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Contabilidade Pública

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 4

1. PRINCÍPIOS 4

2. CRITÉRIO DE ESCRITURAÇÃO, REGIME DE REGISTO, MOEDA E EXERCÍCIO ECONÓMICO


5

3. PLANO BÁSICO DE CONTABILIDADE PÚBLICA - PBCP 5


3.1 LISTA DE CONTAS 6
3.1.1 ESTRUTURA DAS CONTAS CONTABILÍSTICAS, TIPOS E NATUREZA 6
3.1.2 NÍVEL DE DESDOBRAMENTO DAS CONTAS CONTABILÍSTICAS 8
3.1.2.1 ACTIVO 8
3.1.2.2 PASSIVO 8
3.1.2.3 DESPESA 9
3.1.2.3.1. DESPESA PÚBLICA 10
3.1.2.3.2 FASES DA DESPESA PÚBLICA 11
3.1.2.3.3 FUNDO DE MANEIO 12
3.1.2.3.4 DESPESAS POR PAGAR 13
3.1.2.3.5 ANULAÇÃO DE DESPESA 13
3.1.2.4 RECEITA 13
3.1.2.4.1 RECEITA PÚBLICA 13
3.1.2.4.2. FASES DA EXECUÇÃO DA RECEITA 14
3.1.2.4.3 ANULAÇÃO DA RECEITA 15
3.1.2.4.4. DÍVIDA ACTIVA 15
3.1.2.5 RESULTADO DE VARIAÇÃO PATRIMONIAL NEGATIVA 15
3.1.2.6 RESULTADO DE VARIAÇÃO PATRIMONIAL POSITIVA 16
3.1.2.7 CONTAS DE ORDEM 17
3.1.3 ESTRUTURA DAS CONTAS DO PLANO BÁSICO DE CONTABILIDADE PÚBLICA 17
3.1.4 SISTEMAS CONTABILÍSTICOS 18
3.1.4.1 SISTEMA ORÇAMENTAL (O) 18
3.1.4.2 SISTEMA FINANCEIRO (F) 19
3.1.4.3 SISTEMA PATRIMONIAL (P) 20
3.1.4.4 SISTEMA DE ORDEM (Or) 20
3.1.5 FUNÇÃO E MOVIMENTAÇÃO DAS CONTAS 21
3.1.6 DEMONSTRAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DAS CONTAS 22
3.1.7 MECANISMOS DE DÉBITO E CRÉDITO 23
3.1.7.1 CONTAS DE RESULTADO 24
3.1.7.2 MECANISMOS DE DÉBITO E CRÉDITO – DO ACTIVO 25
3.1.7.3 MECANISMOS DE DÉBITO E CRÉDITO – DO PASSIVO 26
3.1.8 EXEMPLOS DE REGISTOS CONTABILÍSTICOS 28
3.2 PLANO DE OBJECTOS 29
3.3 TABELA DE OPERAÇÕES CONTABILÍSTICAS 31
3.3.1 GRUPOS E SUB-GRUPOS DAS OPERAÇÕES CONTABILÍSTICAS 31

4 DEMONSTRAÇÕES CONTABILÍSTICAS 32

5 CONTA GERAL DO ESTADO 33


5.1 PRINCÍPIOS E REGRAS 33
5.2 ESTRUTURA 33
5.3 PRAZOS 35

EXERCÍCIOS Erro! Marcador não definido.

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INTRODUÇÃO

1. Conceitos
Contabilidade Publica constitui um dos instrumentos privilegiados das Finanças Publicas, traduzindo-se
num conjunto de regras jurídicas e técnicas aplicáveis à descrição, execução e controlo das operações
financeiras e dos fenómenos económicos dos organismos públicos.
Na prática, a contabilidade tanto privada como pública, pode ser vista genericamente como uma técnica
de registo de operações e variação de contas, ou seja, como uma técnica que tem a finalidade descrever
e registar os factos patrimoniais obtidos.
Presentemente, às Entidades não interessa o registo histórico, mas interessa igualmente a previsão do
futuro, que assenta nos dados fornecidos pela contabilidade.

A Contabilidade Pública tem por objectivo a produção e manutenção de registos, bem como evidenciação
das transacções realizadas pelos órgãos e instituições do Estado e os seus efeitos sobre o seu
património, mantendo registos analíticos e sintéticos dos seus bens, direitos e obrigações,
compreendidas as instituições com autonomia administrativa e financeira, bem como as autarquias e
empresas do Estado.

2. PRINCÍPIOS
a) Consistência - os procedimentos de um exercício para outro não devem ser alteradas;
b) Materialidade - a informação deve apresentar todos os elementos relevantes que permitam o
acompanhamento da utilização dos recursos públicos;
c) Comparabilidade - registos e operações efectuados em observância às normas determinadas ao
longo da vida dos respectivos órgãos ou instituições, para que os dados possam ser comparados
ao longo do tempo e do espaço.
d) Oportunidade - a informação deve ser produzida em tempo oportuno e útil por forma a apoiar a
tomada de decisões e a análise da gestão.

3. CRITÉRIO DE ESCRITURAÇÃO, REGIME DE REGISTO, MOEDA E EXERCÍCIO


ECONÓMICO

O critério utilizado para os registos dos actos e factos administrativos, no âmbito do SISTAFE, é o
princípio das partidas dobradas, no qual todo valor registado a débito (em uma ou mais contas
contabilísticas) tem o correspondente valor registado a crédito (em uma ou mais contas
contabilísticas).
Para lançamentos dos registos contabilísticos é adoptado o regime misto, aplicando-se para as receitas
o regime de caixa e para as despesas o regime de compromisso (ou de competência). A escrituração
dos actos e factos administrativos é efectuada em moeda nacional ou em dolar americano (CUT Mult-
moeda).
O exercício económico, no âmbito do SISTAFE, coincide com o ano civil, sendo nele considerado:
a) as receitas nele cobradas, que consiste no acto de cobrar, receber ou tomar posse da receita
e subsequente entrega ao Tesouro Público;

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b) as despesas nele pagas, que consiste no acto de entrega de importância em dinheiro ao titular
do documento de despesa;
c) as despesas nele por pagar quando regularmente efectuadas, ou seja, liquidadas.
4. PLANO BÁSICO DE CONTABILIDADE PÚBLICA – PBCP
Tem por objectivo a uniformização e sistematização do registo contabilístico dos actos e factos
relacionados com execução orçamental, financeira e patrimonial do Estado. O PBCP deve ser adoptado
por todas as Unidades do SISTAFE, sendo ele composto por Lista de Contas, Plano de Objectos e
Tabela de Operações Contabilísticas.

É de responsabilidade da US do SCP a normalização do PBCP, competindo-lhe:


a) Criar, especificar, desdobrar, codificar e extinguir contas;
b) Criar e adequar o Plano de Objectos e a Tabela de Operações Contabilísticas de modo a atender
as necessidades de registo pelas Unidades Executoras dos actos e factos relacionados com a
execução do Orçamento do Estado;
c) Emitir instruções sobre a utilização do Plano Básico de Contabilidade Pública, contendo os
procedimentos contabilísticos pertinentes;
d) Proceder os ajustes no PBCP, sempre que julgado necessário, observada a sua estrutura básica
determinada pela legislação em vigor.

3.1 LISTA DE CONTAS


É a relação de contas contabilísticas adoptadas pela contabilidade pública, organizada de maneira
uniforme e sistematizada, a fim de atender aos registos contabilísticos dos actos e factos relacionados
à administração dos recursos do Estado pelos seus órgãos e instituições.

A conta corresponde ao título representativo de formação, composição, variação e situação de um


património, bem como dos bens, direitos e obrigações e situações nele não compreendidas, que directas
e indirectamente possam vir a afectá-lo, exigindo, por isso, controlo específico.

