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RIMA

RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL

CENTRAL REGIONAL DE VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS


DE VICTOR GRAEFF – RIO GRANDE DO SUL

Março de 2016
LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas


ADA – Área Diretamente Afetada
AIA – Avaliação de Impacto Ambiental
AID – Área de Influência Direta
AII – Área de Influência Indireta
APP – Área de Preservação Permanente
AS – Aterro Sanitário
CEEE – Companhia Estadual de Energia Elétrica
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
CRR – Central de Resíduos do Recreio
CRVR – Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos
CTR – Central de Tratamento de Resíduos
EIA – Estudo de Impacto Ambiental
FEPAM – Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luís Roessler
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
PEAD – Polietileno de Alta Densidade
PERS – Plano Estadual de Resíduos Sólidos
PIB – Produto Interno Bruto
PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos
RIMA – Relatório de Impacto Ambiental
RS – Rio Grande do Sul
RSU – Resíduo Sólido Urbano
SASG – Sistema Aquífero Serra Geral
SEMA – Secretaria Estadual do Meio Ambiente
SEUC – Sistema Estadual de Unidades de Conservação
SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação
UC – Unidade de Conservação
UT – Unidade de Triagem

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SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 4

2. JUSTIFICATIVA DO EMPREENDIMENTO NA REGIÃO ............................................... 6

3. A CENTRAL REGIONAL DE VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE VICTOR


GRAEFF ......................................................................................................................... 8

Vida útil e capacidade de recebimento .................................................................... 15

Áreas ....................................................................................................................... 15

Cronograma de implantação ................................................................................... 16

Operação da central ................................................................................................ 17

4. LEGISLAÇÃO RELACIONADA ................................................................................. 18

5. ALTERNATIVAS LOCACIONAIS .............................................................................. 20

6. ÁREAS DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO ................................................... 24

Áreas de influência sobre os meios físico e biótico .................................................. 25

Áreas de influência sobre o meio antrópico............................................................. 26

7. CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS LOCAIS E DA REGIÃO DE ESTUDO ....................... 26

Meio Físico .............................................................................................................. 26

Meio Biótico ............................................................................................................ 33

Meio Antrópico ....................................................................................................... 36

8. AVALIAÇÃO DE IMPACTOS MAIS RELEVANTES E MEDIDAS MITIGADORAS,


COMPENSATÓRIAS E OTIMIZADORAS ......................................................................... 40

9. O FUTURO DA REGIÃO ......................................................................................... 42

10. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 44

11. EQUIPE TÉCNICA............................................................................................... 46

12. GLOSSÁRIO ....................................................................................................... 47

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1. APRESENTAÇÃO
A Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR) é uma empresa
de capital fechado, com sede em Minas do Leão, que opera no estado do Rio Grande
do Sul com foco na área de valorização de resíduos. Originalmente denominada Sil
Soluções Ambientais Ltda., iniciou suas atividades no ano de 1992 com estudos na área
denominada Central de Resíduos do Recreio – CRR localizada no município de Minas
do Leão. No ano de 2011 a empresa foi integrada ao Grupo Solví, passando a ser uma
das suas subsidiárias. Atualmente opera quatro centrais regionais de disposição final
de resíduos sólidos urbanos no Rio Grande do Sul, localizadas em:
• Santa Maria;
• Giruá;
• São Leopoldo;
• Minas do Leão.
A linha de atuação da CRVR inclui investimentos na implantação de tecnologias
que permitem o melhor aproveitamento dos resíduos sólidos urbanos. A Solví é uma
holding de reconhecida competência, que atua nos segmentos de resíduos,
saneamento, valorização energética e engenharia. De capital 100% nacional, o grupo
opera no restante do Brasil em mais de 170 municípios, e no exterior em 14
municípios, localizados na Argentina, Bolívia e Peru.
O empreendimento a ser implantado no Município de Victor Graeff é uma
Central Regional de Valorização de Resíduos Sólidos, que visa atender inicialmente 103
municípios da região norte do Estado, somando-se cerca de 850 mil habitantes. A
figura a seguir apresenta a localização da Central e os municípios que poderão ser
atendidos por ela.

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Figura 1: Macrolocalização da central e municípios que poderão ser atendidos

A Central é uma alternativa ambientalmente adequada para a destinação final


dos resíduos sólidos urbanos (RSU) gerados nos municípios da região, e sua adequada
operação é garantida pela experiência já consolidada do empreendedor; o
atendimento da legislação ambiental e normas técnicas em vigor; e o correto
atendimento da licença ambiental, auxiliada pelo engajamento dos municípios e
munícipes na geração e a correta separação, segregação e coleta dos RSU a serem
destinados na Central.
O empreendimento comtempla um conjunto de tecnologias integradas em
diferentes unidades de tratamento, capazes de promover o gerenciamento completo
dos diversos tipos de resíduos, evitando a poluição e minimizando os impactos
ambientais e sociais. A unidade tem vida útil estimada em 20 anos e contemplará:

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Unidade de Triagem, Aterro Sanitário, Sistema de Tratamento de Efluentes, Unidade
de captação e tratamento de biogás com geração de energia elétrica, além das
unidades de infraestrutura de apoio.

2. JUSTIFICATIVA DO EMPREENDIMENTO NA REGIÃO


Poderão ser dispostos no aterro sanitário da Central apenas os resíduos sólidos
de Classe II-A, segundo as definições apresentadas na NBR 10.004 da ABNT,
classificados como Resíduos Sólidos Urbanos (RSU). Sob nenhuma hipótese deverão
ser dispostos no aterro resíduos sólidos da Classe I, classificados como perigosos.
Os RSU são compostos pelos resíduos domiciliares e resíduos de serviços
urbanos e a responsabilidade de sua gestão é municipal. A partir da Política Nacional
de Resíduos Sólidos (PNRS, 2010) foram definidas ações, metas e prazos para o correto
manejo e destinação destes resíduos as quais todos os municípios brasileiros devem
atender.
Quanto à destinação final, 21 dos municípios (20%) que se pretende atender na
Central encaminham atualmente seus rejeitos para os aterros sanitários privados
localizados em Minas do Leão e Giruá e administrados pela CRVR; 31 municípios (30%)
para outros aterros privados; 27 municípios (26%) utilizam unidades pertencentes a
consórcios públicos aos quais são integrantes; 7 municípios (7%) utilizam aterros
municipais; 4 municípios (4%) encaminham os rejeitos para unidades no Estado de
Santa Catarina; e 13 municípios (13%) ainda destinam rejeitos em unidades não
licenciadas pela FEPAM.
Nos casos em que se é necessário o transporte dos resíduos por longas
distâncias, até a unidade de disposição final, os municípios necessitam utilizar
unidades de transbordo e serviços de transporte especializados. Nas mesorregiões
Nordeste e Noroeste existem 13 unidades de transbordo, instaladas nos municípios de:
André da Rocha, Anta Gorda, Barão de Cotegipe, Barros Cassal, Coqueiros do Sul,
Coxilha, Guaporé, Nova Araçá, Nova Bassano, Nova Boa Vista, Pontão, Ponte Preta e
Três Palmeiras.

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A geração de RSU estimada para as mesorregiões noroeste e nordeste é de
aproximadamente 815.000 toneladas por ano, e a geração estimada para a população
urbana dos municípios que poderão ser atendidos pela Central em 2014 foi de
193.434,85 toneladas. A Central terá uma capacidade de recebimento de
aproximadamente 218.400 toneladas por ano, podendo contribuir na redução do
déficit da região. No gráfico a seguir é apresentada a relação entre a geração de RSU
(t/ano) na região e a capacidade instalada atualmente na região (1), somando-se a
capacidade a ser acrescida com a instalação do empreendimento (2).

