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03/03/2018 Comer e beber durante o trabalho de parto | Cochrane

Cochrane
Evidências confiáveis.
Decisões bem informadas.
Melhor saúde.

Comer e beber durante o trabalho de parto

Em algumas culturas, alimentos e bebidas são consumidos durante o trabalho de parto para nutrição e
conforto e para ajudar a atender as demandas do trabalho de parto. No entanto, em muitas maternidades, a
ingestão oral é restrita devido a um estudo publicado por Mendelson em 1940. Mendelson relatou que,
durante a anestesia geral, existia um aumento do risco de o conteúdo do estômago entrar nos pulmões. A
acidez natural do líquido do estômago e a presença de partículas de alimentos eram consideradas
particularmente perigosas e poderiam levar a uma doença pulmonar grave e morte. Desde 1940, a anestesia
obstétrica mudou consideravelmente, com importantes avanços nas técnicas de anestesia geral e maior uso
da anestesia regional (por exemplo raquianestesia e anestesia peridural). Esses avanços e os relatos de
mulheres que acharam a restrição desagradável têm levado a estudos que avaliaram essas restrições. Além
disso, desequilíbrio nutricional pode estar associado a trabalhos de partos mais longos e dolorosos, e o
jejum não é garantia de estômago vazio ou menos acidez. Esta revisão avaliou os achados de estudos que
analisaram mulheres com qualquer restrição de bebidas e alimentos comparadas com mulheres que
podiam comer e beber no trabalho de parto. A revisão incluiu cinco estudos envolvendo 3.130 mulheres. A
maioria dos estudos havia avaliado alimentos específicos que estão sendo recomendados, embora um
estudo permitisse que a mulher escolhesse o que ela gostaria de comer e beber. A revisão não identificou
benefícios ou malefícios da restrição de alimentos e bebidas durante o trabalho de parto em mulheres com
baixo risco de necessitar de anestesia. Não foram identificados estudos envolvendo mulheres com maior
risco de necessitar de anestesia. Nenhum dos estudos avaliou a opinião das mulheres sobre a restrição de
líquidos e bebidas durante o trabalho de parto. Assim, tendo em vista esses resultados, as mulheres
deveriam ser liberadas para comer e beber durante o trabalho de parto ou não, se assim desejarem.

Conclusões dos autores: 

Uma vez que as evidências não mostram benefícios ou malefícios, não existe justificativa para a
restrição de líquidos ou alimentos no trabalho de parto para mulheres com baixo risco de
complicações. Nenhum estudo analisou especificamente mulheres em maior risco de complicações;
portanto, não existe nenhuma evidência para apoiar a restrição de ingestão nesse grupo de mulheres.
As evidências conflitantes sobre a ingestão de soluções de carboidratos indicam que são necessários
mais estudos sobre esse tema. Também é importante avaliar o ponto de vista das mulheres em
qualquer estudo futuro.

Leia o resumo na íntegra

Introdução: 

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A restrição da ingestão de líquidos e alimentos durante o trabalho de parto é prática comum em muitas
maternidades, com exceção de algumas, que permitem às mulheres ingerir apenas alguns goles de
água ou pedras de gelo. A restrição de ingestão oral pode ser desagradável para algumas mulheres e
pode influenciar negativamente a sua experiência de trabalho de parto.

Objetivos: 

Avaliar os benefícios e malefícios da restrição da ingestão de líquidos ou alimentos durante o trabalho


de parto.

Estratégia de busca: 

Pesquisamos as seguintes bases de dados: Cochrane Pregnancy and Childbirth Group's Trials Register
(30 de junho de 2013) e a listas de referências dos estudos selecionados.

Critérios de seleção: 

Ensaios clínicos randomizados (ECRs) e quasi-randomizados que compararam a restrição de líquidos e


alimentos versus liberdade para comer e beber em mulheres em trabalho de parto.

Coleta dos dados e análises: 

Dois revisores avaliaram independentemente os estudos para inclusão, avaliaram o risco de viés e
realizaram extração dos dados.

Principais resultados: 

Identificamos19 estudos, sendo que cinco deles, envolvendo 3.130 mulheres, foram incluídos na
revisão. Dos restantes, oito estudos foram excluídos, um aguarda classificação e cinco estão em
andamento. Todos os estudos incluídos envolviam mulheres em trabalho de parto ativo e com
pequena probabilidade de receber anestesia geral. Um estudo comparou restrição completa versus dar
à mulher a liberdade de comer e beber à vontade; dois estudos analisaram dar somente água versus
dar líquidos e alimentos específicos e dois estudos analisaram dar somente água versus dar bebidas
contendo carboidratos.

A metánalise da comparação entre qualquer restrição de fluidos e alimentos versus dar alguma
nutrição para mulheres em trabalho de parto foi influenciada principalmente por um estudo realizado

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em ambiente altamente medicalizado. Não houve diferença estatisticamente significativa em relação


aos seguintes desfechos: cesariana (risco relativo médio, RR, 0,89, intervalo de confiança de 95%, 95%
CI, 0,63 a 1,25, cinco estudos, 3.103 mulheres), parto vaginal operatório (RR médio 0,98, 95% CI 0,88 a
1,10, cinco estudos, 3103 mulheres) e Apgar menor que 7 no quinto minuto (RR médio 1,43; 95% CI 0,77
a 2,68, quatro estudos, 2.902 bebês). Também não foram encontradas diferenças em qualquer um dos
outros desfechos avaliados. A opinião das mulheres não foi avaliada. Os dados foram insuficientes para
avaliar a incidência da síndrome de Mendelson, um desfecho extremamente raro. Os resultados das
outras comparações foram similares, exceto por um estudo, que mostrou aumento significativo de
cesáreas no grupo das mulheres que tomaram bebidas com carboidratos durante o trabalho de parto
comparadas com as que tomaram apenas água, mas esses resultados precisam ser interpretados com
cautela, devido ao pequeno tamanho amostral.

Notas de tradução: 
Tradução do Centro Cochrane do Brasil (Débora Machado)

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parto&title=Comer%20e%20beber%20durante%20o%20trabalho%20de%20parto)

Publicada: 
22 Agosto 2013

Autores: 
Singata M, Tranmer J, Gyte GML

Grupo de Revisão Principal: 


Pregnancy and Childbirth Group (http://pregnancy.cochrane.org)

Singata M, Tranmer J, Gyte GML. Restricting oral fluid and food intake during labour. Cochrane Database of Systematic
Reviews 2013, Issue 8. Art. No.: CD003930. DOI: 10.1002/14651858.CD003930.pub3

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