercutir em suas práticas atuais. Não é exagero considerar que essa época
testemunhou um salto evolutivo, que representou uma era de ouro para a catalogação.
Os maiores inovadores desta época, bem como suas principais contribuições, podem ser
vistos no quadro disposto a seguir:
91 regras de catalogação;
Antonio
Panizzi Inovações no formato de registro de obras e davam diretrizes para entrada
(1797- principal, padronização de nomes de autores, títulos de nobreza,
1879) personagens religiosos, obras anônimas, obras raras, periódicos, coleções e
até mesmo quanto ao formato físico dos livros.
19
Não perca de vista o fato de que nessa época, a prensa de Gutenberg já estava contribuindo para o aumento da produção
e circulação de livros. Lembra que vimos isso lá na competência anterior? Está tudo interligado!
20
O código francês determinava: 1) que se transcrevesse a página de rosto, sublinhando o sobrenome do autor para a
alfabetação; 2) que quando não houvesse autor, seria sublinhada a palavra mais significativa do título; 3) incluíam-se dados
físicos: número de volumes, tamanho, ilustrações, material de que o livro era feito, encadernação e indicação de falta de
páginas.
29
Charles Determinou a finalidade de um código de catalogação;
Jewett
(1816- Defendia que as regras de catalogação devem evitar ao máximo a
1868) subjetividade e o julgamento do catalogador.
Melvil Organizou algumas regras simplificadas de catalogação;
Dewey
(1851- Lembrado principalmente pela Classificação Decimal que recebeu seu
1931) nome.
Determinou os objetivos do catálogo;
30
Figura 12 - Linha do Tempo Catalogação Século XX
Fonte: O autor, 2022.
Audiodescrição da Figura: Linha do tempo em que sete datas grafadas na cor branca e dispostas em pequenos
retângulos na cor laranja, se ligam a sete imagens representativas de acontecimentos marcantes do século XX, e que,
por sua vez, se ligam a sete breves descrições grafadas na cor preta e dispostas em quadros com planos de fundo
brancos. Fim da audiodescrição.
Como você pôde observar, ao longo do século XX, a catalogação evoluiu muito no sentido
de facilitar a vida tanto do leitor quanto do profissional de biblioteca, sobretudo por conta da partilha
de boas práticas entre as instituições. Em resumo, a padronização e a cooperação ganham espaço e
importância (PEDRÃO, 2019).
Todas as vezes que você ouvir a expressão “AACR2”, a partir de agora, vai entender que
ela é sigla para Anglo-American Cataloguing Rules, ou Código de Catalogação Anglo-Americano, em
sua segunda edição. Trata-se de um compêndio de regras tanto para a criação de descrições
bibliográficas quanto para a escolha, construção e atribuição dos pontos de acesso.
31
O AACR2 está organizado em dois volumes, ou partes. A Parte I traz instruções para a
formulação da descrição de materiais de biblioteca, e está dividida em 13 capítulos. No primeiro
destes estão as Regras Gerais, que norteiam o processo de catalogação, enquanto os demais capítulos
tratam de materiais específicos a serem catalogados.
A Parte II aborda a escolha dos pontos de acesso para as entradas principais e secundárias,
da forma dos cabeçalhos, dos títulos uniformes e das remissivas.
Veja no quadro disposto a seguir a listagem de cada uma dessas duas partes e vamos ver
se você consegue observar uma particularidade nesta listagem, combinado?
Parte I
Introdução Parte I
Parte II
32
Quadro 6 - Listagem das Seções que Compõem as Duas Partes do AACR2
Fonte: Código de Catalogação Anglo Americano, 2004.
Então, achou a particularidade? Não!? Então vou te dizer. Não há capítulos numerados
entre 14 e 20; e esse espaço foi deixado justamente para que possa haver inclusões futuras de novos
materiais que possam surgir e ainda não façam parte da divisão de capítulos existentes na Parte I.
Nas duas seções seguintes, você irá entender mais sobre os pontos de acesso e sobre a
descrição bibliográfica. Vamos nessa?
Para que consiga localizar determinado item em um acervo é preciso que o usuário ou o
profissional que atua naquele acervo tenha alguma informação sobre este item, tais como o seu
nome, o seu título ou pelo menos um dos assuntos abordados. Do contrário, situações como a da
figura a seguir seriam ainda mais constantes do que alguns testemunhos podem revelar.
21
Recurso informacional é qualquer material que contenha ou conserve informação seja impresso ou digital.
