Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Fundamentos de Matemática I
Prof Me Samuel Lima Picanço
1.1. Números Naturais 1) 2 é racional pois existem várias divisões cujo resultado é 2
PUC - GOIÁS
1
Escola de Ciências Exatas e da Computação
Prof Me Samuel Lima Picanço
1 24÷2 12÷3 4
Note que é a forma simplificada da fração que gerou = = ÷3 =
3 90 ÷2 45 15
a dízima 0, 333 · · · . Dizemos que é sua fração geratriz.
4
Observe ainda que, se a dízima for maior que 1, então 15 é a forma mais simples da fração que representa
nos será conveniente separar a parte inteira da parte 0, 2666 · · · . Dizemos que é sua fração geratriz.
decimal, como no exemplo a seguir: Mas novamente você pode se perguntar: de onde veio
PUC - GOIÁS
2
Escola de Ciências Exatas e da Computação
Notas de aula da disciplina Fundamentos de Matemática I - PUC Goiás - Conjuntos Numéricos
esta regra? Lá vai a explicação: O número que expressa a medida da diagonal desse qua-
Iremos usar x para representar a fração desconhecida. drado não é racional. Podemos resolver o problema usando
o famoso Teorema de Pitágoras e a diagonal será a hipote-
0, 2666 · · · = x (7) nusa de um triângulo retângulo cujos catetos medem 1.
2, 666 · · · = 10x (8) E aqui vemos que não existe número racional capaz de ser a
solução desse problema. √
Vamos agora separar a parte inteira da parte decimal. Hoje sabemos que esse número é o 2. Sendo assim, sur-
gem os números que, assim como este último, não têm re-
2 + 0, 666 · · · = 10x presentação decimal finita. Diferentemente das dízimas pe-
6 riódicas, os números irracionais têm representação decimal
A parte fracionária agora você já sabe como fica: infinita, porém não periódica.
9
Podemos destacar como números irracionais todas as raízes
6 de índice n não exatas. Além destas temos o π, o famoso
2+ = 10x número de Euler (e), dentre outros que você irá aprender ao
9
longo do curso.
24 Vale dizer que um número é racional ou irracional, ou seja,
= 10x
9 não pode ser ao mesmo tempo pertencente aos dois conjun-
O 10 multiplicando vai dividindo e pronto: tos.
PUC - GOIÁS
3
Escola de Ciências Exatas e da Computação
Prof Me Samuel Lima Picanço
PUC - GOIÁS
4
Escola de Ciências Exatas e da Computação
Notas de aula da disciplina Fundamentos de Matemática I - PUC Goiás - Conjuntos Numéricos
PUC - GOIÁS
5
Escola de Ciências Exatas e da Computação
Prof Me Samuel Lima Picanço
] − ∞, 4[ −8
−2x + 8 = 0 =⇒ −2x = −8 =⇒ x =
−2
Este resultado significa que, qualquer valor de x me-
nor que 4, torna verdadeira a afirmação 2x − 3 < x + 1. x=4
Significa que em 4 a expressão muda de sinal. O que
2) Determine o conjunto solução da seguinte inequação: eu sugiro aqui é que você escolha dois números, um
menor que 4 e outro maior que 4. Substitua-os na
−3x + 5 ≤ 2x + 4 expressão e verifique o que acontece:
PUC - GOIÁS
6
Escola de Ciências Exatas e da Computação
Notas de aula da disciplina Fundamentos de Matemática I - PUC Goiás - Conjuntos Numéricos
Se x = 4, −2x + 8 = 0
Se x > 4, −2x + 8 < 0
Podemos representar (e nos será muito útil) a expres- Fig. 8. Solução Gráfica do Estudo do Produto das Expressões
são graficamente:
é importante respeitar a relação de ordem dos reais,
ou sejam, números menores escritos à esquerda.
Agora iremos multiplicar a expressão A pela expres-
são B, usando a representação gráfica. Observe que
na terceira reta (a que representa A · B) os sinais foram
Fig. 6. Solução Gráfica do Estudo do Sinal obtidos fazendo-se a multiplicação dos sinais das re-
tas anteriores.
