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1 Negócios e Empresas
Certamente no tempo dos barões do café, ou dos senhores de engenho esta relação era
fundamental, mas com o passar do tempo os negócios começaram a não depender
apenas de terras, ou em outras palavras, além de terras tornou-se indispensável ter
também instalações. Com as instalações as organizações podiam agregar mais valor a
seus produtos. Assim, ter um terreiro para secar o café, uma tulha para estocá-lo, ou
uma forma de moer a cana de açúcar passou a ser diferencial significativo nos negócios.
Todavia a tecnologia que confere diferencial é a tecnologia de ponta, e não aquela que
todo mundo tem. Como a tecnologia de ponta não fica na ponta muito tempo este
diferencial competitivo baseado em tecnologia é extremamente efêmero, passageiro,
fugaz. Basta observar o seu mais moderno celular e responder com toda a sinceridade,
quanto tempo ele continuará sendo o celular mais moderno do mercado? Quanto tempo
seu computador pessoal permanecerá como a máquina mais atualizada, capaz de causar
admiração dos colegas? Seguramente a tecnologia de ponta, especialmente nos casos
onde o diferencial da organização está baseado neste particular, é superada em questão
de meses, mostrando sua volatilidade, o diferencial, portanto, é rapidamente absorvido
no mercado e evapora sem nos darmos conta.
Diante desta constatação, o que passa a ter maior importância, na verdade, não é a
tecnologia, mesmo que de ponta, e sim a informação de qual será a tecnologia, o
mercado, ou ainda o modelo de negócio que trará os melhores resultados tornando a
organização poderosa, competitiva, diferenciada. Em outras palavras o diferencial
competitivo das empresas se deslocou novamente sendo representado não mais pela
tecnologia, mas pelo domínio das informações.
Desta forma o acesso à informação já não é, por si só, um diferencial competitivo que
garanta o destaque da empresa no mercado. Afinal todos temos informações em
quantidades muito superiores às nossas necessidades, e até mesmo superiores à nossa
capacidade de absorver. O diferencial não é mais ter acesso às informações, mas saber o
que fazer com elas, como usá-las, como tirar proveito delas, e isto não é só ter
informação, mas é ter conhecimento. Informação é algo que se armazena, que se pode
guardar numa biblioteca, ou mesmo no HD (disco rígido) do computador, já o
conhecimento, para ser estocado e utilizado como diferencial competitivo nos negócios
apresenta novos e específicos desafios para as organizações.
Diferencial competitivo é algo que permite destacar a organização no meio em que atua,
e que não seja facilmente diluído, absorvido, ou copiado. É algo que a empresa ou
organização tem no seu âmago, no seu espírito, e que não pode ser simplesmente
adquirido ou comprado por qualquer competidor, sem a árdua tarefa de conquistar, de
construir passo a passo, percorrendo todo o processo desde o inicio até a maturação
final do diferencial. É o modo de entender o mercado, é a idéia, ou o espírito que
permeia o modelo de desenvolvimento do negócio.
Uma empresa de aviação, de transporte aéreo, não é mais a que tem aviões, mas a que
tem conhecimento a respeito dos passageiros e de como prestar um serviço diferenciado
que os cative. Se não fosse assim, como explicar a manutenção dos programas de
fidelidade enquanto os passageiros estão muitas vezes voando juntos em uma operação
compartilhada, como assistimos recentemente no país? Vai ter a preferência aquela que
souber melhor a hora e o modo de estender o tapete vermelho, como bem ensinou o
saudoso comandante Rolim. Dentro do mesmo raciocínio, empresa de construção não é
aquela que tem os equipamentos e mesmo a tecnologia, mas a que tem intimidade com
os clientes, que tem o conhecimento mais apurado das necessidades dos mesmos, e o
modelo de negócios capaz de melhor suprir tais necessidades.
Aliado a este desafio temos ainda de lembrar o fato de que as mentes nunca vêm
sozinhas, ou seja, quando buscamos um cérebro privilegiado, junto com ele trazemos
obrigatoriamente o coração, os sentimentos, as aspirações. Em outras palavras, o
diferencial competitivo das empresas hoje é o seu corpo de dirigentes, colaboradores,
vendedores, enfim a componente humana do negócio, e não mais capital, patrimônio,
instalações, equipamentos, tecnologia ou ainda informações.
