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Notas de aula

Fundamentos de Matemática I
Prof Me Samuel Lima Picanço

1. Conjuntos Numéricos Exemplos

1.1. Números Naturais 1) 2 é racional pois existem várias divisões cujo resultado é 2

Os números naturais (N) são aqueles que aprendemos natu- 4 −6 18


2= = = = ···
ralmente. Uma criança não precisa frequentar escola para 2 −3 9
aprender a contar Desde pequena, quando indagada sobre
sua idade, ela já mostra os dedinhos, mesmo que fale uma Com este exemplo fica evidente que todo número in-
quantidade diferente daquela que está mostrando. Sendo as- teiro é também racional e podemos escrever Z ⊂ Q.
sim, o conjunto dos números naturais é: Agora nos resta averiguar os números racionais não
inteiros:
N = {0, 1, 2, 3, · · · }
2) 0, 5 é racional pois existem várias divisões cujo resul-
As operações básicas estão definidas em N mas com certas
tado é 0, 5.
restrições. Por exemplo, quando você frequentava as séries
Basta você imaginar na situação em que um real deve
inicias, a professora não passava "contas"do tipo
ser dividido para duas crianças e cada uma delas irá
3 − 8. ficar com cinquenta centavos (0,50).
Sendo assim, surge a necessidade de um novo conjunto nu- 1 50 −2
mérico para estas operações se tornem possíveis. 0, 5 = = = = ···
2 100 −4

1.2. Números Inteiros 3) 1, 25 é um número racional pois existem várias


Os números inteiros (Z) são usados para contar quantidades divisões cujo resultado é 1.25.
inteiras, positivas e negativas. Durante o campeonato de fu- A partir daqui vamos estabelecer uma maneira de
tebol por exemplo, se o seu time não tiver uma defesa muito escrever estes números no formato de uma divisão
boa, provavelmente irá levar mais gols do que fez. O número (fração) entre dois inteiros. Note que tanto 0,5
que representa o saldo de gols nesse caso é um número ne- quanto 1,25 são números racionais que possuem
gativo. O conjunto dos números inteiros é: representação decimal finita. Isso significa que
vieram de uma divisão com resto zero. Como nossa
Z = {· · · − 3, −2, −1, 0, 1, 2, 3, · · · } base de numeração é a decimal, todas as divisões
Note que todo número natural é também inteiro e podemos por 2, por 5, ou por qualquer número que é um
escrever que N ⊂ Z (N está contido em Z). produto dos fatores 2 e 5, é finita. Sendo assim, todas
ASsim como em N, as operações definidas em Z têm cer- os números racionais com representação decimal
tas restrições, como por exemplo, não está definido nesse o finita podem ser representados por uma divisão por
conjunto o número uma potência de dez. Uma potência de 10 é um
1÷2 número que,em sua composição só aparece o alga-
rismo 1 uma vez e o restante dele é formada por zeros.
por exemplo. Sendo assim, surge a necessidade de um novo
conjunto numérico para que sejam possíveis tais operações: 125 5
1, 25 = =
100 4
1.3. Números Racionais 5
é a fração irretudível que representa 1,25. Ela é ob-
Os números racionais (Q) são aqueles que podem ser escri- 4
125
tos como o resultado de uma divisão entre inteiros, sendo tida da simplificação de . Dividimos numerador e
que o divisor deve ser não nulo. Em outras palavras, defini- 100
denominador por 25 (nesse caso).
mos Q assim: Note que o numerador da fração é 125, ou se você
na o
Q= , a, b ∈ Z, b 6= 0 preferir, 1,25 quando se "esconde"a vírgula. O deno-
b minador é formado por uma potência de dez (lembra?)
A partir desta definição irei agora exemplificar os núme- e a quantidade de zeros corresponde à quantidade de
ros racionais e você irá perceber que eles estão presentes casas decimais de 1,25, nesse caso, duas.
o tempo todo em sua vida. Mas vamos agora entender por que eu posso usar esta

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regra. Nosso objetivo é escrever uma fração que re- 5) 1, 35 · · ·


presenta 1,25 e, como não sabemos qual é esta fração, Aqui usamos o traço para indicar quem é o período.
iremos chamá-la de x. Nesse caso, o período é formado pelos algarismos 3 e
5.
1, 25 = x (1) 35 99 + 35 134
1, 35 · · · = 1 + 0, 35 · · · = 1 + = =
Em (1) vamos transformar o lado esquerdo em um nú- 99 99 99
mero inteiro. Para isto, basta analisar o número de Agora vem a pergunta? Por que, ou de onde veio, esta
casas decimais e multiplicar por uma potência de 10 regra? Novamente irei usar x para representar a fração
cujo número de zeros corresponda ao número de ca- desconhecida.
sas. Aqui temos duas casas então devemos multiplicar 0, 333 · · · = x (3)
por 100.
Agora, na equação 3, busquemos uma maneira de aca-
bar com a parte infinita. Primeiro vamos analisar a
1, 25(×100) = x(×100) (2)
quantidade de algarismos do período e percebemos
Lembre-se que, o que fazemos em um dos lados de- que se multiplicarmos por 10, teremos duas equações
vemos fazer também no outro. em que os lados esquerdos terão a mesma parte infi-
nita.
125 = 100x 0, 333 · · · (×10) = x(×10) (4)
Como o 100 está multiplicando, vai para o outro mem-
bro dividindo. Sendo assim:
3, 333 · · · = 10x (5)
125
x= Agora fazemos (5) - (3), membro a membro e parte
100
infinita do lado esquerdo irá se cancelar:
Isto explica o que fizemos de forma direta lá atrás.
3, 333 · · · − 0, 333 · · · = 10x − x (6)
Tente não decorar o jeito de fazer e sim entender o
que está se passando.
Faça você mesmo agora, escreva cada um dos seguin-
tes números como uma divisão entre dois inteiros: 3 = 9x
1,2; 0,62; 12,5; 0,025; 0,002 O 9 que está multiplicando vai dividindo e pronto:
3 1
Os próximos exemplos trazem as dízimas periódicas que são x= =
9 3
números racionais que possuem representação decimal infi-
nita, porém periódica. Esses números são resultado da di- E se a dízima não for simples? Dizemos que uma dízima
visão em que o divisor tem algum fator diferente de 2 ou não é simles (composta) se, do lado direito da vírgula, além
5. do período, aparecer também algum algarismo que não se
4) 0, 333 · · · é um número racional pois é o resultado de repete. Irei chamá-lo de intruso.
uma divisão entre dois inteiros. 6) 0, 2666 · · ·
Nossa missão agora é determinar qual é a fração que Nesse caso o intruso é formado pelo algarismo 2 e o
representa esta dízima. Esta é uma dízima simples período por 6.
pois, após a vírgula, só aparece o período (algarismos No numerador escreva o intruso seguido do período.
que se repetem). Para as dízimas simples você poderá Em seguida subtraia o intruso. No denominador con-
usar a seguinte regra: tinua valendo a regra do 9, porém, agora irá aparecer
No numerador escreva o período (nesse exemplo o pe- zero também. A quantidade de zeros é equivalente à
ríodo é 3). No denominador escreva apenas algaris- quantidade de algarismos do intruso.
mos 9, cuja quantidade vai ser igual à quantidade de
algarismos do período. %intruso + período %intruso
26 −2
0, 2666 · · · =
3%período 1 9 0
0, 333 · · · = =
|{z} |{z}
9&quantidade de algarismos do período 3 quantidade de algarismos do período quantidade de algarismos do intruso