Figura 2: RSU gerado e capacidade de recebimento na mesorregião

Considerando a realidade enfrentada pelos municípios da região e as


dificuldades dos municípios em implantar e operar de forma adequada as estruturas
para a destinação final dos RSU, a implantação da Central vem impactar positivamente
a região, pois contempla:
 Uma alternativa ambientalmente adequada para a disposição final de RSU;
 Triagem de materiais recicláveis;
 Aproveitamento energético de biogás gerado no aterro sanitário.

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3. A CENTRAL REGIONAL DE VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE
VICTOR GRAEFF
O empreendimento será instalado em um terreno de área igual a 496.519,76
m² situado na Localidade de São José da Glória, margens da BR-386, no município de
Victor Graeff.

O acesso à área do empreendimento se dá pela Rodovia Federal BR-386, no


trecho entre a ERS-451 e a BR-153 - a aproximadamente 10 km do cruzamento entre a
BR-386 e a BR-153.

Figura 3: Localização da área do empreendimento, com cursos hídricos e vias de acesso

Considerando as tecnologias disponíveis e a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a


Central Regional de Valorização de Resíduos Sólidos de Victor Graeff contará com as
seguintes instalações:

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 Unidade de Triagem (UT);
 Aterro Sanitário (AS);
 Sistema de Tratamento de Efluentes;
 Unidade de captação e tratamento de gases, e geração de energia elétrica;
 Unidades de infraestrutura de apoio (guarita e sala de espera, balança e cabine,
administrativo, centro de educação ambiental, refeitórios e vestiários).

Seguindo uma politica de precaução o aterro sanitário foi projetado considerando


duas alternativas construtivas. O resguardo inicial de área definida como “anfiteatro”
por não poder concluir a caracterização desta área que contempla um local de
acúmulo sazonal das águas da chuva e do lençol freático, em um ano de condições
climáticas atípicas e períodos chuvosos prolongados. Este local será monitorado
durante a operação do empreendimento para sua correta caracterização. Caso este
monitoramento aponte para a existência de uma nascente, esta área será considerada
como APP. Caso contrário será solicitada anuência do órgão ambiental para o uso da
área.

A disposição das instalações da Central considerando estas duas alternativas


construtivas são apresentadas na figura a seguir.

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Figura 4: Layout preliminar do empreendimento com a localização das unidades que compõem o
sistema

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Figura 5: Layout preliminar do empreendimento sem uso da área de anfiteatro, com a localização das
unidades que compõem o sistema

A figura a seguir apresenta de maneira simplificada o funcionamento da


unidade, desde o recebimento do resíduo bruto, até a disposição final e a
comercialização de materiais recicláveis secos e de energia elétrica gerada a partir do
aproveitamento do biogás.

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Figura 6: Fluxograma sobre funcionamento da Central Regional de Valorização de Resíduos quando
implantado escopo completo

Aterro Sanitário

Este é o local onde serão dispostos rejeitos recebidos. O aterro sanitário será
implantado de acordo com a normatização da ABNT e legislação vigente, e terá
impermeabilização do solo, sistemas de drenagem e cobertura operacional diária. Ao
fim da vida útil do aterro, será feita uma cobertura final.

 Impermeabilização: O sistema para impermeabilização de fundo e taludes para o


aterro é composto, da parte inferior para a superior, dos seguintes elementos:
 Solo argiloso local compactado;
 Geocomposto Bentonítico (GCL) (Alternativa);
 Geomembrana de Polietileno de alta densidade (PEAD);
 Geotêxtil de proteção da geomembrana;
 Pó de pedra.

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Figura 7: Ilustração do sistema de impermeabilização da base do Aterro Sanitário

 Sistema de drenagem: O sistema de drenagem terá a finalidade de captar e definir


o lançamento final das águas pluviais, sem que estas entrem em contato direto
com os resíduos e seus efluentes, propiciando a conservação de pavimentos,
redução de problemas de erosão da cobertura final do aterro, proteção das
edificações auxiliares e veículos e eliminação de riscos ambientais.

A drenagem dos percolados de aterros sanitários é considerada um ponto vital


para a estabilidade dos mesmos – a presença de líquidos pode causar
deslizamentos de terra, causando acidentes. Para a retirada dos percolados do
interior das novas células, projetou-se um sistema que conjuga uma saída por
gravidade e um poço de bombeamento interno ao aterro.

 Cobertura diária do aterro sanitário: impede a proliferação de micro e macro


vetores, melhora o aspecto visual e reduz o espalhamento dos resíduos pela ação
dos ventos. Para tanto, será utilizada uma camada de material argiloso.
 Cobertura final: O sistema de cobertura final do maciço será composto das
seguintes camadas:

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Figura 8: Ilustração do sistema de impermeabilização superficial final do Aterro Sanitário

Triagem

Por meio do processo de triagem será feita a separação dos materiais secos
recicláveis. A capacidade de triagem será de 360 toneladas por dia e contará com
sistema de pré-triagem mecanizada e triagem final manual.

Sistema de tratamento de efluentes líquidos

Os efluentes sanitários provenientes das instalações de apoio e administrativas


serão tratados por fossa séptica. Já os efluentes oriundos do processo (chorume,
central de triagem) serão captados e tratados por meio de osmose reversa ou
encaminhados ao tratamento externo.

Sistema de captação e tratamento dos gases

Todo biogás gerado no aterro sanitário será captado e tratado. Este sistema
consiste numa série de drenos instalados no interior do aterro, e tem como objetivo
conduzir os gases gerados para um queimador centralizado (flare), onde são
queimados para que seu potencial poluidor seja reduzido, reduzindo assim a emissão
de Gases de Efeito Estufa.

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Geração de energia elétrica

Quando o aterro sanitário da Central Regional de Valorização de Resíduos de


Victor Graeff começar a produzir biogás suficiente, este será utilizado para a geração
de energia elétrica através de geradores.

Vida útil e capacidade de recebimento

A vida útil mínima estimada para a Central é de 21,5 anos a se estender até
25,7 anos dependendo das condicionantes durante a operação do empreendimento
apresentadas no projeto básico, com previsão de recebimento e disposição final de
700 toneladas de resíduos/rejeitos por dia no aterro sanitário, considerando a
instalação de uma unidade de triagem a partir do terceiro ano de operação do
empreendimento. É importante destacar que o processo de triagem será implantado
mediante a viabilidade econômico-financeira em função da tipologia dos resíduos. A
capacidade volumétrica mínima do aterro sanitário de Victor Graeff é de 5.925.700 m³.

Áreas
Tabela 1: Tabela de áreas relacionadas ao empreendimento

Área do terreno 496.519,76 m²


Área útil total (Área útil construída total + Área útil
373.920,00 m²
total das atividades ao ar livre)
Área útil construída total (edificações + células do
289.720,00 m²
aterro sanitário)
Área útil total das atividades ao ar livre 84.200,00 m²
Área de preservação 122.600,00 m²

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Cronograma de implantação
Tabela 2: Cronograma mensal de implantação do empreendimento
Alguns sistemas serão implantados após início da operação do aterro sanitário,
de acordo com a demanda necessária:

 Sistema de tratamento de percolados - Osmose Reversa: Implantação


no início do segundo ano de operação (previsão);
 Unidade de Triagem: Implantação no início do quarto ano de operação
(previsão);
 Sistema de Geração de Energia: Implantação no início do quinto ano de
operação (previsão).

Operação da central

Para operação direta da Central serão necessários 5 funcionários para


administração e 91 para operação propriamente dita, totalizando 96 funcionários. O
abastecimento de energia elétrica será através da Usina Hidrelétrica Ecológica
Cotovelo do Jacuí e o abastecimento de água no empreendimento será feito através
de poço tubular profundo e reuso do permeado.