22
O ponto de acesso principal de uma obra será: o nome do autor, quando houver apenas um autor responsável pela
obra; o nome do primeiro autor citado quando houver até três autores; o nome autor indicado como principal, quando
houver quatro ou mais autores; o título da obra quando houver quatro ou mais autores e nenhum desses for indicado
33
cabeçalho) e secundários23 (todos os demais pontos de acesso, excetuando-se o principal). Vamos ver
um exemplo desses pontos de acesso?
como principal; o título da obra quando ela for anônima; o título da obra, quando esta contiver várias obras
independentes, de autores diversos, reunidas em um título geral, ou coletivo (ARAÚJO, 2020).
23
Os pontos de acesso secundário de uma obra serão: título, desde que este não seja ponto de acesso principal; outros
autores quando houver até três; primeiro autor citado, quando houver quatro ou mais autores e nenhum indicado como
principal; coordenadores, organizadores ou editores responsáveis por uma coletânea de obras com título coletivo; série,
quando o livro pertencer a uma série; assuntos (ARAÚJO, 2020).
24
International Standard Bibliographic Description (Descrição Bibliográfica Internacional Normalizada), conhecida como
ISBD, é um padrão desenvolvido pela International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA) para a criação
de descrições bibliográficas.
34
Figura 15 - Áreas de Descrição Bibliográfica
Fonte: https://shre.ink/H4h
Audiodescrição da Figura: Representação de uma ficha catalográfica. Destacado em um retângulo vermelho, podem-se
ler as seguintes informações: “Saberes ambientais: reflexões sobre a relação sociedade-natureza / Cláudio Jorge Moura
de Castilho... et al, organizado por Antônio Hélton Santos, Manuela do Nascimento, Bruno Pontes, Ananindeua, PA:
Itacaiúnas, 2020. 204 p. il, PDF, 4,23 MB. Inclui índice e bibliografia. ISBN: 978-65-990164-3-1.”. Deste retângulo
vermelho, parte uma seta vermelha, que se liga à expressão: “Área de descrição bibliográfica”. Fim da audiodescrição.
35
do termo [2. ed.] ou seu equivalente em outras línguas. A área de edição é precedida de ponto,
espaço, travessão e espaço [. — ]. Quando a obra catalogada se tratar de uma primeira edição, essa
informação pode ser suprimida, mas a partir da segunda edição, deve ser grafada conforme o
exemplo a seguir:
36
sine nomine (sem nome de editora). O nome do editor é precedido de espaço, dois pontos e espaço
[: ]. Veja novamente a figura 18, logo na sequência ao local de publicação, é inserido o nome da
editora.
O terceiro dado de publicação é a data de produção, ou seja, a data em que a obra foi
editada. Veja mais uma vez, na figura 18, a data de publicação antecedida pelo nome da editora.
Vale lembrar que é indispensável inserir a data na catalogação, ainda que ela seja provável
ou presumida. Neste caso, quando nenhuma data puder ser determinada com precisão, deve ser
fornecida uma data aproximada de publicação, que pode variar conforme o modelo do quadro
disposto a seguir:
[1985 ou 1986] - quando houver dúvida entre um ano e outro
[1999] - data provável, mas não há certeza
[entre 1809 e 1827] - use apenas para datas com menos de 20 anos de diferença
[ca. 1950] - data aproximada
[196-] - quando houver certeza quanto à década
[197-?] - década provável, mas não há certeza
[18--] - quando houver certeza quanto ao século
[18--/] - século provável, mas não há certeza
Descrição Física: Neste campo é onde se registra a extensão do item, ou seja, o número
de páginas ou volumes, e também informações sobre a presença de ilustrações, o tipo de material, a
cor, o tipo de gravação, ou a velocidade de projeção, de acordo com a natureza do recurso
informacional (livro, LP, CD, DVD, entre outros). Ainda podem ser inseridas as dimensões, que variam
de acordo com o suporte físico, como, por exemplo, a altura do livro, ou o diâmetro de um disco, ou
ainda as dimensões de um jogo de tabuleiro. As dimensões, quando mencionadas25, devem ser
expressas em centímetros, abreviadas da seguinte forma: [cm].
Observe na figura disposta a seguir as informações destacadas em vermelho relacionadas
à descrição física do recurso informacional:
25
De acordo com Araújo (2020), o registro das dimensões dependerá da utilidade desta informação. Inúmeras bibliotecas
não mais registram a dimensão do livro, por ser de nenhuma utilidade prática, exceto para acervos organizados por
tamanho.
37
Figura 19 - Ficha Catalográfica com Destaque para a Descrição Física
Fonte: encurtador.com.br/twAJ2
Audiodescrição da Figura: Representação de uma ficha catalográfica, onde aparecem destacadas as seguintes
informações: “122 p. : il.fot.; 22cm”, circulada em vermelho. Circulado em azul, pode-se ler a seguinte expressão: “ISBN
978-85-63824-25-7”. Fim da audiodescrição.