1 24÷2 12÷3 4
Note que é a forma simplificada da fração que gerou = = ÷3 =
3 90 ÷2 45 15
a dízima 0, 333 · · · . Dizemos que é sua fração geratriz.
4
Observe ainda que, se a dízima for maior que 1, então 15 é a forma mais simples da fração que representa
nos será conveniente separar a parte inteira da parte 0, 2666 · · · . Dizemos que é sua fração geratriz.
decimal, como no exemplo a seguir: Mas novamente você pode se perguntar: de onde veio

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esta regra? Lá vai a explicação: O número que expressa a medida da diagonal desse qua-
Iremos usar x para representar a fração desconhecida. drado não é racional. Podemos resolver o problema usando
o famoso Teorema de Pitágoras e a diagonal será a hipote-
0, 2666 · · · = x (7) nusa de um triângulo retângulo cujos catetos medem 1.

Em (7) vamos tentar separar o intruso do período. x2 = 12 + 12


Nesse exemplo, basta multiplicarmos por 10 pois o
intruso é composto apenas por um algarismo. Resolvendo-se a equação temos que:

0, 2666 · · · (×10) = x(×10) x2 = 2

2, 666 · · · = 10x (8) E aqui vemos que não existe número racional capaz de ser a
solução desse problema. √
Vamos agora separar a parte inteira da parte decimal. Hoje sabemos que esse número é o 2. Sendo assim, sur-
gem os números que, assim como este último, não têm re-
2 + 0, 666 · · · = 10x presentação decimal finita. Diferentemente das dízimas pe-
6 riódicas, os números irracionais têm representação decimal
A parte fracionária agora você já sabe como fica: infinita, porém não periódica.
9
Podemos destacar como números irracionais todas as raízes
6 de índice n não exatas. Além destas temos o π, o famoso
2+ = 10x número de Euler (e), dentre outros que você irá aprender ao
9
longo do curso.
24 Vale dizer que um número é racional ou irracional, ou seja,
= 10x
9 não pode ser ao mesmo tempo pertencente aos dois conjun-
O 10 multiplicando vai dividindo e pronto: tos.

24 4 1.5. Números Reais


x= =
90 15
O conjunto formado pela reunião dos elementos de Q e I é
Faça você mesmo agora: escreva a fração geratriz de denominado conjunto dos números Reais (R).
cada uma das dízimas periódicas: 0, 2 · · · ; 20, 13 · · · ;
0, 123 · · · ; 2, 312 · · · R = Q∪I
Os números racionais, como vimos, podem ser todos repre- O conjunto dos números reais é formado pelo números que
sentados por uma fração de inteiros. Quais seriam então os você utiliza em seu dia a dia. Praticamente todos os núme-
números que não podem ser representados por uma divisão ros que você precisa para contar, medir, somar, dividir, no
entre dois inteiros? seu trabalho, são reais. Na disciplina de cálculo diferencial
e integral serão os únicos números que você irá precisar.
1.4. Números Irracionais Os números reais podem ser representados por uma reta,
chamada reta real, em que cada ponto está associado a um
Os números irracionais (I) são aqueles que não podem ser número.
escritos por meio de uma divisão entre dois inteiros.
Ao se expressar a medida da diagonal de um quadrado cujo
lado é um por exemplo, nos deparamos com um problema:

Fig. 2. Reta Real

Vamos agora resolver alguns exercícios com operações bá-


sicas com os números reais.

Fig. 1. Representação do cálculo da diagonal

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1.6. Exercícios Resolvidos


Observe que ter 1 fatia em 2 na primeira pizza
1.6..1 Resolva as operações expressando a resposta na
é o equivalente a ter duas fatias em 4. Agora que os
forma de fração
denominadores são iguais, podemos simplesmente
a) 0, 5 + 0, 25 = É claro que somar estas quantidades não somar os numeradores:
é algo nada difícil de se fazer, ainda mais se você as- 2 1 3
sociar cada uma delas a moedinhas de 50 e 25 cen- + =
4 4 4
tavos, respectivamente. Mas aqui iremos explorar as
frações. É claro que não iremos desenhar pizzas todas as vezes
50 1 que quisermos somar duas ou mais frações, mesmo
0, 5 = = porque isso poderia ser trabalhoso demais para deno-
100 2
e minadores muito grandes. Então, qual será o proce-
25 1 dimento? A ideia é deixar os denominadores iguais e
0, 25 = =
100 4 para isto, vamos buscar o menor número que os divide
Nosso problema agora se resume em somar ao mesmo tempo.
Nesse exemplo foi o 4. Logo o novo denominador
1 1 será 4. Mas se alteramos o denominador, obviamente
+
2 4 deveremos alterar o numerador para obtermos frações
equivalentes.
E vale ressaltar que para somar duas frações é neces-
+
sário que os denominadores delas sejam iguais. O de- 4 4
nominador de uma fração indica em quantas partes o A pergunta é: qual número multiplicamos pelo antigo
todo foi dividido. Pense em duas pizzas de mesmo denominador para obter o 4? Esse mesmo número
tamanho. Você só pode comparar ou somar fatias de deverá ser multiplicado no numerador. Na primeira
uma pizza com a outra se os pedaços forem de mesmo fração foi o 2 e na segunda o 1. Caso não consiga fazer
tamanho. Para que isto ocorra é necessário que o ńu- de cabeça, divida o novo denominador pelo antigo.
mero de fatias seja o mesmo. Use o resultado para multiplicar no numerador:
2 1 3
+ =
4 4 4
b) 1, 236 · · · + 3, 25 Nesse exercício temos uma dízima
periódica (composta por sinal). Vamos escrever as
frações separadamente:
236 − 23
1, 236 · · · = 1 + 1, 236 · · · = 1 +
900
213÷3 71 300 + 71 371
Fig. 3. Representação das frações por pizzas 1+ = 1+ = =
900÷3 300 300 300
Esta é só a primeira fração. A próxima será mais sim-
Note que é evidente a diferença entre os tamanhos de
ples de se obter:
cada fatia. Caso queiramos comparar ou somá-las,
devemos antes fazer algum procedimento que nos 325÷25 13
3, 25 = =
permita deixá-las do mesmo tamanho. Tal procedi- 100÷25 4
mento será ilustrado a seguir, primeiro por meio do Agora nos resta somar as frações:
desenho.
371 13
+
300 4
O mínimo múltiplo comum entre 300 e 4 é o próprio
300.
+
300 300
Agora vamos dividir 300 por cada um dos antigos de-
nominadores e multiplicar o resultado pelo respectivo
numerador:
371 975 371 + 975 1346
Fig. 4. Representação das pizzas com fatias de mesmo tamanho + = =
300 300 300 300
1346÷2 673
÷2
=
300 150

