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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE FONOAUDIOLOGIA
DISCIPLINA: ICSB 35 – SAÚDE COLETIVA E FONOAUDIOLOGIA
PROFESSOR: VLADIMIR ARCE
DISCENTES: KEDRYN CARDOSO, JAILSON VILAS BOAS, PALOMA AMORIM

ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE SAÚDE

Em primeiro lugar, é necessário entender que a análise de uma população por meio da
perspectiva da vigilância não observa somente a doença, ou seja, não se limita ao agravo que
causou determinados agravos na saúde da comunidade. Nesse ínterim, é notório que nesse
processo é preciso considerar fatores que antecedem a análise da situação de saúde, como por
exemplo, as ciências sociais e a epidemiologia do local que está sendo analisado, no presente
trabalho essa análise será no Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) de Fazenda
Coutos III. Visto que, o NASF tem como objetivo central cumprir as diretrizes da
integralidade, qualidade e equidade, por meio de ações coletivas visando o desenvolvimento
humano, não se limitando à individualidade, muito menos ao modelo assistencialista
medicalizante, para tanto cabe aos profissionais deste núcleo analisar a população e as
peculiaridades do coletivo, a fim de coletar dados, por meio de entrevistas e visitas, pois a
posteriori serão analisados, dessa forma os determinantes e condicionantes serão
monitorados, visando sempre a mitigação dos problemas dessa comunidade, fortalecendo
assim a atenção primária.
Em segundo lugar, é crucial compreender que o trabalho no NASF deve ser feito em
conjunto, pois além de não focar somente na doença, exige um trabalho da equipe integrada.
Assim sendo, no presente trabalho a fonoaudióloga irá precisar seguir alguns parâmetros para
realizar a sua função nesta Unidade de Atenção Básica, seguindo as etapas de planejamento
no processo de trabalho. Desse modo, as etapas são as seguintes: realizar o diagnóstico das
situações do território; programar e estimular a criação de espaços para debate durante o
processo de trabalho em conjunto para as medidas serem pensadas em equipe; a seguir deve
construir uma agenda de reuniões, as quais devem ocorrer periodicamente com outros
serviços da saúde e educação, com a finalidade de promover discussões que visem o melhor
bem estar da população alvo. Ademais, a profissional deve elaborar um plano de ação
visando mitigar os problemas que foram vistos, analisados e mapeados durante as etapas
anteriores. Outrossim a fonoaudióloga deve colaborar com a comunicação entre o serviço
prestado a comunidade e o ensino, atuando de fato como é requisitado em uma Atenção
Básica, ampliando o olhar dos profissionais para com a comunidade e essa por sua vez irá se
sentir mais acolhida e ouvida por parte da equipe NASF. Vinculado com as etapas
supracitadas, deve-se articular reuniões juntamente com os líderes da comunidade, a fim de
criar uma agenda de ações de acordo com a necessidades mais urgentes da população, vale
salientar que os líderes comunitários são solicitados para essas reuniões, pois eles estão em
contato direto com a população em geral e sabem das pautas prioritárias da localidade.
Em terceiro lugar, após traçar as etapas de planejamento do trabalho será necessário
formular ações que são atribuições do fonoaudiólogo de acordo com o eixo de organização do
processo de trabalho no NASF, essas ações são: ações de estruturação do processo de
trabalho; ações coletivas; ações clínicas específicas e ações de educação permanente.
Desse modo, deve-se analisar as ações e o que pode ser realizado para que seu
objetivo seja alcançado, para tanto o presente parágrafo vai tratar das ações de estruturação
do processo de trabalho, essas devem ser feitas através de reuniões de planejamento e
avaliação sobre o processo de trabalho na Unidade de Atenção Básica, além de discutir e
construir projetos terapêuticos específicos e gerais para o território, sempre pactuar a agenda
das atividades da equipe NASF de forma integral, tão como participar das reuniões com
outras instituições para elaborar ações intersetoriais, além de estar nas reuniões com a rede de