As contas são agrupadas segundo suas funções, possibilitando:


a) Identificar, classificar e efectuar a escrituração contabilística, pelo método das partidas
dobradas, dos actos e factos de gestão, de maneira uniforme e sistematizada;
b) Conhecer a situação dos responsáveis que, de algum modo, arrecadem receitas, efectuem
despesas e administrem ou guardem bens pertencentes ou confiados ao Estado;
c) Acompanhar e controlar a execução orçamental, evidenciando a receita prevista, cobrada e
recolhida, bem como a despesa autorizada, cabimentada e realizada e, também, as dotações
disponíveis;
d) Elaborar os Balanços, Mapas de Controlo Orçamental e as Demonstrações de Resultados;
e) Conhecer a composição e situação do património analisado;
f) Analisar e interpretar os resultados económicos e financeiros;
g) Individualizar os credores e devedores, com a especificação necessária ao controlo
contabilístico do direito ou obrigação;
h) Controlar contabilísticamente os direitos e obrigações oriundas de ajustes ou contratos de
interesse da gestão;
i) Fornecer informações gerernciais para a tomada de decisão.

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3.1.1 ESTRUTURA DAS CONTAS CONTABILÍSTICAS, TIPOS E NATUREZA


As contas contabilísticas são estruturadas por níveis de desdobramento, classificadas e codificadas, de
modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação orçamental, financeira e patrimonial,
compreendendo seis níveis de desdobramento, da seguinte forma:
X. X. X. X. X. XX

1º Nível: Classe
2º Nível: Grupo
3º Nível: Sub-grupo
4º Nível: Elemento
5º Nível: Sub-elemento
6º Nível: Item
Exemplo: Conta – 2.1.1.1.1.06 – Assistência Médica e Medicamentosa

Níveis Conta Título dos Níveis


Classe 2 Passivo
Grupo 1 Passivo Circulante
Sub-grupo 1 Retenções de Curto Prazo
Elemento 1 Consignações
Sub-elemento 1 Previdência Social
Item 06 Assistência Médica e Medicamentosa

Além dos seis níveis acima mencionados as contas podem sofrer desdobramentos de acordo com o
“Plano de Objectos”, o qual não faz parte da estrutura da conta contabilísticas, e que objectiva
individualizar os actos e factos a serem registados, a fim de permitir a qualificação do registo
contabilístico.
As contas são, ainda, separadas em “ escrituradas”, aquelas que admitem registos, e “ não escrituradas”,
aquelas que não admitem registos e compreendem o somatório dos valores escriturados nos seus
desdobramentos.

As contas contabilísticas são também classificadas segundo à sua natureza:


a) Devedoras – lançamentos devedores aumentam seus saldos, em regra são iniciadas por números
ímpares;
b) Credoras – lançamentos credores aumentam seus saldos, em regra são iniciadas por números
pares;
c) De Redução – deduzem o grupo a que pertencem, sendo a sua natureza contrária às demais do
mesmo grupo.

3.1.2 NÍVEL DE DESDOBRAMENTO DAS CONTAS CONTABILÍSTICAS


O primeiro nível representa a classificação máxima na agregação das contas e está desdobrado nas
seguintes classes:
1 – Activo 2- Passivo
3 – Despesas 4- Receitas
5 - Resultado de Variação Patrimonial Negativa 6- Resultado de Variação Patrimonial Positiva
7 – Contas de Ordem Activas 8- Contas de Ordem Passivas

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3.1.2.1 ACTIVO
Classe “1” que inclui as contas correspondentes aos bens e direitos, demonstrando as aplicações de
recursos e compreendem os seguintes grupos de contas, dispostas em ordem decrescente de grau de
liquidez:
a) Activo Circulante – as disponibilidades de numerário, os recursos a receber, bem como outros
bens e direitos, pendentes ou em circulação, realizáveis até ao término do exercício seguinte;
a. Exemplos: caixa, banco, aplicação financeira, créditos a receber, etc.

b) Activo Realizável a Médio e Longo Prazo – os bens e direitos, normalmente realizáveis após o
término do exercício seguinte;
a. Exemplos: créditos diversos a receber, dívida activa, etc.
c) Activo Imobilizado – os activos de carácter permanente, representados pelas imobilizações
corpóreas e incorpóreas, bem como as amortizações e reintegrações acumuladas.
a. Exemplos: Bens móveis, imóveis e incorpóreos.

3.1.2.2 PASSIVO
Classe “2” que inclui as contas relativas às obrigações, evidenciando as origens dos recursos aplicados
no Activo, as quais estão dispostas no PBCP em ordem decrescente de grau de exigibilidade e
compreendem os seguintes grupos:

a) Passivo Circulante – as retenções de curto prazo, as coberturas de défices de tesouraria, as


obrigações a pagar e os valores pendentes, exigíveis até o término do exercício seguinte;
a. Exemplos: consignações, obrigações a pagar, descontos da folha de salário etc.

b) Passivo Exigível a Médio e Longo Prazo – as obrigações exigíveis, normalmente, após o término
do exercício seguinte;
a. Exemplos: obrigações a pagar, dívida a pagar, etc.

c) Fundos Próprios – o património da gestão, reservas de capital e outras que forem definidas,
assim como o resultado acumulado.
a. Exemplos: Resultado do exercício, reservas, etc.

3.1.2.3 DESPESA
Classe “3” que inclui as contas representativas dos recursos despendidos na gestão, a serem
consideradas no apuramento do resultado do exercício, tendo características de contas de resultado,
estando desdobradas nas seguintes categorias económicas:

a) Despesas Correntes - compreendem as contas desdobradas em transferências e aplicações


directas, despesas com pessoal, bens e serviços, encargos da dívida, subsídios, outras despesas
correntes e exercícios findos;

b) Despesas de Capital - Compreendem as contas desdobradas em transferências e aplicações


directas, de despesas de capital, operações financeiras e outras despesas de capital.

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Os códigos das contas de despesas iniciam-se com o número 3, sendo que os demais dígitos
correspondem à Classificação Económica da Despesa.

Exemplo:
Classificação Económica da Despesa – CED:
Vencimento Base do Pessoal do Quadro

1. 1. 1. 0. 01 – Conta Contabilística: Vencimento Base do Pessoal do Quadro

Classe - Despesas
Grupo – Despesas Correntes
Sub-grupo – Despesas com Pessoal
Elemento – Salários e Remunerações
Sub-elemento - ---

Item - Vencimento Base do


Pessoal do Quadro
3.1.2.3.1. DESPESA PÚBLICA
Constitui despesa pública é todo o dispêndio de recursos monetários, seja qual for a sua proveniência ou
natureza, gastos pelo Estado, com ressalva daqueles em que se encontra obrigado à reposição do
benefício.
Nenhuma despesa pode ser assumida, ordenada ou realizada sem que, sendo legal, se encontre inscrita
devidamente no Orçamento do Estado aprovado, tenha cabimento na correspondente verba orçamental
e seja justificada quanto à sua economicidade, eficiência e eficácia.
As despesas só podem ser assumidas durante o ano económico para o qual tiverem sido orçamentadas, e
as dotações orçamentais constituem limite máximo a utilizar na realização de despesas públicas, no
corrente exercício.
Como o Orçamento do Estado é anual, as verbas orçamentais não utilizadas em um exercício não
poderão ser transferidas para o próximo exercício.