Série: É onde são registrados o título da série e o número do livro da série. Um livro pode
pertencer a uma série ou coleção quando o seu organizador, ou editor, reúne um conjunto de obras
tendo como base o seu valor ou o interesse que esse conjunto pode suscitar para determinada área
do conhecimento. Veja, na figura a seguir, um exemplo de ficha catalográfica que indica que
determinada obra faz parte de uma coleção:
Notas: Nesta seção é onde são registradas todas as informações relevantes, mas que não
ocupam um lugar específico. As notas devem ser concisas para não sobrecarregar o leitor com
excesso de informações. Veja um exemplo na figura disposta a seguir:
38
Figura 21 - Nota Referente à Presença de Índice e Bibliografia na Obra
Fonte: o autor, 2022.
Audiodescrição da Figura: Representação de uma ficha catalográfica, onde aparece destacada, em vermelho, a seguinte
informação: “Inclui índice e bibliografia”. Desta expressão destacada, parte uma seta vermelha, que se liga à expressão:
“Nota referente à presença de índice e bibliografia na obra”, também escrita em vermelho. Fim da audiodescrição.
Número Normalizado (ISBN para o caso de livros e ISSN para o caso de periódicos). Veja,
na figura 19, o destaque em azul, onde deve ser inserido o ISBN (para o caso de livro).
26
Realia é como os bibliotecários denominam os objetos desprovidos de linguagem, extraídos da natureza ou fabricados
pelo homem.
39
Além do mais, o AACR2 é um manual que está à disposição do catalogador para ser
consultado. Dúvidas sempre existirão, e por isso é tão importante ter o AACR2 sempre à mão. Por
isso também é tão importante partilhar dúvidas com seus colegas de trabalho e superiores. Lembra
da Catalogação Cooperativa e seus princípios de partilha de experiências e boas práticas? Pois é por
aí mesmo!
Então, estudante, depois de assistir ao vídeo, diz aí: o que é o impossível? O poeta,
romancista, cineasta, designer, dramaturgo, ator e encenador de teatro francês, Jean Cocteau, certa
vez, proferiu a seguinte frase: “não sabendo que era impossível, foi lá e fez”. É bem verdade que essa
máxima de Cocteau tenha sido atualizada num contexto de humor, conforme se pode ver na figura
disposta a seguir:
40
Mas, brincadeiras à parte, agora que você refletiu sobre como é importante não se
habituar ao possível, e começa a suspeitar que o impossível não é um fato, e pode ser apenas uma
questão de opinião, como ensinou Mário Sérgio Cortella, já pode realizar as atividades da semana!
Mas, calma!! Antes disso, não deixe de assistir à videoaula desta competência e lembra de interagir
nos fóruns. Nos vemos na competência 3, combinado? Até lá!
41
3.Competência 03 | Saber Operar Elementos Básicos da Catalogação em
Ambientes Digitais
“Nenhum problema pode ser resolvido pelo mesmo estado de
consciência que o criou”
(Albert Einstein)
“Você não pode mudar o vento, mas pode ajustar as velas do barco
para chegar onde precisa”
(Confúcio)
27
O físico alemão Albert Einstein (1879-1955), em 1922, foi premiado com o Nobel de Física por seus serviços à Física
Teórica, em especial, por sua descoberta da Lei do Efeito Fotoelétrico.
28
A cosmovisão, ou visão de mundo de Confúcio enfatizava as relações políticas, éticas e educacionais, e, mesmo depois
de mais de 2.500 anos, exerce imensa influência sobre o pensamento e a mentalidade chinesa nos dias de hoje.
29
Inovação é fazer algo novo, seja uma ideia, um produto ou um serviço, a partir da busca pela superação de um problema
relacionado a algo que já existe e é conhecido, utilizando de criatividade e ousadia para seguir um caminho ainda não
escolhido por outros. A inovação é um processo de criação de valor para uma ferramenta (tecnologia) e não se trata de
uma meta ou de evento isolado, mas de um processo, de um valor a ser cultivado como fator-chave para a sobrevivência
da empresa (GOUVEIA JUNIOR, 2022).
42
amplamente abordado na disciplina Elementos da Estatística. Disciplina esta que você já estudou, ou
irá estudar, até o fim deste curso.
Mas voltando a esse conceito de inovação, é ele que vai te levar para a próxima seção.
Então, como já é de costume, escolhe uma posição confortável, e… senta que lá vem história!
