Você está na página 1de 5

UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE BELAS-ARTES
VICARTE - VIDRO E CERÂMICA PARA AS ARTES

TERRA ESTRANGEIRA
Materialidade da cor e a pigmentação de massas cerâmicas e
vítreas

Profa. Dra. Monica Soares Tinoco Sanovicz

Relatório de Pós Doutoramento em Belas-Artes


Desenvolvido na I&D VICARTE, Vidro e Cerâmica para as Artes
Especialidade de Cerâmica e Vidro

Projeto de investigação orientado pelo Prof. Doutor Pedro de Matos Fortuna e pelo
Prof. Doutor Fernando Quintas

2022

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Antes de nalizar este relatório é importante fazer algumas ponderações e re exões.

Apesar de não constarem textualmente do projeto inicial, a elaboração das obras têxteis
acompanharam todo o período de desenvolvimento da investigação e, a nal, constituíram um elo
importante na articulação plástica e conceitual da exposição Terra Estrangeira, resultante do
projeto.

A opção pelo emprego de barro de baixa temperatura demonstrou ser uma decisão acertada. Além
de proporcionar agilidade de produção, baixo custo, maior controle de deformações e rachaduras, os
resultados plásticos em termos cromáticos e de textura de superfície superaram as expectativas. A
aplicação pontual de vidrado brilhante e de matiz intenso na obra Desterro, proporcionou o
contraste desejado com a aspereza e com a paleta rebaixada desenvolvida no conjunto geral de
peças.

O painel de azulejos, pretendido inicialmente como uma obra mural, tronou-se muito mais
interessante ao compor a obra O Poço, que na exposição foi instalada no piso, desencadeando
relações plásticas, visuais e espaciais que não estavam previstas e que se mostraram bastante
relevantes e satisfatórias.

A elaboração das peças cerâmicas foi prazeirosa e excitante, fato que ca aparente pela quantidade
substanciosa de exemplares produzidos.

O processo de produção das peças de vidro apresentou signi cativamente maiores desa os e
fracassos, frustrando expectativas e demandando mais empenho, persistência e dedicação.

Inicialmente foi preciso conhecer os processos e procedimentos envolvidos na produção de vidros


fundidos e moldados, e perceber as semelhanças e diferenças entre as técnicas da cerâmica.
Somente depois de muito tempo e de diversas peças e experimentações realizadas é que foi possível
começar a compreender as singularidades e especi cidades desta linguagem, e realizar trabalhos
minimamente satisfatórios. Foram vivenciados muitos momentos de derrota, engano, erro e
incompreensão. Houve a necessidade de mudar a rota, alterar e modi car aquilo que estava
planejado. A nal, demonstrou-se bastante importante a ocorrência destes sentimentos e a
possibilidade deles se manifestarem na fragilidade nas peças, através de suas incompatibilidades
estruturais, fraturas, trincas e rachaduras. Estas foram as características plásticas que possibilitaram
a articulação poética entre as peças de vidro e as de cerâmica.
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fl
fi
Com o término do período do projeto, cou um sentimento de que a produção plástica realizada em
vidro foi ainda incipiente, apesar de corresponder às expectativas da investigação. Os trabalhos
realizados abriram novas perspectivas e despertaram o desejo de empreender outras possibilidades
de experimentação em vidro.

A cerâmica e a produção têxtil continuam no horizonte.

Seguimos.