3.1.2.3.2 FASES DA DESPESA PÚBLICA

A realização da despesa compreende três fases:

a) Cabimento – O Cabimento representa a 1ª fase da despesa pública. É definido como acto


administrativo de verificação, registo e comprometimento do valor do encargo a assumir pelo
Estado. Este acto só pode ser efectuado pelo gestor público se a Unidade Gestora possuir saldo
suficiente nas contas denominadas Dotação Disponível e Quota de Limite Orçamental a Utilizar,
onde os registos contabilísticos, quando da emissão de um Cabimento, são os seguintes:

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Emissão do Cabimento – OC - 23001:


Código e Título da Conta Registo Código e Título da Conta Registo
8.2.1.1.0.00 – Dotação Disponível D -  8.2.1.3.1.00 – Dotação Cabimentada a Liquidar C - 
8.3.1.4.1.00 - Quota de Limite 8.3.1.4.2.00 – Quota de Limite Orçamental
D -  C - 
Orçamental a Utilizar Utilizada
8.3.1.4.3.00 - Quota de Limite 8.3.1.4.4.00 – Quota de Limite Orçamental
D -  C - 
Orçamental a Utilizar - COD Utilizada - COD
7.2.4.1.1.00 – Emissão de Nota de
D -  8.2.4.1.1.01 – Cabimentos a Liquidar C - 
Cabimento

b) Liquidação – A Liquidação da Despesa representa a 2ª fase da despesa pública e é onde se


verifica a entrega do bens ou serviços contratados, bem como o apuramento do valor que
efectivamente há a pagar para emissão da competente ordem de pagamento. Os registos
contabilísticos são:

Liquidação de Despesa – OC – 240XX + Apropriação de Obrigação – OC – 430XX:

Código e Título da Conta Registo Código e Título da Conta Regist


o
3.X.X.X.XX – Despesa D -  2.1.X.X.X.XX – Obrigação C - 

8.2.1.3.1.00 – Dotação Cabimentada a 8.2.1.3.2.00 – Dotação Cabimentada


D -  C - 
Liquidar Liquidada
8.2.4.1.1.01 – Cabimentos a Liquidar D -  8.2.4.1.2.01 – Cabimentos Liquidados C - 
8.3.2.0.0.00 – Disponibilidades
D -  7.3.2.1.0.00 – Disponibilidades por FR C - 
Financeiras
8.3.2.0.0.00 – Disponibilidades
7.3.2.1.0.00 – Disponibilidades por FR D -  C - 
Financeiras

c) Pagamento – O Pagamento da Despesa representa a 3ª fase da despesa pública e significa a


entrega de uma importância em dinheiro ao titular do documento de despesa, cujos registos
contabilísticos são:

Liquidação de Obrigações – OC–440XX + Pagamento - OC - 42004:

Código e Título da Conta Registo Código e Título da Conta Registo


2.1.X.X.X.XX – Obrigação D -  1.1.1.2.2.00 – Banco CUT C - 
8.2.4.1.2.01 – Cabimentos
D -  8.2.4.1.3.01 – Cabimentos Pagos C - 
Liquidados
8.3.2.0.0.00 – Disponibilidades
D -  7.3.2.1.0.00 – Disponibilidades por FR C - 
Financeiras

As despesas que sejam reconhecidas judicialmente no exercício em curso, pertencentes a exercícios


anteriores, mas neles não liquidados, são pagas em rubrica orçamental adequada do Orçamento do
Estado desse exercício em curso.

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3.1.2.3.3 FUNDO DE MANEIO


Pode ser autorizada a realização de despesas sob o regime de adiantamentos em numerário, denominado
fundo de maneio, para atender despesas cujos valores seja de pequena monta e para as quais se
dispense o cumprimento do normal processo de realização de despesas.

O Fundo de Maneio pode ser executado por meio de duas modalidades:


 Fundo de Maneio para Despesas Sigilosas
 Fundo de Maneio para Despesas Gerais
O limite máximo para concessão de fundos sob o regime de fundo de maneio é definido no eSistafe em
tabela própria, pela Direcção Nacional de Contabilidade Pública. Os registos contabilísticos referentes
a realização de despesa como fundo de maneio assemelham-se aos de realização de despesa por meio de
Adiantamento de Fundos à UGB.

3.1.2.3.4 DESPESAS POR PAGAR

Constituem despesas por pagar as despesas liquidadas e não pagas até 31 de Dezembro do exercício
económico em curso, sendo que as despesas por pagar devem ser anuladas, caso não sejam pagas,
decorrido um ano.

3.1.2.3.5 ANULAÇÃO DE DESPESA


Em função da adopção do regime de compromissos para o registo da despesa pública, os valores das
despesas anulados no exercício reverte à respectiva dotação. Quando a anulação ocorrer após o
encerramento do respectivo exercício económico, o valor anulado deverá ser considerado receita do ano
em que a anulação se efectivar.

3.1.2.4 RECEITA

Classe “4” que inclui as contas representativas dos recursos auferidos na gestão a serem consideradas
no apuramento do resultado do exercício, tendo características de contas de resultado, desdobradas
nas categorias económicas de Receitas Correntes e de Receitas de Capital.

a) Receitas Correntes – receitas fiscais, não fiscais, as consignadas e as de donativos;


a. Exemplos: Imposto sobre o Rendimento de Pessoa Singular, Rendas de Casa, Taxas de
Portagem, Donativos Não consignados à Projectos.
b) Receitas de Capital – receitas de alienação de bens, receitas de donativos e receitas de fundo
de empréstimos.
a. Exemplos: Alienação do Patrimônio do Estado, Donativos em Espécie a Projectos, Fundo
de Empréstimos Externos.

3.1.2.4.1 RECEITA PÚBLICA


Constituem receita pública todos os recursos monetários, seja qual for a sua fonte ou natureza, postos
à disposição do Estado, com ressalva daquelas em que o Estado seja mero depositário temporário.

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Nenhuma receita pode ser estabelecida, inscrita no Orçamento do Estado ou cobrada senão em virtude
de lei e, ainda que estabelecidas por lei, as receitas só podem ser cobradas se estiverem previstas no
Orçamento do Estado aprovado.

Os montantes de receita inscritos no Orçamento do Estado constituem limites mínimos a serem


cobrados no correspondente exercício.
Os códigos das contas de receitas iniciam-se com o número 4, sendo que os demais dígitos
correspondem à Classificação Económica da Receita.

Exemplo:

Classificação Económica da Receita – CER:


Imposto sobre Veículos
4. 1. 1. 3. 0. 02 – Conta Contabilística: Imposto sobre Veículos
Classe - Receita
Grupo – Receitas Correntes
Sub-grupo – Receita Fiscal
Elemento – Outros Impostos
Sub-elemento - ---

Imposto sobre Veículos


Item -

3.1.2.4.2. FASES DA EXECUÇÃO DA RECEITA

A execução da receita compreende três fases:


a) Lançamento – A 1ª fase compreende o procedimento administrativo de verificação da
ocorrência do facto gerador da obrigação correspondente;

b) Liquidação – A 2ª fase compreende o cálculo do montante da receita devida e identificação do


respectivo sujeito passivo;

c) Cobrança – A 3ª fase corresponde a acção de cobrar, receber ou tomar posse da receita e


subsequente entrega ao Tesouro Público.Em função da adopção do regime de caixa para o
lançamento da receita pública, somente essa fase ocasiona registos contabilísticos, que estão a
seguir descritos:

Recolhimento da Receita Classificada – OC – 12001

Código e Título da Conta Reg. Código e Título da Conta Reg.


1.1.1.2.2.00 – Banco CUT D- 4.X.X.X.X.XX – Receita C-
7.1.1.2.1.00 – Receita Realizada D- 7.1.1.1.1.00 – Receita a Realizar C-
7.3.2.1.0.00 – Disponibilidades por FR D- 8.3.2.0.0.00 – Disponibilidades Financeiras C-

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3.1.2.4.3 ANULAÇÃO DA RECEITA

Em função da adopção do regime de caixa utilizado para o registo da receita pública, a restituição da
receita arrecadada indevidamente, quando ocorra no respectivo exercício da sua arrecadação, deve ser
efectuada nesse exercício, mediante anulação do valor na rubrica orçamental respectiva.
Quando a restituição da receita arrecadada indevidamente ocorra em exercícios posteriores, esta
deverá ser realizada em rubrica orçamental de despesa adequada, do exercício em que ela ocorrer.

3.1.2.4.4. DÍVIDA ACTIVA


Constituem dívida activa os valores relativos a contribuições e impostos e demais créditos fiscais do
Estado liquidados e não cobrados dentro do exercício financeiro de origem, sendo incorporados pela
contabilidade pública, em conta própria, findo o exercício.

3.1.2.5·RESULTADO DE VARIAÇÃO PATRIMONIAL NEGATIVA


Classe “5” que inclui as contas representativas das variações negativas da situação líquida sendo
consideradas no apuramento do resultado respectivo, tendo características de contas de resultado,
desdobradas nos grupos de Variações Ordinárias e Variações Extraordinárias:

a) Variações Ordinárias – correspondem à diminuição da situação líquida resultante da execução


das despesas orçamentais, transferências passivas e mutações passivas.
a. Exemplos: Quota Financeira Concedida, Desincorporação de Activos, Incorporação de
Passivos.
b) Variações Extraordinárias – correspondem à diminuição da situação líquida, ocorrida de forma
independente da execução orçamental e incluem as contas de despesas não orçamentais,
transferências passivas e decréscimos patrimoniais.
a. Exemplos: Subsídio de Tesouraria Concedido, Transferência Financeira Concedida para
Pagamento de Despesas por Pagar, Desincorporação de Activos, Incorporação de
Passivos.