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c) (0, 222 · · · )2 − 0, 025 + 1, 333 · · · Este exemplo irei re-


solver de modo mais direto:
 2
2 25 3
− +1+
9 1000 9

Note que apareceu um termo a mais que é justamente


o 1 (parte inteira da última dízima).
 2
2 25 9+3
− +
9 1000 9

Para calcular potência de uma fração lembre-se de ele-


var o numerador e depois o denominador:
4 25 12 Agora os fatores que aparecem na decomposição de-
− + vem ser multiplicados. Este será o novo denominador.
81 1000 9
Vamos simplifcar as frações possíveis antes de conti- 2×2×2×3×3×3×3×5 =
nuar: 23 × 34 × 5 = 3240
4 25 12 4 25÷25 12÷3 Divida este número por cada um dos antigos denomi-
− + = − +
81 1000 9 81 1000÷25 9÷3 nadores e multiplique o valor obtido pelo numerador:
160 81 4320
4 1 4 − +
− + 3240 3240 3240
81 40 3 160 − 81 + 4320 4399
Vamos recordar aqui um procedimento que você =
3240 3240
aprendeu nas séries inicias para determinar o mínimo
múltiplo comum entre 2 ou mais números. Faremos 1.6..2 Simplifique as expressões a seguir:
a decomposição simultânea de 81, 40 e 3, em fatores √ √
primos. 24 + 54 = Expressões com números irracionais
muitas vezes se tornam uma pedra no sapato dos estu-
dantes na área de exatas.
O procedimento é simples. Decomponha os radican-
dos (números que aparecem dentro da raiz). Em se-
guida separe os fatores que se repetem de acordo ao
índice (número sobre escrito dentro da raiz). Nesse
caso é 2.
24 = 2 × 2 2 × 2 × 3
| {z }
2 f atores
54 = 3 × 3 ×3 × 2
Do lado direito só podem aparecer números primos. | {z }
2 f atores
Comece pelo menor e vá aumentando, conforme a di-
visão for acontecendo: p p
22 × 2 × 3 + 32 × 2 × 3
Os fatores que têm expoente igual ao índice podem
ser cortados e escritos fora da raiz. Assim:
√ √
2 ×2 × 3 + 3 ×2 × 3
Os fatores que ficaram dentro da raiz serão multipli-
cados. √ √
2 6+3 6
Observe aqui que as raízes ficaram iguais. Assim
Note que a divião por 2 não é mais possível. Vamos como usamos a ideia das frutas, aqui também vale a
ao próximo primo, que é o 3, e depois, finalmente, ao analogia. √ √ √
5. 2 6+3 6 = 5 6
Portanto: √ √ √
24 + 54 = 5 6

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2. Intervalos Reais Antes de continuarmos, observe a desigualdade

Um intervalo real nada mais é que um subjconjunto de R. −3 < −1


Usamos a ideia de intervalo para representar um conjunto
infinito. Dizemos que um conjunto é infinito se a quanti- . Ela é verdadeira e, você aprendeu que, numa equa-
dade de elementos dele não puder ser contada. ção, se multiplicarmos ambos os lados por algum va-
Considerando a e b dois números reais quaisquer, um inter- lor, a igualdade não se altera. Com as inequações, se o
valo real terá uma das seguintes formas: valor multiplicado for negativo, veja o que acontece:

[a, b] = {x ∈ R|a ≤ x ≤ b} −3 × (−1) < −1 × (−1)

]a, b[= {x ∈ R|a < x < b} 3 < 1 o que é falso, obviamente


]a, b] = {x ∈ R|a < x ≤ b} Este erro pode ser corrigido se invertermos o sinal de
[a, b[= {x ∈ R|a ≤ x < b} desigual também. E faremos sempre! Ao multiplicar
o (-1) numa inequação, o sinal se inverte:
] − ∞, a[= {x ∈ R|x < a}
−5x × (−1) ≤ −1 × (−1)
] − ∞, a] = {x ∈ R|x ≤ a}
[a, +∞[= {x ∈ R|x ≥ a} 1
5x ≥ 1 =⇒ x ≥
5
]a, +∞[= {x ∈ R|x > a}
Vamos representar esta solução graficamente:
Aqui vale a observação que ∞, apenas um símbolo. Pode-
mos ainda representar estes intervalos geometricamente e
isto será muito útil. Faremos isto conforme os exemplos
exijam.

Exemplos Fig. 5. Solução Gráfica da Inequação


1) Expresse o conjunto {x ∈ R|2x − 3 < x + 1} em nota-
ção de intervalo:
3) Estude o sinal da expressão −2x + 8
Solução:
Solução:
Devemos resolver uma inequação para representar o
Estudar o sinal de uma expressão significa dizer quais
conjunto na forma de um intervalo:
valores de x torna aquela expressão positiva, negativa
2x − 3 < x + 1 ou nula.
É claro que posteriormente iremos desenvolver ma-
Assim como numa equação de 1o grau, resolvemos a neiras mais diretas para resolver esta questão,mas
inequação isolando a variável: por enquanto, vamos usar um procedimento eficiente.
Lembre-se que, na reta real, o zero está entre os núme-
2x − x < 1 + 3 =⇒ x < 4 ros negativos e os positivos. Então, vamos primeiro
descobrir qual valor de x anula a expressão. Faremos
Podemos representar a solução assim: isto igualando a zero.

] − ∞, 4[ −8
−2x + 8 = 0 =⇒ −2x = −8 =⇒ x =
−2
Este resultado significa que, qualquer valor de x me-
nor que 4, torna verdadeira a afirmação 2x − 3 < x + 1. x=4
Significa que em 4 a expressão muda de sinal. O que
2) Determine o conjunto solução da seguinte inequação: eu sugiro aqui é que você escolha dois números, um
menor que 4 e outro maior que 4. Substitua-os na
−3x + 5 ≤ 2x + 4 expressão e verifique o que acontece:

Solução: Para x < 4 (x = 3) =⇒ −2 × 3 + 8 =⇒ −6 + 8 = 2


Novamente, isolando-se a variável, teremos:
2>0
−3x − 2x ≤ 4 − 5
Como esta é uma expressão de grau 1, o sinal só se
−5x ≤ −1 altera uma vez.