30
O envolvimento indireto dos Estados Unidos e da União Soviética consistia no financiamento, na disponibilização de
armas e no treinamento militar de países aliados. A Guerra da Coreia (1950-1953); a Crise dos Mísseis em Cuba (1962); a
Guerra do Vietnã (1965-1975); A Guerra do Afeganistão (1979-1989); e o financiamento de Ditaduras na América Latina
(1964-1990) pelos estadunidenses são os capítulos mais marcantes desse contexto de enfrentamentos indiretos entre as
superpotências.
43
Avançada (ARPA), cujo objetivo era a criação de um sistema interno de comunicação confiável e
eficiente para os centros de pesquisa.
Em 1969, no mesmo ano em que os primeiros humanos pisaram na Lua, a Universidade
da Califórnia conseguiu conectar computadores locais em uma rede local privada. Nascia a ARPAnet;
o protótipo da criação de uma rede mundial que interligaria computadores de qualquer parte do
mundo por meio de várias conexões simultâneas. Isso mesmo! Estamos falando das origens da
Internet que você usa hoje para informação, educação, comunicação e entretenimento.
Foi justamente neste contexto de desenvolvimento tecnológico que, de acordo com
Corrêa (2008), a Library of Congress, a partir de 1960, iniciou estudos para elaboração de um formato
que transformasse as informações escritas de um catálogo manual para um catálogo automatizado.
Destes estudos resultou o formato MARC - Machine Readable Cataloging, ou Catalogação Legível por
Computador.
Na sequência, vamos conhecer um pouco mais sobre o MARC, suas origens, finalidades e
formas de registro, combinado?
31
Como as informações que constam em uma ficha catalográfica não podem ser digitadas no computador para produzir
um catálogo automatizado, foi desenvolvido um meio para a interpretação encontrada no registro bibliográfico. Assim, o
MARC dispõe de uma espécie de guia para esses dados; tratam-se de pequenos “sinalizadores” antes de cada elemento
da informação bibliográfica. O local destinado a cada elemento da informação bibliográfica, isto é, autor; título; número
de chamada, etc., é chamado de campo (FURRIE, 2000).
44
De acordo com Lourenço (2018), o MARC é um formato padrão para um “banco de dados”
bibliográfico; ou seja, ele não é um padrão de descrição bibliográfica ou de catalogação. Ele é
semelhante a uma linguagem de programação32. Nesse sentido, tanto a entrada de dados em um
registro MARC quanto a definição dos pontos de acesso deste registro são baseadas nas normas de
catalogação do AACR2.
Até 1980, o MARC atendia perfeitamente à catalogação de arquivos de computador,
entretanto, não dispunha de recursos suficientes para catalogação em redes de bibliotecas. A
catalogação cooperativa, cujos conceitos foram trabalhados na primeira competência deste e-book,
era realizada por meio de cópias dos bancos de dados em CD-ROMs. Estes eram distribuídos às
bibliotecas participantes de uma rede.
Esta situação foi solucionada em 1995, quando um novo campo, o 85633, onde seriam
armazenadas informações para localização de recursos da rede, fez com que os registros
catalográficos em MARC pudessem ser acessados e importados via internet. Atualmente é utilizado
no Brasil o formato MARC 21, que representa uma tentativa de unificação dos padrões
estadunidenses, ingleses e canadenses (LOURENÇO, 2018).
Mas por quê MARC 21? Trata-se de um formato elaborado para um padrão bibliográfico
para o século XXI, tendo em vista que contempla acessos e importações remotas, via internet, como
já foi dito anteriormente.
Figura 24 - Marc 21
Fonte: https://santabiblioteconomia.com.br/geral/marc-21-ultima-atualizacao-em-espanhol/
Audiodescrição da Figura: Logotipo do MARC21 em formato circular nas cores azul e branco. Quatro linhas brancas na
parte superior e outras quatro linhas brancas na parte inferior do logotipo confluem para o centro da imagem, onde se
32
Linguagem de programação é uma linguagem formal que, através de uma série de instruções, permite que um
programador escreva um conjunto de ordens, ações consecutivas, dados e algoritmos para criar programas que controlam
o comportamento físico e lógico de uma máquina.
33
Mais adiante serão explicados esses campos.
45
pode ler “MARC 21” escrito em letras brancas em um fundo azul. Fim da audiodescrição.
Vale lembrar que, atualmente, o MARC 21 compreende cinco formatos: para dados
bibliográficos, de autoridade, de coleção, de classificação e para informação comunitária. Aos seus
estudos, no entanto, interessam apenas os dados bibliográficos.
