Você está na página 1de 7

Inovação: criatividade e resiliência para solução de problemas

ago 6, 2020 | Inovação, Pessoas | 0 Comentários

Você, certamente, deve ter lido ou escutado a palavra “inovação”

mais de uma vez ao longo desta semana ou mesmo no dia de

hoje. Frequentemente, ela aparece associada à tecnologia e

à transformação digital – esta última expressão também

bastante em evidência já há algum tempo.

Sem dúvidas, a inovação mantém fortes conexões com ambos os

conceitos, mas ela se baseia, sobretudo, na criatividade e

resiliência. Por isso, não é possível falar de inovação sem falar de

pessoas, tendo a tecnologia o papel de facilitar os processos de

modo que os talentos possam encontrar, coletivamente,

soluções criativas para os desafios que se apresentam.


“A inovação não deve se limitar a um exercício que tem princípio,

meio e fim. Ela deve se retroalimentar através de um processo e

de uma plataforma de tecnologia que garantam a descoberta

contínua dentro das empresas”, diz o diretor do Centro de

Inovação (Applied Innovation Exchange) da Capgemini Brasil,

Ernesto Diaz.

Focado em inspirar pessoas e orientado a resultados com foco

em inovação, Diaz possui mais de 26 anos de carreira em TI, com

vasta experiência em inovação, operação de unidades digitais,

vendas, pré-vendas e delivery.

Conversamos com ele sobre o conceito de inovação e

transformação digital, tendências inovadoras no modelo de

negócios no cenário atual e pós-pandemia e a importância das

pessoas nos processos de inovação dentro das empresas.

Abaixo, você confere o bate-papo com Ernesto Diaz na íntegra.

Aproveite, também, para se inscrever no webinar Inovação é o

novo normal dos negócios (dia 06/08/2020, às 20h), do qual Diaz

é um dos palestrantes ao lado do Prof° Mauricio Andrade de

Paula.

***

Embora haja muitas definições para inovação, como você a

definiria no contexto corporativo? Considerando o atual

cenário, como você avalia a aplicação prática da inovação

nos ambientes organizacionais?


Basicamente, inovação é o hábito de aplicar a criatividade de

forma resiliente mediante o talento das pessoas para resolver

problemas e mudar resultados de negócios. Aqui, as palavras

que eu gostaria de destacar são “resiliência” e “criatividade”, pois,

obviamente, inovação começa por pessoas e a tecnologia entra

como habilitador do processo de criação. Na Capgemini, nós

acreditamos que o primeiro foco é aplicar inovação para resolver

um problema de negócio. Isso inclui oportunidades, ameaças e,

obviamente, a reimaginação e novas iniciativas. O segundo foco

é habilitar nossos clientes para aplicação constante e de forma

eficiente e resiliente da inovação. Aqui, de novo, a palavra

“resiliência” é importante, pois inovação não deve se limitar a um

exercício que tem princípio, meio e fim. Ela deve se

retroalimentar através de um processo e de uma plataforma de

tecnologia que garantam a descoberta contínua dentro das

empresas.

A inovação — e também a transformação digital — costuma

ser diretamente associada à tecnologia. Porém, em que

medida o conceito de inovação vai além dessa associação

mais imediata?

A pergunta é excelente, pois, de fato, qual é a fronteira entre a

inovação e a transformação digital? Existe uma sobreposição dos

conceitos ou, inclusive, nas iniciativas? Eu gosto sempre de


destacar que a inovação administra a incerteza, tanto o sucesso

quanto o insucesso, não se limitando à experiência, mas se

constituindo como um processo de aprendizagem contínuo para

encontrar novos horizontes e construir ou identificar iniciativas

que gerem novas receitas ou resolvam problemas de negócio. Já

a transformação digital é muito mais orientada à adoção de

tecnologias da próxima geração para resolver problemas de

negócio, sendo, portanto, o caminho oposto da inovação, uma

vez que esta enfrenta e descreve os problemas de forma

proficiente para estimular o processo de criação ou ideação

coletiva.