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Concluímos que se x < 4 a expressão é positiva e caso


contrário, a expressão é negativa. Podemos escrever:

Se x < 4, −2x + 8 > 0

Se x = 4, −2x + 8 = 0
Se x > 4, −2x + 8 < 0
Podemos representar (e nos será muito útil) a expres- Fig. 8. Solução Gráfica do Estudo do Produto das Expressões
são graficamente:
é importante respeitar a relação de ordem dos reais,
ou sejam, números menores escritos à esquerda.
Agora iremos multiplicar a expressão A pela expres-
são B, usando a representação gráfica. Observe que
na terceira reta (a que representa A · B) os sinais foram
Fig. 6. Solução Gráfica do Estudo do Sinal obtidos fazendo-se a multiplicação dos sinais das re-
tas anteriores.
Podemos escrever então que:
4) Estude o sinal da expressão x2 + 2x − 8
Solução: x2 + 2x − 8 > 0 se x < −4 ou se x > 2
Esta é uma expressão de 2o grau e iremos resolver
este problema usando a fatoração de polinômios tra- x2 + 2x − 8 < 0 se − 4 < x < 2 (x está entre - 4 e 2)
balhada em aulas anteriores: x2 + 2x − 8 = 0 se x = −4 ou se x = 2
x2 + 2x − 8 não é um trinômio quadrado perfeito (ve-
rifique você mesmo). Outra forma de fatorar esta ex- 5) Estude o sinal da expressão −x2 − x + 2
pressão é buscar dois números cujo produto é -8 e a Solução:
soma é 2. Aqui, novamente, iremos transformar a expressão em
Depois de fazer algum exercício mental você pode ve- um produto de fatores mais simples. Até agora você
rificar que os números procurados são 4 e -2. Então viu apenas duas possibilidades para um trinômio de
podemos escrever: grau 2. Ou ele é quadrado perfeito ou é da forma x2 +
Sx + P, sendo S a soma de dois números cujo produto
x2 + 2x − 8 = (x + 4)(x − 2) é P. Nesse exemplo, vamos colocar inicialmente o -1
em evidência:
Agora podemos estudar o sinal da expressão traba-
−(x2 + x − 2)
lhando com o produto do lado direito da igualdade
acima. Vamos chamar os fatores de A e B respectiva- Sendo assim, a expressão dentro dos parênteses pode
mente: ser fatorada mais facilmente pois o número que mul-
(x + 4) (x − 2) tiplica x2 é 1.
| {z } | {z } Devemos buscar agora dois números cujo produto seja
A B
-2 e a soma seja 1. Os números são 2 e -1. Então:
Estudando o sinal de A (usando a mesma ideia do
exemplo anterior) temos: −(x2 + x − 2) = −[(x − 1)(x + 2)]

x + 4 = 0 =⇒ x = −4 O sinal de menos antes dos colchetes significa que -1


multiplica a expressão. Podemos usar a distributivi-
É notório que A > 0 se x > −4 e A < 0 se x < −4. dade no fator x − 1 e a expressão se torna:
Analogamente:
(−x + 1)(x + 2)
x − 2 = 0 =⇒ x = 2
Assim como no exemplo anterior, vamos chamar os
Daí temos que B > 0 se x > 2 e B < 0 se x < 2. Vamos fatores de A e B:
representar estas informações graficamente: Note que (−x + 1) (x + 2)
| {z } | {z }
A B

Estudaremos agora o sinal de A.

−x + 1 = 0 =⇒ x = 1

Lembre-se de fazer "testes"em A com valores me-


Fig. 7. Solução Gráfica do Estudo do Sinal de Cada Expressão nores e maiores que 1. Descobrimos que, quando

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x < 1, A > 0 e quando x > 1, A < 0 Exemplo


Estudando o sinal de B:
1) Determine a solução da inequação
x + 2 = 0 =⇒ x = −2 |x| > 1
Ao escolher valores em B, menores e maiores que 2,
descobrimos que quando x < 2, B < 0 e quando Solução:
x > 2, B > 0. Nesta desigualdade, estamos interessados em valores
Vamos representar o estudo do sinal de cada expressão de x que possuem tamanho maior que 1. Vamos re-
graficamente e em seguida fazer o produto dos sinais presentar isso graficamente:
das expressões:

Fig. 10. Representação para |x| > 1

Note que os extremos do intervalo não fazem parte


do conjunto, por isso o representamos com uma "bo-
linha"vazia.
Os números que têm tamanho maior que 1 são esses
Fig. 9. Solução Gráfica do Estudo do Produto das Expressões da região hachurada da figura 10. Sendo assim:
|x| > 1 =⇒ x < −1 ou x > 1
Analisando a solução gráfica, podemos escrever:
2) Qual é a solução para a inequação
−x2 − x + 2 > 0 quando − 2 < x < 1
|x + 3| ≤ 4 ?
−x2 − x + 2 < 0 quando x < −2 ou x > 1
−x2 − x + 2 = 0 quando x = −2 ou x = 1 Solução:
Enquanto você não tiver confiança de fazer mais rapi-
Lembre-se que o segredo para que você fique bom nisso é
damente, use o seguinte artifício:
exercitar. Não meça esforços para praticar o que estudou.
x+3 = A
E agora o problema se resume em resolver a inequa-
3. Valor Absoluto ção:
|A| ≤ 4
O valor absoluto ou módulo de um número real é o tamanho Estamos interessados agora em saber quais são os nú-
desse número. Cada número da reta real tem uma distância meros que possuem tamanho menor ou igual a 4. Pen-
até o zero e desingaremos de módulo esta distância. sando como no exemplo anterior podemos concluir
Usaremos | | para representar o módulo. que esses números são todos aqueles compreendidos
entre -4 e 4. (Na dúvida, represente graficamente!)
Exemplo Portanto, A está compreendido entre -4 e 4 e iremos
representar assim:
|2| = 2 pois o "tamanho"do 2 é duas unidades.
−4 ≤ A ≤ 4
| − 2| = 2 pois o "tamanho"do -2 é duas unidades
Mas queremos resolver a inequação na variável x.
Você já deve ter ouvido dizer que o módulo de um número
Lembre-se que A = x + 3, portanto:
nunca é negativo, ou que o módulo de um número é o
número sem o sinal. Mas o verdadeiro sentido disso é: para −4 ≤ x + 3 ≤ 4
medir alguma coisa não usamos valores negativos.
Esta é uma inequação simultânea e podemos resolvê-
la isolando a variável.
3.1. Definição: −4 − 3 ≤ x ≤ 4 − 3
Se x é um número real, então: Logo
 −7 ≤ x ≤ 1
x se x ≥ 0
|x| = Tente representar graficamente esta solução!
−x se x < 0