3.1.2.6 RESULTADO DE VARIAÇÃO PATRIMONIAL POSITIVA


Classe “6” que inclui as contas representativas das variações positivas da situação líquida sendo
consideradas no apuramento do resultado respectivo, tendo características de contas de resultado,
desdobradas nos grupos Variações Ordinárias, Variações Extraordinárias e Resultado Patrimonial.

a) Variações Ordinárias – correspondem ao aumento da situação líquida e incluem as contas de


receita orçamental, transferências activas e mutações activas.
a. Exemplos: Quota Financeira Recebida, Incorporação de Activos, Desincorporação de
Passivos.
b) Variações Extraordinárias – correspondem ao aumento da situação líquida do património,
ocorrido de forma independente da execução orçamental e incluem as contas representativas
das receitas não orçamentais, transferências activas e acréscimos patrimoniais.
a. Exemplos: Subsídio de Tesouraria Recebido, Transferência Financeira Recebida para
Pagamento de Despesas por Pagar, Incorporação de Activos, Desincorporação de
Passivos.
c) Resultado Patrimonial – conta transitória utilizada no encerramento do exercício, para
demonstrar o apuramento do resultado patrimonial do exercício, obtido pelo confronto das

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variações activas e passivas (Classes 3+5 X Classes 4+6) ocorridas no período, podendo ser
positivo (quando apurado um Superávit) ou negativo (quando apurado um Déficit).

3.1.2.7 CONTAS DE ORDEM


Classes “7” e “8” compostas por contas de ordem activas e passivas, respectivamente, têm a função
primária de controlo da execução orçamental, financeira e de outros controlos não compreendidos no
património, mas que directa ou indirectamente possa vir a afectá-lo, tais como:

Conta Tipo de Controlo Conta Tipo de Controlo


7.1.1.1.1.00 - Receita a Execução Orçamental da 8.1.1.1.0.00 Previsão Inicial da Previsão Orçamental da
Realizar Classificada Receita Receita Receita
Fixação Orçamental da Execução Orçamental da
7.2.1.1.0.00 –Dotação Inicial 8.2.1.1.0.00 Dotação Disponível
Despesa Despesa
7.3.0.0.0.00 – Execução da 8.3.0.0.0.00 – Execução da
Programação Financeira Programação Financeira
Programação Financeira Programação Financeira
7.4.0.0.0.00 – Execução das Execução das Despesas 8.4.0.0.0.00 – Execução das Execução das Despesas por
Despesas por Pagar por Pagar Despesas por Pagar Pagar
Execução de Acordos e 8.5.1.0.0.00 – Celebração de Execução de Acordos e
7.5.1.0.0.00 Valor Acordado
Contratos Acordos e Contratos Contratos
7.9.0.0.0.00 – Contas de Demais Controlos 8.9.0.0.0.00 – Contas de Ordem Demais Controlos
Ordem Activas Diversas Necessários Passivas Diversas Necessários

3.1.3 ESTRUTURA DAS CONTAS DO PLANO BÁSICO DE CONTABILIDADE PÚBLICA


1. ACTIVO 2. PASSIVO
1.1 Circulante 2.1 Circulante
1.2 Realizável a Médio e Longo Prazo 2.2 Exigível a Médio e Longo Prazo
1.3 Imobilizado 2.3 Resultado de Exercícios Futuros
2.3 Fundos Próprios
3. DESPESAS 4. RECEITAS
3.1 Despesas Correntes 4.1 Receitas Correntes
3.2 Despesas de Capital 4.2 Receitas de Capital
5. RESULTADO DA VARIAÇÃO PATRIMONIAL NEGATIVA 6. RESULTADO DA VARIAÇÃO PATRIMONIAL POSITIVA
5.1 Resultado Ordinário 6.1 Resultado Ordinário
5.2 Resultado Extraordinário 6.2 Resultado Extraordinário
6.3 Resultado Patrimonial
7. CONTAS DE ORDEM ACTIVAS 8. CONTAS DE ORDEM PASSIVAS
7.1 Execução Orçamental da Receita 8.1 Previsão Orçamental da Receita
7.2 Fixação Orçamental da Despesa 8.2 Execução Orçamental da Despesa
7.3 Execução da Programação Financeira 8.3 Execução da Programação Financeira
7.4 Execução das Despesas por Pagar 8.4 Execução das Despesas por Pagar
7.5 Execução de Acordos e Contratos 8.5 Direitos e Obrigações Acordadas

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Contabilidade Pública

7.9 Outras Contas de Ordem Activas 8.9 Outras Contas de Ordem Passivas

3.1.4 SISTEMAS CONTABILÍSTICOS


O PBCP, na Lista de Contas, indica para cada conta contabilística, em nível de escrituração, o Sistema
Contabilístico a que a mesma pertence, de forma a oferecer maior segurança no momento dos registos
contabilísticos, facilitando a elaboração dos Balanços e Demonstrativos exigidos pela Lei 09/2002, de
12 de Fevereiro. Esses sistemas são classificados em:

Sistema Orçamental
Sistema Financeiro
Sistema Patrimonial
Sistema de Ordem

É importante esclarecer que os lançamentos contabilísticos são efectuados, fechados em cada sistema,
ou seja, quando se debita uma conta de um determinado sistema, a conta creditada, também, tem que
pertencer ao mesmo sistema, conforme se observa a seguir:

D - Conta Financeira
C - Conta Financeira

3.1.4.1 SISTEMA ORÇAMENTAL (O)


O Sistema Orçamental é representado pelos actos de natureza orçamental, tais como: Previsão de
receita, fixação de despesa, movimentação de dotação, emissão de cabimento .

No Sistema Orçamental é feita a comparação da receita prevista e da despesa fixada com as suas
respectivas realizações, sendo obrigatória, a passagem por este sistema, os factos de arrecadação da
receita e de liquidação da despesa.

Podemos apresentar os actos e factos de natureza orçamental, da seguinte forma :


ACTOS DE NATUREZA ORÇAMENTAL FACTOS DE NATUREZA ORÇAMENTAL
Previsão da Receita
Fixação da Despesa Arrecadação da Receita
Movimentação de Dotação Liquidação da Despesa
Cabimento da Despesa

As contas que pertencem ao Sistema Orçamental são aquelas das classes 7 e 8, especificamente aos
grupos:

7. Contas de Ordem Passivas 8. Contas de Ordem Activas


7.1. – Execução Orçamental da Receita 8.1. – Previsão Orçamental da Receita
7.2. – Fixação Orçamental da Despesa 8.2 – Execução Orçamental da Despesa

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Contabilidade Pública

3.1.4.2 SISTEMA FINANCEIRO (F)

O Sistema Financeiro está relacionado com os ingressos (entradas) e os dispêndios (saídas) de


recursos, ou seja, com o registo dos recebimentos e pagamentos de natureza orçamental ou
extraordinária.

É representado pelas contas contabilísticas que pertencem às classes do Activo, do Passivo, das
Variações Activas Financeiras e das Variações Passivas Financeiras, bem como as Receitas e Despesas,
com destaque para estas últimas, uma vez que as contas que compõem essas classes pertencem,
exclusivamente, a este sistema, e que de forma mediata ou imediata venham afectar os recursos
financeiros disponíveis.

Em resumo temos:
Entradas Saídas
Receitas Orçamentais Despesas Orçamentais
Transferências Recebidas Transferências Concedidas
- Quotas Financeiras Recebidas - Quotas Financeiras Concedidas
- Quota Financeiras Recebidas para Pagamento - Quota Financeiras Concedidas para Pagamento
de Despesas por Pagar de Despesas por Pagar
Recebimentos Extraordinários Pagamentos Extraordinários
- Operações de Tesouraria à Crédito - Operações de Tesouraria à Crédito
- Operações de Tesouraria à Débito

Os factos que se relacionam com entradas e saídas de recursos, na Contabilidade Pública, terão
obrigatoriamente lançamento no Sistema Financeiro.