A central irá operar 16 horas/dia e 26 dias/mês, nos seguintes turnos:

 Manhã: das 6h às 14h;


 Tarde: das 14h às 22h.
4. LEGISLAÇÃO RELACIONADA
O processo de licenciamento da Central Regional de Valorização de Resíduos de
Victor Graeff deve atender a legislação ambiental vigente nas esferas Federal, Estadual
e Municipal, além das Normas Técnicas relacionadas ao empreendimento. Destacam-
se, em relação ao licenciamento ambiental, a Lei Federal nº 6.938 de 1981 (Política
Nacional do Meio Ambiente), que especifica a obrigatoriedade do licenciamento
ambiental para atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, e a resolução
CONAMA nº 1 de 1986, que define as diretrizes gerais e atividades técnicas mínimas
que devem ser realizadas no EIA/RIMA. Foi ainda observado o disposto no Código
Estadual do Meio Ambiente, instituído através da Lei Estadual nº 11.520 de 2000.

Além disso, é importante observar o conteúdo da Lei nº 12.305 de 2010, que


instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), bem como sua
regulamentação, dada pelo Decreto nº 7.404, de 2010. A política define princípios,
objetivos e instrumentos de combate aos problemas ambientais e socioeconômicos
causados pelo manejo inadequado dos resíduos sólidos no país.

Outras Leis importantes para o licenciamento ambiental:


- Lei Federal nº 11.428/2006: Dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação
nativa do Bioma Mata Atlântica, e dá outras providências.
- Lei Federal nº 11.445/2007: Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento
básico.
- Portaria IPHAN nº 230/2002: Compatibiliza as fases de obtenção de licenças
ambientais com os estudos preventivos de arqueologia.
- Resolução CONAMA nº 5/1988: Dispõe sobre o licenciamento ambiental de obras de
saneamento.
- Resolução CONAMA nº 428/2010: Dispõe, no âmbito do licenciamento ambiental
sobre a autorização do órgão responsável pela administração da Unidade de
Conservação (UC).
- Lei Estadual nº 12.037/2003: Dispõe sobre a Política Estadual de Saneamento e dá
outras providências.
- Lei Estadual nº 14.528/2014: Institui a Política Estadual de Resíduos Sólidos e dá
outras providências.

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Ainda existem leis ambientais importantes que devem ser observadas e
respeitadas em todo o processo de implantação da Central Regional de Valorização de
Resíduos de Victor Graeff, relativas à conservação dos recursos ambientais. Destacam-
se aqui a Lei Estadual nº 9.519 de 1992 (Código Florestal do Rio Grande do Sul), a Lei
Federal nº 9.985 de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação
(SNUC) e o Decreto Estadual nº 34.256 de 1992, que cria o Sistema Estadual de
Unidades de Conservação (SEUC) do Rio Grande do Sul.

Outras leis importantes para a conservação do meio ambiente:


- Lei Federal nº 9.433/1997: Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos.
- Lei Federal nº 12.651/2012: Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa.
- Resolução CONAMA nº 278/2001: Dispõe sobre o corte e a exploração de espécies
ameaçadas de extinção da flora da Mata Atlântica.
- Resolução CONAMA nº 303/2002: Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de
Áreas de Preservação Permanente.
- Lei Estadual nº 7.488/1981: Dispõe sobre a proteção do meio ambiente e o controle
da poluição e dá outras providências.
- Decreto Estadual nº 23.082/1974: Institui a Política Estadual de Proteção
Ambiental.Sólidos e dá outras providências.

Além das leis expostas, o planejamento e a execução das obras devem seguir
normas técnicas (Normas Brasileiras da Associação Brasileira de Normas Técnicas),
com destaque para a NBR 13.896 de 1997 - que define critérios para projeto,
implantação e operação de aterros de resíduos não perigosos - de forma a proteger o
meio ambiente, os operadores das instalações e as populações vizinhas.

Outras normas importantes para aterros sanitários:


- NBR 8.419: Fixa as condições mínimas exigíveis para a apresentação de projetos de
aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos.
- NBR 10.004: Classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao
meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados
adequadamente.
- NBR 11.174: Fixa as condições exigíveis para obtenção das condições mínimas
necessárias ao armazenamento de resíduos classes II-não inertes e III-inertes, de
forma a proteger a saúde.

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5. ALTERNATIVAS LOCACIONAIS
O local para a implantação da Central Regional de Valorização de Resíduos
Sólidos de Victor Graeff foi escolhido através de metodologia que atende tanto
critérios ambientais quanto técnicos, e teve como objetivo viabilizar a instalação do
empreendimento minimizando possíveis os impactos negativos na região.

O estudo das alternativas locacionais foi desenvolvido em três grandes etapas


consecutivas, conforme apresentado a seguir.

LEVANTAMENTO SELEÇÃO DO
DAS ÁREAS APTAS TERRENO PARA
DEFINIÇÃO DO DISPONÍVEIS NO IMPLANTAÇÃO DO
MUNICÍPIO MUNICÍPIO EMPREENDIMENTO
Para a seleção dos municípios Após a seleção dos municípios Os três terrenos
de Victor Graeff e Ernestina definiram-se quais locais desses preferenciais para instalação
elaborou-se um estudo de municípios poderiam ou não da Central foram avaliados
viabilidade econômica, no poderiam receber a Central, por através de uma série de
qual avaliou-se as regiões do conta de restrições ambientais critérios técnicos e
Rio Grande do Sul que ou técnicas. ambientais, e então
necessitavam de uma comparados.
Para isso realizou-se um
alternativa para destinação
levantamento de informações O terreno que apresentou
final dos resíduos e que
sobre as características dos mais aspectos positivos foi o
poderiam receber esse
municípios de VIctor Graeff e selecionado para a
empreendimento de forma
Ernestina. implantação do
adequada.
Entre os critérios avaliados empreendimento.
Entre os critérios avaliados
estão a distância mínima de Entre os critérios avaliados
estão a demanda regional por
manchas urbanas, distância estão a declividade,
uma unidade de destinação
mínima de aeroportos e existência de cursos d'água,
final de resíduos sólidos, as
impedimentos legais. tamanho da área, presença
condições de acesso
rodoviário e o aceite da Após esse levantamento, foram de APPs, ocupação e uso de
administração municpal. selecionados três terrenos solo.
disponíveis para compra nesses
municípios.

Após um estudo preliminar de viabilidade técnico-econômica, através do qual


foi definida a região de atendimento do empreendimento e os municípios
preferenciais para sua implantação, conforme o processo ilustrado anteriormente. Os
municípios de Victor Graeff e Ernestina foram considerados viáveis, e a partir disso se
buscou levantar as áreas aptas para o empreendimento. Para esse levantamento
identificou-se como inaptas as áreas urbanas de Victor Graeff e Ernestina, e restrições

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de ocupação ambiental como áreas sob influência direta de corpos hídricos. Neste
primeiro momento do estudo das alternativas locacionais, as áreas situadas fora
dessas regiões foram consideradas aptas.

Considerando essas informações sobre áreas aptas foram pré-selecionados três


terrenos disponíveis para compra nos municípios (alternativas A, B e C). Os três
terrenos pré-selecionados foram avaliados através de uma série de critérios técnicos e
ambientais que consideraram aspectos referentes ao meio físico, biótico e
socioeconômico, além da legislação ambiental federal, estadual e municipal,
resultando na atribuição de uma pontuação que indicou o quanto cada área é apta
para receber o empreendimento. Quanto maior a pontuação, mais apta é a área. Esse
sistema de pontuações permitiu que os terrenos fossem comparados entre si
posteriormente para seleção da melhor alternativa locacional.

Ao final do estudo, os três terrenos, por estarem situados relativamente


próximos um dos outros, apresentaram características ambientais semelhantes e,
portanto, notas finais semelhantes. As etapas do processo de estudo das alternativas
locacionais e a localização das alternativas (A, B e C) são ilustrados na figura a seguir.

21
B

C
A

Figura 9: Etapas do processo de estudo das alternativas locacionais

22
Dentre as três áreas comparadas, a alternativa B apresentou a menor
pontuação: 295,8 pontos, resultado influenciado principalmente por apresentar áreas
com vegetação secundária em estágio médio ou avançado de regeneração.

A área C apresentou 296,3 pontos, e teve sua pontuação reduzida


principalmente por apresentar maior declividade média e mais áreas sujeitas a
alagamentos em relação às outras duas alternativas.