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3) Determine a solução para a equação 5) Determine o conjunto solução da equação


|x + 2| = 2. x2 + 6x + 9 = 16

Solução: Novamente o lado esquerdo da equação de 2o é for-


Olhando para a equação interpretamos o seguinte: es- mado por um trinômio quadrado perfeito. Vamos es-
tamos interessados em saber quais os números cujo crever sua forma fatorada:
tamanho é 2.
Sendo assim, os números que possuem tamanho 2 são (x + 3)2 = 16
o próprio 2 e o -2.
Escrevendo a raiz quadrada dos dois lados:
x + 2 = 2 ou x + 2 = −2 q √
(x + 3)2 = 16
Resolvendo cada uma das equações temos:

x = 0 ou x = −4 Usando a informação x2 = |x|:
Portanto, a solução para a equação é o conjunto |(x + 3)| = 4
S = {−4, 0} Agora vem a pergunta: quais são os números cujo mó-
dulo é 4? A resposta é: -4 e 4.
Para o próximo exemplo, usaremos uma informação impor-
tante sobre o módulo de um número real. x + 3 = 4 ou x + 3 = −4

x2 = |x| Resolvendo cada uma das equações:
Posteriormente iremos demonstrar esta igualdade. x = 4 − 3 ou x = −4 − 3
4) Qual é a solução da equação
x = 1 ou x = −7
x2 − 4x + 4 = 0? A solução da equação então será o conjunto
S = {−7, 1}
Resolução: Talvez você não tenha percebido mas o que fizemos nos
Você já deve estar pensando que, como esta é uma exemplos 4 e 5 foi resolver uma equação de 2o grau por
equação de 2o , para resolvê-la deveremos usar a fa- um processo bem diferente do que você está acostumado.
mosa Fórmula de Bhaskara. Sim, esta é uma equação Vamos resolver mais alguns exemplos assim:
de 2o grau porém iremos usar outro método de reso-
lução. 6) Determine o conjunto solução da equação
Observe que o lado esquerdo da igualdade é um trinô-
x2 + 6x − 7 = 0
mio quadrado perfeito:
x2 − 4x + 4 = (x − 2)2
Resolução:
Então a equação pode ser reescrita como: Esta equação de 2o está no formato que você acostu-
mou a ver. Note que o trinômio não é quadrado per-
(x − 2)2 = 0
feito. Ele pode ser fatorado como soma e produto,
Para eliminar o expoente 2 do primeiro membro ire- como vimos anteriormente,mas aqui iremos usar um
mos usar a operação inversa (radiciação) em ambos os procedimento chamado de "completar os quadrados".
lados: O objetivo dele é completar o trinômio para que ele
q √
(x − 2)2 = 0 se torne um quadrado perfeito. Preste muita atenção
√ no que será feito porque aparentemente você achará
Usando a ideia de que x2 = |x|: difícil, mas verá com a prática que não é:
|(x − 2)| = 0 Primeiro passo: verifique se o número que multplica
o x2 é 1. Se não for, divida a equação inteira por ele.
Estamos agora interessados em saber quais os núme- Nesse caso já é 1. Segundo passo: pegue o termo que
ros cujo tamanho é zero. O único número real cujo multiplica o x e divida-o por 2(só o módulo). Nesse
tamanho é zero é o próprio zero. exemplo é o 6.
6÷2 = 3
x − 2 = 0 =⇒ x = 2
Terceiro passo: pegue o resultado da divisão do passo
Portanto a solução da equação é o conjunto unitário anterior e eleve ao quadrado.
S = {2}
32 = 9

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Se o termo independente fosse 9, então o trinômio se- Descobrimos que devemos acrescentar em ambos os
ria quadrado perfeito. Como não é, vamos para o pró- 1
lados .
ximo passo. 400
Quarto passo: acrescente ao termo independente uma  
9 2 1 1
quantidade que o torne igual ao resultado obtido no x2 − x + + =
10 10 400 400
terceiro passo. Nesse caso devemos acrescentar ao -7
um número que faça o resultado ser 9. Esse número é 2 1
16. Só que,numa equação, o que você acrescentar de Lembre-se que + = Logo a equação torna-se:
10 400
um lado, deve também acrescentar no outro.
9 81 1
x2 − x+ =
x2 + 6x − 7 + 16 = 16 10 400 400
Agora organizando o lado esquerdo: O primeiro membro desta última equação é um trinô-
mio quadrado perfeito e sua forma fatorada é (verifi-
x2 + 6x + 9 = 16 que):
9 2
 
1
Note que a equação agora se tornou idêntica à do x− =
20 400
exemplo 5 e irei deixar para você resolvê-la. Tente re-
solver o exemplo também fatorando o trinômio como Vamos calcular agora a raiz quadrada em ambos os
soma e produto. lados: s
9 2
 r
1
7) Qual é o conjunto solução da equação x− =
20 400
10x2 − 9x + 2 = 0? √
Não se esqueça que x2 = |x|:
 
x− 9 = 1

Resolução: 20 20
Note que aqui o termo que multiplica o x2 não é 1.
Nesse caso, vamos dividir e equção toda por 10. 1
Quais são os números cujo tamanho vale ? Esses
20
10x2 − 9x + 2 0 1 1
= números são e− .
10 10 20 20
Logo:
O lado direito continuará zero e o lado esquerdo fi-
cará: 9 1 9 1
9 2 x− = ou x − =−
x2 − x + =0 20 20 20 20
10 10
1 9 1 9
O próximo passo agora é dividir o termo que multi- x= + ou x = − +
plica x por 2. 20 20 20 20
10 8
9 x= ou x =
10 9 1 9 20 20
= · =
2 10 2 20 Simplificando as frações:
Observe que agora devemos elevar este termo ao qua- 1 2
drado x= ou x =
 2 2 5
9 81
= 
1 2

20 400 A solução da equação é o conjunto S = ,
Agora a pergunta é: qual deverá ser o número acres- 2 5
2 81
centando a para que o resultado seja ? 8) Qual é o conjunto solução da equação
10 400
2 81 x2 + 2x + 2 = 0?
?+ =
10 400
81 2 Resolução:
?=−
400 10 Vamos resolver a equação completando os quadrados,
O mínimo múltiplo comum entre 400 e 10 é o 400. como fizemos anteriormente.
Primeiro observe que o número que multiplica x2 é 1.
81 80
?= − Só nos resta agora dividir o termo que multiplica x por
400 400 2 e em seguida elevar o resultado ao quadrado.
1
?=
400 2 ÷ 2 = 1 =⇒ 12 = 1