3.1.4.3 SISTEMA PATRIMONIAL (P)

Indica as contas contabilísticas pertencentes às classes do Activo, onde estão demonstradas as


aplicações dos recursos e do Passivo, onde estão evidenciadas as origens dos recursos aplicados no
Activo, as Variações Activas Patrimoniais e Variações Passivas Patrimoniais, bem como a conta de
apuramento do resultado, Resultado Patrimonial do Exercício e, aquelas de Património, representando o
saldo patrimonial, todas sem interferência directa na composição das disponibilidades de numerário e
obrigações pendentes de circulação.

O Sistema Patrimonial regista os factos não financeiros ou extracaixa: tais como: os bens móveis, bem
imóveis, materiais, créditos, operações de crédito.

Exemplo: Aquisição de um veículo:

SISTEMA FINANCEIRO SISTEMA PATRIMONIAL


D - Despesa de Capital (3) D Veículos (1)
C - CUT/Fornecedor (1 ou 2) C Mutação Activa (6)

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Contabilidade Pública

3.1.4.4 SISTEMA DE ORDEM (Or)


Indica as contas contabilísticas que pertencem ao grupo de Contas de Controlo Extra-Orçamental com
função primária de controlo e no acompanhamento da Programação Financeira, das Despesas por Pagar e
de outras que integrem o grupo.

Principais actos registados no Sistema de Ordem são.


Grupos Descrição
7.3.0.0.0.00
8.3.0.0.0.00 Execução da Programação Financeira

7.4.0.0.0.00
Execução das Despesas por Pagar
8.4.0.0.0.00
7.5.0.0.0.00
Execução de Acordos e Contratos
8.5.0.0.0.00
7.6.0.0.0.00
Execução da Despesa Por Operação de Tesouraria
8.6.0.0.0.00
7.7.0.0.0.00
Acompanhamento da Elaboração da Proposta Orçamental
8.7.0.0.0.00
7.9.0.0.0.00
Outras Contas de Ordem Passivas e Activas
8.9.0.0.0.00

3.1.5 FUNÇÃO E MOVIMENTAÇÃO DAS CONTAS

As contas que integram o PBCP terão as suas funções e âmbito de movimentação descritos em nível de
SUBGRUPO - 3º Nível.

CLASSE GRUPO SUBGRUPO


CIRCULANTE Disponível – Créditos – Materiais – Bens e Valores Pendentes

ACTIVO REALIZÁVEL A MÉDIO E LONGO Créditos Realizáveis a Médio e Longo Prazo


PRAZO
IMOBILIZADO Corpóreo – Incorpóreo – Amortizações e Reintegrações Acumuladas
Depósitos – Retenções de Curto Prazo – Obrigações em Circulação – Valores Pendentes
CIRCULANTE
a Curto Prazo
EXIGÍVEL A MÉDIO E LONGO PRAZO Cobertura de Deficits de Tesouraria – Obrigações a Pagar – Valores Pendentes
PASSIVO
RESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS Receitas de Exercícios Futuros
Património/Capital – Ajustamentos do Capital – Reservas – Subsídios e Doações –
FUNDOS PRÓPRIOS
Resultado
Pessoal – Bens e Serviços – Encargos da Dívida – Transferências Correntes – Subsídios
CORRENTE – Outras Despesas Correntes – Exercícios Findos
DESPESAS
Bens de Capital – Transferências de Capital – Outras Despesas de Capital – Operações
CAPITAL Financeiras

Receita Tributária – Receita não Tributária – Receitas de Transferências Correntes


CORRENTE
RECEITAS
Receita de Empréstimos – Receita de Alienação de Bens – Receita de Doações –
CAPITAL
Receita de Transferências de Capital
Despesa Orçamental – Mutações Passivas – Transferências Concedidas
ORÇAMENTAL
Receita Orçamental – Mutações Activas – Transferências Recebidas

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Contabilidade Pública

Despesas Extra-Orçamental – Mutações Patrimoniais Passivas – Transferências


RESULTADO
Concedidas
DO EXTRA-ORÇAMENTAL
EXERCÍCIO Receitas Extra – Orçamental – Mutações Patrimoniais Activas – Transferências
Recebidas
Controlo Orçamental da Receita – Controlo Orçamental da Despesa
CONTAS DE CONTAS DE CONTROLO ORÇAMENTAL
ORDEM Controlo da Programação Financeira – Controlo das Despesas por Pagar – Outros
CONTAS DE CONTROLO EXTRA-
ORÇAMENTAL Controlos Extra-Orçamentais

3.1.6 DEMONSTRAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DAS CONTAS


A Lista de Contas indica as seguintes características de cada conta contabilística:

Sim – Indica que a Conta está em nível de escrituração


Último Nível Não – Indica que a conta não está em nível de escrituração

O - Sistema Orçamental
F - Sistema Financeiro
Sistema de Contas
P - Sistema Patrimonial
Or - Sistema de Ordem

Código numérico que indica o detalhamento da conta de


Tipo de Objecto acordo com sua característica.
Estam relacionadfas na Tabela do Plano de Objectos

Tem natureza (D / C) contrária à natureza da classe na qual está inserida.


Conta Redutora Sim – Indica que a Conta é “De Redução”
(ou retificadora) Não – Indica que a Conta não é “De Redução”

Admite Inversão de Saldo Sim – Indica que a conta aceita registo que cause
saldo inverso ao de sua natureza
Não – Indica que a conta não aceita registo que
cause saldo inverso ao de sua natureza

Lançamentos Início – Indica o mês a partir do qual podem ocorrer registos na conta contabilística;

Lançamentos Término – Indica o mês até quando podem ocorrer registos na conta contabilística,
podendo ocorrer as seguintes situações, tanto para início quanto para término:

Meses
0 Mês de abertura – saldo originário do exercício anterior

1 a 12 Janeiro a Dezembro

13 Encerramento de contas de resultado

14 Apuramento de Reservas

Encerramento - Indica se a conta transfere ou não seu saldo para o exercício seguinte.

0 Transfere seu saldo para o exercício seguinte

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13 Não transfere seu saldo para o exercício seguinte

3.1.7 MECANISMOS DE DÉBITO E CRÉDITO


Para iniciar o assunto de Mecanismos de débito e crédito é necessário comparar a contabilização dos
factos na visão da Contabilidade Pública e da Contabilidade Empresarial .
Factos Contabilidade Equação Patrimonial

R
A – P = PL 
Contabilidade Empresarial
D
Fatos Modificativos
VA
Contabilidade Pública A – P = PL 
VP

Contabilidade Empresarial  A  -  P  = PL

VA
Fatos Permutativos
 A - P  = PL 
Contabilidade Pública
A - P = PL 
VP

a) Na contabilização dos factos modificativos os registos são iguais, em ambas contabilidades, ou seja,
ocorre uma modificação na quantidade do Patrimônio;

b) Na contabilização dos factos permutativos, os registos são efectuados de forma diferente, ou seja:
 Contabilidade Empresarial – as mutações são realizadas no Patrimônio sem passar pelo
Resultado do Exercício;
 Contabilidade Pública – as mutações são realizadas no Patrimônio em contra-partida com o
Resultado do Exercício.

Todos os factos modificativos ou permutativos, na Contabilidade Pública, passam pelo Resultado do


Exercício, sendo esta uma particularidade desta Contabilidade.
Antes de descrever o mecanismo de débito e crédito do Activo e do Passivo será dada uma descrição
sobre as contas de resultado.