Desta forma, a alternativa A foi a alternativa selecionada para a implantação do


empreendimento, apresentando pontuação final de 300,9 pontos. As características
que contribuíram de forma decisiva para a seleção da alternativa A estão relacionadas
à segurança ambiental: menos áreas sujeitas a alagamentos e maior profundidade do
aquífero subterrâneo.

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6. ÁREAS DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO
As áreas de influência correspondem ao espaço geográfico onde ocorrem as
interferências do empreendimento sobre o meio ambiente, contemplando o meio
físico, biótico e antrópico. Para este empreendimento foram definidas as seguintes
áreas de influência:

 Área Diretamente Afetada (ADA) – Área onde serão realizadas as obras


de intervenção no terreno (remoção da vegetação, movimentação do
solo, etc.);
 Área de Influência Direta (AID) - Área onde se projeta impactos cuja
relação causa-efeito é perfeitamente identificável e associada às
atividades do empreendimento.
 Área de Influência Indireta (AII) - Área influenciada por alterações que
não estejam relacionadas diretamente ao empreendimento.

A influência do empreendimento sobre o meio ambiente ocorre de maneira


distinta para cada meio analisado (físico, biótico e antrópico), portanto a extensão dos
impactos varia de acordo com o meio. A delimitação das áreas de influência, bem
como os critérios adotados para defini-las para cada meio são apresentadas nas figuras
e tabela a seguir:

Tabela 3: Critérios para delimitação das áreas de influência

Área Área de Influência Área de Influência Indireta


Diretamente Direta (AID) (AII)
Afetada (ADA)
Área delimitada pelas
bacias hidrográficas dos
Limites da gleba
Arroios Grande e São José
onde está Raio de 500 metros a
Meios físico e da Glória e pelas barreiras
prevista a partir dos limites da
biótico físicas existentes no
instalação do ADA.
entorno – corpos hídricos,
empreendimento.
estradas e áreas de
ocupação antrópica.

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Área Área de Influência Área de Influência Indireta
Diretamente Direta (AID) (AII)
Afetada (ADA)
Os 112 municípios que
Interior do raio deverão ser atendidos pelo
de 1 km no empreendimento,
Municípios de Victor
entorno da gleba conforme estudo de
Graeff - RS, Santo
Meio Antrópico onde está mercado do
Antônio do Planalto -
prevista a empreendedor, mais 9
RS e Tio Hugo - RS
instalação do municípios localizados nas
empreendimento. rotas de transporte de
resíduos.

Áreas de influência sobre os meios físico e biótico

Figura 10: Delimitação de áreas de influência sobre os meios físico e biótico

25
Áreas de influência sobre o meio antrópico

Figura 11: Delimitação de áreas de influência sobre o meio antrópico

7. CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS LOCAIS E DA REGIÃO DE ESTUDO


A seguir são descritas as informações mais relevantes levantadas sobre a
situação ambiental das áreas de influência da Central. Os dados são apresentados em
tópicos, organizados de acordo com cada meio avaliado: físico, biótico e antrópico.

Meio Físico

Clima

Victor Graeff, município onde está inserida a área do empreendimento,


encontra-se sob domínio do Clima Subtropical ou Virginiano. Em termos climáticos

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regionais, a localidade destaca-se por apresentar temperatura média no mês mais
quente (Janeiro) de 22,7°C e no mês mais frio, entre -3°C e 18°C. A temperatura média
anual da região é em torno de 17,6°C.

Os ventos em Victor Graeff são constantes, de média intensidade, e


apresentam uma alternância de direção ao longo do ano, sendo mais significativos nos
quadrantes nordeste/leste nos meses de primavera e verão, e nos quadrantes
sul/sudoeste no outono e inverno. Segundo série de dados históricos, os ventos são
mais constantes no quadrante nordeste em todos os meses do ano. Os meses com
maiores médias de velocidade são Setembro e Agosto (3,61 e 3,56, respectivamente),
enquanto as menores médias foram registradas nos meses de Maio (2,85 m/s) e Abril
(2,86 m/s). A velocidade média anual é de 3,24 m/s.

A estação meteorológica mais próxima de Victor Graeff é a de Passo Fundo, que


registra distribuição de chuvas variada durante o ano. Entre 1961 e 1990 o acumulado
médio anual foi de 1.803,1 mm. A precipitação média máxima ocorre em Setembro
(197,7 mm), enquanto os menores índices de precipitação são observados no mês de
Abril, com média acumulada de 99,7 mm.

Os principais eventos meteorológicos extremos com probabilidade de ocorrer


na área são eventuais excessos de precipitação associados a frentes frias ou ventos
extremos e chuvas torrenciais causadas por centros de baixa pressão. Outro evento
passível de ocorrência com maior frequência são estiagens prolongadas.

Geomorfologia

A área de estudo encontra-se sob o domínio morfoestrutural das Bacias e


Coberturas Sedimentares na região geomorfológica do Planalto das Missões – unidade
Planalto de Santo Ângelo. O relevo da área é composto por formas de relevo com
dissecação homogêneas, representadas por colinas suaves e arredondadas, com topos
convexos, também chamadas de coxilhas. As declividades na área de estudo
apresentam uma variação de plano a ondulado, variando de 0 a 20%. As drenagens

27
apresentam densidade grosseira, com muito fraco aprofundamento das incisões e
forte predisposição à erosão.

Figura 12: Dimensão e formas do relevo e corte de estrada em solo residual argiloso a argilo-arenoso
de coloração avermelhada

Conforme levantamento de campo, a área escolhida para instalação de aterro


sanitário é composta por coxilhas suaves, estabilizadas, utilizada para cultivos de
lavouras anuais (aveia/soja) e sem focos de erosão. Existem canais de drenagens na
área, próximo aos limites sudeste, sudoeste e noroeste, para evitar a saturação
temporária do solo e prejuízo as lavouras (soja, milho). Ainda assim, o relevo encontra-
se estabilizado e sem focos de erosão visualmente identificáveis.

Geologia

O substrato rochoso do local de estudo está associado aos derrames vulcânicos


do magmatismo da Formação Serra Geral, caracterizado pela Fácie Paranapanema.
Predomina em superfície, solo residual oriundos da alteração in situ do maciço rochoso
basáltico local. Não ocorrem afloramentos naturais de rochas na área estudada,
superficialmente verifica-se solo residual de basalto, argiloso a argilo-arenoso de
coloração avermelhada, capeando o maciço rochoso, que preserva suas características
originais, conforme verificado nos furos de sondagem mista executados pelo presente
estudo.

Durante a execução das investigações geotécnicas do tipo sondagens SPT,


mistas e trincheiras observou-se certa homogeneidade composicional e textural do

28
perfil de alteração de rocha vulcânica do local, com espessuras que variam de poucos
metros a mais de duas dezenas de metros.

Embora existam estas estruturas geológicas condicionadas por falhas e fraturas


na rocha basáltica na região, não foram encontradas no interior da área.Mesmo assim
esclarecemos que a existência no local de um perfil de alteração espesso, composto
por argila pouco permeável e impermeável quando compactada, oferece uma
condição favorável à contenção de possíveis contaminantes, que possam ocorrem em
subsuperfície.

Solos e geotecnia

O solo que ocorre na região caracteriza-se basicamente pela alteração do substrato


rochoso composto por basaltos, em sua grande maioria, formando os Latossolos.
Conforme literatura específica, a área do empreendimento está condicionada à classe de
solos Latossolo Vermelho distrófico típico.

Investigações geotécnicas foram feitas através de observações de campo,


sondagens de reconhecimento (tipo SPT, mistas e trincheiras), instalação e
monitoramento de piezômetros (indicadores de nível d’água) e coletas de amostras de
solo para ensaios geotécnicos. Através de vistoria de campo se pode constatar a
inexistência de fatores sujeitos a instabilidades geotécnicas, estando o local no seu
estado de equilíbrio natural. Não são observadas escarpas ou setores sujeitos a
escorregamentos rápidos, somente movimentos lentos e gradativos laminares,
principalmente acentuadas pela ação antrópica.