Podemos escrever então que:
4) Estude o sinal da expressão x2 + 2x − 8
Solução: x2 + 2x − 8 > 0 se x < −4 ou se x > 2
Esta é uma expressão de 2o grau e iremos resolver
este problema usando a fatoração de polinômios tra- x2 + 2x − 8 < 0 se − 4 < x < 2 (x está entre - 4 e 2)
balhada em aulas anteriores: x2 + 2x − 8 = 0 se x = −4 ou se x = 2
x2 + 2x − 8 não é um trinômio quadrado perfeito (ve-
rifique você mesmo). Outra forma de fatorar esta ex- 5) Estude o sinal da expressão −x2 − x + 2
pressão é buscar dois números cujo produto é -8 e a Solução:
soma é 2. Aqui, novamente, iremos transformar a expressão em
Depois de fazer algum exercício mental você pode ve- um produto de fatores mais simples. Até agora você
rificar que os números procurados são 4 e -2. Então viu apenas duas possibilidades para um trinômio de
podemos escrever: grau 2. Ou ele é quadrado perfeito ou é da forma x2 +
Sx + P, sendo S a soma de dois números cujo produto
x2 + 2x − 8 = (x + 4)(x − 2) é P. Nesse exemplo, vamos colocar inicialmente o -1
em evidência:
Agora podemos estudar o sinal da expressão traba-
−(x2 + x − 2)
lhando com o produto do lado direito da igualdade
acima. Vamos chamar os fatores de A e B respectiva- Sendo assim, a expressão dentro dos parênteses pode
mente: ser fatorada mais facilmente pois o número que mul-
(x + 4) (x − 2) tiplica x2 é 1.
| {z } | {z } Devemos buscar agora dois números cujo produto seja
A B
-2 e a soma seja 1. Os números são 2 e -1. Então:
Estudando o sinal de A (usando a mesma ideia do
exemplo anterior) temos: −(x2 + x − 2) = −[(x − 1)(x + 2)]
−x + 1 = 0 =⇒ x = 1
PUC - GOIÁS
7
Escola de Ciências Exatas e da Computação
Prof Me Samuel Lima Picanço
PUC - GOIÁS
8
Escola de Ciências Exatas e da Computação
Notas de aula da disciplina Fundamentos de Matemática I - PUC Goiás - Conjuntos Numéricos
PUC - GOIÁS
9
Escola de Ciências Exatas e da Computação
Prof Me Samuel Lima Picanço
Se o termo independente fosse 9, então o trinômio se- Descobrimos que devemos acrescentar em ambos os
ria quadrado perfeito. Como não é, vamos para o pró- 1
lados .
ximo passo. 400
Quarto passo: acrescente ao termo independente uma
9 2 1 1
quantidade que o torne igual ao resultado obtido no x2 − x + + =
10 10 400 400
terceiro passo. Nesse caso devemos acrescentar ao -7
um número que faça o resultado ser 9. Esse número é 2 1
16. Só que,numa equação, o que você acrescentar de Lembre-se que + = Logo a equação torna-se:
10 400
um lado, deve também acrescentar no outro.
9 81 1
x2 − x+ =
x2 + 6x − 7 + 16 = 16 10 400 400
Agora organizando o lado esquerdo: O primeiro membro desta última equação é um trinô-
mio quadrado perfeito e sua forma fatorada é (verifi-
x2 + 6x + 9 = 16 que):
9 2
1
Note que a equação agora se tornou idêntica à do x− =
20 400
exemplo 5 e irei deixar para você resolvê-la. Tente re-
solver o exemplo também fatorando o trinômio como Vamos calcular agora a raiz quadrada em ambos os
soma e produto. lados: s
9 2
r
1
7) Qual é o conjunto solução da equação x− =
20 400
10x2 − 9x + 2 = 0? √
Não se esqueça que x2 = |x|:
x− 9 = 1
Resolução: 20 20
Note que aqui o termo que multiplica o x2 não é 1.
Nesse caso, vamos dividir e equção toda por 10. 1
Quais são os números cujo tamanho vale ? Esses
20
10x2 − 9x + 2 0 1 1
= números são e− .
10 10 20 20
Logo:
O lado direito continuará zero e o lado esquerdo fi-
cará: 9 1 9 1
9 2 x− = ou x − =−
x2 − x + =0 20 20 20 20
10 10
1 9 1 9
O próximo passo agora é dividir o termo que multi- x= + ou x = − +
plica x por 2. 20 20 20 20
10 8
9 x= ou x =
10 9 1 9 20 20
= · =
2 10 2 20 Simplificando as frações:
Observe que agora devemos elevar este termo ao qua- 1 2
drado x= ou x =
2 2 5
9 81
=
1 2
20 400 A solução da equação é o conjunto S = ,
Agora a pergunta é: qual deverá ser o número acres- 2 5
2 81
centando a para que o resultado seja ? 8) Qual é o conjunto solução da equação
10 400
2 81 x2 + 2x + 2 = 0?