3.1.7.1 CONTAS DE RESULTADO

As contas de resultados, como já mencionado em itens anteriores, são aquelas representadas pelas:
 Classe 3 - Despesas Orçamentais
 Classe 4 – Receitas Orçamentais
 Classe 5 – Resultado Da Variação Patrimonial Negativa
 Classe 6 - Resultado Da Variação Patrimonial Positiva

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Contabilidade Pública

Podem ser divididas da seguinte forma:

VARIAÇÕES PASSIVAS VARIAÇÕES ACTIVAS


Despesas Orçamentais Receitas Orçamentais
Resultado Da Variação Patrimonial Negativa Resultado Da Variação Patrimonial Positiva

Resumindo: As contas que alteram a situação líquida patrimonial são, portanto:

Variações Activas
Variações Passivas

3.1.7.2 MECANISMOS DE DÉBITO E CRÉDITO – DO ACTIVO

As contas do Activo são debitadas pelos aumentos dos seus componentes e creditadas pela diminuição
de seus componentes.

a) Aumentos
A equação fundamental do patrimônio é definida por A – P = PL.
Quando se aumenta os componentes do Activo, a situação líquida patrimonial, também aumenta,
conforme se observa na equação demonstrada a seguir:

 A - P = SLP

Quando se aumenta os componentes do Activo, se verifica, normalmente, uma Variação Activa (Classes
4 ou 6). As contas do Activo são debitadas pelos aumentos dos seus componentes patrimoniais,
decorrentes de incorporações de bens e direitos e têm, como contrapartida dos débitos uma Variação
Activa, representada por:

Débitos Créditos
- pela Classe (4) Receita Orçamental, quando se tratar de arrecadação da receita;
Activo - pela Classe (6) Resultado Da Variação Patrimonial Positiva, quando se tratar de
incorporação de activos, dependentes ou não da execução orçamental da receita.

Esta é a regra básica de aumento do Activo, porém existem exceções onde as contrapartidas não são as
Classes 4 ou 6.

Exceções:
Débitos Créditos
- Devolução de pagamento de obrigações dentro do próprio exercício (Classe 2)
Activo
- Recebimento de Operação de Tesouraria à Crédito (Classe 2)

b) Diminuições
As contas do Activo serão creditadas pelas suas diminuições e têm, como contrapartida dos créditos,
uma Variação Passiva, representada pela classe (5) Resultado Da Variação Patrimonial Passiva, quando
se tratar de desincorporação do Activo.

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Contabilidade Pública

Quando diminuímos os componentes do Activo em contrapartida a uma conta da classe (5) Resultado Da
Variação Patrimonial Passiva, a situação patrimonial sofre uma variação negativa, também chamada de
Variações Passivas, porém quando essa diminuição dos componentes do Activo ocorre em contrapartida
a uma conta de obrigação da classe (2) Passivo, representa um facto permutativo, ou seja, uma troca de
um activo por obrigação, mas sem afectar a situação patrimonial .

A - P = SLP

Créditos Débitos
- pela Classe (2) Passivo, quando se tratar de pagamento de obrigação.
Activo - pela Classe (5) Resultado Da Variação Patrimonial Negativa, quando se tratar de
desincorporação de activos, dependentes ou não da execução orçamental da despesa.

3.1.7.3 MECANISMOS DE DÉBITO E CRÉDITO – DO PASSIVO

As contas do Passivo são creditadas pelos aumentos dos seus componentes e debitadas pela diminuição
de seus componentes.

a) Aumentos
A equação fundamental do patrimônio é definida por A – P = PL.
Quando se aumenta os componentes do Passivo, a situação líquida patrimonial diminue, ou seja,
temos uma Variação Passiva.
A - P = SLP

Quando se aumenta os componentes do Passivo, se verifica, normalmente, uma Variação Passiva (Classe
5). As contas do Passivo são creditadas pelos aumentos dos seus componentes patrimoniais,
decorrentes de incorporações de obrigações e têm, como contrapartida dos créditos uma Variação
Passiva, representada por:

Créditos Débitos
- pela Classe (5) Resultado Da Variação Patrimonial Negativa, quando se tratar de
Passivo
incorporação de passivos, dependentes ou não da execução orçamental da despesa.

Esta é a regra básica de aumento do Passivo. Outra situação que se deve considerar é quando ocorre
uma contra partida do Passivo ser uma conta da Classe do Activo. Neste caso, não existe de uma
Variação Passiva, e sim, um facto permutativo, ou seja, somente troca de itens patrimoniais, sem
afectar sua situação:
Exemplo:
Créditos Débitos
- Entrada de Recursos na CUT (1 Activo). Ex. Recebimento de Operação de Tesouraria à Crédito
Passivo - Entrada de Recursos na CUT (1 Activo).Ex: Recebimento de Recursos relativos à Devolução de
Obrigações.

b) Diminuições

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As contas do Passivo serão debitadas pelas suas diminuições e têm, como contrapartida dos débitos
uma Variação Activa, representada pela classe (6) Resultado Da Variação Patrimonial Positiva, quando
se tratar de desincorporação do Passivo.
Quando diminuímos os componentes do Passivo em contrapartida a uma conta da classe (6) Resultado Da
Variação Patrimonial Positiva, a situação patrimonial sofre uma variação positiva, também chamada de
Variações Activas, porém quando essa diminuição dos componentes do Passivo ocorre em contrapartida
a uma conta da Classe (1) do Activo, representa um facto permutativo, ou seja, uma troca obrigação e
de numerário, mas sem afectar a situação patrimonial.

A - P = SLP

Débitos Créditos
- pela Classe (1) Activo, quando se tratar de pagamento de obrigação. Facto
Permutativo.
Passivo
- pela Classe (6) Resultado Da Variação Patrimonial Positiva, quando se tratar de
desincorporação de passivo, dependentes ou não da execução orçamental da despesa.

3.1.8 EXEMPLOS DE REGISTOS CONTABILÍSTICOS

Mutações Passivas – As mutações passivas podem ser encontradas em registos contabilísticos


decorrentes da execução orçamental da receita, afectos às seguintes situações:
 Incorporação de passivos e
 Desincorporação de activos.

Registos Contabilísticos:
a) Mutações Passivas - Incorporação de Passivos
Receitas de Empréstimos – OC 12010
D C
4.x.x.x.x.xx
7.1.1.2.1.00 7.1.1.11.00
7.3.2.1.0.00 8.3.2.0.0.00
5.1.3.3.1.00 2.2.2.1.2.00

b) Mutações Passivas – Desincorporação de Activos

Receitas de Alienação de Bens – OC 12006


D C
4.x.x.x.x.xx
7.1.1.2.1.00 7.1.1.11.00
7.3.2.1.0.00 8.3.2.0.0.00
5.1.3.1.3.01 1.1.3.2.5.00

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Contabilidade Pública

Mutações Activas – As mutações activas podem ser encontradas em registos contabilísticos


decorrentes da execução orçamental da despesa, afectos às seguintes situações:
 Incorporação de activos e
 Desincorporação de passivos.

Registos Contabilísticos:
c) Mutações Activas - Incorporação de Activos

Aquisição de Bens Móveis – OC 24113


D C
3.2.1.x.x.xx
1.3.1.1.2.00 6.1.3.1.1.00
8.2.1.3.1.00 8.2.1.3.2.00
8.2.4.1.1.01 8.2.4.1.2.01
8.3.2.0.0.00 7.3.2.1.0.00

d. Mutações Activas – Desincorporação de Passivos

Amortização da Dívida – OC 24116


D C
3.2.4.2.0.xx
2.2.2.1.1.00 6.1.3.3.1.00
8.2.1.3.1.00 8.2.1.3.2.00
8.2.4.1.1.01 8.2.4.1.2.01

3.2 PLANO DE OBJECTOS


O Plano de Objectos consiste numa técnica de codificação do SISTAFE que permite a utilização
simultânea de uma mesma conta contabilística, com atributos distintos, pelos diversos usuários do
sistema, sem a necessidade de desagregação dos códigos da conta. Os códigos são detalhados de
acordo com as necessidades de desdobramento e individualização dos actos e factos a serem
registados, a fim de permitir a qualificação do registo contabilístico.