O subsolo é composto por substrato formado por argilas oriundas da alteração


de rocha basáltica, com compacidade variando de muito mole a dura. Estas argilas,
devido à baixa condutividade hidráulica natural e ainda menor quando compactadas,
constituem ótimo material de empréstimo para o recobrimento de células e para
impermeabilização de sua base e taludes laterais. A coloração destas argilas varia de

29
variegada, a tons avermelhados, marrons e amarelados, conforme pode ser observado
nos perfis das sondagens executadas.

Hidrogeologia

Na área do empreendimento o aquífero fissural do Sistema Aquífero Serra Geral é


capeado por um horizonte argiloso com espessura bastante significativa, em alguns pontos
superior aos 20 metros. Este horizonte de material argiloso, de baixa permeabilidade e
espesso ocorrente sobre o maciço rochoso funciona como um selo natural em relação a
possíveis contaminantes que pudessem migrar nas fraturas do maciço para alimentar as
águas subterrâneas do aquífero fissural.

Para a caracterização de solo e subsolo foram realizados estudos por meio de


sondagens, medições do nível do lençol freático e testes de permeabilidade,
mapeando toda a área onde será instalada a Central.

Figura 13: Localização dos piezômetros

30
As cotas topográficas mais altas do lençol freático, que foram verificadas nas
sondagens realizadas na área de estudo, situam-se a uma profundidade de 5,9 m em
relação ao nível do solo.

Recursos hídricos

A área em estudo se localiza no divisor de águas que separa as sub-bacias


hidrográficas do Arroio Grande e do Rio da Glória, que drenam no sentido norte para
sul, desaguando, ambos, no Rio Jacuí. A Bacia Hidrográfica do Arroio Grande tem o seu
divisor de águas desta sub-bacia aproveitado por rodovias, tendo parte do divisor de
águas no lado leste utilizado pela rodovia BR-153 e parte do divisor no lado oeste
utilizado pela BR 386.

Durante os levantamentos de campo foram identificadas linhas definidas de


drenagem superficial, retificadas artificialmente para disciplinamento de águas pluviais
e terraceadas em curvas de nível para a conservação do solo e o plantio de soja. Nos
pontos baixos das duas sub-bacias, correspondentes aos níveis de base locais, foram
implantadas valas de drenagem, onde se constatou na parte mais a montante, nas
cabeceiras de ambas as valas, afloramentos de água subterrânea ou níveis d’água
rasos.

Figura 14: Registro fotográfico da execução de poços de inspeção

31
Áreas de Preservação Permanente - APPs

Conforme exposto anteriormente, não foram identificadas APPs de forma


definitiva na ADA do empreendimento, principalmente devido a alteração da paisagem
local: sua ocupação anterior ser agrícola, o que descaracteriza a área em relação à suas
condições originais.

Seguindo o princípio da precaução, a região do “anfiteatro” será resguardada a


partir de um raio de 50 metros do ponto da surgência de água, visto que um
monitoramento continuado será necessário para a caracterização definitiva desta área.

A partir deste monitoramento será possível saber se poderá ser ocupada pelo
empreendimento ou se trata de uma APP. Caso esta área não seja caracterizada como
APP, será viabilizada sua ocupação, condicionada à anuência da FEPAM, na fase 4 do
aterro sanitário.

Assim sendo, conforme descrito anteriormente, esta contemplado para o


empreendimento duas altenativas de layout, com ou sem o uso do “anfiteatro”

Raio de 50 metros a partir


da drenagem central

Região do “anfiteatro”

Figura 15: Localização da região do “anfiteatro” no terreno

32
Ruídos

Realizaram-se medições de níveis de ruído ambiental em 22 pontos, para


levantamento de background (branco de campo), em área de instalação de futuro
empreendimento. O menor valor observado foi de 33,4 decibéis (dB), o maior foi de
53,7 dB e a média foi de 42,3 dB. Concluiu-se que a rodovia BR-386 implica
diretamente nos níveis de ruído amostrados, quanto mais afastados os pontos da
rodovia, menor é a produção de ruído.

Qualidade do ar

Foi realizada uma avaliação dos níveis atuais da qualidade do ar na área


diretamente afetada (ADA) onde será implantado o aterro de resíduos sólidos de
Victor Graeff - RS, visando à definição da linha de base (background) dos principais
poluentes relacionados às atividades do empreendimento. Todos os parâmetros
avaliados na área do empreendimento apresentam-se de acordo com os padrões
primários e secundários de qualidade do ar apresentados na CONAMA nº 003 de 1990.

Meio Biótico

Bioma e região fitogeográfica

De acordo com o RADAMBRASIL (1986), o empreendimento está inserido no


Bioma Mata Atlântica, dentro da fitofisionomia Floresta Ombrófila Mista (Floresta com
Araucária), representados pelas matas de araucária e pelos vales bem encaixados.

Fisionomias vegetais e espécies vegetais

A cobertura vegetal da área do empreendimento se apresenta,


predominantemente, em duas fisionomias distintas, em forma de mosaico:

 Lavoura: lavoura de trigo ou soja que ocupa 97,5% da área do estudo.

33
 Capões de vegetação nativa: Três pequenos capões isolados em estágio médio
de regeneração, presentes junto aos limites do terreno compostos por espécies
nativas e exóticas.

Figura 16: Formações vegetais que podem ser encontradas na área do empreendimento

O levantamento qualitativo da vegetação realizado em toda a AID (área do


empreendimento e entorno) resultou na identificação de 96 espécies, sendo 74
espécies nativas e 22 espécies exóticas, divididas em 39 famílias e 86 gêneros.

Dentre as espécies arbóreas nativas identificadas nos capões, foram


encontrados indivíduos da espécie Syagrus romamzoffiana (jerivá) e Araucaria
angustifolia (araucária), espécies de maior relevância.

Vegetação a ser preservada e suprimida

Para a instalação do empreendimento não será necessária a supressão de


qualquer vegetação arbórea existente na área. Os pequenos capões existentes no
entorno serão preservados e adensados na forma de cortinamento vegetal com
espécies nativas da região.

Fauna

A fauna na área de estudo propriamente dita é de pouca ocorrência e baixa


diversidade devido à ocupação atual da área ser de lavoura; por esse motivo, o estudo
da fauna local se concentrou nos capões do entorno e a AID.

34
O grupo de herpetofauna é sensivelmente afetado pelo uso de defensivos
agrícolas, comumente usados na região devido ao grande número de lavouras. Após
36 horas de esforço amostral/buscas aleatórias, não foram visualizadas espécies de
répteis. Entretanto, foram identificadas 4 espécies de anfíbios.

Apesar da fragmentação dos ambientes na região, a avifauna ainda é o grupo


de maior ocorrência e diversidade. Foram visualizadas foram observadas 45 espécies
de aves divididas entre 25 famílias, sendo a família Tyranidae a mais numerosa com 07
espécies. Nenhuma espécie de ave em risco de extinção foi observada na AID.

Devido aos poucos ambientes propícios aos mamíferos na AID, estes foram
registrados a partir de armadilhas fotográficas assim como pela busca ativa aleatória
de rastros e vestígios como, tocas, fezes, nidificação ou atropelamentos. Foram
identificadas apenas 4 espécies de mamíferos silvestres, pertencendo à duas ordens e
três famílias. Dentre eles, Leopardus tigrinus (gato-do-mato-pequeno) é classificado na
categoria “Vulnerável”, pelo Livro Vermelho do estado do Rio Grande do Sul.

Não foram observadas espécies de peixes na área de entorno do


empreendimento, que tem como corpos hídricos apenas pontos de acúmulo de água e
pequenos cursos de água artificiais ou modificados para a drenagem das lavouras.