Os principais objetivos do MARC 21 são:
1. Padronizar a catalogação dos registros bibliográficos em todos os sistemas virtuais;
2. Permitir que bibliotecas do mundo inteiro troquem informações bibliográficas;
3. Incentivar a catalogação cooperativa, aprimorando continuamente os registros de
cada obra.
PARA SABER MAIS: Para melhor ilustrar o formato MARC 21, dá uma olhada
neste vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=b3YRXqb2js0. São dez
minutinhos que valem muito a pena!
34
Tag é um termo em inglês, que significa rótulo, ou etiqueta. Assim como uma etiqueta, a tag é utilizada para identificar,
por exemplo, objetos, mercadorias, arquivos, entre outros, e, portanto, ajudam a organizar informações, agrupando
aquelas que receberam a mesma marcação, facilitando encontrar outras relacionadas.
46
090 Classificação Local 611 Assunto – Nome do Evento
100 Entrada Principal pelo Nome Pessoal 630 Assunto – Título Uniforme
110 Entrada Principal pelo Nome de uma Entidade 650 Assunto Tópico
111 Entrada Principal pelo Nome de um Evento 700 Entrada Secundária – Nome Pessoal
130 Entrada Principal pelo Título Uniforme 710 Entrada Secundária – Entidade Coletiva
240 Título Uniforme 711 Entrada Secundária – Nome do Evento
245 Indicação de Título Principal 730 Entrada Secundária – Título Uniforme
250 Edição 740 Entrada Adicional – Título Analítico
260 Área de Publicação, Distribuição
Estudante, você vem aprendendo neste e-book que, com o passar do tempo, as
organizações, os sistemas e mesmo as pessoas vivenciam mudanças, atualizações, transformações.
“Nada do que foi, será de novo do jeito que já foi um dia…”, já disse o poeta! Essa regra
não seria diferente para o AACR2 nem para o formato MARC; e identificou-se a necessidade do
estabelecimento de novos padrões conceituais capazes de atender às demandas surgidas a reboque
dos avanços tecnológicos.
Em vez de realizar uma nova atualização do AACR2, constatou-se que seria mais
interessante pensar em um novo código de classificação que atendesse àquelas demandas
tecnológicas.
47
Assim, em 2010, foi apresentado o Resource Description and Access (RDA), ou a Descrição
e Acesso de Recursos, que, além de poder ser utilizado não só em bibliotecas, mas também em
arquivos, museus e centros de documentação, ainda trazia orientações sobre como catalogar
recursos digitais e auxiliar melhor os usuários para encontrar, identificar, selecionar e obter a
informação desejada (ARAÚJO, 2020).
Uma inovação do RDA é a chamada transcrição fidedigna, ou seja, não são inseridos
códigos, siglas ou abreviaturas. O que facilita o entendimento do usuário à medida que cada um dos
registros feitos em relação a um recurso informacional, ele será facilmente compreendido.
Diferente do AACR2, os capítulos do RDA não são organizados por tipo de material, mas
dizem respeito a grupos de Atributos e grupos de Relacionamentos, utilizando a estrutura do
Functional Requirements for Bibliographic Records (FRBR)35, ou Requisitos Funcionais para Registros
Bibliográficos. Observe no quadro disposto a seguir:
35
O FRBR é um modelo conceitual, resultante do estudo feito pela IFLA, entre 1992 e 1997, e publicado em 1998. Não se
trata de um código de catalogação nem de um formato, norma, padrão ou princípio de catalogação. Se apresenta como
uma base conceitual para o aperfeiçoamento dessas normas.
48
3.5 FRBR: Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos
Para que você entenda melhor o quadro anterior, é fundamental conhecer maiores
detalhes sobre o FRBR. Este define Entidades, Atributos e Relacionamentos do universo bibliográfico.
Vamos conceituar e exemplificar cada um deles a seguir.
Entidade: é um objeto, concreto ou abstrato, possível de ser identificado sem qualquer
ambiguidade em relação a quaisquer outros objetos. Representam os principais objetos de interesse
para os usuários de dados bibliográficos. Existem dez Entidades36, divididas em três grupos, conforme
você pode verificar no quadro disposto a seguir:
Produtos do Trabalho Intelectual ou Artístico
GRUPO
1 Obra / Expressão / Manifestação / Item
Responsáveis pelos Conteúdos, Produção, Disseminação, etc.
GRUPO
2 Pessoa / Entidade Coletiva
36
Obra é uma criação artística ou intelectual; Expressão é a realização artística ou intelectual de uma obra; Manifestação
é a materialização da expressão de uma obra; Item é um único exemplar de uma manifestação; Pessoa é o indivíduo;
Entidade Coletiva é uma organização ou grupo de indivíduos e/ou organizações; Conceito é uma noção abstrata ou ideia;
Objeto é uma coisa material; Evento é uma ação ou ocorrência; e Lugar é sinônimo de local.