?+ =
10 400
81 2 Resolução:
?=−
400 10 Vamos resolver a equação completando os quadrados,
O mínimo múltiplo comum entre 400 e 10 é o 400. como fizemos anteriormente.
Primeiro observe que o número que multiplica x2 é 1.
81 80
?= − Só nos resta agora dividir o termo que multiplica x por
400 400 2 e em seguida elevar o resultado ao quadrado.
1
?=
400 2 ÷ 2 = 1 =⇒ 12 = 1
PUC - GOIÁS
10
Escola de Ciências Exatas e da Computação
Notas de aula da disciplina Fundamentos de Matemática I - PUC Goiás - Conjuntos Numéricos
1 (x + h)2 − x2
d) |3x − 1| < i)
3 h
1
x+h − 1x
e) |2x − 3| > 3 j)
h
PUC - GOIÁS
12
Escola de Ciências Exatas e da Computação
Notas de aula da disciplina Fundamentos de Matemática I - PUC Goiás - Conjuntos Numéricos
3x − 2
e) ≤0
2−x Problema 2
f) x(2x − 1) ≥ 0 Um resevatório tem capacidade para 10000 L de água e está
g) (x − 2)(x + 2) > 0 completamente cheio quando é detectado um furo que deixa
fluir 0, 1 L por minuto. Quantos litros de água restarão no
2x − 1 reservatório?
h) >5
x−3
x Para os dois problemas a resposta parece impossível.
i) ≤3 É como se estivesse faltando alguma informação para
2x − 3
solucioná-los. Se voê fosse responder o primeiro certa-
x−1 mente diria assim: "depende da distância percorrida!"E
j) <1
2−x caso fosse responder o segundo diria "depende do tempo
que irá se passar até que o reservatório seja remendado!"
A palavra "depende"nas suas respostas aparecem antes das
grandezas distância e tempo. Lembre-se que uma grandeza
é algo que pode ser medido. Nos problemas citados, em
cada um deles aparecem duas grandezas se relacionando.
No primeiro, há uma relação entre o valor a se pagar pela
corrida e a distância percorrida. No segundo problema,
a quantidade de água no reservatório se relaciona com o
tempo que vai durar esse vazamento.
Para resolver os problemas, vamos construir uma tabela
em que mostraremos a relação existente entre as grandezas
mencionadas.
PUC - GOIÁS
13
Escola de Ciências Exatas e da Computação
Prof Me Samuel Lima Picanço
Para o problema do reservatório temos: Aqui temos um problema visto que a divisão por zero
Tempo t (min) - Volume V (Litros) não está definida. Vamos fazer os outros cálculos, de-
1 100000 − 0, 1 × 1 9 999,9 pois iremos concluir algo interessante.
10 10000 − 0, 1 × 10 9999
1
60 10000 − 0, 1 × 60 9994 x = 1 =⇒ y = =1
1
120 10000 − 0, 1 × 120 9988
.. .. .. 1
. . . x = 2 =⇒ y =
2
t 10000 − 0, 1 × t V = −0, 1t + 10000 Vamos representar esta relação por meio de um dia-
Novamente conseguimos estabelecer uma relação entre as grama.
grandezas (volume e tempo). Esta relação também é uma
função cuja variável independente é o tempo e a variável
dependente é o volume de água no reservatório. É de se
notar também que, quanto maior for o tempo, menor será o
volume de água no reservatório.
Geralmente, nomearemos a variável independente de x e a
variável dependente de y. Usaremos f , g, h, etc para nos
referirmos a uma função.
Sendo assim, ao olhar para a notação
y = f (x)
Exemplos
1) Dados os conjuntos A= {−2, −1, 0, 1, 2} e
1 1 1 1 1
B = − − , −1, , , 1 e a relação y = ,
4 2 4 2 x
verifique se esta relação é uma função:
Resolução:
Primeiramente devemos levar todos os elementos Fig. 12. Diagrama que representa a função y = 1x
1
do conjunto A na relação y = , no lugar da variável x.
x Observe que agora faz sentido falarmos em conjunto
1 1 domínio ou contra domínio. Vamos usar a notação
x = −2 =⇒ y = =−
−2 2 D f para denotar domíno de f e CD f para o contra
1 domínio. Nesse caso:
x = −1 =⇒ y = = −1
−1 D f = A − {0} leia conjunto A exceto o zero
1
x = 0 =⇒ y = CD f = B
0
PUC - GOIÁS
14
Escola de Ciências Exatas e da Computação
Notas de aula da disciplina Fundamentos de Matemática I - PUC Goiás - Conjuntos Numéricos
No contra domíno exite um subjconjunto de extrema 3) Uma relação é dada pelo diagrama a seguir. Decida:
importância chamado Conjunto Imagem (Im f ). Ele a relação é uma função? Justifique:
é formado por todos os elementos de B que "foram
flechados"por meio da função:
1 1
Im f = − , −1, , 1
2 2
É muito comum as pessoas fazerem confusão quando
o assunto é escrever o domínio de uma função.