atenção à saúde do município para acordar o papel de cada serviço prestado e a definição do
fluxo de referência, como por exemplo o centro de atenção psicossocial, ademais cabe ainda
nessa ação de estruturação do processo de trabalho elaborar instrumentos de avaliação das
ações prestadas pelo NASF.
Seguindo com as descrições das ações supramencionadas, o presente parágrafo vai
citar algumas medidas que cabe ao fonoaudiólogo no que concerne às ações coletivas. Nesse
contexto, devem ser realizadas oficinas com atividades de linguagem oral e escrita, atividades
educativas, para prevenir doenças auditivas e vocais, além de estimular hábitos orais
saudáveis, amamentação e o controle de ruído; atrelado a isso oficinas devem ser criadas para
promover a proteção e prevenção da saúde dos professores e escolares; além disso deve-se
acompanhar e apoiar os pais no desenvolvimento oral da criança, por meio de realização de
grupos voltados para crianças acompanhadas na puericultura; no que concerne aos idosos é
necessário promover o envelhecimento saudável, a partir de oficinas em grupo para essa
parcela da população; no tocante aos cuidadores de pessoas com sequelas neurológicas, se
houver na região de abrangência do NASF, deve realizar grupos de apoios e escuta desses
indivíduos.
No que diz respeito às ações clínicas específicas são necessárias as seguintes medidas:
construir vínculos para promover o cuidado à saúde do indivíduo e da família; realizar
avaliações da linguagem oral, leitura e escrita, voz, motricidade orofacial, audição e funções
orais, todavia sempre observando as necessidades peculiares dos sujeitos e seguindo a ordem
de prioridade já pré-estabelecida; associado a isso deve ser concedido orientações
terapêuticas para o público alvo e seus cuidadores a respeito dos distúrbios da comunicação,
se houver nessa comunidade; além de realizar visitas domiciliares para avaliar, orientar e
monitorar fatores gerais e potenciais de risco relacionados com a região de abrangência do
NASF.
Finalizando as ações citadas no terceiro parágrafo desse trabalho, medidas são
necessárias para realizar ações de educação permanente, e são essas diligências que serão
descritas neste parágrafo. Nesse sentido, é fulcral a realização de reuniões para discussão de
casos clínicos e construção de projetos terapêuticos, visando alcançar não só o individual,
mas também o coletivo, além de proporcionar e divulgar oficinas que levarão em
consideração os aspectos clínicos e manejo terapêutico de acordo com as demandas da região
e suas prioridades; é preciso realizar atendimentos e visitas domiciliares; não abdicar de
reuniões para discutir os problemas oriundos do território que possivelmente apresentem
alguma dificuldade de resolução; e não esquecer de realizar preceptoria de estudantes de
graduação e pós-graduação, visando auxiliar no direcionamento do olhar do estudante para o
que de fato deve ser analisado e realizado no NASF, objetivando aumentar a empatia e a
melhora na qualidade do serviço prestado à comunidade.
Nesse contexto, a análise da situação de saúde retrata problemas e necessidades, mas
também a explicação desses problemas, a partir de seus determinantes, e a identificação de
oportunidades, assim como o desenvolvimento de ações naquele território com a finalidade
de mitigar as demandas daquela população. Assim sendo, essa medida é de extrema
importância visto que quanto mais se compreende do seu território, maior será a capacidade
de formular alternativas de solução para os problemas e necessidades de saúde da população.
A própria diversidade socioeconômica desta comunidade, evidenciada em termos de
desigualdades sociais – renda, escolaridade, moradia, trabalho, acesso à saúde e direitos
básicos garantidos pela Carta Magna – implica uma diferenciação de necessidades sociais e
em grande parte não são apenas demandas aos serviços de saúde. Com base nisso é
importante produzir ações capazes de melhorar a qualidade de vida dessas populações e,
consequentemente, a sua saúde.

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