37
Vale considerar que não é possível catalogar utilizando diretamente o FRBR, mas é possível exemplificar quais são as
Entidades, os Atributos e os Relacionamentos contidos em um recurso informacional.
49
De acordo com Assumpção (2012), os relacionamentos descritos no FRBR são de três
tipos:
Relacionamentos entre as Entidades do Grupo 138;
Relacionamentos entre as Entidades dos Grupos 1 e 239;
Relacionamentos de Assuntos40.
Os Relacionamentos entre as Entidades dos Grupos 1 e 2, por sua vez, podem ser melhor
ilustrados pelo quadro disposto a seguir:
38
Uma obra pode ser realizada por meio de várias expressões, uma expressão é materializada em várias manifestações e
uma manifestação é exemplificada por vários itens.
39
Uma obra é criada por uma pessoa ou entidade coletiva, uma expressão é realizada por uma pessoa ou entidade
coletiva, uma manifestação é produzida por uma pessoa ou entidade coletiva, e um item é guardado por uma pessoa ou
entidade coletiva.
40
Uma obra pode ter como assunto outra obra, uma expressão, uma manifestação, um item, uma pessoa, uma entidade
coletiva, um conceito, um objeto, um evento ou um lugar.
50
Figura 26 - Relacionamentos entre as entidades dos Grupos 1 e 2 do FRBR
Fonte: Assumpção, 2012.
Audiodescrição da Figura: Representação de quatro retângulos que se ligam simultaneamente a outros dois retângulos
por meio de setas que indicam ações. No topo da imagem, há um retângulo, de cor azul, dentro do qual se pode ler, em
letras pretas, o termo “Obra”, dele, parte uma seta que vai se ligar a um quadrado segmentado que abriga dois outros
retângulos; um em cor de rosa, com o termo “Pessoa” e outro amarelo, com o termo “Entidade Coletiva”. De um
segundo retângulo, de cor verde, dentro do qual se pode ler, em letras pretas, o termo “Expressão”, parte uma seta que
se liga ao mesmo quadrado segmentado já descrito. De um terceiro retângulo cor de laranja, dentro do qual está escrito
o termo “Manifestação”, parte uma seta para o quadrado segmentado já descrito. E, por fim, há um quarto retângulo,
na cor roxa, onde está escrito o termo “Item”, de onde também parte uma seta para o quadrado segmentado. A figura
sugere o entendimento de que uma “Obra” é criada por uma “Pessoa” ou “Entidade Coletiva”; uma “Expressão” é
realizada por uma “Pessoa” ou “Entidade Coletiva”; uma “Manifestação” é produzida por uma “Pessoa” ou “Entidade
Coletiva”; e um “Item” é guardado por uma “Pessoa” ou “Entidade Coletiva”. Fim da audiodescrição.
51
deste retângulo há a expressão “Tem como assunto” e dessa expressão, partem linhas que se ligam a outros três
retângulos segmentados. Dentro do primeiro retângulo segmentado, que está à esquerda, constam outros quatro
triângulos na cor verde. Em cada um deles estão escritos os termos “Obra”; “Expressão”; “Manifestação”; e “Item”. No
retângulo segmentado do meio, constam outros dois retângulos em cor de rosa. Neles estão escritos os termos
“Pessoa” e “Entidade Coletiva”. Por fim, no retângulo segmentado disposto à direita da imagem, há outros quatro
retângulos na cor laranja. Em cada um deles estão escritos os termos “Conceito”; “Objeto”; “Evento”; “Lugar”. A figura
sugere o entendimento de que uma “Obra” tem como assunto ou pode ter como assunto uma Obra, uma Expressão,
uma Manifestação, um Item, uma Pessoa, uma Entidade Coletiva; um Conceito; um Objeto; um Evento; ou um Lugar.
Além das Entidades, dos Atributos e dos Relacionamentos, o FRBR também define quatro
tarefas do usuário41, bem como associam cada atributo e relacionamento com uma, ou mais, dessas
tarefas (MORENO, 2009). Mas, que tarefas são essas? Você vai conhecer cada uma delas agora.
entidades que correspondem ao critério de busca do usuário
(localizar uma única entidade ou um grupo de entidades em
1 - ENCONTRAR um arquivo ou banco de dados como o resultado de uma
busca usando um atributo ou relacionamento da entidade);
41
Tarefas do usuário são ações realizadas pelo usuário durante o uso de um catálogo ou de dados bibliográficos.