Figura 17: Indica a metodologia de pesquisa de espécimes da herpetofauna e metodologia adotada


para a caracterização da ictiofauna de Victor Graeff.

35
Unidades de Conservação (UCs)

Não há unidades de conservação federais, estaduais ou municipais num raio de


10 km do empreendimento.

Meio Antrópico

Informações gerais

O empreendimento objeto desse EIA localiza-se em uma área de uso rural, com
acesso direto a partir da BR-386, e distante mais de 6 km de manchas urbanas – nesse
caso, representada pelo município de Ernestina. A mancha urbana com acesso
rodoviário mais próximo pertence ao município de Tio Hugo, a aproximadamente 9
km, pela BR 386. A área do empreendimento pertence, porém, ao município de Victor
Graeff, cujo centro urbano se localiza a uma distancia rodoviária de aproximadamente
30 km.

Ocupação no entorno

As residências do entorno da área têm características rurais e são distribuídas


de forma bastante esparsa em toda a ADA do meio antrópico. O lado leste apresenta
uma localidade chamada São José da Glória, que conta com menos de 10 imóveis.
Considerando que cada imóvel da ADA conte com três residentes (média de ocupação
por domicílio particular no Rio Grande do Sul, segundo IBGE), a área da ADA deve
contar com aproximadamente 60 habitantes. O município de Victor Graeff não possui
Plano Diretor, e não faz restrições quanto ao uso do solo na área do empreendimento.

Uso e ocupação do solo

A figura a seguir apresenta uso do solo na área do empreendimento e no


entorno, a partir da qual é possível observar a predominância de áreas agricultura,
com presença de pequenos fragmentos florestais.

36
Figura 18: Uso e ocupação do solo na área do empreendimento e entorno

Sistema rodoviário de acesso

As rodovias federais BR-386 e a BR-285 se destacam na interligação entre os


municípios da AII, por cruzarem a região respectivamente nos sentidos Norte-Sul e
Leste-Oeste e conectarem grande parte dos municípios da AII com os municípios da
AID. Ainda, duas rodovias estaduais e uma federal fazem a conexão rodoviária dos
municípios da AID com outros municípios da AII, podendo também ser utilizados como
rotas alternativas às rodovias federais anteriormente citadas – são elas a ERS-223, ERS-
142 e a BR-153. Todas as principais rodovias da região podem ser observadas na figura
a seguir.

37
Figura 19: Infraestrutura viária disponível para acesso ao local do empreendimento

Economia

Em relação à economia, o setor de serviços responde pela maior parte do PIB


dos três municípios da AID, seguido de perto pelo setor agropecuário. No caso de
Victor Graeff, especificamente, em diversos momentos ao longo dos últimos 15 anos o
setor agropecuário respondeu pela maior parte do PIB.

Índices de desenvolvimento

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) médio de Victor


Graeff foi 0,777 em 2010, que situa esse município na faixa de Desenvolvimento
Humano Alto (IDHM entre 0,700 e 0,799). A dimensão que mais contribui para o IDHM

38
de todos os três municípios da AID é a Longevidade, com índices entre 0,840 e 0,885;
seguido da dimensão Renda, com índices entre 0,701 e 0,774; e Educação, com índices
expressivamente mais baixos, entre 0,682 e 0,722. A evolução do IDHM nos municípios
da AID e no RS ao longo das últimas três décadas pode ser observada na figura a
seguir.

Figura 20: Comparação do IDHM dos municípios da AID com a média do estado do Rio Grande do Sul

Em Victor Graeff, de 1991 a 2010, o IDHM do município passou de 0,510, em


1991, para 0,759, em 2010. Nesse mesmo período Tio Hugo passou de 0,428 para
0,742 e Santo Antônio do Planalto passou de 0,510 para 0,759. O IDHM do RS passou
de 0,493 para 0,727 entre 1991 e 2010. Em todos os três municípios da AID e no RS a
dimensão cujo índice mais cresceu em termos absolutos foi Educação, seguida por
Renda e por Longevidade.

Em Victor Graeff a redução da desigualdade apresentou alguns avanços nos


últimos anos. Essa evolução pode ser avaliada através do Índice de Gini (0 representa a
situação de total igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda, e o valor 1 significa
completa desigualdade de renda, ou seja, se uma só pessoa detém toda a renda do
lugar), que no município passou de 0,57 em 1991, para 0,45 em 2000 e para 0,46 em
2010. Esses índices ficaram abaixo da média estadual, que foi de 0,59 em 1991 e de
0,54 em 2010.

39
8. AVALIAÇÃO DE IMPACTOS MAIS RELEVANTES E MEDIDAS
MITIGADORAS, COMPENSATÓRIAS E OTIMIZADORAS
A Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) é uma ferramenta de análise
sistemática de parâmetros técnico-científicos pelo qual possíveis impactos associados
a um determinado empreendimento são analisados.

Entende-se por impacto ambiental a diferença entre a situação do meio


ambiente (natural e social) futuro modificado pela presença do empreendimento e a
situação do meio ambiente futuro tal como teria evoluído caso não houvesse
intervenções antrópicas. O resultado da AIA fornece subsídios para as tomadas de
decisão ao longo do processo de licenciamento ambiental de alguns
empreendimentos, servindo como orientação para a concepção de projetos para a
implantação de medidas que mitiguem impactos negativos ou potencializem impactos
positivos.

Os possíveis impactos para este empreendimento foram avaliados


individualmente para cada meio (físico, biótico e antrópico). Com base no cruzamento
dos resultados foram identificados pontos críticos de implantação e operação do
empreendimento em relação às alterações ambientais

Os impactos negativos de maior relevância que poderão ser causados pelo


empreendimento são: no meio físico, a alteração da qualidade e da dinâmica das águas
superficiais e subterrâneas; no meio biótico, o aumento da probabilidade de
aparecimento ou proliferação de fauna exótica ou vetores e o afugentamento e
dispersão da fauna; e no meio antrópico, a alteração da paisagem natural e incidência
de poluição visual, o aumento de tráfego e consequente aumento na probabilidade de
acidentes rodoviários, a intensificação do uso de infraestrutura pública, e os possíveis
conflitos com as expectativas dos moradores circunvizinhos à área em relação ao uso e
ocupação do solo na região.

40
Entretanto, a implantação também trará impactos positivos. Em relação a
estes, constata-se que, sem essa Central, unidades de disposição final sem licença
continuarão a ser o destino final de parte dos resíduos gerados na região, agravando as
atuais condições socioambientais da região e colocando todos esses municípios em
desacordo com a legislação sanitária e ambiental vigente. Da mesma forma, diversos
munícipios continuarão com soluções de destinação adequada em aterros sanitários
distantes, com custos maiores devido ao transporte e, aumentando o risco ambiental
de acidentes rodoviários. Outro grupo de municípios manterá suas destinações em
locais distantes, onerando os cofres públicos e aumentando o risco ambiental de
acidentes rodoviários. Portanto, o empreendimento deverá trazer impactos positivos,
especialmente ao meio antrópico.

Ainda, dentre os impactos positivos mais relevantes pode-se destacar a geração


de empregos diretos e indiretos, e principalmente a disponibilização de uma
alternativa ambientalmente adequada para disposição final de RSU, que deverá
influenciar todos os municípios da área de influência direta (AID) e também da área de
influencia indireta (AII).

Visando minimizar ou eliminar os impactos negativos citados anteriormente, é


prevista uma série de medidas preventivas, mitigadoras e compensatórias, que serão
desenvolvidos planos e programas específicos.