O Plano de Objectos obedece a seguinte codificação:

Tipo Detalhe
0 Sem detalhamento
1 Número da Nota de Cabimentação;
2 Identificador do Credor/Devedor (BI, ou código identificador);
3 UO + Fonte de Recursos + Classificador Económico da Receita;
4 Ordem de pagamento;
5 Domicílio Bancário (banco + balcão + conta bancaria);
6 Identificação do Credor + Nota de Liquidação da Despesa;
7 Célula Orçamental Completa;

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8 Classificação Económica da Despesa;


9 Fonte de Recursos;
10 Banco;
11 Unidade Gestora Beneficiária;
12 Célula Orçamental Completa + detalhe da despesa;
13 Número do Acordo;
14 Gestão + UO + UGB + FR + CED;
15 Gestão + UGE + UGB + FR + CED + Mês;
16 Gestão + UGE + UGB + FR + Grupo Agregado de Despesa;
17 Unidade/ Favorecida/Emitente + FR;
18 ANO + Identificação do Responsável;
19 Identificação do Credor + Nota de Liquidação da Despesa + FR;
20 Nota de Liquidação da Despesa + Fonte de Recursos
21 UGB + Identificação do Credor + FR
22 Identificação do Credor + FR
23 Número da Nota de Cabimentação + Número da Nota de Cabimentação Referência
24 UGB + Identificador do Credor/Devedor (BI, ou código identificador);
25 Unidade + Gestão
26 Identificador do Credor/Devedor (BI, ou código identificador) + Número do Processo
Administrativo;
27 Unidade/ Gestão/Favorecida/Emitente + FR;
28 UGB
29 UGB + FR
30 UGB + FR + Agregado de Despesa
31 UGB + FR + Programa + CED
32 UGB + Número da Ordem de Pagamento
33 FR + UI STP Receita
34 UO + FR + CER + UI STP Receita
35 UGB + Função + FR + Programa + CED
36 UGB + NUIT + Domicílio Bancário
37 UO + Gestão + FR + CER + UI STP de Despesa + Mês
38 UI STP Despesa + FR
39 UGE
40 Fonte de Recursos + Nota de Cabimentação
41 Identificação do Credor + Nota de Liquidação + Nota de Cabimentação + FR (+4)
42 Domicílio Bancário (Banco + balcão + conta bancária) + Processo Administrativo
43 Unidade/Gestão/Favorecida/Emitente
44 UGE + UGB
45 Célula Orçamental da Despesas Completa + UGE + Mês
46 UGB + Programa + FR + Agregado de Despesa
47 Nota de Liquidação + Nota de Cabimento + FR (+4) + Conta de Retenção
48 Nota de Liquidação + Nota de Cabimento + COD COM CED Desagregada
49 Ordem de Pagamento + Nota de Liquidação + FR (4) + Nota de Cabimentação
50 Célula Orçamental Completa + Mês PF + Período de Desembolso

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3.3 TABELA DE OPERAÇÕES CONTABILÍSTICAS

Relaciona as codificações de actos e factos administrativos, convertendo-os em registos contabilísticos


automáticos, por intermédio de transacções do Sistema e-SISTAFE, sendo que as transacções do
sistema servem-se de uma ou mais operações contabilísticas para realizar o registo contabilístico dos
actos e factos da execução orçamental, financeira e patrimonial, como exemplificado a seguir:

Operação Registos Contabilísticos


Contabilística Débito Crédito
11001 - Previsão Inicial da 7.1.1.1.1.00 – Receita a Realizar 8.1.1.1.0.00 – Previsão Inicial da Receita
Receita Classificada
8.2.1.1.0.00 – Dotação Disponível 8.2.1.3.1.00 – Dotação Cabimentada a
Liquidar
23001 – Emissão de
8.3.1.4.1.00 – Quota de Limite 8.3.1.4.2.00 – Quota de Limite
Cabimento da Despesa
Orçamental a Utilizar Orçamental Utilizada
por via Directa
7.2.4.1.1.00 – Emissão de Nota de 8.2.4.1.1.01 – Cabimentos a Liquidar por
Cabimento via Directa

3.3.1 GRUPOS E SUB-GRUPOS DAS OPERAÇÕES CONTABILÍSTICAS

GRUPOS SUB-GRUPOS
10 – Receita 11 – Previsão da Receita
12 – Execução da Receita
20 – Despesa 21 – Orçamento da Despesa
22 – Movimento de Dotação
23 – Cabimento da Despesa
24 – Liquidação da Despesa por via Directa
25 – Concessão de Adiantamento de Fundos
26 – Prestação de Contas de Adiantamento de Fundos
27 – Liquidação de Despesas por Adiantamento de Fundos
30 – Despesas por Pagar 31 – Inscrição de Despesas por Pagar
32 – Pagamento de Despesas por Pagar
33 – Cancelamento de Despesas por Pagar
34 – Recursos de Despesas por Pagar
40 – Apropriação e Liquidação de 41 – Apropriação de Direitos
Direitos e Obrigações 42 – Liquidação de Direitos
43 – Retenção de Obrigações
44 – Liquidação de Obrigações
50 – Acompanhamento de Acordos e 51 – Acordos e Contratos;
Contratos
80 – Programação Financeira 81 – Orçamento de Tesouraria
82 – Plano de Tesouraria
83 – Libertação de Recursos
84 – Registos de Quota Livre
90 – Diversos 91 – Desincorporação de Bens Patrimoniais
92 – Movimentação de Bens Patrimoniais

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Contabilidade Pública

93 – Incorporação de Bens Patrimoniais


94 – Abertura do Exercício
95 – Encerramento de Exercício
96 - Diversos

4 DEMONSTRAÇÕES CONTABILÍSTICAS
A estrutura do Plano Básico de Contabilidade Pública em classes e grupos tem como objectivo a
escrituração contabilística e a preparação das Demonstrações Contabilísticas, com a finalidade de
visualizar o Património e suas variações; padronizar o nível de entradas e saídas de dados das Unidades
integrantes do SISTAFE; bem como possibilitar o uso de um sistema único de dados para proceder ao
processamento da execução orçamental, financeira e patrimonial do Estado.

O Governo elabora, no final de cada exercício económico as seguintes Demonstrações Contabilísticas :


- O Balanço;
- Mapas de Controlo Orçamental;
- Demonstração de Resultados;
- Inventário Contabilístico.

As Demonstrações Contabilísticas devem mostrar as posições individualizadas dos órgãos do Estado e


devem ser consolidadas para que visualizem a organização administrativa das gestões que compõem as
finanças públicas.

Entende-se por gestão a parcela do Orçamento e do Património do Estado gerida por um ou mais órgão
ou instituição do Estado que, tendo ou não personalidade jurídica própria, tem demonstrações
contabilísticas, acompanhamento e controlos distintos.

5. CONTA GERAL DO ESTADO

5.1 Objecto da Conta Geral do Estado


A Conta Geral do Estado tem pôr objecto evidenciar a execução orçamental e financeira, bem como
apresentar o resultado do exercício e a avaliação do desempenho dos órgãos e instituições do Estado e
deve ser apresentada anualmente à Assembleia da República pelo Governo.

A Conta Geral do Estado evidenciará os ordenadores e gestores de despesas inscritos em


“Responsabilidades Diversas” em decorrência de irregularidades apuradas nos processos de prestação
de contas ou da não apresentação dos mesmos.

5.2 PRINCÍPIOS E REGRAS


A Conta Geral do Estado:
 Deve ser elaborada com clareza, exactidão e simplicidade, de modo a possibilitar a sua análise
económica e financeira;
 Deve reflectir a observância do grau de cumprimento dos princípios de regularidade financeira,
legalidade, economicidade, eficiência e eficácia na obtenção e aplicação dos recursos públicos
colocados à disposição dos órgãos e instituições do Estado;

Dr. Leonardo Sambo 24


Contabilidade Pública

Deve ser elaborada com base nos princípios e regras de contabilidade geralmente aceitas, tendo em
vista reflectir a situação financeira e os resultados da execução orçamental dos órgãos e instituições
do Estado.