52
Figura 28 – Capa do Livro De Volta para o Futuro – os Bastidores da Trilogia
Fonte: https://www.amazon.com.br/Volta-Para-Futuro-Bastidores-Trilogia/dp/8566636767
Audiodescrição da Figura: Imagem da capa do livro “De Volta para o Futuro - Os Bastidores da Trilogia”, onde se pode
ver, uma parte de um automóvel prateado que parece estar em movimento enquanto deixa uma trilha de fogo feita por
seus pneus. No plano de fundo desta capa também se pode ver um céu noturno e alguns raios, que circundam o título
do livro e o nome de seu autor, grafados em letras em estilo futuristas, nas cores vermelha e prateada. Fim da
audiodescrição.
53
exemplares deste mesmo livro. Este livro específico, então, é um Item, isto é, um único exemplar da
Manifestação “De Volta para o Futuro - Os Bastidores da Trilogia - texto em português - impresso,
primeira edição, Darkside, 2015”. Esta biblioteca é a Entidade Coletiva responsável pela guarda deste
Item.
A Obra “De Volta para o Futuro - Os Bastidores da Trilogia” se apresenta como documento
mais completo capaz de narrar os bastidores e a produção do roteiro cinematográfico de uma das
mais icônicas trilogias da história do cinema e um marco da cultura pop, a partir de 1985.
Após mais de 500 horas de entrevistas com equipe técnica, elenco e fãs, o livro foi
publicado no contexto das comemorações dos 30 anos da saga que conseguiu misturar ficção
científica, aventura, humor e romance.
A obra tem como assuntos, entre outros, os Conceitos: Cinema; Roteiro; e Viagem no
Tempo. O Objeto é Bastidores Cinematográficos; o Evento pode ser considerado Gravações da
Trilogia. O Lugar que podemos considerar é onde a trilogia foi gravada, isto é, na Califórnia.
É possível exemplificar cada uma das entidades mencionadas por meio de um diagrama:
54
Figura 29 - Relacionamentos do FRBR com Base na Obra “De Volta para o Futuro - Os Bastidores da Trilogia”
Fonte: o autor, 2022.
Audiodescrição da Figura: Esquema de relações representadas por círculos que se ligam por linhas. Neste esquema,
constam círculos de cores variadas, que estão associadas a legendas por cor. Na cor roxa, há quatro círculos, que
representam as seguintes Obras: “DVPF – sigla para De Volta para o Futuro – Os Bastidores da Trilogia”; “DVPF –
Filmes”; “DVPF – História em Quadrinhos”; e “DVPF – Desenho Animado”. Os círculos na cor verde, representam as
Expressões: “Texto em Inglês” e “Texto em Português”. A este último, ligam-se dois círculos na cor violeta, que
representam Pessoas, no caso, os tradutores, Alexandre Matias e Mariana Matias; e também se liga um círculo verde-
claro com a Manifestação “Impresso, Darkside, 2015”. A este círculo verde-claro, liga-se um círculo na cor violeta, que
representa a Entidade Coletiva “Darkside” e também se ligam três círculos em uma tonalidade mais clara de verde, que
representam os seguintes Itens: “ITEM 07.349/2018”; “ITEM 07.352/2018”; e “ITEM 07.345/2018”. Aquele círculo roxo
que representa a Obra “DVPF – sigla para De Volta para o Futuro – Os Bastidores da Trilogia” liga-se a um círculo na cor
violeta, que representa a Pessoa, no caso, o autor da Obra, “Caseen Gaines”. Outros círculos em tonalidades diferentes
de azul-claro, representam Conceitos: “Cinema”; “Roteiro“; “Viagem no Tempo”. Objetos: “Bastidores” e “Gravações”.
Eventos e Lugares: “Califórnia”. Fim da audiodescrição.
3.6 O Biblivre
Você já ouviu falar do “Biblivre”? Não!? Então chegou a hora de conhecer essa importante
iniciativa surgida no começo dos anos 2000. Originado de um projeto de desenvolvimento da versão
de um conjunto de programas de computador, o Biblivre tinha o objetivo de informatizar bibliotecas
55
dos mais variados portes. O que propiciaria a comunicação entre cada uma dessas unidades de
informação.
O Biblivre nasceu com esse nome pois o sistema tem sido oferecido livremente a
quaisquer bibliotecas que desejem utilizar, estudar, modificar e distribuir este software de acordo
com os termos de licença que o caracterizam como software livre (ALAUZO; SILVA; FERNANDES,
2014).