A seguir é apresentada a lista de Programas e Planos a serem elaborados e


postos em prática pelo empreendedor:

Tabela 4: Relação de planos e programas, com descrição de seus objetivos gerais

Planos e programas Objetivos gerais


Estabelecer canais de comunicação entre
Programa de comunicação e interação social
empreendedor e comunidade
Promover a educação ambiental, tanto para o
Programa de educação ambiental
público interno quanto para o público externo
Garantir que a etapa de obras seja
Programa de gestão e controle ambiental das obras
ambientalmente adequada

41
Planos e programas Objetivos gerais
Programa de monitoramento e controle de pragas e
Monitorar e controlar pragas e vetores
vetores
Programa de compensação vegetal e proteção e Compensar impactos ambientais através do
conservação de ambientes plantio de espécies nativas
Compensar impactos ambientais através do
Programa de compensação ambiental
cumprimento da legislação
Garantir que a etapa de operação seja
Programa de gestão ambiental da operação
ambientalmente adequada
Plano de gerenciamento da triagem disposição de Garantir o correto funcionamento da usina de
resíduos no aterro triagem e da disposição de aterros
Programa de monitoramento geotécnico do maciço
Monitorar a estabilidade do maciço de resíduos
de resíduos
Programa de controle de emissão de gases e Controlar a emissão de gases e materiais
particulados particulados
Monitorar a qualidade do ar no entorno da
Programa de monitoramento da qualidade do ar
Central
Programa de monitoramento de efluentes Monitorar efluentes gerados pela Central
Programa de monitoramento da qualidade das Monitorar qualidade das águas superficiais na
águas superficiais área da Central
Programa de monitoramento da qualidade das Monitorar qualidade das águas subterrâneas na
águas subterrâneas área da Central
Planejar e gerenciar tráfego viário relacionado
Plano de controle de tráfego viário
à Central
Controlar riscos e acidentes relacionados à
Plano de gerenciamento de riscos e acidentes
Central
Plano de atendimento a emergências ambientais Planejar atendimento a emergências
Plano de encerramento do aterro Planejar encerramento do aterro

9. O FUTURO DA REGIÃO
Analisou-se o futuro da região por meio de um estudo do prognóstico dos
impactos ambientais, no qual os efeitos ambientais da implantação da Central sob a
área de influência de cada meio (físico, biótico e antrópico) são avaliados; tendo em
vista as possibilidades tecnológicas e econômicas de prevenção, controle, mitigação,
reparação e compensação dos impactos negativos, nas fases de instalação, operação e
desativação.

42
Das quantidades totais geradas pelos municípios da AID e AII, 38% do resíduos
sólidos urbanos desses municípios é encaminhada para aterros sanitários
administrados pela CRVR; aproximadamente 23% do total gerado é encaminhado para
unidades irregulares; esse mesmo percentual é encaminhado para aterros particulares
operados por outras empresas. Em quantidade de resíduos, apenas 10% do total
gerado é encaminhado para consórcios públicos, 5% é encaminhado para soluções
próprias e menos de 2% é encaminhado para foram do estado.

Diante da incapacidade de municípios de pequeno porte implantar e operar


aterros sanitários próprios de forma ambientalmente adequada, a não implantação do
empreendimento deverá fazer com que a situação irregular dos municípios seja
mantida por tempo indeterminado. Além disso, a não implantação do
empreendimento deverá manter a necessidade de transporte dos RSU por grandes
distâncias para sua disposição final adequada por parte dos municípios avaliados, o
que é incompatível com o principio da sustentabilidade econômica e ambiental.

A implantação do empreendimento vem disponibilizar em curto prazo uma


alternativa para a disposição final ambientalmente adequada para os resíduos gerados
na região, possibilitando que estes municípios possam atender à Política Nacional de
Resíduos Sólidos (PNRS) e ao Plano Estadual de Resíduos Sólidos do Rio Grande do Sul
(PERS-RS). Ainda conforme informações do PERS-RS, muitos municípios dessas
mesorregiões destinam seus resíduos para Minas do Leão, distante 280 quilômetros de
Victor Graeff, e São Leopoldo, distante 267 quilômetros. Ainda conforme o PERS-RS, as
mesorregiões noroeste e nordeste concentram o maior número de municípios que não
compartilham unidades de disposição final, o que deve fazer com que o custo de
operação dessas unidades seja bastante alto, visto que não há economia de escala.

43
10. CONCLUSÃO
O empreendimento objeto deste estudo deverá se localizar na zona rural do
município de Victor Graeff, situado no Norte do Rio Grande do Sul, e deverá ocupar um
terreno de 51 hectares, apresentando uma vida útil mínima de 20 anos, e deverá
atender a Victor Graeff e a outros 102 municípios do entorno desse.

O prognóstico ambiental da área de influência apontou uma situação futura


que, com a concretização do projeto, deverá causar degradação ambiental restrita em
grande parte à área diretamente afetada (ADA) e área de influência direta (AID).

Com base nos resultados da avaliação de impactos foram propostas medidas


mitigadoras e programas de controle ambiental, necessários para mitigar ou eliminar
os impactos negativos. Também foram previstas formas de controle da eficiência das
medidas mitigadoras. As medidas propostas incluem a adoção de tecnologias, projetos
e procedimentos adequados durante o desenvolvimento das ações do
empreendimento, com emprego de tecnologia visando ao controle e monitoramento
da qualidade ambiental da região.

É importante destacar que apesar de todos os benefícios representados por um


projeto bem elaborado e ambientalmente adequado de aterro sanitário, torna-se
imprescindível garantir a sua correta implantação, sua adequada operação, e a adoção
de todos os instrumentos e metodologias indicados para a sua gestão e
monitoramento e controle, inspirando-se, sempre que possível, em experiências de
sucesso de empreendimentos semelhantes.

Evidencia-se que a definição de localização do empreendimento atendeu


integralmente aos critérios de localização da norma NBR 13.896-1997 - Aterros de
resíduos não perigosos: Critérios para projeto, implantação e operação; e as estruturas
e práticas de operação previstas atendem a todas as condições gerais e específicas
expressas na referida norma. Baseado nos estudos desenvolvidos na elaboração do
Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e apresentada de maneira simplificada neste RIMA,

44
contemplando estudos das alternativas locacionais, caracterização do meio físico, da
fauna, da flora e das atividades antrópicas na área de influência direta do
empreendimento e de seu entorno e ainda a concepção medidas e programas que
deverão acompanhar a execução do empreendimento que visam a proteção da saúde
pública e do meio ambiente, pode-se concluir que o empreendimento proposto é
viável, tanto a partir do viés ambiental quanto do socioeconômico, desde que tornadas
efetivas as medidas de controle, proteção e monitoramento ambiental preconizadas
neste estudo, no projeto básico e no projeto executivo que detalhará o mesmo.

O elemento mais importante desta decisão está relacionado á implantação de


uma alternativa de disposição adequada dos RSU para munícipios que hoje enviam
seus resíduos para disposição final em unidades não licenciadas, assim como uma
opção de destinação final mais próxima dos munícipios envolvidos na AII desse estudo.

45
11. EQUIPE TÉCNICA
O presente Estudo de Impacto Ambiental (EIA) de Aterro Sanitário de Resíduos
Sólidos Urbanos (RSU) na região norte do Estado do Rio Grande do Sul foi elaborado
pelas empresas: Engebio Engenharia e Meio Ambiente e GEOPROSPEC Geologia e
Projetos Ambientais Ltda., com coordenação geral da primeira citada.

Engebio Engenharia e Meio Ambiente Ltda.


Rua João Abbott, 482 | Porto Alegre - RS - Brasil
Fone/Fax: +55 (51) 3333.6005 | www.engebio.net

Mario Saffer - Engenheiro Químico


Melissa Kaori Izawa – Bióloga
Eduardo Britz - Cientista Social e Técnico em Meio Ambiente
Leonardo Sanchotene Quintela - Engenheiro Ambiental
Bianca Stangler - Engenheira Ambiental
William Bergold Martins - Graduando em Engenharia Ambiental
Lucas Paese - Graduando em Engenharia Química

GEOPROSPEC Geologia e Projetos Ambientais Ltda.


