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Universidade Federal do Espirito Santo

Faculdade de Ciências Sociais

Disciplina: Sociologia IV

Professor: Ugo Urbano Casares Rivetti

Aluno: Ayrton Castro de Souza

Resenha: Formação do Brasil Contemporâneo de Caio Prado Jr

1º Capítulo - Sentido da colonização

Segundo Caio Prado Jr, logo no começo do 1º capítulo, que tem o título
“Sentido da colonização”, ele nos diz que todo povo tem um “sentido”, ou seja, uma
orientação única, que parte de um ponto inicial e busca incessantemente um
objetivo. O desenvolvimento de um povo pode variar, uma vez que, inúmeros fatores
podem influenciar as rotas para as quais os objetivos indicavam, dizendo assim, que
podem ser inclusive abandonadas para o progresso com outra visão. Para isso, ele
utiliza de exemplo Portugal, um país que sofria para se denominar europeu, mas a
partir do século XV, tudo o que se tinha de Portugal passa a mudar pois agora o foco
do país não é mais ser uma potencia europeia, mas sim, um país que buscava
novas terras pelos mares para poder se solidificar.

Sendo assim, podemos entender a situação do Brasil, uma vez que, nesse
período a partir do ano de 1500, pelos próximos três séculos teríamos a grande
exploração tanto do Continente Americano quanto do Continente Africano, sendo
assim, colocando mais continentes sobre o controle e o poderio dos países
europeus. Essa expansão marítima começa ainda no século XIV, uma vez que, as
principais cidades europeias estavam migrando os seus núcleos para as regiões
litorâneas com fim de estabelecer os comércios em seus portos.

Os primeiros a partirem nessa nova jornada, foram os portugueses, os quais


estavam em uma posição favorável para realizar tal incursão, onde foram buscar
áreas marítimas ainda não exploradas e encontraram o continente africano onde
tomaram posse de diversos territórios. Os espanhóis, optaram por outra rota, e com
isso, acabaram chegando no continente americano, onde fundaram suas colônias.
Com isso, a era das grandes navegações estaria aberta, e apenas os países que
tinham dificuldades para tal atividade ficaram para trás.

No começo, os portugueses mantiveram suas rotas e conquistaram terras no


continente africano, porém, devido ao fato dos países europeus não terem se
recuperado completamente da peste negra até o período citado, apenas novas
circunstâncias fariam os europeus levarem seus habitantes para morar/colonizar as
novas terras “possuídas”, uma vez que, seu objetivo inicial era apenas o de
comércio e de angariar riquezas. Um desses fatos que poderiam ocorrer para causar
as colonizações, acabou por acontecer nas colônias espanholas, uma vez que os
sistemas de feitoria não estavam dando certo devido ao dito “despreparo” dos
habitantes nativos, os quais não tinham a mesma orientação e cultura dos europeus
que estavam ali para colonizar.

Portugal foi o primeiro dos países a dar a partida para colonizar “suas” terras
no Atlântico. A primeira parte disso foi a gestão do que seria aproveitado, uma vez
que, não se sabia quais as “riquezas” que poderiam ser obtidas nas novas terras,
sendo assim, começaram primeiro com a extração de madeiras (pau-brasil),
enquanto os espanhóis encontraram em seus territórios prata e ouro. Porém, a
colonização de fato só começaria quando veio para essas terras primitivas, a
agricultura, um marco para uma base de economia estável.

Aqui nós podemos observar que o autor começa a citar outros tipos de
colonização, como a dos ingleses na zona temperada da américa, onde tem um
clima mais próximo ao europeu, o que poderia facilitar a colonização para estes
povos, uma vez que o clima seria conhecido por eles e, sendo assim, buscar
melhores condições de vida, uma vez que, na Inglaterra, essa população que
almejava o novo continente estava sofrendo perseguições religiosas e também
devido ao fato das mudanças econômicas para aquele país durante o período. Com
isso, é visto com outros olhos a colonização dessas terras, olhos esses muito
diferentes dos portugueses e espanhóis, que visavam apenas o lucro e não o
desenvolvimento do local. O que esses colonos ingleses tinham em mente, era a
construção de uma nova Inglaterra, um novo local para viverem de maneira próspera
e com qualidade.
Outros fatores que afastaram os colonizadores das regiões dos trópicos, era a
grande dificuldade pois o ambiente era hostil, uma vez que os produtos oferecidos,
como a cana-de-açúcar eram difíceis de serem coletados, e os europeus não
gostariam de exercer as funções braçais, e sim as funções de gestão.

Dito isso, os colonos da região das américas temperadas utilizaram mão-de-


obra da própria Europa até o século XVII, quando o sistema de escravidão foi, de
fato, consumado. Já os colonizadores das regiões tropicais, como os portugueses e
espanhóis, os quais já não tinham de onde tirar mão-de-obra na Europa, já
utilizavam desde o começo os escravos, primeiros da guerra de reconquista contra
os Mouros, e depois, dos negros africanos e dos indígenas nativos.

Para ficar claro, enquanto nas zonas temperadas, os europeus fazem as


colônias de povoamento para ser um refúgio europeu, nos trópicos irá surgir uma
nova sociedade totalmente diferente dos seus povos originários, e esse é o sentido
da colonização, a exploração ao máximo das colônias como o Brasil e os países da
América Latina para tirar proveito da melhor forma possível para levar de volta para
a sociedade europeia.

Isso reflete em todos os parâmetros da formação social do Brasil, seja de


forma econômica ou de caráter cívico, uma vez que, a sociedade Brasileira, por
exemplo, foi formada de fato com interesses voltados para a exportação, e não para
o desenvolvimento interno de seu país, como podemos observar na fala do autor “O
'sentido" da evolução brasileira que é o que estamos aqui indagando, ainda se
afirma por aquele caráter inicial da colonização.”. Caráter inicial esse que nos
remete ao citado anteriormente, uma colonização com intuito de produção,
utilizando-se da agricultura num primeiro momento com a cana-de-açúcar e com o
algodão, e posteriormente com o café, sendo sempre uma sociedade com a
economia baseada em sustentar os países colonizadores.

Referências Bibliográficas
Prado JR., Caio. Formação do Brasil Contemporâneo: colônia. São Paulo:
Companhia das Letras, [1942] 2011. “Sentido da
colonização”, p.13-29.

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