Monica Tinoco
fi
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BIBLIOGRAFIA
BACHELARD; Gaston. A poética do espaço. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
CAPUCCI, Victor Zappi. Fragmentos de cerâmica brasileira. São Paulo: Editora Nacional, 1987
COLBECK, John - Decoración cerámica. Barcelona: Omega, 1985.
SMITHSON; Robert. Uma sedimentação de mente: projetos de terra. In: COTRIM, Cecília; FERREIRA,
Glória. Escritos de artistas - anos 60/70. São Paulo: Jorge Zahar, 2006, págs. 183-198.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
ALBERS, Josef. A interação da cor. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009
AMARAL, Aracy. Projeto construtivo brasileiro na arte: 1950-1962. São Paulo: Pinacoteca do Estado de
São Paulo, 2014
AVANZI, Silvia. O vidro por Mario Seguso. São Paulo: AB Editora & Cultura, 2003
BARROS, Lilian Ried Miller. A cor no processo criativo: um estudo sobre a Bauhaus e a teoria de Göethe.
São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2006.
BARRUECO, Fernando; MESQUITA, Ivo; PITTA, Fernanda; TEIXEIRA DE BARROS, Regina. Arte
Construtiva na Pinacoteca de São Paulo. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 2014
CHIPP, H. B. Teorias da Arte Moderna. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
COCCHIARALE, Fernando. Athos Bulcão: 80 anos. São Paulo: Fundação Athos Bulcão, 1998.
DRAHOTOVÁ, Olga. L’Art du verre en Europe. 4ªedição. Paris: Gründ, 1987.
GABBAI, Mirian Birmann. Cerâmica: Arte da Terra. São Paulo: Callis, 1987.
GIANNOTTI, Marco. Breve história da pintura contemporânea. São Paulo: Claridade, 2009.
_________________ (org.). Re exões sobre a cor. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2021.
GOETHE, Johann Wolfgang von. Doutrina das cores. Tradução de Marco Garaude Giannotti. 4ªedição. São
Paulo: Nova Alexandria, 2013
ITTEN, Johannes. The art of color. New York: John Wiley & Sons, 2002.
KRAUSS, Rosalind. A escultura no campo ampliado. Revista Gávea, número 1, Rio de Janeiro,1984.
KWON, Miwon. One place after another. Site-speci c art and locational identity. Massachussets:
Massachussets Institute of Technology, 2004.
LAGROU, Els. Arte indígena no Brasil: agência, alteridade e relação. Belo Horizonte: C/Arte, 2013
LINS, Juliana. Cerâmica Tukano. São Gabriel da Cachoeira, São Paulo: Fundação das Organizações
Indígenas do Rio Negro(FOIRN)-Instituto Socioambiental, 2020
MARIACHER, Giovanni. Glass from antiquity to the renaissance. London: Hamlyn, 1970.
___________________. Arte em vidro.  Rio de Janeiro: Século Futuro, 1988.
MAYER, Ralph. Manual do artista de técnicas e materiais. Tradução Christine Nazareth – 2ª edição. São
Paulo: Martins Fontes, 1999
MORAIS, Frederico. Azulejaria contemporânea no Brasil. São Paulo: Editoração Publicações e
Comunicações, 1988.
MOREIRA, Ana. Mercado da fruta: Cerâmica contemporânea nas Caldas da Rainha. Caldas da Rainha:
s.n., 2008.
MURFITT, Stephen. The Glaze book: a visual catalogue of decorative ceramic glazes. London: Thames &
Hudson, 2002.
NORTON, F. H. Cerámica na: Tecnología y aplicaciones. Barcelona: Ediciones Omega, 1975
RICARDO, Beto; MARTINELLI, Pedro. Arte Baniwa: cestaria de arumã. São Gabriel da Cachoeira, São
Paulo: Fundação das Organizações Indígenas do Rio Negro(FOIRN)-Instituto Socioambiental, 2000.
OLIVEIRA, Thiago da Costa. Cerâmica Baniwa. São Gabriel da Cachoeira, São Paulo: Fundação das
Organizações Indígenas do Rio Negro(FOIRN)-Instituto Socioambiental, 2020
RICE, Prudence M. Pottery analysis. Chicago: The University of Chicago Press, 1987.
SEGADÃES, Ana Maria. Diagrama de fases: Teoria e aplicação em cerâmica. São Paulo: Editora Edgard
Blücher, 1987.
STEINBERG, Leo. Outros critérios: confrontos com a arte do século XX. São Paulo: Cosac Naify, 2008.
TASSINARI, Alberto. O espaço moderno. São Paulo: Cosac Naify, 2001.
WALLER, Jane. Colour in clay. Ramsbury: The Crowood Press, 1998.
VOLKSWAGEN DO BRASIL S.A. Artistas da Cerâmica brasileira. São Paulo: Raízes, 1985.
fi
fl

fi

Catálogos
Firing Imagination: Cerâmica britânica. London: The British Council, 2000.
Glass from the Corning Museum of glass: a guide to the collections. Corning (New York): The Corning
Museum of Glass, 1955.
Museu Nacional do Azulejo: Roteiro. 2ªedição. Lisboa: Instituto Português de Museus, 2005.
O Museu Paraense Emílio Goeldi. São Paulo: Banco Safra, 1986

Publicações on-line
RODRIGUES, Maria Regina. Cerâmica. Vitória: UFES, Núcleo de Educação Aberta a Distância, 2011.
Disponível em: http://issuu.com/diannisalla/docs/ceramica

Você também pode gostar