Lembre-se: o domínio é o conjunto formado pelos
elementos que a variável independente pode assumir.
4x + 2 6= 0
PUC - GOIÁS
15
Escola de Ciências Exatas e da Computação
Prof Me Samuel Lima Picanço
x2 + 2x − 8 ≥ 0
x2 + 2x − 8 = (x + 4)(x − 2)
O estudo do sinal desta expressão se encontra na pá- Observe que este gráfico é um conjunto discreto de
gina 7 destas notas de aula. Vamos direto para a solu- pontos, ou seja, há "espaços"vazios entre dois pontos
ção gráfica: vizinhos.
Resolução:
Note que o que diferencia este exemplo do anterior
são os conjuntos envolvidos. Aqui temos uma função
Fig. 14. Solução gráfica para a inequação que leva elementos dos reais nos reais. Isto nos diz
que o gráfico será uma curva no plano, formado pe-
Observe que os valores que estamos interessados es- los pontos que satisfazem à relação y = x2 . Podemos
tão à esquerda do -4 e à direira do 2 (onde aparece o aproveitar os pontos do gráfico anterior para ter uma
sinal de + na solução gráfica. Logo: noção de como a curva irá se comportar.
D f = {x ∈ R|x ≤ −4 ou x ≥ 2}
6.2. Gráfico
Uma forma muito útil de se representar uma função é por
meio de um gráfico. O gráfico de uma função é o conjunto
de pontos (x, y) do plano que satisfazem à igualdade y =
f (x). Vejamos isso por meio de exemplos.
PUC - GOIÁS
16
Escola de Ciências Exatas e da Computação
Notas de aula da disciplina Fundamentos de Matemática I - PUC Goiás - Conjuntos Numéricos
PUC - GOIÁS
17
Escola de Ciências Exatas e da Computação
Prof Me Samuel Lima Picanço
Resolução:
Note que para esta função, x deve ser diferente de
-5. Note ainda que a expressão que determina a lei de
formação da função pode ser simplificada.
x2 − 25 (x + 5)(x − 5)
= = x+5
x−5 x−5
Isso significa que construir o gráfico de
x2 − 25
f (x) = .
x−5
equivale a construir o gráfico de
f (x) = x + 5 com x 6= −5
x f (x) = x + 5 y
−2 f (−2) = −2 + 5 3
1 −1 f (−1) = −1 + 5 4
Fig. 18. Pontos do gráfico de f (x) = que serão usados para
x 0 f (0) = 0 + 5 5
traçar a curva
1 f (1) = 1 + 5 6
2 f (2) = 2 + 5 7
Agora conseguimos ter uma noção de como se com-
Agora vamos marcar os pontos no plano.
portará a curva que representa o gráfico da função.
1
Fig. 19. Gráfico de f (x) = Se você sobrepor uma régua aos pontos, observará que
x
eles estão alinhados. Significa que o gráfico pode ser
construído traçando-se uma reta pelos pontos marca-
dos. Lembre-se que o -5 não faz parte do domínio. O
4) Construa o gráfico da função grf́ico fica assim:
x2 − 25
f (x) = .
x−5
PUC - GOIÁS
18
Escola de Ciências Exatas e da Computação
Notas de aula da disciplina Fundamentos de Matemática I - PUC Goiás - Conjuntos Numéricos
Referências
[1] IEZZI, Gelson e MURAKAMI, Carlos. Fundamentos de Matemática
Elementar, Vol. 1. São Paulo: Atual Editora, 2006
[2] DANTE, Luiz. Matemática, Vol. único. São Paulo: Editora Ática,
2008.
[3] LIMA, Elon Lajes. A Matemática do Ensino Médio, vol. 1 Rio de
Janeiro: Sociedade Brasileira de Matemática, 2003.
Samuel Lima Picanço
Escola de Ciências Exatas e da Computação,
Pontifícia Universidade Católica de Goiás
whatsapp: 96472143
E-mail: slpicanco2012@gmail.com
x2 − 5
Fig. 21. Gráfico da função f (x) =
x−5
PUC - GOIÁS
19
Escola de Ciências Exatas e da Computação