Negócios e empresas não são feitos apenas destes componentes, são feitos
principalmente de idéias.
A empresa que faz tudo, desde a fundação até a cobertura, desde a viabilidade
econômica até a comercialização do empreendimento, do orçamento até a composição
das fontes de financiamento, não existe mais.
Com a modernização das relações de trabalho entre profissionais e empresas, bem como
devido à crescente complexidade dos projetos que exigem cada vez mais a participação
de diversos profissionais especializados, a negociação se tornou, entre todas, a
habilidade mais crítica e desejada dos administradores e executivos destes projetos.
A negociação tem 3 princípios básicos que devem ser atendidos para se atingir um
resultado satisfatório:
Primeiro princípio básico: descobrir o lugar do outro, entender seus reais interesses,
conseguir ver a questão com os olhos da outra parte, entender por meio da cultura do
outro.
Observando este princípio – entender o lugar do outro – aprender a ouvir é mais
importante que aprender a falar. Muitas vezes chegamos a pensar que o bom negociador
é aquele que sabe falar bem, argumenta com facilidade e expõe com ênfase seus pontos
de vista. Apesar de todos estes aspectos serem normalmente desejáveis, o bom
negociador é antes de mais nada um bom ouvinte, observador e atento, para realmente
entender o lugar do outro, e saber que não está negociando com algo, uma empresa ou
instituição, mas com alguém, uma pessoa que tem sentimentos, necessidades, temores e
interesses reais a serem atendidos.
Segundo princípio básico: observar que a negociação é um processo e nunca apenas
um evento singular e específico. Conduzir uma negociação com eficácia requer portanto
atenção aos passos de cada parte, assim como ajustes constantes para que o processo
progrida em harmonia.
Este processo é representado por um ciclo conforme a figura a seguir, e tem início na
identificação ou percepção das necessidades.
RISCOS
Necessidades
Alternativas
As crianças costumam ser freqüentemente indagadas pelos mais velhos com a seguinte
questão: O que você quer ser quando crescer?
As respostas variam conforme a percepção e amadurecimento, mas normalmente
ouvimos algo como bombeiro ou polícia, ou ainda quero ser médico ou engenheiro, ou
ainda jogador de futebol.
Evidentemente para cada resposta existe uma aceitação ou reprovação dos mais velhos,
em função da percepção de adequação da escolha, seguida de um elogio quando a
percepção é positiva e aprovada – “Este menino vai longe...” – ou uma veemente
reprovação quando a percepção é negativa – “O que é isto menino? Onde já se viu
sonhar com tal disparate?...”
E assim, sofrendo as aprovações e reprovações dos mais velhos, vamos crescendo e
alimentando nossos sonhos até nos encaminharmos na vida profissional, seguindo
nossos super-heróis.
Agora gostaria de questionar se de todos os casos semelhantes que nós já
acompanhamos pudemos ver algum pai ou mãe desejando do fundo do coração que o
filho viesse a se tornar um vendedor? Porque será que de todas as profissões elogiadas a
de vendedor nunca está presente?
Quais as características, quais os adjetivos usamos para descrever um vendedor? Não
raramente vemos vendedores associados com esperteza, raciocínio rápido para enganar,
capacidade de iludir, levar vantagem em detrimento de alguém, desonestidade, etc.
Na verdade a atividade de vendas está diretamente ligada ao sucesso das organizações, e
depende de lidar com compradores que dispõem cada vez mais de grande variedade de
escolha, são especializados, negociadores treinados, sabem avaliar e comparar muito
bem as alternativas, e exigem soluções satisfatórias para suas demandas.
Uma vez que grande parte do mercado tem uma imagem negativa dos vendedores, uma
das coisas mais importantes que os vendedores devem fazer é aprender a conduzir os
processos cultivando e cativando compradores, fugindo dos estereótipos comuns.
O valor das empresas, o diferencial competitivo, está cada vez mais relacionado com
aspectos pouco tangíveis como tecnologia, informação e conhecimento e assim os
vendedores, além de lidar com compradores especializados, devem conduzir processos
cada vez mais complexos.