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Significa que devemos acrescentar algum número no b2


deve ser o termo independente. Para que isto ocorra, de-
lado esquerdo para que o termo independente (2) se 4a
torne 1. Esse número é o -1. vemos somar alguma quantidade na equação. Para descobrir
que quantidade é esta, resolvemos o seguinte problema:
x2 + 2x + 2 − 1 = −1
c b2
?+ = 2
Agora, o primeiro membro da equação pode ser es- a 4a
crito de forma fatorada, já que é um trinômio qua- Isolando a incógnita:
drado perfeito.
b2 c
2 2 ?= −
x + 2x + 1 = −1 =⇒ (x + 1) = −1 4a2 a
Podemos melhorar o lado direito da igualdade reduzindo as
O procedimento agora é análogo ao que fizemos ante-
frações ao mesmo denominador:
riormente. Calculamos a raiz quadrada em ambos os
lados
√ b2 4ac b2 − 4ac
?= − =⇒ ? =
q
(x + 1)2 = −1 4a2 4a2 4a2
Note que do lado direito desta igualdade aparece uma A quantidade a ser somada em ambos os lados da equação
quantidade inexistente no conjunto dos números reais. b2 − 4ac
então é .
Como estudamos somente os números reais (pelo me- 4a2
nos nesta disciplina), dizemos que a equação não tem b2 − 4ac
Portanto, na equação(10) vamos acrescentar dos
solução: 4a2
dois lados:
S={ }
c b2 − 4ac b2 − 4ac
 
2 b
Os últimos exemplos que resolvemos foi uma aperitivo para x + x+ + = (11)
a a 4a2 4a2
o que vamos estudar agora.
Em (11),
c b2 − 4ac b2
 
+ =
4. Equações de 2o Grau a 4a2 4a2
Substindo este resultado:
Uma equação de 2o grau tem a forma
b b2 b2 − 4ac
x2 + x + 2 = (12)
ax2 + bx + c = 0 sendo a, b, c ∈ R e a 6= 0. a 4a 4a2
O primeiro membro de (12) é um trinômio quadrado perfeito
A condição de a ser diferente de zero você vai entender já (verifique)! Sua forma fatorada é:
ja.́ Por enquanto, pense que é somente pelo fato de que, se
b 2
 
a for zero, o termo de grau 2 "some" e a equação passa a ser
de primeiro grau. x+
2a
Para resolver equações de grau 2 você poderá todas as vezes
que quiser, usar o método de completar os quadrados, como A equação (12) torna-se:
visto anterioremente. Porém iremos desenvolver agora uma
b 2 b2 − 4ac
 
fórmula resolutiva, conhecida como Fórmula de Bhaskara. x+ = (13)
Ela se baseia na ideia estudada. 2a 4a2
Começaremos dividindo a equação por a: Finalmente agora calculamos a raiz em ambos os lados da
equação:
ax2 + bx + c = 0(÷a) (9) s s
b 2 b2 − 4ac

x+ = (14)
2a 4a2
b c √
x2 + x + = 0 (10) Lembre-se que x2 = |x|.
a a
Na equação 10, devemos agora dividir o termo que multi- √ 2
x + b = b − 4ac

plica x por 2 e em seguida elevar o resultado ao quadrado. (15)
2a 2a
b Vamos chamar o número b2 − 4ac de ∆. Na equação (15),
a =⇒ b · 1 = b ao calcular o módulo do lado esquerdo, aparecerão dois nú-
2 a 2 2a meros no lado direito. Um positivo e outro negativo.
2 √
b2

b b ∆
= x+ =± (16)
2a 4a2 2a 2a
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Ao isolar o x no primeiro membro, temos: 5.4. Fatore o polinômio de 2o dado:


√ a) x2 − 3x + 2
b ∆
x=− ±
2a 2a b) x2 − x − 2
ou c) x2 − 2x + 1

−b ± ∆ d) x2 − 6x + 9
x=
2a
e) 2x2 − 3x + 1
Note que o a aparece na fórmula dividindo uma expressão.
Logo seu valor tem que ser diferente de zero. Muitas f) x2 − 25
pessoas passam a vida inteira resolvendo equações de 2o g) 3x2 + x − 2
grau com esta fórmula e não sabem de onde ela veio.
A partir de agora, pratique a resolucão de equações desse i) 4x2 − 9
tipo com e sem a fórmula. Isso fará de você um excelente
j) 2x2 − 5x
calculista!
5.5. Resolva a inequação dada:
a) x2 − 3x + 2 > 0
5. Exercícios Propostos b) x2 − 5x + 6 ≥ 0

5.1. Elimine o módulo: c) x2 − 3x > 0


d) x2 − 9 < 0
a) | − 5| + | − 2| =
e) x2 − x − 2 ≥ 0
b) | − 5 + 8| =
f) 3x2 − x ≤ 0
c) |2a| − |3a| = g) 4x2 − 4x − 1 < 0
h) 4x2 − 4x − 1 ≤ 0
d) | − a| =
5.6. Simplique as expressões:
x2 − 1
5.2. Resolva as equações: a)
x−1
a) |x| = 2 x3 − 8
b)
x2 − 4
b) |x + 1| = 3
4x2 − 9
c)
c) |2x − 1| = 1 2x + 3
1
x−1
d)
d) |x − 2| = −1 x−1
1
x2
−1
e) |2x + 3| = 0 e)
x−1
1
x2
− 19
5.3. Resolva as Inequações f)
x−3
a) |x| ≤ 1 1
− 15
x
g)
x−5
b) |3x − 1| < −2
1
x − 1p
h)
c) |2x − 1| < 3 x− p

1 (x + h)2 − x2
d) |3x − 1| < i)
3 h
1
x+h − 1x
e) |2x − 3| > 3 j)
h
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5.7. Resolva as inequações: 6. Funções


2x − 1
a) <0 Como motivação para o estudo de funções iremos analisar
x+1 algumas situações:
1−x
b) ≥0
3−x Problema 1
x−2 Um taxista cobra R$8, 00 de bandeirada mais R$1, 20 por
c) >0
3x + 1 quilômetro percorrido. Quanto um cliente deverá pagar ao
d) (2x − 1)(x + 3) < 0 final de uma corrida?

3x − 2
e) ≤0
2−x Problema 2
f) x(2x − 1) ≥ 0 Um resevatório tem capacidade para 10000 L de água e está
g) (x − 2)(x + 2) > 0 completamente cheio quando é detectado um furo que deixa
fluir 0, 1 L por minuto. Quantos litros de água restarão no
2x − 1 reservatório?
h) >5
x−3
x Para os dois problemas a resposta parece impossível.
i) ≤3 É como se estivesse faltando alguma informação para
2x − 3
solucioná-los. Se voê fosse responder o primeiro certa-
x−1 mente diria assim: "depende da distância percorrida!"E
j) <1
2−x caso fosse responder o segundo diria "depende do tempo
que irá se passar até que o reservatório seja remendado!"
A palavra "depende"nas suas respostas aparecem antes das
grandezas distância e tempo. Lembre-se que uma grandeza
é algo que pode ser medido. Nos problemas citados, em
cada um deles aparecem duas grandezas se relacionando.
No primeiro, há uma relação entre o valor a se pagar pela
corrida e a distância percorrida. No segundo problema,
a quantidade de água no reservatório se relaciona com o
tempo que vai durar esse vazamento.
Para resolver os problemas, vamos construir uma tabela
em que mostraremos a relação existente entre as grandezas
mencionadas.