Av. Farrapos, 146 conj. 62 | Porto Alegre - RS - Brasil
Fone: +55 (51) 3226-4456 | www.geoprospec.com.br

Eduardo Centeno Broll Carvalho - Geólogo


Ivanor A. Sinigaglia - Engº Agrônomo
Josiane Viegas - Bióloga
André Andrade - Geólogo
Bruna Lima - Graduanda em Engenharia Ambiental
Gustavo Simon - Biólogo
Ingo Kuerten - Geógrafo
Jonas Cavalli - Biólogo
Luam Fernandes - Desenhista/ Detalhista
Natália C. Tedy - Bióloga
Walter Wayerbacher - Graduando em Engenharia Ambiental e Sanitária

46
12. GLOSSÁRIO
Área de Influência Direta (AID): Área externa ao empreendimento, onde é possível
identificar efeitos associados às atividades do empreendimento.

Área de Influência Indireta (AII): Área influenciada por alterações que não podem ser
diretamente relacionadas ao empreendimento e suas atividades.

Área de Preservação Permanente (APP): Área protegida por lei, coberta ou não por
vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora,
proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.

Área Diretamente Afetada (ADA): Nesta área são contemplados os ambientes naturais
e antrópicos efetivamente e diretamente alterados pela implantação e operação do
empreendimento.

Aterro Sanitário: Área para disposição de lixo que obedece a padrões técnicos
adequados de impermeabilização do solo, do tratamento de efluentes e da cobertura
dos resíduos, visando proteger a saúde humana e o ambiente. Não é sinônimo de
lixão, termo empregado para depósitos irregulares e inadequados de resíduos; existem
aterros especiais para lixos considerados perigosos, como, por exemplo, os resíduos de
estabelecimentos de saúde e de certos tipos de indústria.

Avaliação de Impacto Ambiental (AIA): Processo de avaliação dos impactos


ecológicos, econômicos e sociais que podem advir da implantação do projeto, formado
por um conjunto de procedimentos capaz de assegurar um exame sistemático dos
impactos ambientais do empreendimento e de suas alternativas e de apresentar os
resultados de forma adequada ao público e aos responsáveis pela tomada de decisão.

Bacia Hidrográfica: Área limitada por divisores de água, dentro da qual são drenados
os recursos hídricos, através de um curso de água, como um rio e seus afluentes. A

47
área física, assim delimitada, constitui-se em importante unidade de planejamento e
de execução de atividades socioeconômicas, ambientais, culturais e educativas.

Biogás: Gás resultante da decomposição anaeróbica de biomassa (resíduos agrícolas,


florestais, lixo, esgoto), que pode ser usado como combustível devido ao seu alto teor
de metano.

Bioma: Comunidade principal de plantas e animais associada a uma zona de vida ou


região com condições ambientais, principalmente climáticas, estáveis. É a unidade
ecológica imediatamente superior ao ecossistema.

Coleta Seletiva: Recolhimento diferenciado de materiais descartados, previamente


selecionados nas fontes geradoras, com o objetivo de encaminhá-los para reciclagem,
compostagem, reúso, tratamento e outras destinações alternativas, como aterros e
incineração.

Disposição final: Distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas


operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à
segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos.

Drenagem: Remoção da água superficial ou subterrânea de uma área determinada,


por bombeamento ou gravidade.

Ecossistema: É o conjunto dos seres vivos e do seu meio ambiente físico, incluindo
suas relações entre si.

Estudo de Impacto Ambiental (EIA): Mecanismo administrativo preventivo e


obrigatório de planejamento visando à preservação da qualidade ambiental; exigido
como condição de licenciamento em obras, atividades ou empreendimentos
potencialmente causadores de significativa degradação ambiental; deve ser executado
por equipe multidisciplinar e apresentado à população afetada ou interessada,
mediante audiência pública; previsto na Constituição Federal, na Lei n.° 6.938/81

48
(Política Nacional do Meio Ambiente) e regulamentado pela Resolução CONAMA
001/86.

Flare: Componente importante para segurança e proteção do meio ambiente, o flare


queima os gases gerados no aterro sanitário reduzindo a emissão de gases de efeito
estufa e eliminando gases odoríferos.

Geocomposto Bentonítico (GCL): Consiste de argila bentonítica sódica encapsulada


por geotêxteis unidos somente nas bordas, formando uma barreira hidráulica
geossintética.

Geomembrana de Polietileno de alta densidade: Membrana sintética resistente,


flexível e impermeável.

Geotêxtil de proteção da geomembrana: Material utilizado em contato com a


geomembrana visando garantir reforço e proteção, evitando danos ao material.

Impacto Ambiental: Qualquer alteração ambiental, no meio físico, biótico ou


socioeconômico, atribuída a atividades antrópicas.

Licenciamento Ambiental: Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental


competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de
empreendimentos, considerando as disposições legais e as normas técnicas aplicáveis.

Medida compensatória: Medidas tomadas pelos responsáveis pela execução de um


projeto, destinadas a compensar impactos ambientais negativos.

Medida mitigadora: Medidas destinadas a prevenir impactos negativos ou reduzir sua


magnitude.

Medida otimizadora: Medida tomada com o intuito de ampliar os efeitos positivos de


determinada ação.

Medida preventiva: Medidas destinadas a prevenir a degradação do meio ambiente.

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Osmose Reversa: Processo de separação que utiliza uma membrana semipermeável e
aplicação de pressão. O material que atravessa a membrana é chamado de Permeado
e apresenta alto grau de pureza.

Percolado: Líquido que passou através de um meio poroso.

Permeado: Efluente tratado que pode ser utilizado como água de reuso, ou descartado
no meio ambiente atendendo a legislação vigente.

PERS-RS: Plano Estadual de Resíduos Sólidos do Rio Grande do Sul, publicado em 2014.

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA): O relatório de impacto ambiental é o


documento que apresenta os resultados técnicos e científicos de avaliação de impacto
ambiental. Constitui um documento do processo de avaliação de impacto ambiental e
deve esclarecer todos os elementos da proposta em estudo, de modo que possam ser
divulgados e apreciados pelos grupos sociais interessados e por todas as instituições
envolvidas na tomada de decisão.

Região fitogeográfica: Região definida de acordo com a flora predominante.

Rejeito: Resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de


tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente
viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final
ambientalmente adequada.

Resíduos sólidos Classe I: Resíduos classificados como perigosos, em função de suas


características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e
patogenicidade. Podem representar riscos à saúde e ao meio ambiente.

Resíduos sólidos Classe II-A: Os resíduos classe II-A - Não inertes - podem ter
propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em
água.

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Resíduos Sólidos Urbanos (RSU): São os resíduos sólidos e semi-sólidos gerados num
aglomerado urbano, excetuados os resíduos industriais, hospitalares sépticos e
aqueles advindos de aeroportos e portos; geralmente são recolhidos por empresas
governamentais ou privadas e destinados aos locais de coleta. Inclui os resíduos
sólidos domiciliares e os resíduos sólidos de limpeza urbana.

Resíduos Sólidos Domiciliares: Originados da vida diária das residências urbanas,


constituídos por restos de alimentos, produtos deteriorados, jornais, revistas, garrafas,
embalagens e uma grande diversidade de outros itens.

Resíduos Sólidos de Limpeza Urbana: Resíduos originários da varrição, limpeza de


logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana.

Triagem: Processo de catação, seleção e estocagem dos materiais contidos nos


resíduos sólidos, visando o seu reaproveitamento.

Unidade de Conservação: Espaço territorial e seus recursos ambientais, legalmente


instituídas pelo poder público, com características naturais de relevante valor,
constituindo-se em patrimônio natural da comunidade e destinadas à proteção dos
ecossistemas, à educação ambiental, à pesquisa científica e à recreação em contato
com a natureza.

Unidade de Transbordo: Ponto intermediário de transferência de resíduos coletados


na cidade, criado em função da grande distância entre a área de coleta e o local de
destinação final.

Vias vicinais: estradas de caráter secundário, na maioria das vezes municipais e sem
asfaltamento.

Vida útil: Relacionado com o tempo de produtividade de uma mercadoria ou


empreendimento.

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