As pessoas em geral adoram comprar, mas detestam se sentir “vendidos”. Ficar
“vendido” significa perder o controle da situação e se sentir vulnerável à manipulação.
Quando somos obrigados a comprar um produto ou serviço, sem a devida possibilidade
de escolha e decisão, quando nos vemos forçados a aceitar uma solução imposta pelo
vendedor, o prazer natural do processo de compra se perde e passamos a experimentar
um forte desconforto, a experimentar a sensação de estar “vendido” diante da situação.
Esta é a pior venda que alguém pode fazer porque o relacionamento entre as partes
ficará certamente abalado e o comprador, se puder, não voltará a negociar com você ou
com sua organização no futuro.
Os dois passos iniciais do processo de venda:
Vender é uma atividade nobre que consiste basicamente em atender pessoas. Na
verdade não negociamos com empresas ou organizações, negociamos com pessoas, e os
primeiros passos do processo de venda consistem em entender as necessidades da outra
parte e quais os sentimentos que movem o comprador. Devemos portanto mensurar e
avaliar adequadamente a situação buscando entender o problema do ponto de vista do
comprador.
O vendedor deve se empenhar em descobrir a abrangência e a profundidade do
problema, tanto para a empresa ou organização compradora quanto para o próprio
indivíduo que está representando esta organização. Lembre-se mais uma vez que você
negocia com pessoas, que tem suas próprias necessidades expectativas e sentimentos
que atuam diretamente no sucesso da sua venda.
Os dois passos intermediários do processo de venda:
Com base nos conhecimentos que temos dos nossos produtos ou serviços podemos
imediatamente imaginar como eles poderão atender às demandas apresentadas, mas
evidentemente trata-se de imaginação, algo que se passa dentro de nossa mente e que
precisa ser verificado. Os passos seguintes então do processo de venda consistem em
semear e testar nossas idéias. Apresentar suposições que relacionem as características
do que temos para oferecer com as necessidades observadas da outra parte. Nesta fase
não devemos afirmar que temos as melhores soluções, mas fazer questionamentos
condicionais do tipo: se fosse possível atender determinado aspecto mais rapidamente
seria útil? Ou se você conseguisse atingir tal resultado com um custo menor seria
desejável? Ou ainda se fosse possível reduzir os riscos de determinada operação seria
importante? Com os passos de semear e testar bem conduzidos o vendedor pode
entender o impacto que a solução representa para o comprador e se certificar de que está
no caminho correto, que suas suposições são acertadas ou ainda ajustar estas
suposições.
Os dois passos finais do processo de venda:
Finalmente, após entender as necessidades do comprador e confirmar suas suposições
sobre a solução a ser oferecida, você está em condição de dar os passos finais do
processo de venda que consistem em enunciar e recomendar tal solução. O passo de
enunciar é de grande importância porque até este ponto do processo você apenas fez
suposições e se torna portanto fundamental afirmar a sua conclusão. É exatamente o que
fazem os médicos quando apresentam seus diagnósticos, que devem ser declarados com
segurança porque este é o momento no qual realmente se conquista a confiança do
comprador. Você estaria disposto a se submeter a um tratamento médico caro, às vezes
demorado e possivelmente doloroso se o medico não se mostrasse seguro quanto ao
diagnostico? Pois o comprador enfrenta o mesmo desafio em acreditar na sua solução.
Uma vez enunciada sua conclusão apresente imediatamente o ultimo passo que consiste
em recomendar enfaticamente a solução, mostrando claramente os benefícios que ela
representa. Lembre-se sempre que você deve recomendar a solução, a decisão de
compra cabe à outra parte. Deixe o comprador decidir para que ele se sinta comprando e
não “vendido”, manipulado.
Mensurar
Avaliar
Semear
Testar
Enunciar
Recomendar
Com este processo que nós denominamos MASTER SELLING, você não será apenas
mais um vendedor, na verdade você será um consultor para seus clientes, um
solucionador de problemas. Vender é a arte de cultivar compradores.
Eng Fernando José da Rocha Camargo MSc