Distância d (km) - Valor a pagar Q (Reais)


1 8 + 1, 20 × 1 9,20
2 8 + 1, 20 × 2 10,40
3 8 + 1, 20 × 3 11,60
4 8 + 1, 20 × 4 12,80
.. .. ..
. . .
d 8 + 1, 20 × d Q = 1, 20d + 8
Note que conseguimos estabelecer uma "fór-
mula"matemática para calcular o valor a se pagar ao
final de uma corrida, qualquer que seja a distância percor-
rida. Esta relação é chamada de função. As grandezas são
representadas por variáveis as quais chamaremos variável
dependente (Q) e variável independente (d). Nesta relação
é notável que quanto maior for a distância percorrida, maior
será o valor a pagar.

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Para o problema do reservatório temos: Aqui temos um problema visto que a divisão por zero
Tempo t (min) - Volume V (Litros) não está definida. Vamos fazer os outros cálculos, de-
1 100000 − 0, 1 × 1 9 999,9 pois iremos concluir algo interessante.
10 10000 − 0, 1 × 10 9999
1
60 10000 − 0, 1 × 60 9994 x = 1 =⇒ y = =1
1
120 10000 − 0, 1 × 120 9988
.. .. .. 1
. . . x = 2 =⇒ y =
2
t 10000 − 0, 1 × t V = −0, 1t + 10000 Vamos representar esta relação por meio de um dia-
Novamente conseguimos estabelecer uma relação entre as grama.
grandezas (volume e tempo). Esta relação também é uma
função cuja variável independente é o tempo e a variável
dependente é o volume de água no reservatório. É de se
notar também que, quanto maior for o tempo, menor será o
volume de água no reservatório.
Geralmente, nomearemos a variável independente de x e a
variável dependente de y. Usaremos f , g, h, etc para nos
referirmos a uma função.
Sendo assim, ao olhar para a notação

y = f (x)

interprete: y é uma função cujo nome é f e que depende da


variável x.
Agora que já estamos mais familiarizados com a ideia, po-
demos definir matematicamente uma função.
Fig. 11. Diagrama que representa a relação y = 1x
6.1. Definição
Uma função é uma relação matemática (fórmula) que asso- Segundo a definição, esta relação não é uma função
cia todos os elementos de um conjunto A a correspondentes pois, no conjunto A, existe um elemento que não foi
únicos em um conjunto B. Usaremos a notação relacionado a nenhum valor de B. Este valor é o zero.
Note que se retirarmos este elemento do conjunto a
f : A −→ B relação se torna uma função de A em B.

para dizer que f é uma função de A em B.


A é chamado de domínio da função e B contra domínio. O
conjunto domínio é formado pelos valores que a variável
independente pode assumir. No conjunto contra domínio
estão os valores da variável dependente. Para entender
melhor este conceito, vejamos alguns exemplos:

Exemplos
1) Dados os conjuntos A= {−2, −1, 0, 1, 2} e
1 1 1 1 1
B = − − , −1, , , 1 e a relação y = ,
4 2 4 2 x
verifique se esta relação é uma função:
Resolução:
Primeiramente devemos levar todos os elementos Fig. 12. Diagrama que representa a função y = 1x
1
do conjunto A na relação y = , no lugar da variável x.
x Observe que agora faz sentido falarmos em conjunto
1 1 domínio ou contra domínio. Vamos usar a notação
x = −2 =⇒ y = =−
−2 2 D f para denotar domíno de f e CD f para o contra
1 domínio. Nesse caso:
x = −1 =⇒ y = = −1
−1 D f = A − {0} leia conjunto A exceto o zero
1
x = 0 =⇒ y = CD f = B
0
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No contra domíno exite um subjconjunto de extrema 3) Uma relação é dada pelo diagrama a seguir. Decida:
importância chamado Conjunto Imagem (Im f ). Ele a relação é uma função? Justifique:
é formado por todos os elementos de B que "foram
flechados"por meio da função:
 
1 1
Im f = − , −1, , 1
2 2
É muito comum as pessoas fazerem confusão quando
o assunto é escrever o domínio de uma função.
Lembre-se: o domínio é o conjunto formado pelos
elementos que a variável independente pode assumir.

2) Dados os conjuntos A = {−2, −1, 0, 1, 2}, B =


{−2, −1 − 0, 1, 2, 3, 4} e a relação f (x) = x2 , verifi-
que se esta relação é uma função. Em caso afirma-
tivo, determine os conjuntos domínio, contra domínio Resolução:
e imagem. Note que o elemento −2 do conjunto A está se
Resolução: relacionando com mais de um elemento em B. Pela
Novamente devemos levar cada elemento de A na re- definição, cada elemento de A deve ter apenas um
lação, no lugar do x. correspondente em B. Portanto a relação não é uma
função.
x = −2 =⇒ f (−2) = (−2)2 = 4 Como vimos no exemplo 1, algumas relações mate-
x = −1 =⇒ f (−1) = (−1)2 = 1 máticas podem ter restrições. Caso não haja restrição,
x = 0 =⇒ f (0) = 02 = 0 diremos que o domínio da função é R. Veremos agora
alguns exemplos que ilustram isto.
x = 1 =⇒ f (1) = 12 = 1
x = 2 =⇒ f (2) = 22 = 4
4) Qual é o conjunto domínio da função
Vamos representar esta relação por meio de um dia-
grama. 3x − 1
f (x) = ?
4x + 2
Resolução:
Aqui já estamos assumindo que a relação é uma fun-
ção e, portanto, devemos impor condição para que isto
seja verdade. Note que temos uma expressão que de-
pende de x no denominador. Lembre-se que a divisão
por zero não existe. Portanto:

4x + 2 6= 0

Resolvendo a inequação, temos:


1
x 6= −
2
Fig. 13. Diagrama que representa a função f (x) = x2
Portanto, o domínio da função é o conjunto de todos
1
Dizemos que os elementos que estão no conjunto ima- os números reais, exceto − .
gem são as imagens daqueles que pertecem ao domí- 2
nio. Assim, podemos dizer que 4 é a imagem de 2,
 
1
por exemplo. Df = R− −
2
Olhando para o diagrama percebemos que todos os
elementos do conjunto A possuem correspondentes
únicos no conjunto B.Portanto a relação é uma fun-
ção de A em B. Nesta função temos: 5) Determine o domínio da função
Df = A p
f (x) = x2 + 2x − 8.
CD f = B
Im = {0, 1, 4}
Resolução:

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Temos aqui outro "problema": em uma raiz de índice


par, o radicando não pode ser negativo. Portanto de-
vemos impor que

x2 + 2x − 8 ≥ 0

Nossa missão agora é resolver a inequação de 2o grau.