Quais os exemplos mais recentes de inovação no modelo de

negócios que você destacaria como tendências no

enfrentamento dos atuais desafios impulsionados pela

pandemia de COVID-19?

É fundamental, primeiro, contextualizar o que realmente foi

manifestado do ponto de vista tecnológico e de inovação no que

se refere à pandemia. Vale a pena destacar os seguintes pontos:

o mundo se tornou mais digital não por escolha, mas por

necessidade, sendo que a diferença da adoção digital entre as

gerações X, Y e Z, praticamente, desapareceu. Com a pandemia

as empresas perceberam suas limitações tecnológicas não só do

ponto de vista da comunicação, mas da expansão e integração


do ecossistema de seus aplicativos. Elas começaram a entender

que, pra ser resilientes, não podiam mais enxergar as

tecnologias como “nice to have”, que o big data e a inteligência

artificial deveriam estar no centro de gravidade das soluções e

que o grau de incerteza alavanca a reestruturação.

Do ponto de vista de inovação, tradicionalmente, as soluções,

dentro do contexto da tecnologia, têm sido desenhadas a partir

de dois eixos principais: funcionalidades ou requisitos funcionais

e os requisitos não funcionais, como infraestrutura ou

desempenho. Por causa da crise mundial e do fato de que o

mundo vai decrescer economicamente, as empresas terão que

se reestruturar e uma reestruturação significa perder pessoas. E

quando as pessoas saem das empresas, também saem os

conhecimentos. Então, eu acredito que todas as soluções digitais

deveriam ter a partir de agora um terceiro eixo: o conhecimento,

levando em conta quanto conhecimento tácito (ou seja, aquele

que está na cabeça das pessoas) as aplicações vão reter. Eu

mencionei que a inteligência artificial e o big data deveriam ser

colocados como centro de gravidade das empresas não por

serem tecnologias, mas sim por se tratar de um alicerce para

geração e retenção de conhecimento através das soluções

tecnológicas.

Além do conhecimento, nós temos que enxergar a eficiência

operacional. Até hoje, as tecnologias têm sido abordadas de


forma isolada. Por exemplo, quando você fala de inteligência

artificial, você fala num contexto; e quando você fala de

robotização, você fala num outro contexto. Mas, daqui pra

frente, o que vai ganhar muito terreno é o conceito

de hyperautomation, uma das tendências de 2020 apontadas

pela Gartner. Basicamente, consiste na eliminação das fronteiras

entre as tecnologias através de plataformas low-code ou no-code

que visam a eficiência operacional das empresas. Então, além do

eixo de retenção de conhecimento, o conceito de

hyperautomation deve ser olhado com muito carinho pelas

empresas como uma tendência muito forte para fazer mais com

menos.

Fala-se muito de um “novo normal” (ou vários “novos

normais”) pós-pandemia. Além do foco em inovação, quais

outras habilidades você acredita que profissionais e

empresas precisam desenvolver e aprimorar para

responderem com eficiência ao novo cenário?

Eu gosto muito de destacar os talentos. Quando há a certeza do

problema, a habilidade prevalece sobre o talento. Porém, como

a inovação naturalmente lida com a incerteza, o talento

prevalece sobre a habilidade. Por isso, hoje, as empresas estão

colocando o talento na frente. E por quê? Muito simples: a

tecnologia se recicla de uma forma muito rápida, mas os talentos


permanecem. Quando digo talentos, me refiro ao mindset, ao

estado mental, que se manifesta de forma espontânea, pró-ativa

e recorrente para resolver problemas. São exemplos talentos

como destreza organizacional — super importante para

persuasão num processo de inovação ou ideação — e espírito

empreendedor, aquele capaz de enfrentar e administrar riscos,

sem temer as incertezas e as vulnerabilidades. Então, além de

competências técnicas, o talento e a empatia — como o

profissional consegue engajar outros colegas, articular ou

inspirar equipes para alavancar um processo de ideação ou

criatividade coletiva — também são fundamentais para a

inovação.

Você também pode gostar