56
3. Acesso aos catálogos de qualquer biblioteca do mundo por meio do Protocolo
Z39.5042;
4. Roda no Windows, no Linux, no Unix ou compatível;
5. Interface simples: diferentes materiais podem ser catalogados nas bases
bibliográficas (livro, panfleto, tese, periódico, artigo de periódico, manuscrito,
iconográfico, cartográfico, audiovisual, música (som), partitura, legível por
computador, objeto 3D);
6. Busca por autor, título, assunto, ISBN (International Standard Book Number), ano de
publicação, todos os atributos, serial da obra e tombo patrimonial;
7. Permite a catalogação do acervo das bibliotecas e a consulta online de títulos, fichas
técnicas, trechos de livros e até de obras completas;
8. Possibilita ler e imprimir obras que estão em domínio público;
9. Promove a informatização e a modernização de sua biblioteca;
10. Programa free software: permite que o usuário personalize o programa de acordo
com a sua necessidade;
11. Utilizado por mais de 15 mil bibliotecas no Brasil e em países lusófonos;
12. Atualizações permanentes e gratuitas.
PARA SABER MAIS: dá uma olhada nesse vídeo tutorial para utilização do
software Biblivre: https://www.youtube.com/watch?v=ISsW7GTfIns.
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É um protocolo de comunicação entre computadores desenhado para permitir pesquisa e recuperação de informação
documentos com textos completos, dados bibliográficos, imagens, multimeios em redes de computadores distribuídos.
Sistemas com protocolo Z39.5 0 propiciam a realização de pesquisa em vários sistemas de informação distribuídos por
meio de única interface de busca.
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Antes de finalizar a terceira e última parte deste e-book, assista a esse vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=tlqkIxgwEUs. Ele trata da necessidade
permanente de direcionar a própria aprendizagem e as interações com as
outras pessoas em torno da mudança. Não deixe de ver, isso pode mudar a
sua vida!
Agora que você já entende a importância de saber o momento certo para agir, já pode
realizar as atividades da semana! Mas, calma!! Antes disso, não deixe de assistir à videoaula desta
competência e lembra de interagir nos fóruns. Foi massa estar com você nessa jornada de
aprendizagem! A gente se vê em breve!
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Conclusão
Neste e-book, em meio a AACR2, MARCs e RDA, você aprendeu que a catalogação
descritiva, para além de suas origens de controle e custódia de acervos e de identificação de
determinado recurso informacional, tem um importante alcance social, que se ampliou à medida que
se desenvolveram as plataformas digitais.
Você aprendeu também que, se é verdade que a Biblioteconomia é uma ciência/conjunto
de técnicas que enfatiza a organização e a guarda, mas também a recuperação e a disseminação de
informação, a biblioteca deve se apresentar como uma instituição cuja função social está atrelada à
comunicação e à educação. Uma biblioteca que não esteja atenta ao seu papel social, e que não
busque continuamente as melhores experiências de inovação quanto à acessibilidade à informação
enfrentará sério risco de desaparecimento.
Quanto ao risco, vale lembrar, a partir das palavras de Gilberto Gil, em entrevista à TV
Cultura: “Nenhum elemento da expressão humana está livre do risco, da ideia da perda, ou do
insucesso, ou da incompletude de alguma coisa; deve-se, portanto, invariavelmente, considerar o
equilíbrio dinâmico entre a possibilidade do sim e a possibilidade do não”. Estar atento aos riscos e
planejar-se, ao máximo, para evitar as perdas que se podem prever, é também papel do profissional
que lida com a informação em bibliotecas. Nunca perca isso de vista, estudante!
Por fim, restam dois verbos e muitos significados. Vamos a eles. Agradecer e abraçar. São
as duas vontades que surgem na conclusão deste material. Agradecer a sua companhia, que
esperançou, que persistiu, que se juntou a outros, que acreditou ser possível, e que completou seus
estudos nesta disciplina. Abraçar a ideia de que cada livro é uma arma, ou melhor, é uma ferramenta,
capaz de nos melhorar, desenvolver, fazer enxergar e chegar mais longe.
Ainda mais longe se pôde chegar quando você aceitou morar na Filosofia, e (re)visitar
boas histórias, em meio a podcasts, videoaulas e letras de música, entre outros artefatos.
Buscou-se também disseminar a ideia de que você até pode desejar o que ainda não tem
nome, mas precisa saber onde deseja chegar; e mais, precisa estar consciente de que irá muito mais
longe quando se dispor a seguir junto com outros em sua jornada. Até porque, “quando caminhamos
juntos, o sonho pode ser maior que o mundo… Quem sonha junto, sobe junto”, como diz Emicida.
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Referências
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