5.3 ESTRUTURA
A Conta Geral do Estado é estruturada de modo a apresentar as seguintes informações:
a) Relatório do Governo sobre resultados da gestão orçamental referente ao exercício
económico;
b) Financiamento Global do Orçamento do Estado com discriminação da situação das fontes de
financiamento;
c) Balanço, que é composto pelos resultados das componentes Orçamental, Financeira e
Patrimonial, subdividindo-se em:
 Balanço Orçamental – demonstra, para cada Gestão, as receitas previstas e as
despesas fixadas, comparadas com as realizadas em que o resultado final do exercício
será obtido estabelecendo-se as diferenças para mais ou para menos, que poderá
resultar num défice ou superavit, no caso da receita e num superavit, no caso da
despesa;
 Balanço Financeiro – demonstra, para cada Gestão, a receita e a despesa orçamentais
realizadas, bem como os recebimentos e os pagamentos de natureza não orçamental,
conjugados com os saldos do exercício anterior;
 Balanço Patrimonial - demonstra, para cada Gestão, a posição das contas que
constituem o Activo e o Passivo donde o Activo representa os bens e direitos, e o
Passivo os compromissos assumidos com terceiros, sendo o seu equilíbrio estabelecido
pelo Saldo Patrimonial positivo ou negativo.
d) Mapas de Execução Orçamental, comparativos entre as previsões orçamentais e a receita
cobrada, e daquelas com a despesa liquidada e ou paga, segundo a classificação orçamental;
e) Demonstração de Resultados, cujo apuramento será obtido pela comparação das Variações
Activas e Passivas resultantes ou independentes da execução orçamental;
f) Anexos às Demonstrações Financeira;
g) Mapas do Activos e Passivos Financeiros existentes no início e no final do exercício
financeiro;
h) Mapa Consolidado Anual do Movimento de Fundos por Operações de Tesouraria;
i) Anexos relativos a:
i. Inventário Consolidado do Património do Estado;
ii. Resumo das receitas, despesas e saldos das instituições com autonomia administrativa
e financeira;
iii. Resumo das receitas, despesas e saldos das autarquias;
iv. Resumo das receitas, despesas e saldos das empresas do Estado.

5.4 PRAZOS
O Governo deve apresentar à Assembleia da República e ao Tribunal Administrativo a Conta Geral do
Estado até 31 de Maio do ano subsequente àquele a que a referida conta respeite. A fim de

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possibilitar a observância do referido prazo, as instituições com autonomia administrativa e financeira


devem proceder à entrega das informações referentes à letra i) do item 5.2, ao Ministério da
Economia e Finanças, até o dia 31 de Março de cada ano.

O Relatório e o Parecer do Tribunal Administrativo sobre a Conta Geral do Estado devem ser enviados
à Assembleia da República até o dia 30 de Novembro do ano seguinte àquele que a Conta Geral do
estado respeite.

A Assembleia da República aprecia e aprova a Conta Geral do Estado, na sessão seguinte à entrega do
Relatório e Parecer pelo Tribunal Administrativo.

5.5 Finalidade da Conta Geral do Estado

A Conta Geral do Estado deve reflectir a observância do grau de cumprimento dos princípios de
regularidade financeira, legalidade, economicidade, eficiência e eficácia na obtenção e aplicação dos
recursos públicos colocados à disposição dos órgãos e instituições do Estado.

Tendo em vista a reflectir a situação financeira e os resultados da execução orçamental dos órgãos e
instituições do Estado, a Conta Geral do Estado deve ser elaborada com base nos princípios e regras de
contabilidade geralmente aceites.

5.6 Fiscalização da Conta Geral do Estado

A fiscalização da Conta Geral do Estado é regida por fundamentos políticos (aprovação pelo
parlamento) e económicos (evitar desperdícios na sua realização).

5.6.1 Tipos de Fiscalização da Conta Geral do Estado

a) Fiscalização Jurisdicional

A fiscalização Jurisdicional é feita pelo Tribunal Administrativo como mais uma garantia aos
contribuintes quanto a correcta afectação dos dinheiros públicos. 

O tribunal Administrativo (tribunal de contas), tem a competência de:


 Fiscalizar a legalidade das despesas públicas;
 Dar parecer sobre a Conta Geral do Estado;
 Julgar as contas que a lei mandar submeter-lhe.

O artigo 131 da CRM/2004, estabelece que a execução do Orçamento do Estado é fiscalizada pelo
Tribunal Administrativo e pela Assembleia da República, a qual, tendo em conta o parecer daquele
Tribunal, aprecia e delibera sobre a Conta Geral do Estado.
O Parecer do Tribunal sobre a Conta Geral do Estado” é um tema de suma importância na análise das
competências dos Tribunais de contas enquanto órgãos supremos de controlo da actividade financeira
pública.

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Assim e nos termos do disposto na alínea a) do n.º 2 do artigo 230 da CRM, compete ao TA “emitir o
Relatório e o Parecer sobre a CGE”, os quais devem ser enviados à AR até ao dia 30 de Novembro do
ano seguinte àquele a que a CGE respeite (n.º 2 do artigo 50 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro).
Pelo estipulado no n.º 2 do artigo 14 da Lei n.º 14/2014, de 14 de Agosto, alterada e republicada pela
Lei n.º 8/2015, de 6 de Outubro, no Relatório e Parecer sobre a Conta Geral do Estado, o Tribunal
Administrativo aprecia, designadamente, as matérias seguintes:
a) A actividade financeira do Estado no ano a que a Conta se reporta, nos domínios patrimonial
e das receitas e despesas;
b) O cumprimento da Lei do Orçamento e legislação complementar;
c) O inventário do património do Estado;
d) As subvenções, subsídios, benefícios fiscais, créditos e outras formas de apoio concedidos,
directa ou indirectamente.

O Tribunal Administrativo emite o parecer sobre a CGE, um acto instrumental de auxílio ao


Parlamento na sua fiscalização política.
Na nossa realidade, o Parecer servirá para fundamentar a aprovação da execução orçamental do
governo por parte do AR, que não estando embora vinculado ao Parecer, normalmente irá considerar
o sentido apontado no mesmo Parecer, orientando o Governo para o cumprimento das respectivas
recomendações.
Assim, o papel do TA é de emitir sobre a CGE o seu juízo de natureza técnica, na apreciação da
actividade financeira pública, concedendo o apoio necessário ao parlamento para que exerça a sua
fiscalização de natureza política.

b) Fiscalização Política
A fiscalização política é feita pela Assembleia da República onde, os deputados apreciam a CGE,
derivada do artigo 131 da CRM/2004, que determina a fiscalização da CGE por parte do Tribunal
Administrativo e da Assembleia da República. A Assembleia da República deverá apreciar e
deliberar sobre a CGE tendo em conta o parecer emitido pelo TA.
Recebida a CGE e nos termos do artigo 197 da Lei nº 17/2013 de 12 de Agosto, do Regimento da
assembleia da República, a mesma é distribuída pelo Presidente da AR aos Deputados e às
Comissões de Trabalho para a emissão de parecer.
O Deputado exerce as relevantes funções de representar e é ao abrigo do poder de fiscalização
política, em que, feita a devida análise crítica do desempenho do Governo na execução do OE,
delibera sobre a CGE.
A fiscalização visa assegurar que a execução orçamental não sofre desvios, cumprindo-se assim os
objectivos e a estratégia definidos no orçamento. Nos termos do nº 4 do artigo 198 do Regimento
da AR, a CGE é aprovada por resolução.

RESUMO:

PRAZO ÓRGÃO RESPONSÁVEL PROVIDÊNCIA


31 de Março Instituições com autonomia Entrega do Resumo das receitas,
administrativa e financeira (incluídas despesas e saldos ao Governo.
as autarquias e empresas do Estado,

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as quais se mantém no regime


financeiro excepcional por
determinação legal específica)
Apresentação da Conta Geral do Estado à
31 de Maio Governo Assembleia da República e ao Tribunal
Administrativo
Envio do Relatório e do Parecer do
Tribunal Administrativo à Assembleia da
30 de Novembro Tribunal Administrativo
República, relativos à Conta Geral do
Estado em referência.
Sessão Seguinte à
entrega do Relatório e Apreciação e Aprovação da Conta Geral do
Assembleia da República
Parecer pelo Tribunal Estado.
Administrativo

5.7 Como se elabora a Conta Geral do Estado

Na elaboração da CGE observa-se as recomendações da Assembleia da República e do Tribunal


Administrativo e da resolução que aprova as contas de exercícios anteriores. A elaboração da Conta
Geral do Estado obedece o seguinte esquema

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