Vamos resolvê-la usando o método trabalhado an-
teriormente, transformando a expressão do primeiro
membro em um produto de fatores de 1o grau.

x2 + 2x − 8 = (x + 4)(x − 2)

Vamos nomear cada um dos fatores:


Fig. 15. Gráfico da função y = x2
(x + 4) (x − 2) ≥ 0
| {z } | {z }
A B

O estudo do sinal desta expressão se encontra na pá- Observe que este gráfico é um conjunto discreto de
gina 7 destas notas de aula. Vamos direto para a solu- pontos, ou seja, há "espaços"vazios entre dois pontos
ção gráfica: vizinhos.

2) Represente graficamente a função f : R −→ R defi-


nida por
f (x) = x2 .

Resolução:
Note que o que diferencia este exemplo do anterior
são os conjuntos envolvidos. Aqui temos uma função
Fig. 14. Solução gráfica para a inequação que leva elementos dos reais nos reais. Isto nos diz
que o gráfico será uma curva no plano, formado pe-
Observe que os valores que estamos interessados es- los pontos que satisfazem à relação y = x2 . Podemos
tão à esquerda do -4 e à direira do 2 (onde aparece o aproveitar os pontos do gráfico anterior para ter uma
sinal de + na solução gráfica. Logo: noção de como a curva irá se comportar.

D f = {x ∈ R|x ≤ −4 ou x ≥ 2}

6.2. Gráfico
Uma forma muito útil de se representar uma função é por
meio de um gráfico. O gráfico de uma função é o conjunto
de pontos (x, y) do plano que satisfazem à igualdade y =
f (x). Vejamos isso por meio de exemplos.

1) Desenhe o gráfico para a função do exemplo 2, página


15.
Resolução:
Note que observando o diagrama, podemos determi-
nar os seguintes pares ordenados:

(−2, 4), (−1, 1), (0, 0), (1, 1), (2, 4)

O gráfico desta função será o conjunto formado por


estes pontos no plano. Estes conjunto de pontos é discreto, o que não pode
ser usado aqui, pois a função é de R em R. Sendo
assim devemos traçar uma curva que contenha todos
estes pontos. O gráfico da função fica:

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Fig. 16. Gráfico da função de R em R, f (x) = x2

3) Desenhe a curva que representa o gráfico da função


1
Fig. 17. Alguns pontos do gráfico de f (x) =
1 x
f (x) = .
x
Observe que com os pontos que temos não consegui-
Resolução: mos ter uma noção concreta do que irá acontecer no
Vamos assumir que a função é de R∗ em R, ou seja, x gráfico nos intervalos ] − 1, 0[ e ]0, 1[. Portanto seria
pode assumir valores reais, com exceção do zero. conveniente escolher alguns valores deste intervalo.
Devemos construir uma tabela com alguns valores 1 1 1 1 1 1
Irei escolher − , − , − , , ,
de x escolhidos por você. Lembre-se, escolha quem 2 4 4 8 4 2
Levando estes valores na função vamos obter, respec-
você quiser, exceto o zero. Irei construir uma tabela
tivamente o inverso de cada um deles. Assim, vamos
para organizar melhor estes dados:
acrescentar os pontos
1        
x f (x) = y 1 1 1 1
x − , −2 , − , −4 , − , −8 , ,8 ,
1 1 2 4 8 8
−8 f (−8) = −
−8 8    
1 1 1 1
−4 f (−4) = − ,4 , ,2 .
−4 4 4 2
1 1
−2 f (−2) = −
−2 2
1
−1 f (−1) = −1
−1
1
1 f (1) = 1
1
1 1
2 f (2) =
2 2
1 1
4 f (4) =
4 4
1 1
8 f (8) =
8 8
Agora podemos listar os pares ordenados obtidos:
     
1 1 1
−8, − , −4, − , −2, − , (−1, 1) , (1, 1)
8 4 2
     
1 1 1
2, , 4, , 8,
2 4 8
Agora marcamos estes pontos no plano temos:

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Prof Me Samuel Lima Picanço

Resolução:
Note que para esta função, x deve ser diferente de
-5. Note ainda que a expressão que determina a lei de
formação da função pode ser simplificada.

x2 − 25 (x + 5)(x − 5)
= = x+5
x−5 x−5
Isso significa que construir o gráfico de

x2 − 25
f (x) = .
x−5
equivale a construir o gráfico de

f (x) = x + 5 com x 6= −5

Vamos escolher alguns valores para x e calcular as


suas imagens.

x f (x) = x + 5 y
−2 f (−2) = −2 + 5 3
1 −1 f (−1) = −1 + 5 4
Fig. 18. Pontos do gráfico de f (x) = que serão usados para
x 0 f (0) = 0 + 5 5
traçar a curva
1 f (1) = 1 + 5 6
2 f (2) = 2 + 5 7
Agora conseguimos ter uma noção de como se com-
Agora vamos marcar os pontos no plano.
portará a curva que representa o gráfico da função.

Fig. 20. Alguns pontos gráfico da função

1
Fig. 19. Gráfico de f (x) = Se você sobrepor uma régua aos pontos, observará que
x
eles estão alinhados. Significa que o gráfico pode ser
construído traçando-se uma reta pelos pontos marca-
dos. Lembre-se que o -5 não faz parte do domínio. O
4) Construa o gráfico da função grf́ico fica assim:
x2 − 25
f (x) = .
x−5
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Notas de aula da disciplina Fundamentos de Matemática I - PUC Goiás - Conjuntos Numéricos

Referências
[1] IEZZI, Gelson e MURAKAMI, Carlos. Fundamentos de Matemática
Elementar, Vol. 1. São Paulo: Atual Editora, 2006
[2] DANTE, Luiz. Matemática, Vol. único. São Paulo: Editora Ática,
2008.
[3] LIMA, Elon Lajes. A Matemática do Ensino Médio, vol. 1 Rio de
Janeiro: Sociedade Brasileira de Matemática, 2003.
Samuel Lima Picanço
Escola de Ciências Exatas e da Computação,
Pontifícia Universidade Católica de Goiás
whatsapp: 96472143
E-mail: slpicanco2012@gmail.com

x2 − 5
Fig. 21. Gráfico da função f (x) =
x−5

Veja que em x = 5 há um "furo"na reta. Isto ocorre


porque a função não está definida ali.
Você deve ter percebido que construir o gráfico de uma fun-
ção pode ser algo bem trabalhoso. Por este motivo, com o
passar do tempo, você irá desenvolver maneiras de esboçar
o gráfico com as informações da lei de formação da função.
Por enquanto, é recomendável que você utilize papel mili-
metrado para desenhar os gráficos, até que tenha habilidade
suficiente fazê-los de outra forma.

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